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IMUNOLOGIA DA PARACOCCIDIOIDOMICOSE
RESUMO
INTRODUÇÃO
42
FAVA NETTO, C. - Imunologia da paracoccidioidomicose. Rev. Inst. Med. trop. São Paulo 18:42-53,
1976.
QUADRO I
Positividade
Autor(es) N.o de casos Ant!genos
(%)
NETTO 1 4, FAVA NÉ:TTO & col. ilo. É fácil con- este tipo de reação imunológica, o comporta-
cluir que, se a quantidade de complemento mento dos pacientes é diferente de um para
que entra na reação é variável de dia para outro.
dia em que ela é executada, como acontece As comparações entre as diferentes técni-
quando se utiliza o complemento titulado em cas de execução da reação de fixação de com-
unidades 100 % de hemólise, a sensibilidade plemento somente serão válidas quando nume-
da reação está também continuamente va- rosos soros forem examinados pelas duas
riando. técnicas, isto é, quando a positividade obtida
A positividade, que se obtém em casos da em cada técnica -se referir aos mesmos soros ..
moléstia, pode expressar a sensibilidade da KAUFMAN & col. 30 • O mesmo é válido quan-
reação, por determinada técnica. Quanto do se pretende comparar, pela utilização du-
maior a porcentagem de 'resultados positivos ma mesma técnica, dois ou mais anfí.genos
maior a sensibilidade da reação. São fre- diferentes. Tal trab~lho ainda não foi rea-
qüentes as afirmativas, de pesquisadores que lizado senão parcialmente.
empregam a reação de fixação do complemen- FAVA NETTO & col. 20 demonstraram a po-
to, alegando ser determinada técnica, que em- sitividade obtida nos mesmos soros, pela uti-
prega determinado antígeno, mais sensível lização de duas técnicas diferentes de realiza-
que outra técnica ou que a mesma técnica ção da reação de fixação do complemento,
empregando outro antígeno, fundamentadas com utilização de um único antígeno, em 71
em positividade maior obtida no exame de pacientes diferentes de paracoccidioidomicose ..
numerosos soros de pacientes diferentes, Verificaram que ambas, pela utilização de
numa eventualidade e noutra. Segundo nosso pequena quantidade de complemento rigoro-
modo de ver tais afirmativas são distituídas samente titulado em unidades 50% de hemó-
de fundamentos científicos, porque, frente a lise, revelam boa positividade; 100% de re-
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complemento mas não como aqueles obtidos várias amostr_as entre si, bem ~ ~ ~ . " "
pela reação de precipitação em tubos. Pos- fases, levedunforme e cotono~aiThmõsÍ;tj~~::·~::,,
teriormente a reação de dupla difusão em Concluiu que as diferentes ft;1Í:)~ras libera~<::,\\
gel foi estudada por RESTREPO 53 , que foi a antígenos diferent~s princfippimeptf;,_r.qfJ.P~º. :·"\\
primeira a introduzí-la na rotina diagnóstica 11
comparando-a com a reação de fixação do ~~~afo~r:~s le~:::~~;:e, ir~cto~rL·:díi!t~~~:;\ /~.
complemento (RESTREPO & MoNCADA 55 ). NE- amostras. ~ ;JÍ
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QUADRO II
Positividade
Autor (es) N.o de pacientes Antígeno
(%)
-
RESTREP0 53 21 76,1 Filtrado
RESTREPO & MONCADA 55 20 60,0 Filtrado M
90,0 Filtrado L
NEGRONI" 35 91,4 Filtrado
NEGRONI 47 36 91,6 Filtrado
LAZO 38 24 100,0 Filtrado
RESTREPO & MONCADA 57 1 61 95,0 Filtrado
39 1 Filtrado
RESTREPO & col. •• 92,3
RESTREPO & DROUHET 'º 30 93,3 Filtrado
YARZABAL 67 20 95,0 Filtrado L
RESTREPO & MONCADA 01 74 95,6 Filtrado L
YARZABAL & col. 68 30 96,6 Filtrado
lmunoeletrosmoforese + dupla-difusão
Reação de imunoeletroforese
CüNTI-DIAz & col. 11, idealizaram a par-
A imunoeletroforese foi utilizada por LA- tir dos conhecimentos açima descritos técnica
CAZ & col. 37 no estudo imunoquímico em que para demonstração de_ anticorpos específicos
comparavam P. brasiliensis com amostras de da paracoccidioidomicose. Usando a técnica
outros fungos isolados de casos de blastomi- da lmunoeletrosmoforese fazem reagir as
cose queloideana. Posteriormente, NEGRONI imuneglobulinas do soro do paciente com as
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também utilizou a imunoeletroforese. Tais frações antigênicas do P. brasiliensis que mi-
estudos iniciais se limitaram a verificação de gram para o polo positivo. Em seguida, por
que a localização do anticorpo era na fração imunodifusão demonstram no lado do polo
gamaglobulina. RESTREPO ,& DROUHET 60 negativo a reação específica. Todos os soros
realizando a imunoeletroforese demonstraram que reagem pela imunodifusão praticada no
que o antígeno obtido da fase leveduriforme lado do polo negativo, são específicos para a
apresentava 5 frações antigênicas diferentes. paracoccidioidomicose.
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pesquisas tratassem da realização de provas tardia, por ser um fenômeno imunológico es-
intradérmicas nos próprios pacientes de pa- sencialmente celular, envolvendo, certamente,
racoccidioidomicose. as chamadas células de memória, a impor-
tância prática da reação intradérmica, com
O Quadro III refere resumidamente a principal finalidade de descobrir os casos
os Autores que ,trataram do assunto, núme- de "micose-infecção" ficou bem estabeleci-
ro de pacientes utilizados, porcentagem da. Sabemos que a prova intradérmica é o
de positividade obtida e tipo de antíge- único meio de que dispomos para descobrir
no utilizado. Verifica-se pelos resulta- aqueles elementos da população que foram
dos ·dos diferentes pesquisadores que a infectados, mas não ficaram doentes. Quan-
porcentagem de positividade não atinge 90% do se quer estudar a epidemiologia de uma
quando a pesquisa compreende número ra- micose profunda, como acontece em outras
zoável de pacientes. Tornou-se fato conhe- infecções, a reação intradérmica de leitura
cido que os pacientes mais gravemente en- tardia se constituí na arma mais fácil e viá-
fermos reagem negativamente ao teste intra- vel, sendo muitas vezes a única disponível.
dérmico. A prova pode reverter a positiva,
quando tais pacientes melhoram seu estado No que se refere à paracoccidioidomicose
geral, pelo tratamento. o Quadro IV apresenta resumo do que já
foi realizado em inquéritos epidemiológicos.
Foram relativamente poucas as pesqui-
sas nas quais o antígeno utilizado foi pre- Queremos assinalar que a padronização do
antígeno empregado é essencial e as grandes
viamente padronizado em pacientes ou em
discrepâncias de positividade encontradas pe-
animais experimentalmente infectados, para
los vários Autores poderiam ser explicadas
se conhecer qual a dose e o tempo de leitura
a serem utilizados com a finalidade de confe- pelo emprego de antígenos não padronizados.
rir o máximo de sensibilidade à prova. En- Tais discrepâncias podem ser devidas, tam-
tre as pesquisas realizadas com antígenos as- bém, às regiões de maior ou menor endemi-
sim padronizadas, queremos destacar as de cidade, aos tipos de antígenos utilizados e
MACKINNON & col. 40 , HouNrn & ARTAGAVEY- aos grupos etários estudados. Um bom in-
TIA-ALLENDE 2 5, LACAZ & col. 36 , FAVA NETTO quérito epidemiológico deve compreender:
& RAPHAEL 1 7, RESTREPO & SCHNEIDAU 54, utilização de antígeno bem padronizado: rea-
ALBORNOZ & ALBORNOZ 2 e BRITO & col. 6 • lização em número razoável de indivíduos de
cada grupo etário. Infelizmente, raramente
Com o progresso da imunologia, determi- tais objetivos foram alcançados nos estudos
nando que a reação de hipersensibilidade até agora realizados.
QUADRO III
Positividade
Autor (es) N.o de pacientes Antígeno
(%)
ili,,;.,;<...;.,;~
FONSECA & AREA LEÃO 21 2 100,00 Filtrado
BASGAL'· 6 100,00 Filtrado
ALMEIDA & col. ' 22 86,00 Filtrado
ALMEIDA & col. ' 22 82,00 Susp. células levedurif. 1/10
ALMEIDA & col. • 16 63,00 Susp. células 5/100
ALMEIDA & col. ' 18 50,00 Pús ganglionar 1/10
SILVA 6·1 8 100,00 Pús ganglionar 1/15
LACAZ 35 18 56,00 Filtrado
FAVA NETTO & RAPHAEL 17 79 87,00 Polissacáride 1/10
RESTREPO & SCHNEIDAU 54 7 72,20 Filtrado
RESTREPO & MONCADA " 20 75,00 Filtrado M
RESTREPO & MONCADA " 20 50,00 Filtrado L
ALBORNOZ,& ALBORNOZ 2 19 75,00 Polissacáride 1/10
FAVA NETTO& col. 20 100 77,00 Polissacáride 1/10
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QUADRO IV
Inquéritos epidemiológicos
Autor (•es)
N. ode
provas
~s>U-1_:
victade
(%)
Antígeno Area do inquérito
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QUADRO V
Paracoccidioidina
Paciente Histoplasmina · a 1/1000
Polissacáride a 1/10
F.V.A.C. 40 X 30 mm 25 X 15 mm
B.L.A.S. 25X25mm 30X25mm
M.R.S. 25 X 30 mm 25X30mm
F.A.S. 30 X 30 mm 30 X 35 mm
M.V.A.S. 30 X 30 mm 30 X 40 mm
A.J.B.F. 20 X 20 mm 25 X 50 mm
M.N. 25 X 35 mm 45 X 55 mm
FAVA NETTO & RAPHAEL 17 , é mais sensível 3. ALMEIDA, F. P.; LACAZ, C. S. & CUNHA,
A. C. - Intradermo-reação para diagnóstico
que o antígeno filtrado a 1/100, utilizado por da blastomicose sul-americana (granuloma-
Schneidau. tose-paracoccidióidica). A rq. Brasil. M ed. 35:
267-272, 1945.
É importante assinalar. que esta revisão não
discute os problemas referentes à patogenia
4. BARBOSA, W. - Blastomicose sul-america-
e à imunopatologia da blastomicose sul- na. Contribuição ao seu est·udo no Estado
americana. Os interessados poderão consul- ele Goiás. [Tese de docência-livre]. Facul-
tar os trabalhos de FAVA NETTO 16 , FAVA dad,e de Medicina da U. F. G. , 1968.
NETTO & RAPHAEL 17 , FAVA NETTO 19 ,GREER
& col. 2 4, MENDES & RAPHAEL 42 , MusATI '15 e 5. BASGAL, W. - Contribitição ao estitdo das
51 blastomycoses pi,lmonares. [Tese]. Fac. Med.
PADILHA GONÇALVES •
Rio de Janeiro, 1931.
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FAVA NETTO, C. - Imunologia da paracoccldioidomicose. Rev. Inst. Med. trop. São Paulo 18:42-53,
1976.
11. CONTI-DIAZ, I. A.; SOMMA-MOREIRA, 22. FRANCO, M. F.;. FAVA NETTO, C. &
R. E.; GEZUELE, E.; DE GIMENES, A. C.; CHAMMA, L. G. - Reação d-e imunofluo-
PENA, M. I. & MACKINNON, J. E. - In- rescência indireta para diagnóstico soroló-
munoelectroosmophoresis inmunodiffus'iOn in gico da blastomicose sul-americana. Padro-
paracoccidioidomycosis. Sabouraudia 11: 39- nização da reação e comparação dos resul-
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mento. Rev. Inst. Med. trop. São Paulo 15:
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de la sensibilidad cutanea a la paracoccidioi- coccidioidin among fami!y members of pa-
dina en población estudantil de Caripe e sus tients with paracoccidioidomycosis. Para-
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Symposiitm - PAHO-WHO, 197'2.
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Soe. Biol. (Paris) 97:1796-1797, 1927. Tip. Rossolillo, 1945.
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FAVA NETTO, C. -- Imunologia da paracoccidioidomicose. Rev. Inst. Med. trop. São Paulo 18:42-53,
1976.
45. MUSA TI, C. C. - A hipersensibilidade tar- 57. RESTREPO, A. & MONCADA, L. H. - Se-
dia na blastomicose sul-americana. [Thesis rologic procedures in the diagnosis of Pa-
for Master's degree]. Universidade de São racoccidioidomycosis. Proc. Intern. Symp. on
Paulo, 1970. Mycoses PAHO n. 0 205, págs. 101-110, 1970.
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FAVA NETTO, C. - Imunologia da paracoccidioidomicose. Rev. Inst. Med. trop. São Paulo 18:42-53,
1976.
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