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POLÍTICA EDUCACIONAL E ORGANIZAÇÃO

DO SISTEMA DE ENSINO

PROFESSORA :
PATRÍCIA MARTINS
TURMA :CN 3001
diferença sutil entre este e aquele.
Este leciona e vai prestes a outros
afazeres. Aquele mestreia e ajuda
seus discípulos.

Colégio Estadual Presidente Dutra

Disciplina: Política Educacional e Organização do

Sistema de Ensino Professora:Patrícia Martins

Machado de Oliveira

Série : 3ª

Turma: CN 3001

Nome:

Texto introdutório

Exaltação de Aninha
(O professor)

Professor, “sois o sal da terra e a luz do mundo”.


Sem vós tudo seria baço e a
terra escura. Professor, faze de
tua cadeira,
a cátedra de um mestre.
Se souberes elevar teu
magistério, ele te elevará
à magnificência.
Tu és um jovem, sê, com o tempo e
competência, um excelente mestre.

Meu jovem Professor, quem mais ensina e


quem mais aprende? O professor ou o aluno?
De quem maior responsabilidade
na classe, do professor ou do
aluno?
Professor, sê um mestre. Há uma
O professor tem uma tabela a que se apega. “Vintém de cobre: meias confissões de Aninha”.
O mestre excede a qualquer tabela e é sempre 6ª ed., São Paulo: Global Editora, 1997, p. 151.
um mestre.
Queridos futuros docentes,
Feliz é o professor que aprende ensinando. É com essa poesia de Cora Coralina que dedico a
A criatura humana pode ter minha homenagem à todos os mestres que
qualidades e faculdades. Podemos fizeram /fazem parte da minha formação
acadêmica,Sem eles talvez não conseguiria...
aperfeiçoar as duas.
A mais importante faculdade À vocês também dedico a minha gratidão e
profundo amor.Todo professor precisa do aluno
de quem ensina é a sua
para aprender e ensinar.
ascendência sobre a classe
Logo , logo serão meus
Ascendência é uma irradiação
magnética, dominadora que se colegas de profissão.
impõe sem palavras ou gestos, Obrigada !
sem criar atritos, ordem e aproveitamento.
É uma força sensível que emana
da personalidade e a faz
querida e respeitada, aceita.
Pode ser consciente, pode ser
desenvolvida na escola, no lar, no
trabalho e na sociedade.
Um poder condutor sobre o auditório, filhos,
dependentes, alunos.
É tranquila e atuante. É um alto
comando obscuro e sempre
presente. É a marca dos
líderes.

A estrada da vida é uma reta


marcada de encruzilhadas.
Caminhos certos e errados,
encontros e desencontros do
começo ao fim.
Feliz aquele que transfere o que sabe e
aprende o que ensina. O melhor
professor nem sempre é o de mais
saber,
é sim aquele que, modesto, tem a faculdade de
transferir
e manter o respeito e a disciplina da classe….

– Cora Coralina, em “Ainda Aninha…”, no livro


Selecionei alguns textos sobre docência e gestão Essa obrigatoriedade, antes restrita aos
para leitura e análise. Com isso, vamos tentar profissionais do magistério, exige novos
alcançar a maioria dos objetivos propostos pelo esforços dos entes federativos, uma vez que
currículo.
alguns ainda não conseguiram viabilizar o que
Bons estudos ! de fato preceitua a Lei do Piso (Lei nº
11.738/2008).

Os profissionais da educação e a gestão escolar A Meta 18 é estratégica para o MEC, tendo em


brasileira vista que, tornar a carreira dos profissionais da
❖ Reconhecer as políticas de formação e educação escolar básica atrativa e viável,
valorização do profissional docente no constitui um importante fator para garantir a
país.
educação como direito fundamental, universal,
❖ Reconhecer o papel da modalidade Normal
em nível médio na política de formação e inalienável, superando o
docente.
❖ Conhecer a proposta de formação docente
em nível médio no Estado do Rio de
Janeiro.
❖ Compreender a atuação do profissional
docente no contexto educacional
brasileiroCompreender os princípios
norteadores da gestão escolar brasileira.

❖ Reconhecer a importância da gestão


democrática e participativa na
unidade e no sistema escolar.
❖ Compreender a dimensão coletiva do
trabalho realizado na escola a partir da
visão integradora da gestão escolar.
❖ Reconhecer o projeto político-pedagógico
como elemento de gestão dos sistemas
escolares e constituinte da identidade da
instituição escolar.

❖ Compreender os mecanismos de
financiamento da educação pública
brasileira

Texto l

O PNE e a Valorização dos profissionais da


educação
A Meta 18 do Plano Nacional de Educação (Lei
nº 13.005/2014) obriga que a União, os estados,
municípios e Distrito Federal garantam planos
de carreira e remuneração para os profissionais
da educação escolar básica pública,
denominação definida no artigo 61 da Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº
9.394/96).
desafio de universalização do acesso e
garantia de permanência, desenvolvimento e Em 16 de julho de 2008 foi sancionada a Lei n°
aprendizagem dos educandos. 11.738, que instituiu o Piso Salarial

Considerando que o cumprimento da Meta 18 Profissional Nacional - PSPN para os

do PNE requer decisões sensíveis sobre o profissionais do magistério público da educação

financiamento, é importante que sejam básica, regulamentando disposição


constitucional.
construídos espaços institucionais e
transparentes de diálogo sobre o tema, O PSPN é o valor abaixo do qual nenhum
envolvendo, necessariamente, os gestores professor com formação em nível médio, na
públicos e os profissionais da educação modalidade Normal, pode ser remunerado na
básica. forma de vencimento para a jornada de, no
máximo, 40 (quarenta) horas semanais,
Para criar esses espaços, os estados e
municípios podem utilizar como referência o obedecendo-se a proporcionalidade em casos de

que está sendo feito pela União, que criou o jornada diferenciada.

Fórum Permanente para acompanhamento da


atualização progressiva do valor do piso
salarial nacional para os profissionais do
magistério público da educação básica,
através da Portaria MEC nº 618, de 24 de
junho de 2015. Este Fórum acompanha a
construção de políticas de valorização, tendo
como referência o PNE e a Lei 11.738/2008, e
pode ser um ambiente privilegiado para a
análise dos planos de carreira e remuneração.

Todo debate e ações que envolvem o


cumprimento da Lei do Piso e a construção ou
adequação de planos de carreira e
remuneração terão como parâmetro as
legislações que tratam da valorização
profissional, e também as que impõem limites
para gastos com pessoal, considerando que,
em alguns cenários, elas podem expressar
contradições, caso da Lei de Responsabilidade
Fiscal (Lei Complementar nº 101/2000), que
estabelece normas de finanças públicas
voltadas para a responsabilidade na gestão
fiscal e institui limites para os gastos com
pessoal.

Texto II

Piso Salarial Profissional Nacional (PSPN)


A Lei n° 11.738/2008, que define o piso salarial dos reajustes foram processados com base no critério

profissionais do magistério público da educação fixado pela Lei supracitada.

básica como vencimento básico e a composição da Em relação à complementação da União ao FUNDEB


jornada de trabalho com no máximo 2/3 em sala de para o pagamento do piso salarial dos profissionais
aula, e o mínimo de 1/3 em atividades de da educação básica, a Comissão
planejamento, coordenação e avaliação do trabalho Intergovernamental para Financiamento da
didático, passou a ter validade a partir de 27 de Educação de Qualidade, composta por membros do
abril de 2011, quando o STF a declarou MEC, do Conselho Nacional de Secretários de
constitucional. Educação (Consed) e da União Nacional dos

Respaldada pela LDB (art. 67, § 2º), a Lei do Piso Dirigentes Municipais de Educação (Undime),

define profissionais do magistério público da definiu os critérios para essa complementação

educação básica como “aqueles que desempenham na Resolução nº 7, de 26 de abril de 2012, ainda
em vigor.
as atividades de docência ou de suporte
pedagógico à docência, isto é, direção ou Conforme preceitua a Lei nº 11.494/07, Lei do
administração, planejamento, inspeção, FUNDEB, em seu at. 15, o Poder Executivo da União
supervisão, orientação e coordenação deve publicar, até o dia 31 de dezembro de
educacionais, exercidas no âmbito das unidades
escolares de educação básica, em suas diversas
etapas e modalidades” e ainda com a “formação
mínima determinada pela legislação federal de
diretrizes e bases da educação nacional” (§ 2º do
art. 2º da Lei do Piso).

Os profissionais contratados em caráter provisório


terão direito ao Piso e à composição da jornada de
trabalho. As disposições relativas ao piso salarial
de que trata esta Lei serão aplicadas a todas as
aposentadorias e pensões dos profissionais do
magistério público da educação básica alcançadas
pelo art. 7º da Emenda Constitucional nº 41, de 19
de dezembro de 2003, e pela Emenda
Constitucional nº 47, de 5 de julho de 2005 (Art.
2º, § 5º).

O parágrafo único, do art. 5º, da Lei nº 11.738/08,


reza que a atualização do valor do piso deve ser
fixada pelo percentual de crescimento do valor
mínimo anual por aluno - VAA. A AGU/CGU, na
Nota Técnica nº 36/2009, definiu que esse
percentual deve ser calculado utilizando-se o
crescimento apurado entre os dois exercícios
consecutivos mais recentes. Dessa forma, os
cada exercício para vigência no ano subsequente,
o VAA, definido nacionalmente, para que possa
ser calculado o índice de atualização do Piso
Salarial dos profissionais do magistério público da
escola básica.

Texto III

Memória viva da Educação

Para explicar o passado, o presente e o futuro da

escola no Brasil a partir da década de 1930,

quatro mulheres que escolheram o magistério

como carreira contam seus desafios, realizações

e sonhos

POR:
Roberta Bencini
01 de Setembro | 2005

"Acredito no poder transformador da


educação" Iracema Noemia Farina,
idade não declarada
ifarina@fainc.com.br
Foto: Ricardo Benichio

A história da educação é contada por


documentos, datas e relatos. Ao conhecer a
memória e os planos de três professoras e de
uma estudante de pedagogia, você vai
compreender um pouco da trajetória do ensino
brasileiro a partir da década de 1930. As opções,
os desafios e as realizações de cada uma têm
ligação direta com as lutas de poder, as leis, a
participação do Estado na Educação e a
valorização profissional do magistério.

No tempo da professora Iracema Noemia Farina,


de São Paulo, era forte a participação da Igreja
no ensino, e estudar era um privilégio de poucos.
Se a paulistana Juliana Piauí, 19 anos, filha de
uma diarista e de um porteiro, fosse
contemporânea da professora, provavelmente
não estaria cursando uma faculdade. Experiências
diferentes e igualmente interessantes são
contadas por Consuelo Carvalho, 60 anos,
diretora de
escola em Brasília, e Sonia Beatriz Leal Silva Rossi, NOVA ESCOLA aos professores brasileiros e
42 anos, professora em Salvador. um exercício de reflexão. Que escola está
Além das fontes oficiais e de depoimentos, as
sendo construída para as próximas
imagens também são uma rica fonte para
reconstruir a história de nossa escola. No início do gerações?
século passado, as professoras eram retratadas ao
lado dos estudantes de maneira séria, distante e
formal. Já no final da década de 1980, elas A vida da professora Iracema Noemia Farina se
apareciam descontraídas e sorridentes. confunde com os caminhos da educação nas
últimas seis décadas. Ela tinha apenas 12 anos
Nossa primeira escola foi fundada pelos jesuítas quando um grupo de educadores publicou um
em 1542, na Bahia. O objetivo era propagar a fé manifesto a favor do ensino público, obrigatório e
e salvar a alma daqueles que não temiam a Deus, laico. A necessidade de uma escola pluralista veio
como os índios. Menos de 200 anos separam a à tona com o crescimento das indústrias e a
partida dos jesuítas expulsos do Brasil pelo explosão demográfica na zona urbana. A rede de
marquês de Pombal em 1759 do ingresso de colégios religiosos em que Iracema iria estudar
Iracema no curso de magistério. Se nesses dois mais tarde atendia apenas à classe média alta.
séculos pouca coisa mudou, a partir dos anos
1960 a revolução tecnológica transformou a
escola e o papel do professor.

A Escola Nova luta pelo ensino público

"Quando iniciei o curso de magistério era raro ver


uma moça se formar em direito ou seguir outra
carreira que não a de professora. Mas não foi por
isso que optei pela sala de aula. Fiz uma escolha
consciente e jamais me arrependi dela. Ser
professora era um ideal. Acho que me inspirei nos
mestres maravilhosos que tive durante a minha
formação. Até hoje guardo muitos deles na
lembrança, como Maria José Duarte, uma mulher
inesquecível que lecionava sociologia. Depois que
ela faleceu, eu ocupei sua cadeira no curso de
pedagogia. Surpreendo-me, muitas vezes,
repetindo seus gestos e trejeitos em sala de aula.
Esse é um exemplo da importância do professor na
vida de seus alunos. Nosso trabalho deixa marcas
para sempre!

No magistério, descobri minha vocação religiosa e


comecei a dar aulas para crianças e jovens.
Impressionada com a forma como Dom Bosco
[1815-1888], um padre e professor italiano,
lecionava, resolvi fazer pedagogia. Não parei mais
de estudar: fiz sociologia e teologia e fui trabalhar
em faculdades no interior do estado.

Sempre fui dinâmica em sala de aula. No começo,


eu só utilizava o gogó e os livros para ensinar.
Depois, descobri o slide e hoje não consigo
lecionar sem passar um filme.

Sou professora há 66 anos. Dou aulas de sociologia,


antropologia e história da arte e sou vice-diretora
das Faculdades Integradas Coração de Jesus, em
Santo André. O que eu quero do futuro?
Transformar o mundo, ora bolas! Acredito no que
façoe não foi à toa que cheguei até aqui."
Esta reportagem é uma homenagem de
Em 1937, quando se formavam os primeiros femininas.
professores do ensino secundário, Iracema estava
ingressando no curso de magistério. Era o início
da ditadura de Getúlio Vargas período conhecido
como Estado Novo e que durou até 1945. Foi
nessa época que ela se tornou freira e conheceu
de perto a desigualdade social.

Nos anos 1960, Iracema teve notícias sobre as


campanhas de alfabetização no campo e se
encantou com as ideias de Paulo Freire. Na
mesma época, defendeu tese sobre a exploração
do trabalho no regime capitalista. Assim como o
educador pernambucano, que foi exilado, a
professora foi punida pelos militares por discutir
em sala de aula a conscientização popular, mas As imagens contam que...
não abriu mão de suas convicções. Nessa fase, o As mulheres começam a ocupar cargos no
magistério. Pela primeira
currículo refletia a ditadura Educação Moral e
Cívica era disciplina obrigatória. "Hoje em dia, é
muito bom poder falar sem medo dos problemas
sociais e dos direitos humanos."

Tempos de Estado Novo e expansão da

escola secundária 1930 Criação do

Ministério da Educação e Saúde.

1932 Publicação do Manifesto dos Pioneiros da


Educação Nova, liderado por Fernando de
Azevedo (1894-1974) e assinado por 26
educadores, entre eles, Anísio Teixeira (1900-
1971). O documento defende o ensino integral,
público, laico e obrigatório.

1934 A nova Constituição Federal institui pela


primeira vez a educação como um direito de
todos. Os saberes escolares se voltam para
conhecimentos científicos e comportamentais,
baseados em valores morais. Os currículos
privilegiam os temas relacionados à higiene e aos
cuidados com a saúde.

1937 O golpe do presidente Getúlio Vargas


(1883-1954) interrompe as mudanças
educacionais que vinham sendo discutidas desde
1932. Há um impulso na formação do magistério,
com a reorganização de algumas escolas
secundárias.

1938 Criação da União Nacional dos Estudantes


(UNE) e do Instituto Nacional de Estudos de
Pedagogia (Inep).

De 1942 a 1946 O curso secundário passa a ser


constituído do ginásio, de quatro anos, e do
colegial, de três, dividido em curso clássico e
científico. É estabelecido o ensino
profissionalizante mantido pelo Estado e pelas
indústrias. A legislação recomenda que as
mulheres freqüentem escolas exclusivamente
vez, as moças que moram nos grandes centros
urbanos saem de casa para trabalhar em escolas
fora de suas cidades. Essas professoras têm uma 1959 Divulgação do Manifesto dos Educadores,
postura formal e distante das crianças. As fotos, assinado por mais de 190 pessoas, entre elas, o
todas oficiais, remetem à disciplina dos alunos. sociólogo Florestan Fernandes (1920-1995). O
Anos 1960 documento critica o discurso conservador da Igreja
Durante a ditadura, a rede cresce, mas sem Católica sobre o ensino e a lei que defendia o apoio
qualidade à escola privada.
"Sou de uma época em que a carreira do
magistério começava a perder o prestígio, e a 1961 Promulgação da Lei de Diretrizes e Bases
mulher já tinha conquistado outros campos de da Educação Nacional (LDB), que determina o fim
trabalho. dos exames de admissão para o colegial,
Minha mãe sonhava ter uma filha médica ou tornando a escola aberta, mas não obrigatória
advogada e tive de enfrentá-la para ser para os concluintes do 4º ano primário.
professora. Não me via fazendo outra coisa.
Desde pequena eu queria lecionar, e as bonecas 1962 Surge o método Paulo Freire. Para o
foram minhas primeiras educador pernambucano (1921-1997), a
alunas. Em 1960, dei o primeiro passo para o valorização da cultura do aluno é o caminho
magistério, com a ajuda do meu pai. Ele me para a conscientização política e a
matriculou em uma escola normal, em Belo aprendizagem.
Horizonte. O colégio pertencia a uma congregação
1967 A nova Constituição estabelece pela primeira
religiosa e eu era bolsista. Tinha 18 anos quando
vez a obrigatoriedade do ensino até os 14 anos. Para
comecei a lecionar em uma escola de periferia. combater o analfabetismo é criado o Movimento
Apesar de ser bem nova, a diretora me contratou Brasileiro de Alfabetização (Mobral).
porque na época a falta de professores era um dos
principais problemas do ensino.

Novata, não tive escolha. Fiquei com a turma mais


indisciplinada e que apresentava as maiores
dificuldades de aprendizagem. As classes eram
divididas assim: a de alunos considerados nota 10,
a dos regulares e a conhecida como a sala do 'só
Deus para ajudar'. Eu tinha muitas limitações e
não havia trabalho em equipe. A primeira
orientação que recebi foi: 'Seja bastante enérgica
e se mostre brava'. No final de 1970, me mudei
para Brasília, onde estudei pedagogia e comecei a
trabalhar em escolas particulares. Hoje sou bem
diferente daquela menina de 18 anos: dirijo a
Escola Cresça, da rede particular, tenho mais
experiência e a mesma convicção de que só seria
feliz no magistério! Meu desafio agora é mostrar
aos jovens que vale a pena ser íntegro e ético na
atual fase histórica do nosso país, marcada pela
descrença e corrupção."

"Ser um bom
profissional era
ser autoritário"
Consuelo Carvalho, 60
anos
consuelocarvalho2004@yahoo
.com.br À direita: Consuelo se
forma no magistério em 1963:
sonho de infância
Fotos: Edson Ruiz e arquivo
pessoal
Tempos de Educação popular e revolta
estudantil

1950 Lançamento da cartilha Caminho Suave, de


Branca Alves de Lima.
1968 A revolta estudantil acontece em vários países.
No Brasil, alunos reivindicam mais vagas nas
universidades públicas e o fim da ditadura militar.

1969 Lei institui as disciplinas de Educação Moral e


Cívica no primário, Organização Social Política
Brasileira (OSPB) no Ensino Médio e Estudos de "Agora eu sei que o
Problemas Brasileiros (EPB) no Superior. importante é
aprender sempre"
As imagens contam que... Sonia Beatriz Leal Silva
O regime militar (1964-1985) impõe o Rossi, 42 anos
civismo na educação. Momentos bialealrossi@hotmail.com
solenes, como o hasteamento da Abaixo: Sonia Beatriz, no
bandeira e apresentações de primário em 1971:
ginástica, demonstram a ordem lembrança do ensino
estabelecida, em contraste com o tradicional
movimento das ruas. Fotos: Ricardo Benichio e
Anos 1980 arquivo
Escola mais aberta pede ênfase pessoal
na formação Lembro-me muito Quando Sonia Beatriz Leal Silva Rossi pensou em se
bem do meu primeiro dia de tornar professora, a velha aula com giz e muita
professora, em 1988. Como a escola explicação teórica já não fazia mais sentido. O
era próxima à minha casa, fui computador começava a chegar à escola, e a educação
caminhando cheia de planos e ambiental, a violência urbana e a inclusão de portadores
sonhos... Assim que entrei na sala de necessidades especiais eram os temas do dia.
de aula começou a loucura. Tinha
aluno batendo no colega, alguns Dois grandes fatos marcaram o período: a formação e
jogavam capoeira e outros andavam sobre as carteiras. a organização sindical dos professores, que, a partir de
Fui ficando apavorada. O que eu faria com a 1978, reivindicavam aumento salarial, e a derrubada
metodologia, a didática e a psicologia aprendidas na da ditadura militar. "Na faculdade, discutíamos o que
faculdade? A primeira coisa que compreendi foi que deveria ter mais peso: a competência técnica ou o
não basta ter boa vontade. É preciso também ter compromisso político com a educação", conta.
competência técnica. E fui em busca dela: ingressei na
rede municipal e participei de todos os cursos
oferecidos pela secretaria de Educação. Em pouco
tempo, senti que estava ensinando melhor e que os
alunos aprendiam mais. No final da década de 1990, fui
selecionada para trabalhar na Escola Municipal Barbosa
Romeo, que atende crianças e adolescentes carentes,
onde leciono até hoje. Aí, sim, encontrei meu lugar.
Passei a fazer parte de grupos de estudos e a debater
sobre minha prática. Ainda tenho muitos caminhos a
trilhar, como me tornar mestra em educação. Neste
ano, concluí minha especialização em educação
especial. Nossa escola agora aceita crianças com
necessidades especiais, e elas também têm direito a
um ensino de qualidade. Acabei de fazer um curso de
libras. Ainda não aprendi tudo que preciso para me
comunicar com uma aluna surda que recebemos, mas
participar dessa formação me desequilibrou bastante.

O caminho é longo, mas não desisto. Vou buscar


novos conhecimentos, novos parceiros, novas formas
de ensinar..."
A disciplina não é mais tão
No estado de São Paulo, foram implantados os Centros rígida e os alunos mostram
Específicos de Formação e Aperfeiçoamento do intimidade com os professores,
Magistério (Cefams) e, em outros estados, a oferta de agora mais próximos e amigos.
formação em serviço passou a ser uma prática. O fácil acesso às máquinas
fotográficas automáticas
Em 1980, foram retomadas as ideias da educação revelam o comportamento dos
popular, apontando que era preciso considerar os adolescentes na escola. Anos
saberes das populações pobres e a experiência de vida
dos alunos para que o conhecimento estruturado na
2000
escola fizesse sentido. "Com a chegada dos primeiros A tecnologia chega à escola, que não é mais
computadores e com o impacto dessas novas só para a elite
discussões, o papel do professor realmente foi "A tecnologia é um bicho-de-sete-cabeças para
colocado em xeque", afirma o professor Carlos Jamil muitos professores. Em contrapartida, vejo
Cury. crianças de 5 anos na frente de um computador
dando um baile nos adultos. Essa situação deixa
Sonia Beatriz se formou em pedagogia quando o Brasil
bem claro o quanto as relações na escola têm que
já não vivia sob o regime militar, e o país começava a
incluir na escola crianças e jovens que estavam à se basear na troca de experiências. A
margem do Ensino Fundamental desde os primórdios
da educação.

Tempos de Mobilização de
professores e novas teorias
pedagógicas

1971 Acontece a reforma do Ensino Fundamental e do


Médio. É ampliada a obrigatoriedade do ensino de
quatro para oito anos. Uma parte do currículo
contempla uma educação geral e outra, conteúdos
específicos para habilitação profissional. Algumas
disciplinas se tornam obrigatórias, como Educação
Artística e Programa de Saúde e Religião.

1978 Professores se mobilizam em diversos estados


para recuperar as perdas salariais, regulamentar a
carreira do magistério e reivindicar melhores condições
de trabalho.

1979 Promulgação da anistia aos presos políticos


exilados, como Leonel Brizola (1922-2004) e Paulo
Freire.

1980 Morre o psicólogo suíço Jean Piaget (1896-


1980). Suas ideias sobre a concepção
construtivista da formação da inteligência passam
a ser discutidas no Brasil.

1982 O ensino profissionalizante deixa de ser


obrigatório no nível médio, sendo retomada a
ênfase para a formação geral. A disciplina de
Filosofia ressurge como optativa.

1985 O movimento estudantil assume importante


papel na luta pela anistia de políticos brasileiros e
pelas eleições diretas para presidente da
República. O Mobral é extinto e em seu lugar é
criado o Projeto Educar.

As imagens contam que...


tecnologia pode, sim, aproximar as pessoas e vitória para a Educação: a Proposta de Emenda
nunca vai substituir o professor. Constitucional (PEC) que versa sobre um novo
Será que vou ser uma boa educadora? Penso nos Fundeb foi aprovada em primeiro e segundo turnos
pontos positivos dos meus professores. 'Como na Câmara dos Deputados - uma conquista para a
você está hoje Juliana? Está feliz?', costumava Educação que, além de afastar o fantasma de uma
perguntar minha professora da 1a série. Vou
levar para o resto da vida esse olhar e esse possível descontinuidade do Fundo, é o primeiro
cuidado. passo para garantirmos que o principal mecanismo
de financiamento da Educação Básica seja maior,
Trabalho na biblioteca do Projeto Casulo, onde o
mais justo e
livro faz a ponte entre mim e as crianças.
Conheço o contexto de vida de cada uma porque eficiente! Desde o início da
vivemos na mesma comunidade. Falamos a tramitação da PEC (que na Câmara estava sob
mesma língua, e assim consigo chegar até elas.
número 15/2015 e agora no Senado,
Tomara poder trabalhar com alunos de 1a a 4a
série e ser uma boa referência na vida das 26/2020), o Todos Pela
pessoas que cruzarem o meu caminho. Quero
ajudar a construir um ensino de qualidade no
meu bairro e ver funcionando lá uma escola de
Ensino Médio. A vida oferece muitas
possibilidades interessantes se conhecemos
nossos direitos e lutamos por eles!"

"O papel do
professor é
insubstituível"
Juliana Piauí, 19
anos
juliana_piaui@yah
oo.com.br À
direita: Juliana, na
formatura da 8ª
série em 2000:
mais estudo que os
pais
Fotos: Ricardo
Benichio e
arquivo pessoal

TEXTO IV

NOVO FUNDEB: O QUE MUDA SE FOR

APROVADA A PEC 26/2020 NO SENADO

FEDERAL

POR TODOS PELA EDUCAÇÃO 27 JUL, 2020

Veja quais serão os principais aspectos do


novo fundo de financiamento da Educação
Básica de acordo com o texto votado na
Câmara

Nesta semana, o Brasil presenciou uma grande


Educação realizou e participou de diversos estudos decenalmente: 2036, 2046 e assim por diante. O

de impacto de vários modelos de Fundeb, debates, novo Fundeb entra em vigor em 1 de janeiro
eventos e audiências públicas relacionadas às de 2021, sendo implementado gradativamente
temáticas de financiamento - esforços focados em até
assegurar, principalmente, um Fundeb mais 2026.
redistributivo, capaz de elevar o patamar mínimo de
investimento por aluno no Brasil. Dessa forma, Funcionamento básico do Fundeb e fatores
de ponderação
muitos aspectos da proposta aprovada tiveram forte
incidência do Todos. Agora, o texto seguirá para
Modelo atual: O Fundeb não é um único fundo
votação no Senado Federal. Caso seja aprovado
federal, mas, sim, uma combinação de 27 fundos
também pelos senadores, o País contará, em
(um em cada estado e no Distrito Federal). Esses
2021, com um fundo:
fundos distribuem, anual e automaticamente,
tributos vinculados à Educação entre as redes de
Confira abaixo um panorama das mudanças que ensino (estadual e municipais), de acordo com o
Permanente:agoraoFundebfarápartedaConstituiçãoBrasileira
estão por virnãocom ahávotação número de matrículas presenciais em cada uma
e, assim, mais favorável,
prazo deno Senado,
vigência;
ao texto aprovado pela Câmara dos Deputados. delas (conforme atuação prioritária do Art. 211 da
Informe-se e participe desse importante debate! Constituição Federal, com ponderações de etapa,
Maior:acomplementaçãodaUniãocresceráde10%para23%até
modalidade e tipo de ensino). A União
2026,comumaumentode2pontospercentuaisjáprevistosparao ano
Prazo deque vigênciavem; do complementa os recursos dos fundos estaduais
mais
Fundeb Modelo atual: 31 de pobres.
Maisjusto:acomplementaçãoadicionaldaUniãoiráparaas
redesde
dezembro de 2020. O que muda? Mantém-se a estrutura de 27 fundos
ensinomaispobres,independentementedoestadodeorigem.Aforçaredis
estaduais e suas naturezas contábeis, bem como a
tributivadoNovoFundebvemdestamudança;
O que muda? Não haverá mais o prazo de vigência, distribuição dos recursos de acordo com o número
Maiseficiente:oFundebseráaprimeiragrandepolíticapúblicabrasileirasuj
isto é, uma data em que a política poderia expirar. ponderado de matrículas. A diferença é que serão
eitaaavaliaçãodegastosindependenteeregular.Apropostaestimulaoapri
Assim, o Fundeb torna-se uma política permanente acrescidos fatores de ponderação pró-equidade,
moramentodosgastospúblicoscomarevisãodasregrasnoanode2026-
do Estado brasileiro. Mas isso não significa que o que reduzirão as desigualdades em vários níveis:
eapósissocomperiodicidadedecenal.Alémdisso,seráumapolíticaindutora
mecanismo permanecerá imutável indefinidamente. um deles considerará a disponibilidade fiscal da
dequalidadenaEducação,comanovamodalidadedacomplementaçã
Periodicamente, o Congresso Nacional revisará o rede de ensino e outro será um fator de
odaUniãoecomaalteraçãodasregrasde
funcionamento ponderação que levará em conta o nível
distribuiçãodoICMS. do fundo. Primeiro em 2026, como
aponta a PEC, e depois socioeconômico do aluno. A União seguirá
complementando os recursos das redes estaduais
e municipais, mas agora em três formatos
diferentes e complementares (descritos abaixo).

Complementação da União – valor e


formato

Modelo atual: A União deve destinar para


complementação ao Fundeb o equivalente a 10%
da soma dos 27 fundos estaduais (R$ 15,8 bilhões).
O recurso é destinado à equalização dos valores
aluno/ano médios (Valor Aluno/Ano Fundeb –
VAAF) dos fundos estaduais, complementando os
recursos dos fundos mais pobres (e, portanto, com
menor VAAF) até que esses fundos atinjam o valor
mínimo aluno/ano nacional. Em 2019, 10 estados
receberam complementação da União.
Não é possível usar recursos advindos dos Salário-
Educação para financiar a complementação da
União e apenas 30% dela pode ser computada no
limite mínimo de aplicação de receitas em
Manutenção e Desenvolvimento do Ensino
(MDE).

O que muda? A complementação da União sairá


de 10% para 23% da soma dos 27 fundos estaduais,
até 2026 (com 12% em 2021). Em valores atuais,
isso significa expandir a complementação anual
de R$ 15,8 bilhões para R$ 36,3 bilhões. Além disso, ITCMD, IPI-Ex e Lei Kandir. O que muda? Serão
a distribuição dos 23 p.p será realizada da seguinte excluídas das cestas de tributos as compensações
forma: relativas à Lei Kandir (cerca de R$ 1 bi em 2020, na
● 10 pontos percentuais (p.p) seguindo o soma do Brasil). Na eventualidade de extinção ou
critério atual, ou substituição de impostos por reforma tributária,
modelo “VAAF”, destinado aos estados mais será garantida aplicação equivalente à
pobres. O percentual utilizado nesse modelo anteriormente praticada no Fundeb e nas despesas
não terá modificação ao longo da com
transição; MDE
.
● 10,5 p.p serão distribuídos às redes de
ensino, independentemente do estado de
origem, com menor Valor Aluno/Ano Total Subvinculação do Fundeb e de MDE para
(VAAT). A diferença do VAAF para o VAAT é que despesas específicas

o segundo considera também outras receitas


vinculadas à Educação fora do Fundeb; por isso,
o modelo “VAAT” é o mais equitativo,
permitindo que o recurso chegue onde mais
precisa.
Destaca-se ainda que 50% desses recursos (ou 5,25
p.p da complementação) deverão ser destinados à
Educação Infantil. Em caso de falta de vagas na rede
pública, esses recursos poderão ser destinados a
escolas de Educação Infantil conveniadas com o
poder público. Esse modelo será implementado
gradativamente a partir de 2021;
● 2,5 p.p serão distribuídos às redes de todo o
Brasil que
cumprirem condicionalidades de melhoria de
gestão e que tiverem evolução nos indicadores
de atendimento, aprendizagem e redução de
desigualdades. Esse modelo será implementado
paulatinamente a partir de 2023.
Será mantida a regra de não usar recursos advindos
dos Salário- Educação para financiar a
complementação da União e apenas 30% dela pode
ser computada no limite mínimo de aplicação de
receitas em Manutenção e Desenvolvimento do
Ensino (MDE).

Cesta de tributos distribuídos pelo


Fundeb

Modelo atual: Dos recursos que compõem o Fundeb


atual, 20% são das arrecadações de ICMS, IPVA, FPE,
FPM (sem adicionais de julho e dezembro), ITR,
Modelo atual: Hoje, no mínimo, 60% dos recursos com a seguinte regra: 75% por VAF (valor
recebidos por meio do Fundeb devem ser adicionado fiscal, grosso modo “onde é recolhido
destinados à remuneração dos profissionais do o imposto”) e 25% de acordo com critérios
Magistério na ativa. O que muda? No definidos em lei estadual.
mínimo, 70% dos recursos recebidos por meio do
Fundeb deverão ser destinados à remuneração dos O que muda? A regra de distribuição da cota
profissionais da Educação na ativa (atenção: municipal do ICMS passa a ser de 65% por VAAF e
abarca mais categorias de profissionais, como 35% de acordo com critérios definidos em lei
merendeiras e vigilantes). Dos recursos relativos à estadual. Pelo menos 10 dos 35 p.p serão
complementação da União no modelo “VAAT” distribuídos por indicadores de melhoria nos
(10,5 p.p), pelo menos 15% deverão ser aplicados resultados de aprendizagem e de aumento da
em despesas de capital (que são obras e equidade na rede do município,
investimentos).
A partir da aprovação da PEC, a Constituição
Federal passará a vedar o uso de recursos
vinculados à Manutenção e Desenvolvimento da
Educação para o pagamento de aposentadorias e
pensões. Tal já era o entendimento do Tribunal de
Contas da União (TCU), em interpretação da Lei nº
9.394/1996, mas muitas redes de ensino fazem
essa aplicação equivocada.

Controle social do
Fundeb

Modelo atual: Cada município e estado e o


Distrito Federal têm um Conselho de
Acompanhamento e Controle Social (Cacs), que
tem autonomia e competência previstas em lei
para acompanhar as contas municipais, estaduais
e distritais do Fundeb.

O que muda? Será mantida a previsão dos Cacs,


com autonomia e competência previstas em lei,
com a nova possibilidade de que sejam integrados
aos demais conselhos de Educação. Ademais, será
garantido, constitucionalmente, no Art. 163-
A, a rastreabilidade, comparabilidade e
publicidade dos dados fiscais e contábeis, com
divulgação em meio eletrônico de amplo acesso
público, conforme propõe a PEC 26/2020.

Repartição do ICMS entre os


municípios

Modelo atual: 25% do ICMS recolhido em cada


estado é distribuído aos municípios, de acordo
considerado o nível socioeconômico dos alunos. Isso
significa, pelo menos, R$ 12 bilhões (em valores de Texto V
2019) distribuídos por critérios de qualidade e
equidade educacional, definidos em cada estado.
Os estados terão dois anos para aprovar leis que
Gestão democrática muda a realidade de escola
versem sobre a nova distribuição do ICMS. em região violenta

Equidade, padrões mínimos de qualidade,


CAQ e piso salarial Rodrigo Froés se uniu a professores para resgatar a

identidade de uma escola de Manaus e melhorar


Modelo atual: A Constituição Federal apenas cita
seus índicesPOR:Camila Cecílio
que deverá ser garantido um padrão mínimo de
qualidade do ensino mediante assistência técnica e 11 de Outubro | 2019

financeira da União. O regime de colaboração


federativo deve assegurar a universalização do
ensino obrigatório. Além disso, prevê a existência
de piso salarial do Magistério público,
regulamentado em lei federal.

O que muda? Será mantida a previsão


constitucional do piso salarial do Magistério público,
regulamentado em lei específica. Caso o texto da Rodrigo Froés reunido com professores na EM
PEC seja aprovado como está hoje, a Constituição Antônio Matias Fernandes Foto: Arquivo/ Nova
passará a determinar que o regime de colaboração Escola
federativa deverá também assegurar a qualidade e
Imagine uma escola com altos índices de evasão,
a equidade do ensino, considerando inclusive que violência, depredação e sob ameaça de fechar as
cada localidade deverá exercer ação redistributiva turmas da Educação de Jovens e Adultos (EJA)
por todos os problemas anteriores. Há cinco anos
em relação a suas escolas (equidade interna). Além
essa era a realidade da EM Antônio Matias
disso, a Constituição também definirá que o padrão Fernandes, localizada em uma área violenta de
mínimo de qualidade considerará as “condições Manaus (AM), onde há elevadas taxas de
criminalidade. Esse cenário começou a mudar em
adequadas de oferta e terá como referência o custo
2015, quando o professor de História Rodrigo
aluno qualidade”, determinadas por lei Froés, na época com apenas 27 anos, assumiu a
complementar de regime de colaboração direção e criou o projeto Escola de Qualidade,
educacional. Responsabilidade de Todos, vencedor do
Prêmio Educador Nota 10 de 2016.
Rodrigo conta que o projeto surgiu da
necessidade de colocar a escola para funcionar
e, mesmo sem experiência em gestão escolar,
ele aceitou o desafio. O primeiro passo para
transformar aquele cenário, comum em diversas
escolas brasileiras, foi implantar uma gestão
democrática. “Havia inúmeros percalços, então
percebi que, antes de querer mudar qualquer
coisa, era preciso que todos se unissem a fim de
equacionar os problemas”, explica.

Ganhar o respeito da equipe de professores e


funcionários foi uma consequência. “A escola era
muito mal vista pela comunidade, precisávamos
nos unir no propósito de resgatar sua
identidade”, conta. Com diálogo, debates e
trocas com toda a equipe, o projeto foi se
consolidando como uma ação coletiva. Rodrigo
propôs aos professores que pensassem em
atividades atrativas para fazer com que os alunos
“quisessem estar na escola”. Incentivados a usar
a criatividade, cada um teve liberdade para
pensar e planejar aulas instigantes e que
colocassem o estudante como protagonista de
sua aprendizagem.

Com o tempo, os resultados foram aparecendo: o


Índice de Desenvolvimento da Educação Básica
(Ideb) da escola, que em 2013 era 3,5, saltou
para 4,8 em 2015 e 5,4 em 2017. O rendimento
dos alunos
também aumentou de 75% em 2015 para 95% em Rodrigo Froés em um dos corredores da EM
2017. Nesse mesmo período, a evasão foi zerada no Antônio Matias Fernandes Foto: Joel
Fundamental 2 e reduzida a 7% na EJA. Após o Rosa/Nova Escola
prêmio, a escola passou a ter 500 alunos, quase 200 a
mais, atraídos pelos resultados. INDICAÇÃO: Educação Infantil, Fundamental 1
e 2, Ensino Médio, EJA
Transformar uma escola em uma região com alta DISCIPLINAS: Todas
criminalidade exigiu de Rodrigo e sua equipe muita DURAÇÃO: de
união para, inclusive, lidar com a triste realidade de 1 a 2 anos O
alunos que perderam a vida por envolvimento com o que é o
tráfico de drogas. “O nosso objetivo sempre foi projeto?
mostrar que a Educação era maior do que tudo isso”, O projeto Escola de Qualidade,
reforça. Responsabilidade de Todos foi pensado
como uma maneira de proporcionar uma
Educação mais justa e igualitária para que os
alunos tivessem um aprendizado de forma
dinâmica e interativa, tornando o processo de
Educação mais atrativo. “O objetivo maior
como professor, aluno, gestor, era oferecer
uma
Educação que o aluno gostasse de aprender”,
diz Rodrigo. “Precisamos lutar para mostrar ao
aluno que ele precisa aprender, mas tem que
ser uma luta harmônica e prazerosa”. O projeto
foi uma forma de encantar o aluno e motivá-lo
Com o tempo, a escola de Manaus foi se
a ir à escola todos os dias. “O professor precisa
transformando e os índices melhoraram Foto: ser um encantador e, quando o aluno vai para a
Arquivo/Nova Escola escola, a gente consegue
fazer com que a semente frutifique”. O
diretor diz que o projeto se tornou sua
Como posso desenvolver esse projeto na filosofia de vida: lutar por uma Educação de
minha escola? qualidade que seja responsabilidade de
Para o educador, o projeto pode ser replicado em
todos, em que todos assumam seus papeis,
escolas de qualquer parte do país, uma vez que fala suas responsabilidades, e se tornem
do "fazer pedagógico". “É desenvolver atividades protagonistas da Educação.
atrativas para os alunos, fazer os professores
Do que vou precisar?
planejarem, dar liberdade para que criem e ‘viajem’
"Sobretudo, criatividade! Instrumentos
na sua disciplina, dar apoio para que executem suas
musicais, materiais de Arte e materiais de
atividades”, afirma Rodrigo Froés.
apoio, como: isopor, cartolinas, canetinhas
coloridas, massa de modelar, telas de pintura,
A principal dica, segundo ele, é pensar de forma argila, pincéis, tintas, tecidos, dentre outros.
democrática. “Quando se é gestor, é preciso ouvir, Muitas atividades ocorreram porque
planejar, fazer com que essas atividades sejam conseguimos oferecer aos mestres todos os
executadas. Não se pode confundir autoridade com materiais que eles precisavam", explica
autoritarismo. Ouvir e entender o outro e fazer com Rodrigo.
que isso cresça é o maior papel do gestor na Quais os objetivos trabalhados?
atualidade”, completa. Desenvolver atividades em cada disciplina que
envolvam o aluno de forma atrativa, conforme
No primeiro ano, Rodrigo se reunia mensalmente preveem as 10 Competências Gerais da BNCC.
com a equipe para fazer o planejamento. No ano No projeto, várias atividades fizeram com que
seguinte, o gestor montou um calendário anual de o aluno tivesse mais vontade de estar e cuidar
ações que seriam executadas, com os líderes de da escola:
cada ação e quem apoiaria, dando intervalo ● Horta suspensa
bimestral para a execução de cada atividade. ● Exposição de Matemática através de jogos
● Visita a espaços culturais
ESCOLA DE QUALIDADE, RESPONSABILIDADE DE
TODOS - POR RODRIGO FROÉS ● Confecções de maquetes em aulas de História;
● Atividades de teatro, música, dança e escultura
● Reforço escolar
● Sexto tempo para os alunos que ficavam para ● Feira das Nações para trabalhar a Língua Inglesa
fazer as atividades que não conseguiram
fazer na aula ● Confecção de um livro de Literatura de
Cordel para auxiliar as atividades em
● Canto da Leitura com acesso a livros e Língua Portuguesa
gibis (a escola não tinha biblioteca e
laboratório de informática) ● Jogos em Educação Física
● Gincanas
Eosdesafios?Comoencará-los?
Omaiordesafiofoifazercomqueosprofessores“comprassemaideia”, que
cada um desenvolvesse
nasuadisciplinaatividadesqueenvolvessemosalunosnocuidadocomaescolaenare
alizaçãodeatividadesculturaisquetrouxessemafamíliaparadentrodosmuros.“E
eles compraram a ideia”, contaRodrigo Fróes. “Cada um Texto
foidesenvolvendo atividadesnasuaáreaeaescolacomeçouaganharvida, III
a emanar atividades pedagógicas das quais as famílias e acomunidade
Questão única
externa começarama participar”. Olhando para trás, elefaz uma
ressalva. “Acho que só pecamos pelo excesso A partir das trajetórias das 4 mulheres que escolheram
porquedesenvolvemosmuitas atividades, tínhamos um calendário a docência como profissão, desenvolva um texto
cheio deprojetos e não descansamos. Sempre trabalhei gestão de destacando o que você observou como importante para
formademocrática,paravaparaouvirosfuncionárioseosprofessores.Ote a sua formação através das memórias e fatos históricos
mpo todo estávamos nos recriando para fazer o trabalho bem relatados no texto. ( mínimo 10 linhas )
feito.Ouvia os pais,a comunidade toda, para construir juntos esse
Texto
projeto,que nada mais é do que um trabalho feito a muitas mãos.
IV
Superamostodasasexpectativascomotrabalhocoletivo”.
Enofinal?Oquemeusalunosvãoaprender? Quais são as propostas do Novo Fundeb ( Fundo Nacional
Juntossomosmaisfortes,essaéamaior da educação Básica) que farão muita diferença para o
lição.Quandoháumempenhocoletivo,osresultadosaparecem,independentem campo educacional ? Descreva em Tópicos
entedasdificuldades,da falta de infraestrutura, das limitações físicas.
“Cada professor viuque pode fazer seutrabalho, quando tem liberdade Texto
V
para criar, parafazer o que pensa, sonha e planeja. Os alunos viram que
é possível teraulas criativas, dinâmicas,e aprender do mesmo jeito. A A partir da leitura do texto V, responda as questões a
escola foicrescendo por causa disso, cada um foi entendendo e fazendo seguir :
a suaparte”. Funcionários,merendeiros, todos trabalhando de
formaharmônicavisando um objetivo maior, que era a escola funcionar 1) Quais eram os problemas que afetavam a escola do
bem ecomqualidade. professor Rodrigo ?
RodrigoFroésé professorde
História,especialistaemEducaçãoEspecial,pós-
graduadoemGestãoEscolar,especialistaemMetodologiade Históriae 2) Como se deu o processo de uma gestão democrática
Geografia e MBA emPolíticas Públicas.Atuahádezanos naEducação ?
doAmazonascomo
professordeEnsinoFundamentaleMédio,gestorescolarreconhecidonaci
onalmentecomoPrêmioEducadorNota10em2016,vencedordoPrêmioOzi 3) Faça um comentário crítico sobre o
resSilvadeempreendedorismonaEducaçãoem2018, Projeto “Escola de qualidade, responsabilidade
eleitoumdoscinquentamelhoresprofessoresdaAméricaLatinapelaFund de todos”.
açãoFidalem2018.Ficouentreosdezmelhoresprojetosdo
prêmioespíritopúblicoem2019.AtualmenteéassessortécniconaSecretar
iaMunicipaldeEducaçãodeManaus. 4) O que é uma gestão democrática ?

Questões

Texto I

1) Descreva a Meta 18 do PNE.

2) Por que a meta 18 é estratégica para o MEC ?

3) Qual é a importância da prática do fórum


permanente de profissionais da educação e gestores
públicos na construção de políticas de valorização ?

Texto II
1) O que é o Piso Salarial Profissional Nacional ?

2) Como a lei do PSPN define os profissionais


do magistério público da educação básica ?

3) Como o PSPN funciona para os profissionais contratados ?

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