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DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Princípios, Fontes, Interpretação, Integração, Autonomia e Eficácia
Gustavo Deitos
Sumário
Apresentação......................................................................................................................................................................3
Princípios, Fontes, Interpretação, Integração, Autonomia e Eficácia................................................5
1. O que É Direito Processual do Trabalho?. ......................................................................................................5
2. Autonomia do Direito Processual do Trabalho. .........................................................................................5
3. Fontes do Direito Processual do Trabalho. ..................................................................................................6
4. Interpretação.................................................................................................................................................................9
4.1. Métodos de Interpretação. . .................................................................................................................................9
4.2. Efeitos da Interpretação. . ..................................................................................................................................13
5. Integração......................................................................................................................................................................14
6. Eficácia.............................................................................................................................................................................16
6.1. Eficácia da Lei Processual Trabalhista no Tempo (Direito Processual Intertemporal).16
6.2. Eficácia da Lei Processual Trabalhista no Espaço............................................................................18
7. Princípios Aplicáveis ao Direito Processual do Trabalho.................................................................19
7.1. Princípios Comuns ao Processo Civil e ao Processo do Trabalho............................................20
7.2. Princípios Específicos do Processo do Trabalho............................................................................... 28
Resumo................................................................................................................................................................................37
Exercícios............................................................................................................................................................................39
Gabarito...............................................................................................................................................................................53
Gabarito Comentado....................................................................................................................................................54
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DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Princípios, Fontes, Interpretação, Integração, Autonomia e Eficácia
Gustavo Deitos
Apresentação
Olá, querido(a) aluno(a) do Gran Cursos Online! Espero encontrá-lo muito bem! Neste cur-
so, apresento-lhe várias aulas autossuficientes de direito processual do trabalho, com o objeti-
vo de lhe disponibilizar, de forma prática e completa, o substrato de conteúdo necessário para
ter o melhor desempenho possível na prova.
Esta aula, assim como as demais aulas em PDF, foi elaborada de modo que você possa
tê-la como fonte autossuficiente de estudo, isto é, como um material de estudo completo e
capaz de possibilitar um aprendizado tão integral quanto outros meios de estudo.
A preferência por aulas em PDF e/ou vídeos pertence a cada aluno, que, individualmente,
avalia suas facilidades e necessidades, a fim de encontrar seus meios de estudo ideais. Dessa
forma, o aluno pode optar pelo estudo com aulas em PDF e vídeos, ou somente com um ou
outro meio.
Aqueles que preferem estudar somente com materiais em PDF terão o privilégio de contar
com as aulas em PDF autossuficientes do nosso curso, a exemplo desta aula. De qualquer
forma, nada impede que as aulas em PDF sejam utilizadas como fonte de estudos de forma
aliada com as aulas em vídeo do Gran Cursos Online. Tudo depende, unicamente, da preferên-
cia de cada aluno.
Nesta aula, estudaremos especialmente os seguintes tópicos de Direito Processual
do Trabalho:
• Princípios;
• Fontes;
• Autonomia;
• Interpretação, Integração e Eficácia do Direito Processual do Trabalho.
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Princípios, Fontes, Interpretação, Integração, Autonomia e Eficácia
Gustavo Deitos
por favor, entre em contato comigo pelo Fórum de Dúvidas antes de realizar sua avaliação.
Procuro sempre fazer todo o possível para sanar eventuais dúvidas ou corrigir quaisquer pro-
blemas nas aulas.
Cordialmente, torço para que a presente aula que seja de profunda valia para você e sua
prova, uma vez que foi elaborada com muita atenção, zelo e consideração ao seu esforço, que,
para nós, é sagrado.
Caso fique com alguma dúvida após a leitura da aula, por favor, envie-a a mim por meio do
Fórum de Dúvidas, e eu, pessoalmente, a responderei o mais rápido possível. Será um grande
prazer verificar sua dúvida com atenção, zelo e profundidade, e com o grande respeito que
você merece.
Bons estudos!
Seja imparável!
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Princípios, Fontes, Interpretação, Integração, Autonomia e Eficácia
Gustavo Deitos
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Gustavo Deitos
Atualmente, entende-se que, para ser autônomo, o ramo deve conter legislações e prin-
cípios próprios (teoria dualista). O processo do trabalho possui uma legislação codificada e
grande, constante, principalmente, na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e em algumas
leis esparsas, especialmente a Lei n. 5.584/1970.
Ademais, o processo do trabalho possui vários princípios que lhe são próprios e o diferen-
ciam do direito processual civil, que estudaremos em seguida. Alguns princípios, por sua vez,
são também previstos em outros ramos do direito processual, mas com significados conside-
ravelmente distintos.
Desde já, faço destaque aos princípios da proteção, da finalidade social, da busca da ver-
dade real, na normatização coletiva e da conciliação, enfatizados por Bezerra Leite. Alguns
destes são, por nome, iguais a princípios de outros ramos, mas carregam semântica muito
diferente no processo do trabalho, como, por exemplo, em relação ao princípio da conciliação.
A autonomia do processo do trabalho no Brasil fica ainda mais evidente em razão de duas
matérias legislativas:
• 1) O processo do trabalho possui título próprio na CLT e atribuiu ao direito processual
civil o caráter de subsidiariedade, com aplicação somente em caso de lacuna no referido
título;
• 2) O próprio Código de Processo Civil (CPC de 2015) tem artigo específico dispondo
que suas normas só serão aplicáveis ao processo trabalhista diante da falta de norma
específica do respectivo ramo (art. 15 do CPC).
Dessa forma, mesmo que existam algumas vozes na doutrina dizendo o contrário, é am-
plamente pacificado na jurisprudência que o direito processual do trabalho é um ramo do di-
reito totalmente autônomo, distinto do processo civil, por ter conjuntos normativos e princí-
pios próprios.
DICA!
Recomendo que leve para a prova: o direito processual do tra-
balho é autônomo, distinto do processo civil, por ter normas
jurídicas e princípios que lhe são próprios e o diferenciam dos
demais direitos processuais existentes no Brasil.
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EXEMPLO
A Lei 13.467/2017 acrescentou ao processo do trabalho a obrigatoriedade de o empregado
arcar com o ônus dos honorários sucumbenciais (art. 791-A da CLT). A fonte material disso,
como afirmado pela equipe de redação da Reforma Trabalhista, seria o excesso de ações
trabalhistas “temerárias”, nas quais o trabalhador, supostamente, pleitearia direitos mesmo
sabendo que não os possui.
As fontes formais do processo do trabalho, por sua vez, são todos os conjuntos de regras
objetivamente compreensíveis pelas pessoas. Podem ser desde a Constituição Federal até
costumes locais, pois ambos são objetivamente compreensíveis, sem margens para dúvidas.
Bezerra Leite, indo mais a fundo, criou divisão entre as fontes formais, classificando-as da
seguinte maneira:
• Fontes formais diretas:
− Constituição Federal;
− Leis: destacam-se CLT, Lei n. 5.584/70, CPC, Lei n. 6.830/80, Lei n. 7.701/88, Lei n.
7.347/85, dentre outras.
− Atos normativos: destacam-se Regimentos Internos, Instruções Normativas, Resolu-
ções, Portarias e demais atos administrativos, internos ou externos, de força norma-
tiva.
− Súmula Vinculante do STF: embora seja uma jurisprudência, adquiriu força vinculante
sobre os órgãos do Poder Judiciário por determinação constitucional, ultrapassando
o caráter de orientação/substrato jurídico.
− Costumes: práticas reiteradas observadas por Varas do Trabalho e demais reparti-
ções da Justiça do Trabalho, desde que não ilegais.
• Fontes formais indiretas:
− Doutrina: capaz de dar base teórica e guiar o aplicador da lei diante de casos concre-
tos, quando se busca a melhor maneira de aplicar a fonte formal direta a casos indi-
viduais. Podem enquadrar-se como doutrina os Enunciados de Jornadas de Direito
Material e Processual do Trabalho.
− Jurisprudência: súmulas, orientações jurisprudenciais, precedentes, teses firmadas
em julgamentos de casos repetitivos e em sede de controle de constitucionalidade
concentrado (ADI, ADC, ADO, ADPF), as quais carregam força orientativa para a apli-
cação da lei ao caso concreto.
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Princípios, Fontes, Interpretação, Integração, Autonomia e Eficácia
Gustavo Deitos
Obs.: Tendo-se em vista que o CPC dá certo poder de vinculação aos precedentes decorren-
tes de teses firmadas em julgamentos de casos repetitivos e em sede de controle de
constitucionalidade concentrado (art. 988, III e IV, CPC), é discutível o enquadramento
delas como fontes formais diretas, mas isso ainda não é pacífico a ponto de ser explo-
rado em questão objetiva.
• Fontes formais de explicitação: são a analogia, a equidade, o direto comparado, os cos-
tumes e os princípios gerais do direito, que estudaremos no título da Integração.
É importantíssimo levarmos em conta que o Código de Processo Civil, de acordo com o art.
769 da CLT, é fonte subsidiária do processo do trabalho, sendo a ele aplicável sempre que não
contrariar os princípios e as normas específicas. do direito processual trabalhista. Isso você já
sabe, certo?
Então, trarei para você uma observação tão importante quanto essa. O art. 15 do Novo CPC
deu ao direito processual civil, expressamente, a possibilidade de ser aplicado ao processo do
trabalho de forma subsidiária e, também, supletiva (suplementar). Portanto, o CPC não será
aplicado somente na lacuna da CLT, mas, também, quando as normas da CLT não forem sufi-
cientes para tratar dos temas da melhor maneira.
O referido artigo diz o seguinte: “Na ausência de normas que regulem processos eleitorais,
trabalhistas ou administrativos, as disposições deste Código lhes serão aplicadas supletiva e
subsidiariamente”.
Para que você saiba claramente a diferença entre aplicação subsidiária e aplicação suple-
tiva/suplementar, confira:
• APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA: ocorre diante de lacuna em outra lei; só é autorizada quando
não contrariar princípios e elementos básicos do ramo que receberá a aplicação subsi-
diária.
EXEMPLO
Deferimento da participação de amicus curiae (amigo da corte) no processo do trabalho, já que
o CPC prevê essa figura e a CLT nada fala sobre ela.
• APLICAÇÃO SUPLEMENTAR: ocorre mesmo que não exista lacuna em outra lei; é au-
torizada quando não contrariar princípios e elementos básicos do ramo que receberá a
aplicação suplementar.
EXEMPLO
Aplicação das hipóteses previstas no CPC para a impugnação ao cumprimento de sentença
(art. 525, § 1º, CPC) no caso de oposição de embargos à execução no processo do trabalho,
que possui norma própria (art. 884, § 1º, CLT), a qual é, no entanto, insuficiente para a obser-
vância dos fins do processo de execução.
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4. Interpretação
Interpretar a lei é uma atitude necessária para sua aplicação. Diante de um dispositivo
normativo (Constituição, Lei, ato normativo etc.), é necessário mensurar o conteúdo, o sentido
e o alcance desse dispositivo. Essa mensuração é o que devemos chamar de interpretação.
EXEMPLO
Art. 896-A, § 1º, da CLT:
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I – econômica, o elevado valor da causa
II – política, o desrespeito da instância recorrida à jurisprudência sumulada do Tribunal Superior do
Trabalho ou do Supremo Tribunal Federal;
III – social, a postulação, por reclamante-recorrente, de direito social constitucionalmente assegu-
rado;
IV – jurídica, a existência de questão nova em torno da interpretação da legislação trabalhista.
Perceba dois pontos principais. Primeiro, cada inciso conceitua, expressamente, o que é
cada espécie de transcendência. O sentido que o intérprete deve dar à expressão “transcen-
dência econômica”, por exemplo, é “elevado valor da causa”. Segundo, o § 1º contém a ex-
pressão “entre outros”, que, literalmente, indica ao intérprete que ele poderá considerar outros
elementos, mesmo que não escritos nos incisos, para verificar a ocorrência de transcendência.
Veja um bom exemplo jurisprudencial da hipótese mencionada acima:
JURISPRUDÊNCIA
(...) II- AGRAVO DE INSTRUMENTO DA RECLAMANTE. RECURSO DE REVISTA SOB A
ÉGIDE DA LEI 13.467/2017. NULIDADE POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL.
TRANSCENDÊNCIA RECONHECIDA. Com relação ao tema nulidade do acórdão regional
por negativa de prestação jurisdicional, o exame dos critérios de transcendência está
ligado à perspectiva de procedência da alegação. Vale ressaltar, ainda, que a Sexta Turma
tem utilizado a fórmula ampliativa da expressão “entre outros”, prevista no art. 896-A,
§ 1º, da CLT, para reconhecer transcendência a causas em que seja reconhecida a nuli-
dade por negativa de prestação jurisdicional. In casu, a arguição de nulidade por negativa
de prestação jurisdicional é procedente. Transcendência reconhecida. (...) (RR-1002291-
37.2016.5.02.0026, 6ª Turma, Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT
03/06/2022).
EXEMPLO
Por mais que uma parte tenha o direito de interpor recurso, ela não poderá fazê-lo quando, por
qualquer comportamento, manifestar inteira concordância com a decisão do juiz (pagando a
condenação integral imposta pela sentença, por exemplo). Portanto, o alcance dado ao direi-
to de interpor recurso limite-se à manifestação de inconformismo da parte que recorre. Logo,
o dispositivo da CLT que assegura a recorribilidade da sentença do juiz (art. 895, I, CLT) deve
ser confrontado à luz da lógica do processo com os dispositivos do CPC que tratam das dis-
posições gerais sobre recursos, em especial o art. 1.000, caput, do CPC: “A parte que aceitar
expressa ou tacitamente a decisão não poderá recorrer”.
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Princípios, Fontes, Interpretação, Integração, Autonomia e Eficácia
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EXEMPLO
Art. 850, parágrafo único, da CLT:
O Presidente da Junta, após propor a solução do dissídio, tomará os votos dos vogais e, havendo
divergência entre estes, poderá desempatar ou proferir decisão que melhor atenda ao cumprimento
da lei e ao justo equilíbrio entre os votos divergentes e ao interesse social.
O artigo acima fala dos “votos dos vogais”. Antes da Emenda Constitucional n. 24 de 1999,
as Varas do Trabalho (na época, chamadas de Juntas de Conciliação e Julgamento) eram com-
postas por um Juiz Presidente e por dois vogais, um representante dos empregados e outro
dos empregadores.
Após a referida emenda, as Varas do Trabalho (que assim passaram a ser chamadas) pas-
saram a ser compostas, no processo, apenas por um juiz togado. Portanto, tendo em vista as
causas históricas que determinaram a existência do art. 850, parágrafo único, podemos afir-
mar que ele foi tacitamente revogado pela Emenda Constitucional n. 24 de 1999, que extinguiu
a instituição da Junta, composta por um Juiz Presidente e por dois vogais.
• MÉTODO SISTEMÁTICO: a interpretação da norma deve levar em conta que o dispositivo
interpretado integra um conjunto normativo muito maior do que ele, devendo compati-
bilizar-se com esse conjunto a fim de que se evitem antinomias que comprometam a
harmonia do Direito.
EXEMPLO
A CLT (norma especial do processo do trabalho) tem regra própria dispondo que, no procedi-
mento ordinário, o limite máximo de testemunhas é de três por parte (art. 821), e no sumaríssi-
mo é de duas por parte (art. 852-H, § 2º). Portanto, não é possível utilizarmos a norma geral do
processo civil, segundo a qual seria possível o arrolamento de até 10 testemunhas por parte,
sendo 3 para cada fato (art. 357, § 6º).
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Obs.: Norma proibitiva estatal é toda norma que proíbe as partes de fixarem contratualmen-
te alguma coisa. Exemplos clássicos são o prazo prescricional para o direito de ação
quanto aos créditos trabalhistas (art. 7º, XXIX, CF) e as normas de proteção ao traba-
lho da mulher, como a proibição de exigência de exame de gravidez (art. 373-A, IV, CLT).
Nos casos em que houver norma proibitiva estatal, a observância da hierarquia no pro-
cesso do trabalho será inevitável, como no exemplo abaixo.
EXEMPLO
O art. 7º, inciso XXIX, da Constituição Federal fixa o prazo prescricional de cinco anos para os
trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de tra-
balho. Portanto, sendo esta uma norma proibitiva estatal, não pode a lei ordinária fixar prazo
prescricional diverso para o direito de ação quanto aos créditos resultantes das relações de
trabalho.
3) Cronologia: As normas de igual ou superior espécie que sejam mais recentes revogam,
tacitamente, no todo ou em parte, as normas anteriores que com elas forem incompatíveis (art.
2º, § 1º, Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro).
EXEMPLO
O art. 15 da Lei n. 5.584/70 dispõe:
Para auxiliar no patrocínio das causas, observados os arts. 50 e 72 da Lei n. 4.215, de 27 de abril de
1963, poderão ser designados pelas Diretorias dos Sindicatos Acadêmicos de Direito, a partir da 4º
Série, comprovadamente, matriculados em estabelecimento de ensino oficial ou sob fiscalização do
Governo Federal.
O artigo supracitado foi revogado tacitamente pelas normas que, após, vieram a fixar a exi-
gência do Exame da OAB para que a pessoa seja habilitada a patrocinar causas como advoga-
do(a), além de ser, necessariamente, bacharel em Direito, sem prejuízo dos demais requisitos
(inscrição na OAB etc.).
• MÉTODO TELEOLÓGICO/SOCIOLÓGICO: O resultado da interpretação depende da ob-
servância da finalidade que o legislador visou no momento da criação da norma. Num
Estado Social, como o Brasil, essa finalidade sempre tem algum caráter social, o que
torna possível nomear o método teleológico, também, como método sociológico.
EXEMPLO
Confira a redação do art. 852-H, § 1º, aplicável ao procedimento sumaríssimo: “Sobre os docu-
mentos apresentados por uma das partes manifestar-se-á imediatamente a parte contrária,
sem interrupção da audiência, salvo absoluta impossibilidade, a critério do juiz”.
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EXEMPLO
Art. 849 da CLT, que dispõe: “A audiência de julgamento será contínua; mas, se não for possível,
por motivo de força maior, concluí-la no mesmo dia, o juiz ou presidente marcará a sua conti-
nuação para a primeira desimpedida, independentemente de nova notificação”. Se o intérprete
(com método lógico ou teleológico) entender que motivos de caso fortuito também podem
permitir a remarcação da audiência (independentemente de essa interpretação ser correta ou
não), por causarem os mesmos prejuízos às pessoas que estão na audiência, o efeito será
extensivo/ampliativo.
• RESTRITIVOS: O sentido e o alcance da norma é menor do que o significado dos termos
e das expressões de seu texto.
EXEMPLO
Art. 884, § 1º, da CLT, que dispõe: “A matéria de defesa será restrita às alegações de cumpri-
mento da decisão ou do acordo, quitação ou prescrição da divida”. Se o intérprete resolver, com
método sistemático, aplicar aos embargos à execução as matérias de defesa previstas no CPC
para a impugnação ao cumprimento de sentença (art. 525, § 1º), o artigo supracitado terá seu
sentido restringido, pois a expressão “será restrita” não terá mais o poder de impedir a aplica-
ção de outras matérias de defesa nos embargos à execução.
• ESTÁTICOS: O sentido e o alcance da norma são idênticos aos dos termos e expressões
constantes da norma.
EXEMPLO
Art. 895, § 2º, da CLT: “Os Tribunais Regionais, divididos em Turmas, poderão designar Turma
para o julgamento dos recursos ordinários interpostos das sentenças prolatadas nas deman-
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5. Integração
A integração consiste na ideia de completar algum instituto jurídico que, para funcionar de
acordo com o Direito, precisa de um aditivo.
A necessidade de integração é devida ao fato de o Poder Judiciário ser proibido de deixar
de julgar uma demanda sob o argumento de que o Direito não tem solução para o caso concre-
to (non liquet). É o que dispõe o art. 140 do CPC: “O juiz não se exime de decidir sob a alegação
de lacuna ou obscuridade do ordenamento jurídico”.
Às vezes, a solução jurídica de determinado caso não encontra amparo diretamente na lei,
na Constituição ou em atos normativos. Nesses casos, é necessária a integração das fontes
do direito.
As ferramentas de integração das fontes do direito processual do trabalho são expressa-
mente previstas no art. 8º da CLT e no art. 4º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasi-
leiro (LINDB), que, respectivamente, dispõem:
Apesar de o art. 8º da CLT integrar título de direito material do trabalho (não processual),
não haveria nenhuma ilegalidade a aplicação dos meios integrativos ali previstos ao processo
do trabalho, pois a integração sempre surge para dar funcionamento ao Direito, e não para pre-
judicar alguém. Por esta razão, o direito comparado, por exemplo, poderia ser utilizado para a
integração do processo do trabalho mesmo que ele não estivesse previsto no art. 8º.
Portanto, o processo do trabalho pode, diante de lacunas em seus regramentos, ser inte-
grado pelos seguintes elementos integrativos:
• Analogia;
• Usos e Costumes;
• Princípios Gerais de Direito;
• Jurisprudência;
• Equidade;
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EXEMPLO
Novamente, o art. 884, § 1º, da CLT, que dispõe: “A matéria de defesa será restrita às alega-
ções de cumprimento da decisão ou do acordo, quitação ou prescrição da divida”. Esta norma
é incompatível com o contexto atual de ampla defesa, razão pela qual, embora exista essa
norma, a Justiça do Trabalho considerará, complementarmente, as matérias de defesa pre-
vistas no CPC para a impugnação ao cumprimento de sentença (art. 525, § 1º), para que elas
possam ser invocadas, também, nos embargos à execução (há relação de analogia entre os
embargos à execução, do processo do trabalho, e a impugnação ao cumprimento de senten-
ça, do processo civil).
• LACUNAS AXIOLÓGICAS: existe uma norma para o caso concreto, mas essa norma tor-
nou-se injusta, e sua aplicação ao caso formará situação clara de injustiça.
EXEMPLO
O art. 769 da CLT, norma especial de processo do trabalho, dá ao processo civil apenas aplica-
bilidade subsidiária ao nosso ramo. Todavia, é mais justo aplicar-se o CPC, também, de forma
suplementar/supletiva, como diz o art. 15 do CPC (norma geral), porque, se a aplicação do CPC
fosse somente subsidiária, muitos procedimentos da Justiça do Trabalho seriam morosos e
atécnicos.
DICA!
Aconselho-lhe levar para a prova: as ferramentas de integra-
ção do processo do trabalho (analogia, costumes, princípios
gerais, direito comparado, equidade, jurisprudência, etc.) serão
aplicadas para suprir lacuna normativa, ontológica ou axioló-
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6. Eficácia
A eficácia do direito processual do trabalho pode ser estudada com relação ao tempo e,
também, ao espaço.
Os dispositivos de caráter imperativo terão aplicação imediata às relações iniciadas, mas não con-
sumadas, antes da vigência desta Consolidação.
Não serão prejudicados os recursos interpostos com apoio em dispositivos alterados ou cujo prazo
para interposição esteja em curso à data da vigência desta Consolidação.
Com base nisto, o Tribunal Superior do Trabalho, no dever de explicar a eficácia temporal
da Reforma Trabalhista (Lei n. 13.467/2017), editou a Instrução Normativa n. 41, que, em seu
art. 1º, preceitua:
A aplicação das normas processuais previstas na Consolidação das Leis do Trabalho, alteradas pela
Lei n. 13.467, de 13 de julho de 2017, com eficácia a partir de 11 de novembro de 2017, é imediata,
sem atingir, no entanto, situações pretéritas iniciadas ou consolidadas sob a égide da lei revogada.
EXEMPLO
O advogado Pedro interpõe recurso de revista antes da entrada em vigor da Reforma Trabalhis-
ta, que deu balizas ao critério da transcendência, que consiste em novo pressuposto de admis-
sibilidade do recurso de revista. Como o acórdão recorrido foi publicado antes da entrada em
vigor do requisito da transcendência, o julgamento do recurso, mesmo que ocorra posterior-
mente à entrada em vigor desse requisito, deverá desconsiderá-lo e apreciar o recurso levando
em conta somente os pressupostos de admissibilidade já existentes ao tempo da publicação
do acórdão objeto do recurso de revista.
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Se, todavia, Pedro interpusesse o recurso de revista contra acórdão publicado após a entrada
em vigor da Reforma Trabalhista, o requisito da transcendência deveria ser devidamente pre-
enchido, sob pena de inadmissibilidade do recurso pelo TST.
Art. 14. A norma processual não retroagirá e será aplicável imediatamente aos processos em curso,
respeitados os atos processuais praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a vigência da
norma revogada.
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Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasi-
leiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualda-
de, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XXXVI – a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;
• DIREITO ADQUIRIDO: Não há uma definição expressa de direito adquirido. Segundo
Celso Bastos, seguido por Alexandre de Moraes, o direito adquirido é um instituto que
permite ao sujeito sentir-se seguro em sua vida, uma vez que as novas legislações e
interpretações não poderão retroagir para tirar dele um direito legitimamente concedido.
Basicamente, devem ser honrados os compromissos assumidos com o cidadão que
batalhou por um direito “seguindo as regras do jogo”.
EXEMPLO
Um caso prático que muito bem ilustra o direito adquirido é o direito do candidato aprovado
em concurso público, dentro do número de vagas previstas no edital, ser nomeado pelo órgão
promotor do certame.
• ATO JURÍDICO PERFEITO: É o ato que reuniu todos os elementos necessários à sua
formação diante da lei antiga, e cujo processo de desenvolvimento e conclusão já se
esgotou.
EXEMPLO
Decisão administrativa ou judicial permite a prática de um ato legalmente respaldado na época
do deferimento, mas legislação superveniente proíbe a prática desse ato. Na situação, o ato
já praticado, quando demonstrados todos os requisitos para sua prática na época em que sua
prática foi deferida, não poderá sofrer consequências da legislação que o proíbe.
• COISA JULGADA: É a preclusão máxima. O juízo de conhecimento do Poder Judiciário
já se esgotou, e a conclusão adotada pelo julgador tem força de lei.
O conceito clássico de coisa julgada diz respeito à coisa julgada material: decisão de mé-
rito não mais sujeita a recurso, imutável e indiscutível (art. 502 do CPC).
É cabível registrar que o caput do art. 1.046 do CPC estabelece a mesma regra de direito
intertemporal do art. 14, nos seguintes termos:
Art. 1.046. Ao entrar em vigor este Código, suas disposições se aplicarão desde logo aos processos
pendentes, ficando revogada a Lei n. 5.869, de 11 de janeiro de 1973.
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O processo da Justiça do Trabalho, no que concerne aos dissídios individuais e coletivos e à apli-
cação de penalidades, reger-se-á, em todo o território nacional, pelas normas estabelecidas neste
Título.
A norma não poderia dispor em sentido contrário, uma vez que a competência constitu-
cional para legislar sobre direito processual é privativa da União (art. 22, inciso I, Constitui-
ção Federal).
Abordaremos, a seguir, os princípios em espécie. Alerto, contudo, que não serão abordados
os princípios constitucionais do direito processual (como contraditório, ampla defesa e devido
processo legal) em razão de não serem objeto de cobrança nas questões de Direito Processual
do Trabalho.
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Art. 141. O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes, sendo-lhe vedado conhecer de
questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige iniciativa da parte.
Art. 2. O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as ex-
ceções previstas em lei.
Como regra geral, todo processo é iniciado por parte daquele que alega ser titular do direito
pleiteado na ação. O juiz somente atuará após esta iniciativa. O juiz é perfeitamente inerte, isto
é, não tutela o direito das pessoas por iniciativa própria. É necessária a demanda, por parte das
pessoas, para que o juiz se valha dos instrumentos jurídicos legalmente assegurados para a
tutela jurisdicional.
PRINCÍPIO INQUISITIVO OU DO IMPULSO OFICIAL: Após as partes apresentarem o proces-
so e suas alegações, o juiz deverá, de ofício, dar o impulso adequado ao processo, intimando
as partes para apresentarem oportunas manifestações, designando audiências, determinando
diligências imprescindíveis etc.
O juiz só poderá deixar de impulsionar o processo se a lei, expressamente, exigir o pedido
da parte, como no caso da execução trabalhista, que, após a entrada em vigor da Reforma Tra-
balhista, só pode ser promovida por iniciativa da parte (art. 878 da CLT), salvo se desassistida
por advogado (nesta última hipótese, o juiz poderá executar a parte contrária de ofício).
Este princípio encontra expressão no art. 765 da CLT: “Os Juízos e Tribunais do Trabalho
terão ampla liberdade na direção do processo e velarão pelo andamento rápido das causas,
podendo determinar qualquer diligência necessária ao esclarecimento delas”.
PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALIDADE (ou INSTRUMENTALIDADE DAS FORMAS): a forma
dos atos processuais, caso não seja observada de forma rigorosa, não causará a nulidade do
ato se a sua finalidade for atingida. A forma dos atos processuais, caso não seja observada de
maneira rigorosa, não causará a nulidade do ato se a sua finalidade for atingida. Este princípio
é consubstanciado no art. 277 do CPC, que dispõe:
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Art. 277. Quando a lei prescrever determinada forma, o juiz considerará válido o ato se, realizado de
outro modo, lhe alcançar a finalidade.
Exemplo clássico é o do art. 239, § 1º, do CPC, que dispõe: “O comparecimento espontâ-
neo do réu ou do executado supre a falta ou a nulidade da citação, fluindo a partir desta data o
prazo para apresentação de contestação ou de embargos à execução”.
EXEMPLO
Não há diferença de validade entre a parte ser citada por Correio ou por oficial de justiça, con-
tanto que a finalidade do ato (dar ciência à parte) seja atendida. Só haverá nulidade se o resul-
tado do ato não corresponder à sua finalidade, como, por exemplo, no caso de intimação de
parte desassistida de advogado mediante Diário Eletrônico, pois é evidente a quase absoluta
impossibilidade de a parte ter ciência do teor da intimação.
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§ 3º Se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o tribunal deve decidir desde logo
o mérito quando:
I – reformar sentença fundada no art. 485* [*extinção do processo sem resolução do mérito];
II – decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente com os limites do pedido ou da
causa de pedir* [*sentença ultra petita, extra petita ou citra petita];
III – constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que poderá julgá-lo;
IV – decretar a nulidade de sentença por falta de fundamentação.
§ 4º Quando reformar sentença que reconheça a decadência ou a prescrição, o tribunal, se possível,
julgará o mérito, examinando as demais questões, sem determinar o retorno do processo ao juízo
de primeiro grau.
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Antes de proferir decisão sem resolução de mérito, o juiz deverá conceder à parte oportunidade
para, se possível, corrigir o vício.
Desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem
aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485 [extinção sem resolução do mérito].
Merece ponderação, desde já, a regra do art. 488. Acompanhe o seguinte exemplo prático.
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EXEMPLO
João ajuíza reclamação trabalhista contra a empresa JP Eventos. O juiz, de plano, verifica que
a petição inicial de João é inepta, e concede-lhe o prazo de 15 dias para corrigir o vício. João
permaneceu inerte, e o juiz resolve extinguir o processo sem resolução do mérito, em razão da
inépcia da petição inicial (art. 485, inciso I).
Antes de o juiz publicar a sentença de extinção sem resolução do mérito, a reclamada, em-
presa JP Eventos, apresenta provas cabais de que a dívida cobrada por João estaria prescrita.
João, intimado para se manifestar sobre tais provas, nada alega. Neste caso, o juiz – convenci-
do da ocorrência da prescrição – deverá resolver o mérito da ação, reconhecendo a ocorrência
da prescrição. Afinal de contas, a prescrição da dívida refere-se ao mérito da ação, pois o ins-
tituto da prescrição pertence ao direito material (incide sobre as relações jurídicas materiais, e
não sobre os pressupostos processuais).
Professor, qual é a razão de haver uma preferência pela resolução do mérito, quando for
possível?
Caro(a) aluno(a), se o processo for extinto com resolução do mérito, será formada a coisa
julgada material. Este fenômeno tornará imutável e indiscutível a questão suscitada na ação
(no exemplo acima, trata-se da exigibilidade de dívida trabalhista). Se o processo fosse extinto
sem resolução do mérito, por inépcia da petição inicial, o réu permaneceria com receio de que
nova ação fosse ajuizada posteriormente. Sendo o mérito resolvido, o réu poderá ficar tranqui-
lo: não será processado novamente pelo mesmo motivo.
Veja: embora o réu fosse beneficiado pela extinção do processo sem resolução do mérito
(que forma apenas a coisa julgada formal), é melhor, para ele, que o processo seja extinto com
resolução do mérito, pois dessa forma constrói-se a coisa julgada material, que impede a re-
discussão da matéria.
Entende-se por coisa julgada material a força impositiva que torna imutável e indiscutível
a decisão de mérito não mais sujeita a recurso. Já a coisa julgada formal restringe-se à im-
possibilidade de manifestação, sobre a causa, no mesmo processo, em razão de este ter sido
extinto. No caso da coisa julgada formal, o mérito da ação (alegações do autor e do réu) não
é apreciado.
DICA!
A coisa julgada formal não impede o ajuizamento de nova ação
acerca da mesma causa;
A coisa julgada material IMPEDE o ajuizamento de nova ação
sobre a mesma causa.
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O princípio que abordaremos abaixo tem detalhes que devo destacar, para evitar equívocos
comuns acerca de sua interpretação no processo do trabalho.
O pedido de concessão de efeito suspensivo nas hipóteses do § 1º poderá ser formulado por reque-
rimento dirigido ao:
I – tribunal, no período compreendido entre a interposição da apelação e sua distribuição, ficando o
relator designado para seu exame prevento para julgá-la;
DICA!
Conclusão: o Princípio da Identidade Física do Juiz não existe
mais em primeiro grau (Vara do Trabalho), mas continua exis-
tindo no TRT, no TST e no STF. A mesma conclusão é afirmada
por Carlos Henrique Bezerra Leite e por Sergio Pinto Martins.
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O TST, em 2022, por meio da 6ª Turma, ao deliberar sobre voto do Exmo. Min. Augusto
César Leite de Carvalho, decidiu no sentido de que o princípio da identidade física do juiz não
existe mais em primeiro grau de jurisdição, porque a norma do CPC de 1973 que o previa não
foi reproduzida no CPC de 2015. Logo, a inexistência de tal princípio decorre do fato de que, na
égide do CPC de 1973, tal princípio aplicava-se for força da aplicação subsidiária do CPC, e, na
égide do CPC de 2015, não existe subsidiariedade, já que o dispositivo não existe mais. Confira:
JURISPRUDÊNCIA
(...) NULIDADE PROCESSUAL. PRINCÍPIO DA IDENTIDADE FÍSICA DO JUIZ. INEXISTÊNCIA.
O cancelamento da Súmula 136 do TST provocou debates na jurisprudência e na doutrina
a respeito da aplicabilidade do princípio da identidade física do juiz às Varas do Trabalho,
onde, em regra, são produzidas as provas destinadas à instrução processual. Na vigên-
cia do CPC de 2015, o cancelamento, ou não, da Súmula 136 do TST não é fundamento
autossuficiente à discussão, porque o novo diploma não tem dispositivo cujo conteúdo
coincida com o do art. 132 do CPC de 1973. O fato de o legislador não ter reproduzido tal
regra no CPC de 2015 importa a conclusão de que ele foi extinto com relação à primeira
instância, tanto no direito processual comum quanto no direito processual do trabalho.
Até mesmo o Superior Tribunal de Justiça tem reconhecido a extinção do princípio da
identidade física do juiz a partir da entrada em vigor do CPC de 2015. Logo, não há sequer
como confrontar tal princípio com outros próprios do direito processual do trabalho, por-
quanto não há subsidiariedade a ser cogitada. Em razão de não mais existir regra pro-
cessual que exija o julgamento por parte do juiz que tenha concluído a audiência, não há
fundamento que resguarde o pedido de declaração de nulidade da sentença pelo fato de
ter sido prolatada por juiz que não participou diretamente da integral produção de provas
em audiência. Agravo de instrumento não provido (AIRR-1000078-33.2017.5.02.0314, 6ª
Turma, Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 25/02/2022).
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Professor, já ouvi falar da expressão “litigância de má-fé”, e sei que o conceito de boa-fé
não é dos mais concretos. Afinal, de que formas o princípio da boa-fé poderia ser objeti-
vamente tido como violado?
Art. 322, § 2º. A interpretação do pedido considerará o conjunto da postulação e observará o prin-
cípio da boa-fé.
Art. 489, § 3º. A decisão judicial deve ser interpretada a partir da conjugação de todos os seus ele-
mentos e em conformidade com o princípio da boa-fé.
É claro que, na doutrina processual brasileira, você encontrará vários outros princípios, com
diversos nomes. Entretanto, estes aqui tratados são os mais relevantes em se tratando de co-
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brança em prova, por serem os mais repetidos, de forma ampla e destacada. Posso garantir a
você que os princípios acima elencados abrangem a quase totalidade das questões de concur-
sos que versam diretamente sobre princípios processuais civis.
Existem princípios muito específicos de partes do direito processual civil, como no direi-
to probatório (relativo às provas) – caso do princípio da comunhão da prova – e no tema
pertinente às audiências – caso do princípio da concentração. Em razão da particularidade
desses princípios e da necessária correlação deles com certos temas (provas e audiências,
por exemplo), eles serão tratados juntamente com seus conteúdos basilares, isto é, nas aulas
específicas.
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A audiência de julgamento será contínua; mas, se não for possível, por motivo de força maior, con-
cluí-la no mesmo dia, o juiz ou presidente marcará a sua continuação para a primeira desimpedida,
independentemente de nova notificação.
As demandas sujeitas a rito sumaríssimo serão instruídas e julgadas em audiência única, sob a di-
reção de juiz presidente ou substituto, que poderá ser convocado para atuar simultaneamente com
o titular.
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que as partes convencionem que eventual ausência de qualquer delas na audiência de instru-
ção não produzirá confissão.
Em outras palavras, as normas processuais trabalhistas são de ordem pública e não po-
dem ser objeto de negociação das partes, em razão de essas normas decorrerem da própria
gênese da Justiça do Trabalho: proteção ao trabalhador hipossuficiente.
É por esta razão que boa parte da doutrina entende pela inaplicabilidade, ao processo do
trabalho, o art. 190 do CPC, que trata do “negócio jurídico processual”, no qual as partes con-
vencionam os ônus probatórios e demais regras para prática de atos. No entanto, é importante
registrar que, entre os Ministros do TST, não é pacífica essa inaplicabilidade.
PRINCÍPIO DA SIMPLICIDADE: Os atos processuais trabalhistas não dependem de forma
específica, salvo se a lei expressamente determinar. O que importa, no final das contas, é o
atingimento da finalidade do ato.
Expressão claríssima desse princípio está no art. 899 da CLT: “Os recursos serão inter-
postos por simples petição e terão efeito meramente devolutivo, salvo as exceções previstas
neste Título, permitida a execução provisória até a penhora”.
Os formalismos exacerbados do processo civil não se impõem no processo do trabalho.
PRINCÍPIO DA CELERIDADE (ou CELERIDADE PROCESSUAL): Embora seja reconhecido em
todos os ramos do direito, inclusive com hierarquia constitucional (art. 5º, inciso LXXVIII, Cons-
tituição Federal), este princípio carrega significado especial no processo do trabalho, porque
os juízes podem determinar todas as diligências possíveis e necessárias para o andamento
rápido das causas.
Expressão evidente desse princípio está, também, no art. 765 da CLT: “Os Juízos e Tribu-
nais do Trabalho terão ampla liberdade na direção do processo e velarão pelo andamento rápi-
do das causas, podendo determinar qualquer diligência necessária ao esclarecimento delas.”.
Ademais, o princípio da celeridade é utilizado como principal fundamento (ratio decidendi)
para tornar inaplicável a regra do CPC que garante prazo em dobro para litisconsortes com pro-
curadores diferentes em processos físicos. Veja o que enuncia a Orientação Jurisprudencial
(OJ) n. 310 da Subseção Especializada em Dissídios Individuais n. 01 do TST:
JURISPRUDÊNCIA
OJ 310 da SDI-1 do TST
Inaplicável ao processo do trabalho a norma contida no art. 229, caput e §§ 1º e 2º, do
CPC de 2015 (art. 191 do CPC de 1973), em razão de incompatibilidade com a celeridade
que lhe é inerente.
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prazos serão sempre contados de forma simples. No processo do trabalho, não impor-
ta se o processo tramita de forma física ou eletrônica: litisconsortes com procuradores
diferentes não têm prazos dobrados.
Obs.: O princípio da conciliação é limitado, como qualquer regra ou princípio, pela justiça e
pela ética. Portanto, esse princípio não deve ser invocado para legitimar acordos for-
çados, nos quais o juiz faça coações processuais às partes para firmarem eventual
acordo sugerido, seja adiantando o mérito de sua decisão, seja sinalizando futuras
perseguições.
Existe a obrigatoriedade legal de o juiz propor determinado critério para conciliação, logo
que a audiência for aberta. Ademais, pela letra da lei, o juiz deve renovar a tentativa de con-
ciliação após o término da instrução e o oferecimento das razões finais pelas partes. Essas
determinações estão, respectivamente, nos artigos 846, 831 e 850 da CLT:
Se não houver proposta de conciliação, o processo será nulo. A jurisprudência atual do TST
é divergente a respeito do número mínimo de propostas de conciliação que o juiz deve fazer.
Pela letra fria da lei, o juiz deve fazer duas propostas, no mínimo: uma no início e outra no final
da audiência.
Há decisões do TST no sentido de que uma das propostas, seja no início ou no final, é sufi-
ciente; por outro lado, há decisões condicionando a validade do processo ao oferecimento de
duas propostas. Para fins de prova, essa questão não pode ser abordada em questão objetiva,
somente em discursiva.
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No mais, é possível verificar a expressão deste princípio no art. 764 da CLT: “Os dissídios
individuais ou coletivos submetidos à apreciação da Justiça do Trabalho serão sempre sujei-
tos à conciliação.”.
PRINCÍPIO DA NORMATIZAÇÃO COLETIVA: A Justiça do Trabalho é o único ramo do Poder
Judiciário que tem competência para criar normas, no sentido próprio da palavra. A expressão
desse princípio está no art. 114, § 2º, da Constituição Federal:
JURISPRUDÊNCIA
(...) CERCEAMENTO DE DEFESA. NULIDADE PROCESSUAL. AUSÊNCIA DE AUDIÊNCIA.
PANDEMIA. Pela simples constatação de que a ausência de prova de fatos impeditivos,
modificativos ou extintivos do direito do reclamante foi razão determinante à condena-
ção da reclamada ao pagamento de verbas salariais, é de se constatar que a ausência
de audiência de instrução acarretou prejuízo substancial à reclamada. O art. 794 da CLT,
por insculpir o princípio da transcendência - ou princípio do prejuízo -, ostenta caráter de
metanorma processual: nulidades serão declaradas apenas diante de manifesto prejuízo
às partes. No caso em exame, a reclamada foi manifestamente prejudicada pela ausên-
cia de designação da audiência única legalmente prevista para o rito sumaríssimo. Afinal,
não houve outro ato processual igualmente capaz de viabilizar a produção de provas de
natureza oral (depoimentos das partes e de testemunhas). Dessa maneira, constata-se
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ofensa direta e literal aos direitos constitucionais à legalidade (art. 5º, II, CF), ao devido
processo legal (art. 5º, LIV, CF) e ao contraditório (art. 5º, LV, CF) quando a reclamada não
tem oportunizada a produção de provas orais e, em sentença, é condenada por ausência
de prova de fatos impeditivos, modificativos ou extintivos do direito do reclamante. A situ-
ação de pandemia vivenciada à época da instrução do feito não justifica a restrição dos
meios probatórios admitidos em direito, uma vez que há formas de realização de audi-
ências de instrução sem a designação de ato processual presencial. Recurso de revista
conhecido e provido (RR-20307-23.2020.5.04.0782, 6ª Turma, Relator Ministro Augusto
Cesar Leite de Carvalho, DEJT 11/03/2022).
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Princípios, Fontes, Interpretação, Integração, Autonomia e Eficácia
Gustavo Deitos
JURISPRUDÊNCIA
Súmula 425 do TST
O jus postulandi das partes, estabelecido no art. 791 da CLT, limita-se às Varas do Tra-
balho e aos Tribunais Regionais do Trabalho, não alcançando a ação rescisória, a ação
cautelar, o mandado de segurança e os recursos de competência do Tribunal Superior do
Trabalho.
Você deve ter visto, acima, que o art. 791 da CLT fala que as partes poderão acompanhar
suas reclamações “até o final”. Todavia, esse termo não deve ser interpretado literalmente.
Considerando a complexidade técnica dos recursos de competência do TST, bem como as
peculiaridades jurídicas de ações especialíssimas como ação rescisória e mandado de segu-
rança, o TST lançou ao art. 791 interpretação sistemática, com resultado restritivo.
Portanto, as partes do processo trabalhista precisarão, necessariamente, ser representa-
das por advogado nos seguintes casos:
• Recurso de Revista (TST)
• Embargos Infringentes ou Embargos por Divergência (TST)
• Recurso Ordinário ao TST em processo de competência originária do TRT
• Ação Rescisória (em qualquer tribunal)
• Mandado de Segurança (em qualquer juízo tribunal)
Você deve estar se perguntando: por que o professor não citou a ação cautelar? É porque a
ação cautelar não mais existe no ordenamento jurídico, em razão de ter sido extinta pelo Novo
CPC, que destinou sua finalidade inteiramente ao instituto da tutela provisória. Dessa forma, a
Súmula 425 merece uma atualização, para excluir a ação cautelar do rol.
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Este princípio está insculpido no art. 893, § 1º, da CLT: “Os incidentes do processo são
resolvidos pelo próprio Juízo ou Tribunal, admitindo-se a apreciação do merecimento das deci-
sões interlocutórias somente em recursos da decisão definitiva.”.
Somente no recurso interposto contra a decisão final será possível impugnar decisões in-
terlocutórias.
EXEMPLO
João, advogado, formula pedido de tutela provisória de urgência na reclamação trabalhista de
seu cliente. A tutela, contudo, foi denegada pelo juiz. João deverá impugnar a denegação da
tutela somente no recurso contra a decisão final (sentença).
Conforme a jurisprudência do TST, a denegação de tutela provisória antes da sentença pode
dar ensejo a mandado de segurança, se ficarem comprovados os requisitos especiais desse
remédio constitucional. No nosso exemplo, imagine que tais requisitos não foram demonstra-
dos.
O TST, no entanto, fixou na Súmula 214 exceções à regra de que as decisões interlocutó-
rias seja irrecorríveis. Veja:
Na Justiça do Trabalho, nos termos do art. 893, § 1º, da CLT, as decisões interlocutórias não ense-
jam recurso imediato, salvo nas hipóteses de decisão:
a) de Tribunal Regional do Trabalho contrária à Súmula ou Orientação Jurisprudencial do Tribunal
Superior do Trabalho;
Se a decisão interlocutória do TRT for contrária a Súmula ou OJ do TST, caberá recurso ime-
diato. O recurso será aquele cabível na hipótese, tendo em vista o regimento interno do tribunal.
Se os regimentos internos dos tribunais previrem recursos dentro do próprio tribunal para
matérias decididas por decisões interlocutórias, elas serão recorríveis, nos termos do regimen-
to. Na grande maioria dos casos, trata-se de agravo interno.
c) que acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos autos para Tribunal Regio-
nal distinto daquele a que se vincula o juízo excepcionado, consoante o disposto no art. 799, § 2º,
da CLT.”
EXEMPLO
Moisés ajuizou reclamação trabalhista em Curitiba (PR). A empresa ré, no entanto, opôs exce-
ção de incompetência territorial, porque Moisés teria prestado serviços em Natal (RN), razão
pela qual a reclamação deveria ser remetida a uma das Varas do Trabalho de Natal. O juiz
acolhe a exceção e remete os autos a uma das Varas de Natal.
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Nesse caso, a decisão do juiz é interlocutória terminativa do feito na Vara do Trabalho de Curi-
tiba, razão pela qual cabe Recurso Ordinário contra essa decisão interlocutória ao TRT da 9ª
Região (Paraná).
Exatamente o mesmo raciocínio valeria para o caso de remessa do processo a tribunal distin-
to que seja de outro ramo do Poder Judiciário (como Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional
Federal).
Esta última hipótese é abordada também em caráter legal, especificamente no art. 799, §
2º, da CLT:
Das decisões sobre exceções de suspeição e incompetência, salvo, quanto a estas, se terminativas
do feito [contra a qual caberá recurso – acréscimo do professor], não caberá recurso, podendo, no
entanto, as partes alegá-las novamente no recurso que couber da decisão final.
DICA!
REGRA GERAL: não cabe recurso imediato contra decisão in-
terlocutória.
EXCEÇÕES:
Decisão interlocutória do TRT contrária a Súmula ou OJ do
TST
Decisão interlocutória recorrível dentro do mesmo tribunal
Decisão terminativa que remeta o processo para Tribunal di-
ferente (TRT/TJ/TRF/TRE) daquele em que o processo se en-
contra.
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RESUMO
Confira, ilustrativamente, o resumo das fontes do processo do trabalho em forma de
mapa mental:
Métodos e Efeitos
Para proporcionar uma fixação rápida da estrutura do que estudamos, apresento o seguin-
te mapa mental:
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EXERCÍCIOS
001. (INÉDITA/2022) Na Justiça do Trabalho, ganha muito destaque o princípio da celeridade,
em razão de as ações trabalhistas tramitarem em velocidade consideravelmente superior ao
trâmite das ações na Justiça Comum.
Assinale a alternativa que, de forma específica, indica a presença do princípio da celeridade na
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT):
a) Os Juízos e Tribunais do Trabalho terão ampla liberdade na direção do processo e velarão
pelo andamento rápido das causas, podendo determinar qualquer diligência necessária ao es-
clarecimento delas.
b) Nos processos sujeitos à apreciação da Justiça do Trabalho só haverá nulidade quando
resultar dos atos inquinados manifesto prejuízo às partes litigantes.
c) A nulidade do ato não prejudicará senão os posteriores que dele dependam ou sejam
consequência.
d) As partes e testemunhas serão inquiridas pelo juiz ou presidente, podendo ser reinquiridas,
por seu intermédio, a requerimento dos vogais, das partes, seus representantes ou advogados.
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008. (INÉDITA/2022) O direito processual do trabalho, ramo autônomo, é informado por dife-
rentes fontes. Atualmente, a fonte que tem causado maior divergência e margem para discus-
sões acadêmicas e jurisprudenciais é a Lei Federal n. 13.467/2017, batizada como “Reforma
Trabalhista”.
A referida lei, doutrinariamente, pode ser classificada como uma fonte
a) fonte formal indireta, em razão de levantar divergências jurisprudenciais.
b) fonte material, por decorrer de fatos sociais de grande relevância.
c) fonte formal direta, por ter natureza típica de lei.
d) fonte formal de explicitação, por depender de pesquisas acadêmicas e análises doutrinárias
para ter maior efetividade.
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012. (INÉDITA/2022) O processo do trabalho é regrado por um conjunto normativo que possui
algumas lacunas. Às vezes, essas lacunas não são preenchidas nem mesmo com a aplicação
supletiva do Código de Processo Civil. Sabe-se, também, que os juízes não podem recusar-se
a julgar com base em inexistência de fundamento legal (non liquet).
Nesse contexto, assinale a alternativa que corresponde a forma de suprimento da lacuna.
a) analogia, que é uma ferramenta de integração do processo do trabalho.
b) equidade, que é uma forma de interpretação do processo do trabalho.
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c) princípios gerais do direito público, que são uma ferramenta de integração do processo
do trabalho.
d) não há como suprir a lacuna, razão pela qual, excepcionalmente, será permitido que o juiz
extinga o processo sem resolução do mérito por falta de solução jurídica possível.
016. (INÉDITA/2022) Julgue o item subsequente, considerando se ele está de acordo, ou não,
com o tradicional conceito de direito processual do trabalho.
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017. (INÉDITA/2022) Julgue o item subsequente, considerando se ele está de acordo, ou não,
com as teorias que justificam a autonomia científica do direito processual do trabalho.
A teoria dualista consiste no argumento de que o direito processual no Brasil é um só, porque
os princípios dos diferentes ramos do direito processual são aplicáveis em igualdade, com
pequenas alterações.
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sa reclamada, por sua vez, nega o referido vínculo, alegando que a reclamante não trabalhou
para ela, não tendo, inclusive, jamais ingressado no interior do estabelecimento. O Magistrado
converteu a audiência em diligência e se dirigiu à empresa reclamada com as partes. No local,
o Magistrado solicitou que a reclamante indicasse o banheiro feminino. Esta não soube indicar
e o Magistrado percebeu qual das partes estava faltando com a verdade. Esta hipótese é um
exemplo específico do princípio.
a) dispositivo.
b) da imediação.
c) da estabilidade da lide.
d) da eventualidade.
e) da perempção.
031. (FGV/OAB/2013) Uma reclamação trabalhista é ajuizada em São Paulo (TRT da 2ª Re-
gião) e, na audiência designada, a reclamada apresenta resposta escrita sob a forma de con-
testação e exceção de incompetência relativa em razão do lugar, pois o autor sempre trabalha-
ra em Minas Gerais, que na sua ótica deve ser o local onde tramitará o feito.
Após conferida vista ao exceto, na forma do Art. 800, da CLT, e confirmada a prestação dos
serviços na outra localidade, o juiz acolhe a exceção e determina a remessa dos autos à capital
mineira (MG – TRT da 3ª Região).
Dessa decisão, de acordo com o entendimento do TST, e independentemente do seu mérito,
a) cabe de imediato recurso de agravo de instrumento para o TRT de São Paulo, por tratar-se
de decisão interlocutória.
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b) nada há a fazer, pois das decisões interlocutórias, na Justiça do Trabalho, não é possível
recurso imediato.
c) compete à parte deixar consignado o seu protesto e renovar o inconformismo no recurso
ordinário que for interposto após a sentença que será proferida em Minas Gerais.
d) cabe de imediato a interposição de recurso ordinário para o TRT de São Paulo.
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Os princípios do Direito Processual do Trabalho funcionam como orientadores das partes, que
devem apresentar fatos e postular a solução, e do juiz, o qual deve interpretar os fatos que lhe
são apresentados e, aplicando a lei aos casos concretos, solucionar a lide. Tais princípios ins-
piram preceitos legais, orientam os intérpretes e sanam as omissões legais.
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O princípio dispositivo orienta também a atividade probatória, impedindo que o juiz atue ativa-
mente na colheita da prova, determinando sua produção, por exemplo.
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GABARITO
1. a 37. C
2. d 38. E
3. b 39. E
4. a 40. E
5. c 41. E
6. b 42. C
7. d 43. E
8. c 44. C
9. a 45. E
10. c 46. C
11. b 47. C
12. a 48. E
13. d 49. C
14. b 50. C
15. b
16. C
17. E
18. C
19. E
20. E
21. c
22. d
23. c
24. d
25. b
26. c
27. d
28. d
29. b
30. c
31. d
32. a
33. E
34. E
35. C
36. E
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GABARITO COMENTADO
001. (INÉDITA/2022) Na Justiça do Trabalho, ganha muito destaque o princípio da celeridade,
em razão de as ações trabalhistas tramitarem em velocidade consideravelmente superior ao
trâmite das ações na Justiça Comum.
Assinale a alternativa que, de forma específica, indica a presença do princípio da celeridade na
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT):
a) Os Juízos e Tribunais do Trabalho terão ampla liberdade na direção do processo e velarão
pelo andamento rápido das causas, podendo determinar qualquer diligência necessária ao es-
clarecimento delas.
b) Nos processos sujeitos à apreciação da Justiça do Trabalho só haverá nulidade quando
resultar dos atos inquinados manifesto prejuízo às partes litigantes.
c) A nulidade do ato não prejudicará senão os posteriores que dele dependam ou sejam
consequência.
d) As partes e testemunhas serão inquiridas pelo juiz ou presidente, podendo ser reinquiridas,
por seu intermédio, a requerimento dos vogais, das partes, seus representantes ou advogados.
a) Certa. A alternativa reproduz o art. 765 da CLT, que consagra dois princípios: o da celeridade
(andamento rápido das causas) e o da busca da verdade real.
b) Errada. Tal alternativa reproduz o art. 794 da CLT, que trata do princípio da transcendência
(não há nulidade sem prejuízo).
c) Errada. Tal alternativa reproduz o art. 798 da CLT, que é expressão de um princípio também
presente em outros ramos do direito processual, embora com nomes diferentes: o princípio do
aproveitamento dos atos processuais, ou simplesmente princípio do aproveitamento.
d) Errada. Tal alternativa reproduz o art. 820 da CLT, que trata do princípio da imediatidade/
imediação.
Letra a.
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b) Nos dissídios sobre estipulação de salários, serão estabelecidas condições que, assegu-
rando justos salários aos trabalhadores, permitam também justa retribuição às empresas in-
teressadas.
c) Os atos processuais serão públicos salvo quando o contrário determinar o interesse social,
e realizar-se-ão nos dias úteis das 6 (seis) às 20 (vinte) horas.
d) Os juízes e Tribunais do Trabalho empregarão sempre os seus bons ofícios e persuasão no
sentido de uma solução conciliatória dos conflitos.
a) Errada. Tal alternativa reproduz o artigo 769 da CLT, que é abordado por alguns doutrinado-
res como expressão do princípio da subsidiariedade. Todavia, o fato de o CPC ser aplicável
subsidiariamente ao processo do trabalho, atualmente, não poderia ser colocado em status de
princípio, pois, conforme nossos estudos, a aplicação do CPC ao processo trabalhista não é
apenas subsidiária, mas, também, supletiva/suplementar.
b) Errada. Tal alternativa reproduz o art. 766 da CLT, que não expressa nenhum princípio reco-
nhecido pela doutrina majoritária.
c) Errada. Tal alternativa reproduz o art. 770 da CLT, que, segundo alguns doutrinadores, ex-
pressa o princípio da publicidade, que é comum a todo e qualquer ramo do direito processual,
sendo balizado (regrado) de formas diferentes.
d) Certa. Tal alternativa reproduz o art. 764, § 1º, da CLT, que consagra, também o princípio da
conciliação no processo do trabalho.
Letra d.
a) Errada. A interpretação lógica parte de raciocínios lógicos breves entre dispositivos próximos.
b) Certa. O conceito de interpretação sistemática enfatiza o fato de a lei interpretada ser obser-
vada como parte integrante de um conjunto de várias normas. Inclusive, o critério da hierarquia
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a) Certa. Interpretar um dispositivo nos exatos termos de seu texto, sem considerar outros
aspectos, é interpretar gramaticalmente.
b) Errada. O resultado restritivo nem sempre ocorrerá quando um artigo for seguido à risca de
suas palavras. Aliás, a maior probabilidade será de o resultado da interpretação ser estático,
nem maior, nem menor que o significado de seus termos.
c) Errada. A interpretação sistemática é uma das desejadas pelos doutrinadores referidos no
enunciado, e não aquela que corresponde à prática criticada.
d) Errada. A interpretação histórica é uma das desejadas pelos doutrinadores referidos no
enunciado, e não aquela que corresponde à prática criticada.
Letra a.
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Acerca desse tema, o Tribunal Superior do Trabalho esclareceu que a aplicação das normas
processuais previstas na CLT, alteradas pela Lei n. 13.467, de 13 de julho de 2017, com eficácia
a partir de 11 de novembro de 2017,
a) é imediata, atingindo todos os processos em curso no dia da entrada em vigor da nova lei,
independentemente de um ou mais atos processuais já estarem consumados.
b) é diferida, alcançando somente reclamações ajuizadas após a entrada em vigor da nova lei,
ficando os processos em curso regidos, integralmente, pela legislação revogada.
c) é imediata, sem atingir, no entanto, situações pretéritas iniciadas ou consolidadas sob a
égide da lei revogada.
d) é ineficaz, porque a nova lei é integralmente inconstitucional.
a) Errada. A aplicação retroativa a atos consumados violaria o ato jurídico perfeito, protegido
constitucionalmente.
b) Errada. Os processos em curso recebem aplicação da nova lei, respeitado o ato jurídico per-
feito e a coisa julgada.
c) Certa. É o que diz o art. 1º da Instrução Normativa n. 41, tratada em aula e cobrada por seu
edital: A aplicação das normas processuais previstas na CLT, alteradas pela Lei n. 13.467, de 13
de julho de 2017, com eficácia a partir de 11 de novembro de 2017, é imediata, sem atingir, no
entanto, situações pretéritas iniciadas ou consolidadas sob a égide da lei revogada.
d) Errada. Ainda não há decisão judicial de relevância geral declarando a inconstitucionalidade
integral da Lei n. 13.467/2017.
Letra c.
a) Errada. A CLT, na verdade, possui regra específica: art. 763, que dispõe: “O processo da
Justiça do Trabalho, no que concerne aos dissídios individuais e coletivos e à aplicação de pe-
nalidades, reger-se-á, em todo o território nacional, pelas normas estabelecidas neste Título”.
b) Certa. Vide comentário à letra a.
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a) Errada. O direito processual civil, além de mais antigo, é o comum, e totalmente independen-
te dos outros ramos do Direito.
b) Errada. A aplicação de princípios processuais civis ao trabalhista não retira a autonomia
deste, uma vez que a sistematização do ordenamento jurídico impede que cada ramo tenha
princípios absolutamente isolados.
c) Errada. O processo do trabalho alberga, sim, princípios que também imperam no processo
civil, como vimos em aula.
d) Certa. São estes os elementos mais destacados na doutrina para justificar a autonomia
científica do direito processual do trabalho, os quais citamos em aula.
Letra d.
008. (INÉDITA/2022) O direito processual do trabalho, ramo autônomo, é informado por dife-
rentes fontes. Atualmente, a fonte que tem causado maior divergência e margem para discus-
sões acadêmicas e jurisprudenciais é a Lei Federal n. 13.467/2017, batizada como “Reforma
Trabalhista”.
A referida lei, doutrinariamente, pode ser classificada como uma fonte
a) fonte formal indireta, em razão de levantar divergências jurisprudenciais.
b) fonte material, por decorrer de fatos sociais de grande relevância.
c) fonte formal direta, por ter natureza típica de lei.
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a) Errada. A jurisprudência é, sim, uma fonte formal indireta, mas a questão pede a classifica-
ção, como fonte, da referida lei, e não de sua consequência.
b) Errada. a questão pede a classificação, como fonte, da referida lei, e não de sua causa, em-
bora os fatos sociais de grande relevância sejam, sim, fontes materiais.
c) Certa. a questão pede a classificação, como fonte, da referida lei, e a lei é classificada na
doutrina como fonte formal direta do processo do trabalho.
d) Errada. Primeiro, a doutrina é considerada uma fonte formal indireta. Ademais, a questão
pede a classificação, como fonte, da referida lei, e não de sua consequência.
Letra c.
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a) Errada. O art. 15 do CPC determina que o processo civil aplica-se supletiva e subsidiariamen-
te ao processo do trabalho. Portanto, é possível a sua aplicação concomitante com as normas
próprias do processo do trabalho. Isto serve, conforme Bezerra Leite, para o suprimento de
lacunas ontológicas.
b) Certa. O art. 769 da CLT está ontologicamente lacunoso. Portanto, deve-se aplicar o art. 15
do CPC, que autoriza a aplicação supletiva e subsidiária, e não somente subsidiária.
c) Errada. O processo civil sempre foi aplicado, ao menos, subsidiariamente ao processo do
trabalho. Nos dias atuais, essa aplicação tem se tornado supletiva, e não somente subsidiária.
d) Errada. Tal afirmação não tem amparo em nenhum posicionamento doutrinário ou juris-
prudencial.
Letra b.
012. (INÉDITA/2022) O processo do trabalho é regrado por um conjunto normativo que possui
algumas lacunas. Às vezes, essas lacunas não são preenchidas nem mesmo com a aplicação
supletiva do Código de Processo Civil. Sabe-se, também, que os juízes não podem recusar-se
a julgar com base em inexistência de fundamento legal (non liquet).
Nesse contexto, assinale a alternativa que corresponde a forma de suprimento da lacuna.
a) analogia, que é uma ferramenta de integração do processo do trabalho.
b) equidade, que é uma forma de interpretação do processo do trabalho.
c) princípios gerais do direito público, que são uma ferramenta de integração do processo
do trabalho.
d) não há como suprir a lacuna, razão pela qual, excepcionalmente, será permitido que o juiz
extinga o processo sem resolução do mérito por falta de solução jurídica possível.
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a) Errada, pois a questão pede pela alternativa que NÃO indica um meio integrativo. O direito
comparado é um meio integrativo (art. 8º, CLT).
b) Errada, pois a questão pede pela alternativa que NÃO indica um meio integrativo. A analogia
é um meio integrativo (art. 4º da LINDB e art. 8º da CLT).
c) Errada, pois a questão pede pela alternativa que NÃO indica um meio integrativo. Os costu-
mes são, sim, um meio integrativo (art. 4º da LINDB e art. 8º da CLT).
d) Certa, pois a questão pede pela alternativa que NÃO indica um meio integrativo. A interpre-
tação sistemática, como o próprio nome diz, é meio de interpretação, e não de integração.
Letra d.
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Este fato é devido ao uso de uma ferramenta que integrou lacuna axiológica do direito proces-
sual do trabalho. Tal ferramenta é:
a) analogia
b) costume
c) princípio geral de direito
d) equidade
a) Errada. A analogia consiste na aplicação de determinada norma para caso semelhante des-
provido de norma própria.
b) Certa. Os costumes suprem, inclusive, lacunas axiológicas, que consistem na injustiça de
uma situação jurídica (a audiência única é negativa para o juiz e para as partes, dadas as pecu-
liaridades práticas atinentes ao ônus probatório e à organização da pauta, além da observân-
cia da duração razoável do processo).
c) Errada. Princípio geral de direito é algo abstrato, decorrente de raciocínios filosóficos e so-
ciológicos do direito.
d) Errada. A equidade está prevista no art. 8º da CLT e encontra expressão, como meio integra-
tivo, no art. 852-I, § 1º, da CLT: “O juízo adotará em cada caso a decisão que reputar mais justa
e equânime, atendendo aos fins sociais da lei e as exigências do bem comum”.
Letra b.
a) Errada. Tal princípio refere-se à prática de atos por qualquer meio capaz de alcançar a res-
pectiva finalidade, sem formalismos exagerados.
b) Certa. O princípio da concentração dos atos processuais pode ser definido exatamente da
forma como o enunciado faz.
c) Errada. O princípio da proteção refere-se à construção das regras de ônus probatório e con-
sequências da prática dos atos de modo mais favorável à parte hipossuficiente (trabalhador).
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016. (INÉDITA/2022) Julgue o item subsequente, considerando se ele está de acordo, ou não,
com o tradicional conceito de direito processual do trabalho.
Direito processual do trabalho é um ramo da ciência jurídica, constituído por um sistema de
valores, princípios, regras e instituições próprias, que tem por objetivo promover a concretiza-
ção dos direitos sociais fundamentais individuais, coletivos e difusos dos trabalhadores e a
pacificação justa dos conflitos decorrentes direta ou indiretamente das relações de emprego
e de trabalho, bem como regular o funcionamento e a competência dos órgãos que compõem
a Justiça do Trabalho.
O item sob julgamento corresponde ao conceito trazido por Carlos Henrique Bezerra Leite, que
considera, além dos elementos objetivos (relações de trabalho), os elementos finalísticos da
Justiça do Trabalho, relativos ao acesso do trabalhador à justiça.
Certo.
017. (INÉDITA/2022) Julgue o item subsequente, considerando se ele está de acordo, ou não,
com as teorias que justificam a autonomia científica do direito processual do trabalho.
A teoria dualista consiste no argumento de que o direito processual no Brasil é um só, porque
os princípios dos diferentes ramos do direito processual são aplicáveis em igualdade, com
pequenas alterações.
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efeito suspensivo a recursos, cujo relator designado para apreciá-lo ficará prevento para julgar
finalmente o recurso.
De fato, o princípio da identidade física do juiz não mais é verificado em primeiro grau de juris-
dição, quer na Justiça do Trabalho, quer na Justiça Comum. Todavia, ele encontra resquícios
em segundo grau e nos graus superiores, especificamente nos artigos do CPC que tratam da
concessão de efeito suspensivo a recursos. O relator sorteado para apreciar o pleito de efeito
suspensivo será automaticamente encarregado de julgar o recurso definitivo. Veja o que diz o
§ 3º, inciso I, do art. 1.012 do CPC:
“O pedido de concessão de efeito suspensivo nas hipóteses do § 1º poderá ser formulado por
requerimento dirigido ao:
I – tribunal, no período compreendido entre a interposição da apelação e sua distribuição, fican-
do o relator designado para seu exame prevento para julgá-la;”
Certo.
Na verdade, o item sob julgamento reproduz fielmente o conceito de lacuna ontológica. Por
sua vez, a lacuna axiológica verifica-se quando existe uma norma para o caso concreto, mas
essa norma tornou-se injusta, e sua aplicação ao caso formará situação clara de injustiça.
Exemplos práticos dessas duas espécies de lacuna constam em nossa aula.
Errado.
Na verdade, o resultado da interpretação das normas de processo do trabalho poderá ser ex-
tensivo, restritivo ou estático, relativamente ao conteúdo, ao sentido e ao alcance das normas.
Será extensivo quando sentido e o alcance da norma é maior do que o significado dos termos
e das expressões de seu texto. Será restritivo quando o sentido e o alcance da norma é me-
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nor do que o significado dos termos e das expressões de seu texto. Por fim, o resultado será
estático quando o sentido e o alcance da norma são idênticos aos dos termos e expressões
constantes da norma.
Errado.
Todas as alternativas, com exceção da letra “c”, apresentam princípios que têm relações com
audiências, onde predomina a oralidade. A irrecorribilidade das decisões interlocutórias tam-
bém decorre do princípio da oralidade, porque, na origem, o direito processual do trabalho era
pensado para que as decisões sobre exceções e incidentes fossem prolatadas na própria au-
diência, onde se concentravam os atos do processo. Hoje em dia, sabemos que muitas dessas
questões são resolvidas por decisão nos autos, antes da audiência. De toda forma, a questão
ficou adstrita à doutrina. A letra “c” é a única que apresenta princípio não atrelado a questões
suscetíveis de resolução em atos processuais presenciais, já que a perpetuação da jurisdição
é fenômeno que ocorre quando do registro e da distribuição da petição inicial.
Letra c.
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A questão pede as circunstâncias em que podem ser aplicadas normas do CPC (dispositivos
sobre reconvenção) ao processo do trabalho. A aplicabilidade dessas normas depende apenas
da observância do art. 769 da CLT: lacuna no processo do trabalho e compatibilidade da norma
a ser aplicada com os princípios desse ramo especial do direito processual. A aplicabilidade da
reconvenção, no processo do trabalho, é questão pacificada, já que mencionada até mesmo no
corpo da CLT (art. 791-A, § 5º, CLT).
Letra d.
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a) Errada. A autocomposição, que pode ser dividida em conciliação e mediação, nada tem a ver
com a imposição de um interesse sobre outro. Trata-se de concessões recíprocas, de modo a
se identificar uma solução razoável ao conflito. Inclusive, o “locaute” (lockout) é proibido por lei
(art. 17 da Lei n. 7.783/1989).
b) Errada. A lacuna no texto da CLT não é o único critério. Tal critério alia-se com a compa-
tibilidade da norma a ser aplicada com os princípios do direito processual do trabalho (art.
769 da CLT).
c) Certa. A alternativa tratou do princípio da conciliação, balizando-se pelos textos normativos
do art. 764, caput e §§ 2º e 3º, da CLT.
d) Errada. Costumes e jurisprudência são fontes formais. A analogia é uma forma de integra-
ção, e a autonomia privada coletiva, se erigida ao status de princípio com previsão legal (art.
8º, § 3º, CLT), é fonte formal.
e) Errada. Essa restrição procedimental não existe: aplica-se a todos os procedimentos (ordi-
nário, sumaríssimo e sumário).
Letra c.
A questão pede as circunstâncias em que podem ser aplicadas normas de outros ramos ao
processo do trabalho. A aplicabilidade dessas normas depende apenas da observância do art.
769 da CLT: lacuna no processo do trabalho e compatibilidade da norma a ser aplicada com os
princípios desse ramo especial do direito processual.
Letra d.
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oposto: torna imperativa a aplicação efetiva dos procedimentos e regras delineados na legisla-
ção processual, independentemente de circunstâncias consequencialistas ou protetivas.
b) Errada. O princípio dispositivo apenas impede o início da demanda por ato do juiz, mas não
obsta a sua ampla liberdade na direção do processo (art. 765 da CLT).
c) Certa. A igualdade material/substancial, também nominada como isonomia, tem exatamen-
te este significado: a disparidade de consequências e instrumentos em relação a cada parte,
de modo a torná-las igualmente capazes na relação processual.
d) Errada. Não há fundamento que justifique o óbice (inaplicabilidade) das ideias e dos valores
informativos dos princípios no direito processual do trabalho. Na verdade, tais ideias e valores
é que dão conteúdo aos princípios, bem como justificam sua aplicação.
e) Errada. A gratuidade é tratada por parte da doutrina como princípio. Modernamente, seu
tratamento como princípio tem sido menos visto, já que a gratuidade, ou não, no processo do
trabalho, depende do atendimento de regras específicas sobre o benefício da justiça gratuita.
De toda forma, não há como afirmar que tal princípio deixou de existir, enquanto parte signifi-
cativa da doutrina ainda o menciona.
Letra c.
O dispositivo citado no enunciado trata do poder de direção do juiz sobre os atos processuais.
Logo, valoriza-se, no particular, o princípio inquisitivo (ou do impulso oficial). Não é o princípio
da imediatidade, porque, embora o dispositivo faça referência a provas, seu foco está nos po-
deres do juiz, e não em seu contato direto com a coleta da prova.
Letra d.
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O juiz realizou, de ofício, inspeção judicial. Como participou diretamente da produção dessa
prova, houve aplicação prática do princípio da imediatidade (ou imediação).
Letra b.
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a) Errada. A primeira tentativa de conciliação, embora seja o primeiro ato processual da audi-
ência, ocorre após sua abertura (art. 846 da CLT).
b) Errada. O devido processo legal é princípio plenamente aplicável, mas, por si só, não garan-
te a celeridade processual. Não é por outra razão que, muitas vezes, alguns juízes e tribunais
flexibilizam procedimentos legais para obter solução do processo em menor tempo, como,
por exemplo, a permissão para que a reclamada apresente contestação antes de audiência de
conciliação.
c) Certa. De fato, a distinção de consequências processuais para a ausência à primeira au-
diência (art. 844 da CLT) é apontada pela doutrina como expressão do princípio da proteção
processual.
d) Errada. A Súmula 425 do TST esclarece a impossibilidade de postulação direta, sem advo-
gado (jus postulandi), em recursos de competência do TST.
e) Errada. Tal providência, embora autorizada por súmula do TST, configura exceção ao princí-
pio da adstrição/congruência, e não decorrência dele.
Letra c.
031. (FGV/OAB/2013) Uma reclamação trabalhista é ajuizada em São Paulo (TRT da 2ª Re-
gião) e, na audiência designada, a reclamada apresenta resposta escrita sob a forma de con-
testação e exceção de incompetência relativa em razão do lugar, pois o autor sempre trabalha-
ra em Minas Gerais, que na sua ótica deve ser o local onde tramitará o feito.
Após conferida vista ao exceto, na forma do Art. 800, da CLT, e confirmada a prestação dos
serviços na outra localidade, o juiz acolhe a exceção e determina a remessa dos autos à capital
mineira (MG – TRT da 3ª Região).
Dessa decisão, de acordo com o entendimento do TST, e independentemente do seu mérito,
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a) cabe de imediato recurso de agravo de instrumento para o TRT de São Paulo, por tratar-se
de decisão interlocutória.
b) nada há a fazer, pois das decisões interlocutórias, na Justiça do Trabalho, não é possível
recurso imediato.
c) compete à parte deixar consignado o seu protesto e renovar o inconformismo no recurso
ordinário que for interposto após a sentença que será proferida em Minas Gerais.
d) cabe de imediato a interposição de recurso ordinário para o TRT de São Paulo.
É imprescindível conhecer o teor da Súmula 214 do TST para resolver esta questão:
Na Justiça do Trabalho, nos termos do art. 893, § 1º, da CLT, as decisões interlocutórias não
ensejam recurso imediato, salvo nas hipóteses de decisão: a) de Tribunal Regional do Trabalho
contrária à Súmula ou Orientação Jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho; b) suscetí-
vel de impugnação mediante recurso para o mesmo Tribunal; c) que acolhe exceção de incom-
petência territorial, com a remessa dos autos para Tribunal Regional distinto daquele a que se
vincula o juízo excepcionado, consoante o disposto no art. 799, § 2º, da CLT.
a) Errada. Como abordamos em aula, a lógica do agravo de instrumento do processo civil não
tem nenhuma aplicabilidade no processo do trabalho. Aqui, o agravo de instrumento tem finali-
dade totalmente diferente, que é de destrancar recursos inadmitidos. Estudaremos tal recurso
na aula sobre os recursos.
b) Errada. A hipótese narrada pela questão trata justamente de uma exceção, na qual a decisão
interlocutória será recorrível (Súmula 214, item c, TST).
c) Errada. O recurso deverá ser destinado ao Tribunal onde a ação foi ajuizada por primeiro,
pois foi no âmbito desse Tribunal que a decisão interlocutória terminativa foi prolatada. O re-
curso, nesse caso, independe de qualquer protesto antipreclusivo prévio.
d) Certa. Vide comentário à letra b e à letra c.
Letra d.
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O princípio da busca da verdade real possui, sim, aplicabilidade no processo do trabalho. Uma
clara expressão desse princípio consta do art. 765 da CLT: “Os Juízos e Tribunais do Trabalho
terão ampla liberdade na direção do processo e velarão pelo andamento rápido das causas,
podendo determinar qualquer diligência necessária ao esclarecimento delas”.
Errado.
O juiz do trabalho, como todos os outros, é imparcial. A proteção do trabalhador não tem ne-
nhuma relação com tendência favorável no julgamento. Visa-se proteger o trabalhador com re-
gras de ônus probatório mais realistas e condizentes com sua condição na relação de trabalho,
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bem como com interpretação mais favorável de normas processuais. Estas vantagens visam
concretizar o princípio da isonomia (igualdade material), e não, simplesmente, “ajudar” uma
das partes a vencer o processo.
Errado.
Esta “ampla liberdade conferida aos magistrados trabalhistas na direção do processo, com
poder de determinar qualquer diligência necessária ao esclarecimento da causa” corresponde
à norma principiológica do art. 765 da CLT, que insculpe o princípio da busca da verdade real.
Certo.
Na verdade, a aplicação subsidiária (e supletiva) do CPC tem lugar somente quando tal apli-
cação, contextualmente, for compatível com as regras e princípios do processo do trabalho. É
a norma principiológica do art. 769 da CLT: “Nos casos omissos, o direito processual comum
será fonte subsidiária do direito processual do trabalho, exceto naquilo em que for incompatí-
vel com as normas deste Título.”.
Errado.
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O princípio da proteção existe, sim, no processo do trabalho, mas deve ser corretamente inter-
pretado. Ele consiste na compensação da desigualdade existente na realidade socioeconômi-
ca com uma desigualdade jurídica em sentido oposto. Visa-se proteger o trabalhador com re-
gras de ônus probatório mais realistas e condizentes com sua condição na relação de trabalho,
bem como com interpretação mais favorável de normas processuais. Estas vantagens visam
concretizar o princípio da isonomia (igualdade material), e não, simplesmente, “ajudar” uma
das partes a vencer o processo.
Errado.
A aplicabilidade do CPC, de forma subsidiária ou supletiva, somente tem lugar quando de sua
aplicação não resultar ofensa a quaisquer regras e/ou princípios do processo do trabalho,
constantes da CLT. É a norma principiológica do art. 769 da CLT: “Nos casos omissos, o direito
processual comum será fonte subsidiária do direito processual do trabalho, exceto naquilo em
que for incompatível com as normas deste Título.”.
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Segundo o TST, quando litisconsortes forem representados por diferentes procuradores, serão
contados em dobro os prazos a eles disponíveis para contestar, para recorrer e, de modo geral,
para falar nos autos.
A regra do prazo dobrado a litisconsortes com procuradores distintos (em processos físicos, a
partir do Novo CPC) não é aplicável ao processo do trabalho, por ofender o princípio da celeri-
dade. Trata-se da regra interpretativa da OJ 310 da SDI-1 do TST, tratada em aula: “Inaplicável
ao processo do trabalho a norma contida no art. 229, caput e §§ 1º e 2º, do CPC de 2015 (art.
191 do CPC de 1973), em razão de incompatibilidade com a celeridade que lhe é inerente.”.
Errado.
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Apesar da existência de interesses opostos numa lide, as partes devem cooperar entre si para
que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva (art. 6º do CPC). Trata-se
do princípio da cooperação processual.
Errado.
O devido processo legal é, por excelência, uma garantia contra a arbitrariedade de juízes e tri-
bunais, uma vez que a observância do procedimento objetivamente expresso em lei viabiliza
o tratamento isonômico (igual) de todos os litigantes. Esta garantia tende a dar efetividade ao
princípio constitucional da isonomia e ao da legalidade (art. 5º, caput, CF/88).
Certo.
O art. 15 do CPC dispõe: “Na ausência de normas que regulem processos eleitorais, trabalhis-
tas ou administrativos, as disposições deste Código lhes serão aplicadas supletiva e subsidia-
riamente.”.
Errado.
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DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Princípios, Fontes, Interpretação, Integração, Autonomia e Eficácia
Gustavo Deitos
Considerando-se o sistema do isolamento dos atos processuais, a lei processual nova não re-
troage, aplicando-se imediatamente aos processos em curso, respeitados os atos processuais
já praticados e as situações jurídicas já consolidadas sob a vigência da lei anterior.
A teoria (sistema) do isolamento dos atos processuais é fielmente reproduzida, dentre outras
fontes, no art. 14 do CPC: “A norma processual não retroagirá e será aplicável imediatamente
aos processos em curso, respeitados os atos processuais praticados e as situações jurídicas
consolidadas sob a vigência da norma revogada.”.
Certo.
A concessão de prazo para correção de vício que possa causar, em tese, uma extinção proces-
sual sem resolução do mérito é uma das faces do princípio da primazia da decisão de mérito.
Confira o que dispõe o art. 317 do CPC: “Antes de proferir decisão sem resolução de mérito, o
juiz deverá conceder à parte oportunidade para, se possível, corrigir o vício.”.
Certo.
Embora esta questão seja mais relacionada ao conteúdo sobre provas, julgo importante des-
tacar que o juiz pode, sim, determinar de ofício a produção de provas, justamente como ex-
pressão dos princípios do impulso oficial (inquisitivo) e da imediatidade. O primeiro refere-se
à liberdade para atuação do juiz em prol da organização do processo, e o segundo diz respeito
à possibilidade de o juiz atuar ativamente na instrução probatória. O princípio dispositivo (ou
da demanda) refere-se à necessidade de prévia provocação das partes para que o juiz possa
analisar determinado conflito.
Errado.
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DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Princípios, Fontes, Interpretação, Integração, Autonomia e Eficácia
Gustavo Deitos
De fato, é esta a essência do princípio da instrumentalidade das formas. É a regra do art. 277
do CPC: “Quando a lei prescrever determinada forma, o juiz considerará válido o ato se, realiza-
do de outro modo, lhe alcançar a finalidade.”.
Certo.
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Gustavo Deitos
Professor de cursos preparatórios para concursos públicos. Analista Judiciário do Tribunal Superior do
Trabalho (Gabinete de Ministro).
Outras convocações: Técnico Judiciário do TRT-SC (7° lugar) e Analista Judiciário do TRF da 3ª Região.
Aprovado em 8° lugar para Analista Judiciário do TRT-MS.
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