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PROCESSUAL CIVIL
Normas Fundamentais, Aplicação,
Princípios e Garantias do Processo
SISTEMA DE ENSINO
Livro Eletrônico
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
Normas Fundamentais, Aplicação, Princípios e Garantias do Processo
Sumário
Gustavo Deitos
Apresentação. . .................................................................................................................................. 3
Normas Fundamentais, Aplicação, Princípios e Garantias do Processo.. ............................ 5
1. Lei Processual Civil...................................................................................................................... 5
1.1. Interpretação, Eficácia e Aplicação da Lei.. .......................................................................... 7
1.2. Lei Processual Civil no Tempo e no Espaço......................................................................... 9
2. Princípios e Normas Fundamentais do Direito Processual civil. . .................................... 10
2.1. Princípios e Garantias Constitucionais do Processo........................................................12
2.2. Princípios Infraconstitucionais............................................................................................21
3. Aplicação das Normas Processuais. . ..................................................................................... 30
3.1. Direito Processual Intertemporal.........................................................................................31
3.2. Regras Especiais de Direito Intertemporal. . ..................................................................... 33
3.3. Aplicação das Normas do CPC a outros Ramos do Direito Processual. . ..................... 34
4. Ordem Cronológica de Conclusão de Processos.. ............................................................... 37
Questões de Concurso..................................................................................................................42
Gabarito............................................................................................................................................ 54
Gabarito Comentado..................................................................................................................... 55
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Normas Fundamentais, Aplicação, Princípios e Garantias do Processo
Gustavo Deitos
Apresentação
Olá, querido(a) aluno(a) do Gran Cursos Online! Espero encontrá-lo muito bem! Neste cur-
so, apresento-lhe várias aulas autossuficientes de direito processual civil, com o objetivo de
lhe disponibilizar, de forma prática e completa, o substrato de conteúdo necessário para ter o
melhor desempenho possível na prova.
Esta aula, assim como as demais aulas em PDF, foi elaborada de modo que você possa
tê-la como fonte autossuficiente de estudo, isto é, como um material de estudo completo e
capaz de possibilitar um aprendizado tão integral quanto outros meios de estudo.
A preferência por aulas em PDF e/ou vídeos pertence a cada aluno, que, individualmente,
avalia suas facilidades e necessidades, a fim de encontrar seus meios de estudo ideais. Dessa
forma, o aluno pode optar pelo estudo com aulas em PDF e vídeos, ou somente com um ou
outro meio.
Aqueles que preferem estudar somente com materiais em PDF terão o privilégio de contar
com as aulas em PDF autossuficientes do nosso curso, a exemplo desta aula. De qualquer
forma, nada impede que as aulas em PDF sejam utilizadas como fonte de estudos de forma
aliada com as aulas em vídeo do Gran Cursos Online. Tudo depende, unicamente, da preferên-
cia de cada aluno.
Nesta aula, estudaremos os seguintes tópicos da Direito Processual Civil:
• Princípios do direito processual civil e garantias constitucionais do processo;
• Eficácia, aplicação e interpretação da lei processual civil;
• Normas fundamentais do processo civil;
• Aplicação das normas processuais (direito intertemporal e subsidiariedade/supletivida-
de).
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Gustavo Deitos
Caso fique com alguma dúvida após a leitura da aula, por favor, envie-a a mim por meio do
Fórum de Dúvidas, e eu, pessoalmente, a responderei o mais rápido possível. Será um grande
prazer verificar sua dúvida com atenção, zelo e profundidade, e com o grande respeito que
você merece.
Bons estudos!
Seja imparável!
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Gustavo Deitos
Exemplo
Os prazos processuais não podem ser relevados ou flexibilizados sem justa causa. Confira o
que dispõe o art. 223 do CPC:
“Art. 223. Decorrido o prazo, extingue-se o direito de praticar ou de emendar o ato processual,
independentemente de declaração judicial, ficando assegurado, porém, à parte provar que não
o realizou por justa causa”.
Esta norma ilustra com perfeição o caráter cogente e imperativo das normas processuais. A
inobservância dessas regras sujeita as partes às consequências jurídicas da inobservância. A
perda de um prazo processual, por exemplo, sujeita a parte a uma consequência que também
é prevista em lei: extinção do direito de praticar o ato processual, o que pode implicar efeitos
muito desfavoráveis na decisão de mérito final (sentença ou acórdão), a depender do contexto.
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Gustavo Deitos
Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às partes ple-
namente capazes estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da causa
e convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou durante o
processo.
Parágrafo único. De ofício ou a requerimento, o juiz controlará a validade das convenções previstas
neste artigo, recusando-lhes aplicação somente nos casos de nulidade ou de inserção abusiva em
contrato de adesão ou em que alguma parte se encontre em manifesta situação de vulnerabilidade.
Art. 191. De comum acordo, o juiz e as partes podem fixar calendário para a prática dos atos pro-
cessuais, quando for o caso.
§ 1º O calendário vincula as partes e o juiz, e os prazos nele previstos somente serão modificados
em casos excepcionais, devidamente justificados.
§ 2º Dispensa-se a intimação das partes para a prática de ato processual ou a realização de audiên-
cia cujas datas tiverem sido designadas no calendário.
Os dois artigos acima dispõem, respectivamente, sobre a convenção das partes para mu-
dança do procedimento de acordo relativamente aos seus ônus, poderes, faculdades e deveres
processuais e sobre a fixação de calendário para prática de atos processuais.
Veja: tais artigos permitem que as partes obedeçam a um procedimento mais flexível, di-
ferente daquele imposto pela lei. Nas situações em que as convenções e os calendários forem
possíveis, a norma processual civil será de caráter dispositivo, isto é, poderá a norma ser “dis-
posta” pelas partes, o que conferirá à norma uma imperatividade menor.
Professor, quer dizer que as normas processuais são imperativas, mas que em algumas
situações essa imperatividade não existirá?
Não é tão simples assim, caro(a) aluno(a). Muito embora algumas regras procedimentais
sejam maleáveis pelas partes – nos termos dos artigos 190 e 191 –, a imperatividade da nor-
ma processual nunca desaparecerá, uma vez que a fixação de calendários e a realização de
convenções processuais dependerá sempre da homologação do juiz. Portanto, a imperativi-
dade da norma processual é comprovada pelo fato de que, para a flexibilização dessa norma,
deverão ser atendidos os requisitos fixados pela própria norma.
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− 3) Cronologia. As normas de igual ou superior espécie que sejam mais recentes re-
vogam, tacitamente, no todo ou em parte, as normas anteriores que com elas forem
incompatíveis (art. 2º, § 1º, Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro).
A eficácia da lei processual tem direta relação com os resultados da sua interpretação, por
parte do jurista. Os efeitos da interpretação podem ser extensivos/ampliativos, restritivos ou
estáticos.
• EXTENSIVOS/AMPLIATIVOS: O sentido e o alcance da norma são maiores do que o sig-
nificado dos termos e das expressões de seu texto.
• RESTRITIVOS: O sentido e o alcance da norma são menores do que o significado dos
termos e das expressões de seu texto.
• ESTÁTICOS: O sentido e o alcance da norma são idênticos aos dos termos e expressões
constantes da norma.
Para proporcionar uma fixação rápida da estrutura do que estudamos, apresento o seguin-
te mapa mental:
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Gustavo Deitos
Art. 16. A jurisdição civil é exercida pelos juízes e pelos tribunais em todo o território nacional, con-
forme as disposições deste Código.
Veja, portanto, que a jurisdição (ato de dizer o direito) ocorre em todo o território nacional.
Como a jurisdição (forma de dizer o direito) é regulamentada pelo direito processual civil, con-
clui-se, logicamente, que as normas processuais civis se aplicam em todo o território nacional.
Já quanto à aplicação da lei processual civil no tempo, é necessário considerarmos dois
aspectos: a vigência da norma e sua forma de aplicação intertemporal.
Vigência: A lei processual civil obedece à regra de vigência estabelecida na Lei de Introdu-
ção às Normas do Direito Brasileiro (LINDB), que, em seus artigos 1º e 2º, dispõe:
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Gustavo Deitos
Art. 1º Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias de-
pois de oficialmente publicada.
§ 1º Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três
meses depois de oficialmente publicada.
§ 2º REVOGADO
§ 3º Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção, o
prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação.
§ 4º As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova.
O intervalo temporal existente entre a publicação da lei e o início de seu vigor chama-se
vacatio legis. O CPC, conforme o art. 1.045, submeteu-se à vacatio legis específica de um ano.
Logo, as normas do CPC passaram a vigorar depois de um ano da data de sua publicação.
Art. 2º Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revo-
gue.
§ 1º A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incom-
patível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.
§ 2º A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga
nem modifica a lei anterior.
§ 3º Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido
a vigência.
A exemplo das outras normas jurídicas, o vigor da norma processual civil existirá até que
uma lei posteriormente publicada a modifique ou revogue, ou até que uma nova lei disponha
sobre temas de forma incompatível com as normas da lei anterior.
Obs.: As normas do CPC são consideradas normas especiais. Portanto, se uma norma geral,
que não de destine a regular especificamente algum aspecto processual, dispuser
sobre um tema de forma incompatível com o CPC, prevalecerá a regra do CPC, por ser
norma especial, ainda que mais antiga que a lei nova.
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O princípio, portanto, serve como uma diretriz geral à formação das regras, orientando
seus âmbitos de aplicabilidade e efetividade, de forma restritiva, estática ou, até mesmo, am-
pliativa, de acordo com as necessidades do caso concreto. Diante da inexistência de uma regra
positivada e expressa, o princípio poderá servir de norma concreta, recebendo a modulação e
o balizamento por parte do aplicador do direito: o juiz.
Os princípios podem ter hierarquia constitucional ou infraconstitucional. Os de hierarquia
constitucional, como o próprio nome diz, são previstos no texto da Constituição, enquanto os
demais têm previsão nos textos das legislações ordinárias e complementares (CPC, Lei da
Ação Civil Pública, Lei do Mandado de Injunção, Lei do Mandado de Segurança etc.).
Antes de estudá-los um a um, é necessário compreender que os princípios possuem três
funcionalidades: interpretativa, integrativa e normativa.
• Função Interpretativa: o princípio ajuda o operador do Direito a escolher a interpretação
mais adequada de determinada norma. Esta função se evidencia, por exemplo, quando
qualquer artigo do CPC com sentido dúbio é interpretado em favor da menor onerosida-
de ao devedor ou da segurança jurídica de uma das partes ou de terceiros.
• Função Integrativa: o princípio pode ser utilizado para suprir lacuna de norma do CPC.
Portanto, os princípios têm o papel de auxiliar o aplicador da lei a suprir uma lacuna no
texto da lei, seja a lacuna normativa, ontológica ou axiológica.
− LACUNAS NORMATIVAS: não existe norma para o caso concreto. Portanto, o aplica-
dor da lei deverá encontrar meio integrativo para sanar a omissão (aplicação analógi-
ca de norma semelhante, princípios, costumes etc.).
− LACUNAS ONTOLÓGICAS: existe uma norma para o caso concreto, mas essa norma
sofreu um drástico envelhecimento diante do direito moderno, sendo historicamente
incompatível com o caso concreto. Pelo fato de o atual CPC ser muito recente (2015),
esta espécie de lacuna praticamente não é apontada no processo civil, a não ser
quando a norma pertença a diploma legal diverso do CPC (leis processuais esparsas,
como a Lei da Ação Civil Pública, Lei do Mandado de Segurança etc.).
− LACUNAS AXIOLÓGICAS: existe uma norma para o caso concreto, mas essa norma
tornou-se injusta em razão de circunstâncias de tempo ou de contexto, e sua aplica-
ção ao caso formaria situação clara de injustiça.
• Função Normativa: o princípio, em razão de traduzir preceito que deve ser observado
na seara processual, tem força de norma. Geralmente, o conteúdo dos princípios acaba
sendo abordado com algum artigo de lei, como, por exemplo, o caso do art. 141 do CPC,
que diz: “O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes, sendo-lhe vedado
conhecer de questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige iniciativa da parte”. Esse
artigo cria regra que corresponde a nada mais que os princípios da adstrição ou congru-
ência e da inércia/dispositivo, de que também trataremos adiante.
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Art. 1º O processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado conforme os valores e as normas
fundamentais estabelecidos na Constituição da República Federativa do Brasil, observando-se as
disposições deste Código.
Os princípios aplicáveis ao direito processual civil que têm previsão constitucional são, lo-
gicamente, conhecidos como princípios constitucionais do processo. No entanto, todos esses
princípios, que estudaremos a seguir, têm também características de atos-regra.
Ao estudarmos cada princípio constitucional aplicável ao processo, notaremos que todos
eles têm, além de funções informativas e integrativas, uma função normativa. Como se sabe,
tradicionalmente, a força normativa é característica de atos-regra, mas a era do pós-positivis-
mo vem alterando tal lógica para atribuir aos princípios, igualmente, força normativa.
Em razão dessa moderna força normativa dos princípios, várias regras basilares do pro-
cesso – justamente insculpidas na Constituição – figuram como verdadeiras garantias cons-
titucionais: não podem ser suprimidas de nenhum processo, por mais especial que seja o
interesse envolvido ou o bem jurídico tutelado sobre o qual se discuta.
Por conseguinte, devemos estudar os princípios constitucionais do processo civil tendo
em mente que eles figuram como garantias mínimas de todos os sujeitos do processo.
Obs.: A nulidade será relativa (ato anulável) ou absoluta (ato nulo de pleno direito). Na aula
em que abordarmos as nulidades, aprofundaremos neste ponto.
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Exemplo: para que um devedor tenha seus bens penhorados, faz-se necessário que o exequen-
te (autor da fase de conhecimento) requeira a execução, e que o juiz determine a expedição do
competente mandado de penhora de bens.
Este princípio é relativamente novo no direito brasileiro interno, mas já vinha sendo reco-
nhecido em razão de ser garantido em norma jurídica internacional (Pacto de San José da
Costa Rica). A Emenda Constitucional n. 45/2004 introduziu ao art. 5º da Constituição o inciso
LXXVIII, que preceitua: “a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoá-
vel duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação”.
O sentido de razoabilidade não é sólido, mas, diante de uma realidade prática de excessiva
demora na tramitação de processos, fica seguro interpretar a razoabilidade como eliminação
da demora injustificada. Deverá passar nada mais que o tempo necessário para que o proces-
so tramite de forma transparente e juridicamente correta.
De modo a conferir um sentido ainda mais abrangente, o art. 4º do CPC dispõe: “As partes
têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade sa-
tisfativa”. Veja: este artigo garante não somente a duração do processo em tempo razoável.
Ele garante, também, o direito a um resultado processual de mérito, inclusive com a satisfação
do direito.
Não é suficiente a duração razoável do processo como um todo. Ao final desta espera, o
cidadão deverá receber a tutela jurisdicional integral, que se traduz na solução (resolução)
integral do mérito. Como se não bastasse, o Novo CPC ainda dá ao cidadão-jurisdicionado o
direito à atividade satisfativa em período razoável.
Obs.: Atividade satisfativa consiste no uso dos meios necessários para que o direito reco-
nhecido pelo juiz seja efetivado e entregue à parte que o postulou (cumprimento de
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sentença, execução, poder geral de efetivação do juiz, dentre outras formas). Não se
preocupe: no curso, estudaremos todas as referidas formas de efetivação do direito
reconhecido.
Professor, quer dizer que a resolução do mérito e a execução das decisões é garantida a
todos os jurisdicionados?
Não é bem assim, caro(a) aluno(a). Embora exista uma preferência pela resolução do mé-
rito dos processos e pela racionalização da satisfação do direito (mediante cumprimento de
sentença ou execução, por exemplo), todo processo se sujeitará às normas processuais que
condicionam a resolução do mérito e as formas de execução. Explico.
O art. 485 do CPC estabelece hipóteses em que o processo será extinto sem análise do mé-
rito. Algumas delas são falta de interesse processual, falta de legitimidade, inépcia da petição
inicial, dentre outras. Portanto, de modo geral, a decisão de mérito, em tempo razoável, será
buscada pelo juiz, desde que não exista motivo legalmente imposto para que o processo seja
extinto sem exame do mérito.
Ademais, a garantia de duração razoável à atividade satisfativa significa que o cumprimen-
to das decisões, quando o exequente assim requerer, deverá ser procedido pelo juiz da forma
que, no caso concreto, proporcione maiores chances de satisfação do direito. As execuções
e cumprimentos não podem ficar reféns de usos e procedimentos sabidamente inócuos e/ou
inoportunos naquele caso concreto: devem ser adotadas as formas mais rápidas e efetivas
para que o credor (exequente) seja pago ou receba o que lhe é de direito.
É claro que a escolha das formas céleres/efetivas de execução deverá sempre observar o
devido processo legal. O mesmo raciocínio vale pela busca da decisão de mérito efetiva, em
tempo razoável.
Princípio do Contraditório
O princípio do contraditório é insculpido no art. 5º, inciso LV, da Constituição: “aos litigan-
tes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o con-
traditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”. No CPC, o princípio do
contraditório é evidenciado nos artigos 9º e 10º:
Art. 9º Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida.
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica:
I – à tutela provisória de urgência;
II – às hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311, incisos II e III;
III – à decisão prevista no art. 701.
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Extrai-se do art. 9º que, como regra geral, todas as decisões só serão proferidas após a
parte afetada ser ouvida, isto é, manifestar-se sobre os fatores que influenciem na decisão a
ser tomada. Esta regra possui algumas exceções.
Há situações expressamente prescritas no CPC que permitem a prolação de decisões sem
que a parte afetada tenha oportunidade de se manifestar sobre os fatores relevantes. Essas
hipóteses correspondem ao chamado contraditório diferido (ou “postergado”). São elas:
• Tutela provisória de urgência: quando a parte contrária formular pedido de tutela de
urgência (art. 300: probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado
útil do processo), o juiz poderá conceder ou denegar a tutela provisória de urgência sem
ouvir a parte contrária.
• Hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311, incisos II e III. Tais hipóteses são:
− Tutela de evidência formulada quando as alegações de fato puderem ser comprova-
das apenas documentalmente e houver tese firmada em julgamento de casos repeti-
tivos ou em súmula vinculante;
− Tutela de evidência formulada quando se tratar de pedido reipersecutório fundado em
prova documental adequada do contrato de depósito, caso em que será decretada a
ordem de entrega do objeto custodiado, sob cominação de multa.
• Expedição de mandado de pagamento, de entrega de coisa ou para execução de obriga-
ção de fazer ou de não fazer, nas ações monitórias, quando o direito do autor for consi-
derado evidente pelo juiz.
Obs.: Não se preocupe, agora, com os aspectos mais complexos das hipóteses acima. Todos
serão aprofundados nas aulas pertinentes a cada item (aulas sobre tutela provisória e
ação monitória).
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Se o juiz entender que a ação ajuizada pelo autor é idêntica a uma ação já em curso (caso
de litispendência, que acarreta a extinção do processo sem resolução do mérito), ele deverá
oportunizar ao autor um prazo para que se manifeste sobre a possibilidade de as duas ações
serem, ou não, idênticas.
Note que o juiz pode extinguir o processo sem resolução do mérito em razão de litispendência
de ofício, por força do art. 485, § 3º, do CPC. Mesmo assim, ele deverá oportunizar às partes
a manifestação sobre o fundamento que utilizaria para a decisão: litispendência.
Para ilustrar:
O autor, o réu e, no que couber, os terceiros intervenientes deverão ser tratados com igual-
dade, no sentido de que os instrumentos assegurados tenham paridade entre si. Uma parte
não pode ter, por natureza, armas que não possam ser contra-atacadas pela parte contrária, e
vice-versa.
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Gustavo Deitos
Os critérios para o exercício da defesa, o atendimento dos ônus, o cumprimento dos deve-
res e a sujeição às sanções processuais devem ser iguais para todas as partes, na medida de
suas desigualdades.
Aqui, a ideia de igualdade não é a de uma igualdade de tratamento rigorosa e cega (igual-
dade formal). A igualdade “na medida das desigualdades” traduz-se no que se chama de igual-
dade material ou igualdade real. Igualdade material/real é a verdadeira isonomia.
Diante da veneração à isonomia (igualdade material/real), a lei pode criar situações em que
uma parte tenha privilégios que a outra não possua, em razão de um preexistente desequilíbrio
natural entre as partes. Logo, trata-se de colocá-las em patamar de equilíbrio processual, a fim
de que as desigualdades naturais das partes não se traduzam em desequilíbrio no processo. A
ideia de isonomia fundamenta-se, ideologicamente, no propósito de alcance da justiça efetiva.
Exemplos:
1) O Código de Defesa do Consumidor (CDC), que instituiu algumas regras de direito processu-
al, possibilita que o juiz inverta o ônus da prova sempre que o consumidor seja hipossuficiente
ou suas alegações sejam verossímeis (art. 6º, inciso VIII, CDC)
2) O art. 1.048 do CPC estabelece um rol de sujeitos que possuem direito à tramitação proces-
sual prioritária, com maior rapidez (maiores de 60 anos e portadores de doença grave).
3) Os prazos concedidos à Fazenda Pública e ao Ministério Público são dobrados, em virtude
do grande volume de processos nos quais estes entes devem se manifestar e participar.
LIII – ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;
XXXVII – não haverá juízo ou tribunal de exceção;
O juiz competente para processar e julgar uma ação é aquele determinado pela lei e pela
Constituição Federal, de acordo com regras de competência definidas em razão da matéria,
do lugar, da função, da pessoa e do valor. Todas estas regras são preexistentes, e devem obri-
gatoriamente ser consideradas para a definição do juiz ou órgão jurisdicional que processará
e julgará a ação.
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Não é possível que as partes escolham, aleatoriamente, o órgão jurisdicional que aprecia-
rá a causa. O mais próximo que as partes podem chegar de “selecionar” um juiz é a celebração
de contratos com cláusula de eleição de foro. Todavia, mesmo assim, o princípio do juiz na-
tural se evidencia pelo fato de que somente o foro eleito é que poderá ser o competente para
apreciar a causa, por mais que as partes desejem, no momento da ação, que outro juiz seja o
competente. Isso sem falar que o foro eleito pelas partes poderá ser anulado em determinadas
situações.
Outrossim, não é possível que um órgão jurisdicional seja criado de forma excepcional
para a apreciação de uma causa. Trata-se de uma proibição ao juízo ou tribunal de exceção.
Os órgãos competentes para a apreciação das causas devem ser previamente existentes e
competentes.
Exemplos:
1) O art. 102, inciso I, alínea a, da Constituição Federal atribui ao Supremo Tribunal Federal a
competência funcional para processar e julgar a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou
ato normativo federal ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato
normativo federal. Portanto, esta norma de competência em razão da função deve ser obser-
vada diante do ajuizamento das referidas ações.
2) O art. 109, inciso II, da Constituição Federal atribui à Justiça Federal (juízes federais) a com-
petência material para processar e julgar as causas entre Estado estrangeiro ou organismo
internacional e Município ou pessoa domiciliada ou residente no País. Portanto, esta norma
de competência em razão da matéria deve ser observada diante do ajuizamento das referidas
causas.
3) O art. 46 do CPC atribui ao juiz do foro de domicílio do réu a competência territorial para
processar e julgar a ação fundada em direito pessoal ou em direito real sobre bens móveis.
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Exemplos:
1) O Ministério Público Federal deverá ser presentado por um de seus membros (Procurador
da República) nas causas de competência do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal
de Justiça, dos Tribunais Regionais Federais e dos Juízes Federais, e dos Tribunais e Juízes
Eleitorais e nas causas de competência de quaisquer juízes e tribunais, para defesa de direitos
e interesses dos índios e das populações indígenas, do meio ambiente, de bens e direitos de
valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico, integrantes do patrimônio nacional
(art. 37 da Lei Complementar n. 75 de 1993).
2) O Ministério Público Estadual deverá ser presentado por promotor de justiça lotado na área
criminal em ações penais, ou pelo substituto legal/regimental deste promotor, em suas ausên-
cias ou impedimentos.
Em regra, os atos processuais devem ser públicos, sob pena de nulidade. Somente nos ca-
sos previstos em lei é que os atos do processo poderão ser sigilosos, restritos a determinadas
pessoas. Tal princípio é insculpido no art. 93, inciso IX:
Art. 93, IX – todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas
todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos,
às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do
direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação;
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De acordo com o art. 11, parágrafo único, do CPC, “nos casos de segredo de justiça, pode
ser autorizada a presença somente das partes, de seus advogados, de defensores públicos ou
do Ministério Público”.
O art. 189 do CPC traça quatro hipóteses em que os processos tramitarão em segredo
de justiça:
Art. 189. Os atos processuais são públicos, todavia tramitam em segredo de justiça os processos:
I – em que o exija o interesse público ou social;
II – que versem sobre casamento, separação de corpos, divórcio, separação, união estável, filiação,
alimentos e guarda de crianças e adolescentes;
III – em que constem dados protegidos pelo direito constitucional à intimidade;
IV – que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimento de carta arbitral, desde que a confi-
dencialidade estipulada na arbitragem seja comprovada perante o juízo.
Em suma:
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gador. É necessário que seja possível o conhecimento das razões que levaram o julgador a
pender pelo sentido adotado na circunstância.
A motivação das decisões é o alicerce do contraditório, da ampla defesa, da boa-fé e do
devido processo legal. Se uma decisão judicial não for devidamente fundamentada, diversos
princípios constitucionais e infraconstitucionais serão direta ou indiretamente violados.
Tal princípio também é insculpido no art. 93, inciso IX:
Art. 93, IX – todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas
todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos,
às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do
direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação;
O juiz não pode, de ofício, conhecer de questões não suscitadas pelas partes. São estas
que levam ao juiz a matéria para ser julgada. O juiz somente poderá se pronunciar de ofício
quando a lei permitir, geralmente em casos de matéria de ordem pública (como necessidade
de intimação do Ministério Público, declaração de impedimento etc.).
Este princípio tem seu conteúdo fixado no art. art. 141 do CPC e na partícula inicial do art.
2º, também do CPC, que preceituam:
Art. 141. O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes, sendo-lhe vedado conhecer de
questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige iniciativa da parte.
Art. 2. O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as ex-
ceções previstas em lei.
Como regra geral, todo processo é iniciado por parte daquele que alega ser titular do direito
pleiteado na ação. O juiz somente atuará após esta iniciativa. O juiz é perfeitamente inerte, isto
é, não tutela o direito das pessoas por iniciativa própria. É necessária a demanda, por parte das
pessoas, para que o juiz se valha dos instrumentos jurídicos legalmente assegurados para a
tutela jurisdicional.
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Após as partes apresentarem o processo e suas alegações, o juiz deverá, de ofício, dar o
impulso adequado ao processo a fim de que ele efetivamente tramite (a grosso modo, que o
processo “ande”), intimando as partes para apresentarem oportunas manifestações, desig-
nando audiências, determinando diligências imprescindíveis etc. O juiz só poderá deixar de
impulsionar o processo se a lei, expressamente, exigir o pedido da parte, como no caso do
cumprimento de sentença que ordena o pagamento de quantia certa, que depende de requeri-
mento formal do autor (exequente), conforme o art. 513, § 1º, do CPC.
Este princípio encontra expressão no segundo elemento frasal do art. 2º do CPC, que dis-
põe: “o processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as
exceções previstas em lei”.
A forma dos atos processuais, caso não seja observada de maneira rigorosa, não causará
a nulidade do ato se a sua finalidade for atingida. Este princípio é consubstanciado no art. 277
do CPC, que dispõe:
Art. 277. Quando a lei prescrever determinada forma, o juiz considerará válido o ato se, realizado de
outro modo, lhe alcançar a finalidade.
Art. 239, § 1º: O comparecimento espontâneo do réu ou do executado supre a falta ou a nulidade
da citação, fluindo a partir desta data o prazo para apresentação de contestação ou de embargos à
execução.
Exemplo:
Na prática, não há diferença de validade entre a parte ser citada por Correios ou por Oficial de
Justiça, contanto que a finalidade do ato (dar ciência à parte) seja atendida. Só haverá nuli-
dade se o resultado do ato não corresponder à sua finalidade, como, por exemplo, no caso de
intimação de parte desassistida de advogado mediante Diário Eletrônico, pois nesta situação
fica evidente a quase absoluta impossibilidade de a parte ter ciência do teor da intimação, ante
a ineficácia real do meio.
A parte ré deverá se manifestar, em sua contestação, sobre toda a matéria que deva arguir
em sua defesa, presumindo-se verdadeiro tudo o que não for impugnado. Cada fato narrado
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na petição inicial deve ser impugnado de forma específica. Em regra, é inapropriada a impug-
nação genérica a todos os pedidos, sem especificações.
Este princípio encontra expressão no art. 341 do CPC, que também estabelece exceções a
ele próprio:
Art. 341. Incumbe também ao réu manifestar-se precisamente sobre as alegações de fato constan-
tes da petição inicial, presumindo-se verdadeiras as não impugnadas, salvo se:
I – não for admissível, a seu respeito, a confissão;
II – a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considerar da substância do
ato;
III – estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto.
Parágrafo único. O ônus da impugnação especificada dos fatos não se aplica ao defensor público,
ao advogado dativo e ao curador especial.
Como regra geral, se um ou mais fatos da petição inicial não forem impugnados pelo réu,
tais fatos serão presumidos como verdadeiros, o que produz o efeito da confissão do réu. Con-
tudo, há situações em que o efeito da confissão não será implementado, mesmo que o réu não
apresente impugnação aos fatos pertinentes. A respeito deste tema, estudaremos em nossa
aula direcionadas à Defesa do Réu (contestação, reconvenção, revelia e confissão).
Princípio da Eventualidade
No momento (evento) previsto em lei, a parte deverá alegar toda matéria de defesa de sua
pretensão. Este princípio encontra expressão no art. 336 do CPC: “Incumbe ao réu alegar, na
contestação, toda a matéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito com que impug-
na o pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir”.
Após o referido momento processual, a parte não poderá apresentar sua defesa nas mes-
mas condições em que poderia apresentar no momento oportuno.
Muitos confundem, no início, os sentidos dos princípios da impugnação especificada e
da eventualidade. Abaixo, apresento a basilar diferenciação entre eles, de modo que você não
os confunda:
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§ 3º Se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o tribunal deve decidir desde logo
o mérito quando:
I – reformar sentença fundada no art. 485* [*extinção do processo sem resolução do mérito];
II – decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente com os limites do pedido ou da
causa de pedir* [*sentença ultra petita, extra petita ou citra petita];
III – constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que poderá julgá-lo;
IV – decretar a nulidade de sentença por falta de fundamentação.
§ 4º Quando reformar sentença que reconheça a decadência ou a prescrição, o tribunal, se possível,
julgará o mérito, examinando as demais questões, sem determinar o retorno do processo ao juízo
de primeiro grau.
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Princípio da Imediatidade/Imediação
É o próprio juiz da causa quem colhe a prova diretamente, deferindo sua produção ou de-
terminando-a, por própria iniciativa. O juiz da causa deve, na medida do possível, ter contato
pessoal e direto com as partes e com a produção da prova, apreciando-a diretamente e, quan-
do possível, acompanhando sua coleta (como no caso da prova testemunhal).
Expressão evidente deste princípio consta do art. 370 do CPC: “Caberá ao juiz, de ofício ou
a requerimento da parte, determinar as provas necessárias ao julgamento do mérito.”.
A extinção do processo sem resolução do mérito é medida a ser aplicada somente quando
for absolutamente impossível a correção de vícios e irregularidades. Dessa forma, sendo o
vício sanável e não sendo caso de vício urgente ou absoluto, o juiz deverá dar à parte prazo
para corrigi-lo, exceto se a lei expressamente determinar a extinção imediata do processo sem
resolução do mérito.
Este princípio encontra expressão em alguns artigos do CPC, em especial os artigos 317 e
488, que, respectivamente, dispõem:
Art. 317. Antes de proferir decisão sem resolução de mérito, o juiz deverá conceder à parte oportu-
nidade para, se possível, corrigir o vício.
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Art. 488. Desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte
a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485 [extinção sem resolução do
mérito].
Merece ponderação, desde já, a regra do art. 488. Acompanhe o seguinte exemplo prático.
Exemplo
João ajuíza ação de cobrança contra Gabriel. O juiz, de plano, verifica que a petição inicial de
João é inepta, e concede-lhe o prazo de 15 dias para corrigir o vício. João permaneceu inerte,
e o juiz resolve extinguir o processo sem resolução do mérito, em razão da inépcia da petição
inicial (art. 485, inciso I).
Antes de o juiz publicar a sentença de extinção sem resolução do mérito, Gabriel apresenta
provas cabais de que a dívida cobrada por João estaria prescrita. João, intimado para se mani-
festar sobre tais provas, nada alega. Neste caso, o juiz – convencido da ocorrência da pres-
crição – deverá resolver o mérito da ação, reconhecendo a ocorrência da prescrição. Afinal
de contas, a prescrição da dívida refere-se ao mérito da ação, pois o instituto da prescrição
pertence ao direito material (incide sobre as relações jurídicas materiais, e não sobre os pres-
supostos processuais).
Professor, qual é a razão de haver uma preferência pela resolução do mérito, quando for
possível?
Caro(a) aluno(a), se o processo for extinto com resolução do mérito, será formada a coisa
julgada material. Este fenômeno tornará imutável e indiscutível a questão suscitada na ação
(no exemplo acima, trata-se da exigibilidade de uma dívida). Se o processo fosse extinto sem
resolução do mérito, por inépcia da petição inicial, o réu permaneceria com receio de que nova
ação fosse ajuizada posteriormente. Sendo o mérito resolvido, o réu poderá ficar tranquilo: não
será processado novamente pelo mesmo motivo.
Veja: embora o réu fosse beneficiado pela extinção do processo sem resolução do mérito
(que forma apenas a coisa julgada formal), é melhor, para ele, que o processo seja extinto com
resolução do mérito, pois dessa forma constrói-se a coisa julgada material, que impede a re-
discussão da matéria.
Obs.: Entende-se por coisa julgada material a força impositiva que torna imutável e indiscutí-
vel a decisão de mérito não mais sujeita a recurso. Já a coisa julgada formal restringe-
-se à impossibilidade de manifestação, sobre a causa, no mesmo processo, em razão
de este ter sido extinto. No caso da coisa julgada formal, o mérito da ação (alegações
do autor e do réu) não é apreciado.
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DICA
A coisa julgada formal não impede o ajuizamento de nova ação
acerca da mesma causa;
A coisa julgada material IMPEDE o ajuizamento de nova ação
sobre a mesma causa.
As partes, mesmo tendo interesses distintos, devem cooperar entre si em busca de deci-
são judicial efetiva, justa e célere. Como decorrência, as partes têm, especialmente, os deveres
de denunciar eventuais irregularidades e vícios processuais e respeitar as faculdades proces-
suais da parte contrária, além de esclarecer todos os pontos necessários para a resolução de
pontos processuais de forma justa e de boa-fé.
Este princípio passou a ter expressão legal no CPC, especificamente no art. 6º: “Todos os
sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, deci-
são de mérito justa e efetiva”.
Outra expressão deste princípio consta do art. 357, § 3º, do CPC:
Art. 357, § 3º. Se a causa apresentar complexidade em matéria de fato ou de direito, deverá o juiz
designar audiência para que o saneamento seja feito em cooperação com as partes, oportunidade
em que o juiz, se for o caso, convidará as partes a integrar ou esclarecer suas alegações.
O princípio que abordaremos abaixo tem detalhes que devo destacar, para evitar equívocos
comuns acerca de sua interpretação.
Art. 1.012, § 3º. O pedido de concessão de efeito suspensivo nas hipóteses do § 1º poderá ser for-
mulado por requerimento dirigido ao:
I – tribunal, no período compreendido entre a interposição da apelação e sua distribuição, ficando o
relator designado para seu exame prevento para julgá-la;
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Conclusão: o Princípio da Identidade Física do Juiz não existe mais em primeiro grau (Varas),
mas continua existindo nos tribunais (TJ, TRF, STJ, STF etc.).
O juiz tem liberdade para apreciar as provas apresentadas e/ou produzidas no processo,
desde que indique, em suas decisões, os fundamentos (motivos) em que se amparou ao tomar
a decisão naquele caso concreto. Trata-se da exposição dos fundamentos fáticos e jurídicos,
relacionados às provas dos autos, que levaram o juiz a tomar a decisão.
Em termos mais simples, o juiz é livre para formar seu convencimento acerca dos fatos e
das provas apresentadas, devendo, em contrapartida, expor os motivos que o levaram a formar
seu convencimento num ou noutro sentido.
O princípio acima é imbuído no conteúdo do art. 371 do CPC:
O juiz apreciará a prova constante dos autos, independentemente do sujeito que a tiver promovido,
e indicará na decisão as razões da formação de seu convencimento.
Princípio da Boa-Fé
Professor, já ouvi falar da expressão “litigância de má-fé”, e sei que o conceito de boa-fé
não é dos mais concretos. Afinal, de que formas o princípio da boa-fé poderia ser objeti-
vamente tido como violado?
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Art. 322, § 2º. A interpretação do pedido considerará o conjunto da postulação e observará o prin-
cípio da boa-fé.
Art. 489, § 3º. A decisão judicial deve ser interpretada a partir da conjugação de todos os seus ele-
mentos e em conformidade com o princípio da boa-fé.
É claro que, na doutrina processual brasileira, você encontrará vários outros princípios, com
diversos nomes. Entretanto, estes aqui tratados são os mais relevantes em se tratando de co-
brança em prova, por serem os mais repetidos, de forma ampla e destacada. Posso garantir a
você que os princípios acima elencados cobrem, seguramente, 99% das questões de concur-
sos que versem diretamente sobre princípios processuais civis.
Existem princípios muito específicos de partes do direito processual civil, como no direi-
to probatório (relativo às provas) – caso do princípio da comunhão da prova – e no tema
pertinente às audiências – caso do princípio da concentração. Em razão da particularidade
desses princípios e da necessária correlação deles com certos temas (provas e audiências,
por exemplo), eles serão tratados juntamente com seus conteúdos basilares, isto é, nas aulas
específicas.
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Art. 13. A jurisdição civil será regida pelas normas processuais brasileiras, ressalvadas as disposi-
ções específicas previstas em tratados, convenções ou acordos internacionais de que o Brasil seja
parte.
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A título informativo: a principal norma de direito internacional que contém regras processu-
ais aplicáveis ao processo civil brasileiro é a Convenção Americana sobre Direitos Humanos,
também conhecida como Pacto de San José da Costa Rica.
O CPC contempla um capítulo específico para o regramento dos limites da jurisdição dos
órgãos judiciários brasileiros. Tal regramento consiste na determinação das hipóteses em que
o Poder Judiciário do Brasil poderá processar e julgar uma demanda, diante de uma possível
relação do conflito com o poder de império de Estados estrangeiros.
Essa relação com o poder de império estrangeiro pode decorrer de diversos fatores, como:
nacionalidade do autor ou do réu, nacionalidade de terceiros interessados, local da prática de
um ato discutido, local de surgimento dos resultados de um ato praticado e discutido, dentre
vários outros.
Art. 14. A norma processual não retroagirá e será aplicável imediatamente aos processos em curso,
respeitados os atos processuais praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a vigência da
norma revogada.
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Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasi-
leiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualda-
de, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XXXVI – a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;
DIREITO ADQUIRIDO: Não há uma definição expressa de direito adquirido. Segundo Celso
Bastos, seguido por Alexandre de Moraes, o direito adquirido é um instituto que permite ao
sujeito sentir-se seguro em sua vida, uma vez que as novas legislações e interpretações não
poderão retroagir para tirar dele um direito legitimamente concedido. Basicamente, devem ser
honrados os compromissos assumidos com o cidadão que batalhou por um direito “seguindo
as regras do jogo”.
Exemplo: um caso prático que muito bem ilustra o direito adquirido é o direito do candidato
aprovado em concurso público, dentro do número de vagas previstas no edital, ser nomeado
pelo órgão promotor do certame.
ATO JURÍDICO PERFEITO: É o ato que reuniu todos os elementos necessários à sua forma-
ção diante da lei antiga, e cujo processo de desenvolvimento e conclusão já se esgotou.
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Exemplo: decisão judicial que concede um prazo permitido pela lei revogada, mas que a lei
nova proíbe.
Obs.: o conceito clássico de coisa julgada diz respeito à coisa julgada material: decisão de
mérito não mais sujeita a recurso, imutável e indiscutível (art. 502 do CPC).
É cabível registrar que o caput do art. 1.046 do CPC estabelece a mesma regra de direito
intertemporal do art. 14, nos seguintes termos:
Art. 1.046. Ao entrar em vigor este Código, suas disposições se aplicarão desde logo aos processos
pendentes, ficando revogada a Lei n. 5.869, de 11 de janeiro de 1973.
Art. 1.047. As disposições de direito probatório adotadas neste Código aplicam-se apenas às pro-
vas requeridas ou determinadas de ofício a partir da data de início de sua vigência.
O Capítulo XII do CPC, que versa sobre as disposições de direito probatório (incidentes
probatórios, prazos, restrições etc.) aplica-se apenas às provas que forem requeridas pelas
partes após a entrada em vigor do Novo CPC, ou determinadas de ofício pelo juiz após o mes-
mo momento. As provas requeridas ou determinadas antes da entrada em vigor do Novo CPC
devem reger-se pelas regras do CPC de 1973.
Quanto às regras especiais relativas aos prazos processuais, é necessário conhecer dois
enunciados do Fórum Permanente de Processualistas Civis (FPPC):
Enunciado n. 267. Os prazos processuais iniciados antes da vigência do CPC serão inte-
gralmente regulados pelo regime revogado.
Enunciado n. 268. A regra de contagem de prazos em dias úteis só se aplica aos prazos
iniciados após a vigência do Novo Código.
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to, os prazos que já tiverem começado antes da entrada em vigor do Novo CPC (antes de
18/03/2016) serão contados em dias corridos, como dispõe o CPC de 1973.
Dessa forma, somente os prazos iniciados após o dia 18/03/2016 é que serão contados
em dias úteis. Trata-se da regra aplicável aos prazos em geral: contestação, recurso, réplica,
encargos processuais etc.
Art. 15. Na ausência de normas que regulem processos eleitorais, trabalhistas ou administrativos,
as disposições deste Código lhes serão aplicadas supletiva e subsidiariamente.
O Código de Processo Civil é um diploma normativo extenso, que não se limita a disciplinar
as formas de provocação e impulso dos processos sob responsabilidade do Poder Judiciário.
Na verdade, o CPC é um diploma técnico e analítico, que apresenta, inclusive, institutos jurídi-
cos cujas utilidades transcendem o campo do tratamento de processos de natureza cível.
A título de exemplo, cito os artigos 144 e 145 do CPC, que enumeram as causas de impe-
dimento e de suspeição dos juízes, as quais se aplicam a todos os sujeitos imparciais do pro-
cesso (art. 148 do CPC). A enumeração de motivos de impedimento e de suspeição é algo que
pode ser utilizado como parâmetro em outros ramos do direito, a fim de subsidiar eventuais
análises de (im)parcialidade de determinados sujeitos. Afinal, a imparcialidade dos julgadores
é um pressuposto de validade da relação processual (se se tratar de um processo judicial) e
de atos administrativos (se se tratar de processos administrativos que antecedem atos admi-
nistrativos principais).
Exemplo:
A Lei n. 9.784/99, em seu art. 18, apresenta os motivos de impedimento dos julgadores de pro-
cessos administrativos:
Art. 18. É impedido de atuar em processo administrativo o servidor ou autoridade que:
I – tenha interesse direto ou indireto na matéria;
II – tenha participado ou venha a participar como perito, testemunha ou representante, ou se
tais situações ocorrem quanto ao cônjuge, companheiro ou parente e afins até o terceiro grau;
III – esteja litigando judicial ou administrativamente com o interessado ou respectivo cônjuge
ou companheiro.
Perceba que a enumeração constante do CPC é bem mais ampla que a prevista nessa citada
legislação. Você concordaria com o fato de que um julgador, numa primeira instância adminis-
trativa, não poderia ser o mesmo julgador da segunda? Afinal, as chances de efetiva reanálise
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da questão seriam remotas, concorda? Logo, seria possível valer-se do art. 144, inciso II do
CPC, que dispõe: “Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer suas funções no proces-
so: (...) II – de que conheceu em outro grau de jurisdição, tendo proferido decisão”.
Exemplo:
A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que detém um título destinado principalmente ao
direito processual do trabalho, não trata sobre diversos institutos de direito processual impres-
cindíveis à completa e segura atividade jurisdicional. Por exemplo, a CLT nada dispõe sobre
ações possessórias, mesmo que a Justiça do Trabalho seja competente para processá-las e
julgá-las quando decorrentes do exercício do direito de greve (Súmula Vinculante n. 23 do STF).
Logo, é necessário que os juízes e tribunais da Justiça do Trabalho recorram aos artigos 554 e
seguintes do CPC, que regulamentam o procedimento especial da ação possessória.
Perceba que, nestes dois exemplos, havia tipos diversos de lacunas. No primeiro exemplo,
existia norma aplicável ao processo administrativo, mas tal norma era insuficiente para o atin-
gimento dos fins lá perseguidos. Já no segundo exemplo, não existia norma alguma aplicável
ao processo trabalhista, de modo que as disposições do CPC socorrem os julgadores da seara
trabalhista por completo.
Estudamos anteriormente que existem três espécies amplamente reconhecidas de lacu-
nas. Para tornar seu estudo e sua revisão mais rápidos, transcrevo-as:
− LACUNAS NORMATIVAS: não existe norma para o caso concreto. Portanto, o aplica-
dor da lei deverá encontrar meio integrativo para sanar a omissão.
− LACUNAS ONTOLÓGICAS: existe uma norma para o caso concreto, mas essa norma
sofreu um drástico envelhecimento diante do direito moderno, sendo historicamente
incompatível com o caso concreto. Pelo fato de o atual CPC ser recente (2015), esta
espécie de lacuna praticamente não é apontada no processo civil, a não ser quando a
norma pertença a diploma legal diverso do CPC.
− LACUNAS AXIOLÓGICAS: existe uma norma para o caso concreto, mas essa norma
tornou-se injusta em razão de circunstâncias de tempo ou de contexto, e sua aplica-
ção ao caso formaria situação clara de injustiça.
No primeiro exemplo trazido, tínhamos uma lacuna ontológica, e, no segundo, uma lacuna
normativa.
Para o suprimento dessas lacunas, o CPC pode ser invocado como fonte subsidiária ou
supletiva (art. 15).
Apresento-lhe a diferença entre aplicação subsidiária e aplicação supletiva/suplementar:
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Por mais que um diploma normativo (CLT, Lei de Processo Administrativo, Lei de Licitações
etc.) seja omisso a respeito de um tema, a norma do CPC, embora aplicada subsidiária ou
supletivamente, nem sempre poderá ser aplicada na íntegra. Às vezes, é necessária a flexibili-
zação da norma do CPC a ser aplicada, tendo em vista peculiaridades basilares do outro ramo
do Direito.
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liminar do pedido. O art. 332, inciso I, do CPC dispõe que será liminarmente improcedente o
pedido que contrariar enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribu-
nal de Justiça.
O caput do art. 12 é muito explorado pelas bancas, em razão de ter tido sua redação alterada
pouco tempo antes da entrada em vigor do CPC de 2015, quando este diploma já havia sido
sancionado e publicado, apesar de ainda vivenciado o período de vacatio legis.
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Ora, faria sentido o juiz ser obrigado a julgar 5 (cinco) processos dificílimos (levando, para
tanto, muito tempo) para, somente depois, julgar um processo com questão de mérito muito
fácil de ser analisada e julgada? Não, não faria muito sentido. É claro que, na vida real, situ-
ações abusivas também não fariam sentido, como julgar 20 (vinte) processos mais simples
para apenas ao final julgar um processo mais complexo. Neste caso, as partes do processo
complexo é que seriam prejudicadas.
Em atenção a isso, e diante de pressão das associações e entidades representativas dos
magistrados, o Poder Legislativo alterou o art. 12, tornando apenas preferencial a observância
da ordem de conclusão de processos para a prolação de sentenças e acórdãos.
A lógica da alteração, pela Lei n. 13.256/2016, é deixar ao Poder Judiciário a tarefa de ad-
ministrar, discricionariamente, a ordem de prolação de sentenças e acórdãos.
Dada a facultatividade da observância da ordem cronológica, as disposições dos parágra-
fos do art. 12 do CPC têm pouca aplicação no mundo prático. Nem todos os tribunais do Brasil
cumprem o dever de elaborar lista de processos aptos a julgamento, para consulta pública,
e praticamente não existem instrumentos de controle dessa ordem por parte dos órgãos de
correição do Poder Judiciário. Isso, por certo, esvazia a efetividade da regra, que, não obstante,
continua vigente e eficaz.
Todavia, apesar desses problemas, é imprescindível conhecer as regras do caput e dos
parágrafos do art. 12 para sua prova.
§ 1º A lista de processos aptos a julgamento deverá estar permanentemente à disposição para con-
sulta pública em cartório e na rede mundial de computadores.
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Ao se ler cada inciso, pode-se perceber que todos eles guardam um motivo lógico e racio-
nal que justifica que eles “furem a fila”, a fim de que uma sentença ou um acórdão seja profe-
rido antes dos demais.
Exemplo: Se uma petição inicial for indeferida, após a concessão de prazo para a parte emen-
dar a petição inicial, não há razão para que a sentença de extinção do processo sem resolu-
ção do mérito (art. 485, inciso I, CPC) fique numa fila de várias sentenças complexas. Isso,
se existisse, ofenderia vários princípios constitucionais, em especial da duração razoável do
processo. Afinal, embora não se saiba qual é o tempo razoável de tramitação de um processo,
certamente não seria razoável que uma sentença de extinção sem mérito, por indeferimento
da petição inicial, demorasse seis meses para ser proferida. Afinal, trata-se de sentença tão
simples que, geralmente, é elaborada com base em modelo à disposição do magistrado. É por
isso que existe a hipótese do inciso IV, no § 2º.
Para a prova, é importante ler atentamente cada inciso do § 2º, para não deixar que a ban-
ca utilize um deles como pegadinha, sugerindo que não seja uma das exceções à observância
(preferencial) da ordem.
§ 3º Após elaboração de lista própria, respeitar-se-á a ordem cronológica das conclusões entre as
preferências legais.
Há processos que têm preferência de tramitação. Veja o que dispõe o art. 1.048 do CPC:
Art. 1.048. Terão prioridade de tramitação, em qualquer juízo ou tribunal, os procedimentos judi-
ciais:
I – em que figure como parte ou interessado pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta)
anos ou portadora de doença grave, assim compreendida qualquer das enumeradas no art. 6º, inci-
so XIV, da Lei n. 7.713, de 22 de dezembro de 1988;
II – regulados pela Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente).
III – em que figure como parte a vítima de violência doméstica e familiar, nos termos da Lei n.
11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha). (Incluído pela Lei n. 13.894, de 2019)
IV – em que se discuta a aplicação do disposto nas normas gerais de licitação e contratação a que
se refere o inciso XXVII do caput do art. 22 da Constituição Federal. (Incluído pela Lei n. 14.133, de
2021)
Os processos mencionados nos incisos I a IV, por envolverem sujeitos específicos ou ma-
térias específicas, têm prioridade de tramitação, e devem ser conduzidos e impulsionados da
maneira mais célere que os demais processos pelo Poder Judiciário.
As preferências dos incisos I a IV são:
1) Processos envolvendo pessoas com 60 anos ou mais, na qualidade de partes ou de
terceiros interessados;
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2) Processos envolvendo pessoas com doença grave, sendo tal uma das mencionadas no
rol do art. 6º, XIV, Lei n. 7.713/88).
3) Processos regulamentados pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), como os
de destituição do poder familiar, de guarda etc.
4) Processos em que figure como parte a vítima de violência doméstica e familiar (somen-
te como parte!).
Obs.: A quarta hipótese de tramitação preferencial foi instituída pela Lei n. 13.894/2019.
O inciso IV foi incluído pela Lei n. 14.133/2021, que é a nova Lei de Licitações e Contratos Ad-
ministrativos.
5) Processos que tenham como causa de pedir próxima (legislação aplicável) qualquer dis-
positivo da lei que trata de Licitações e Contratos Administrativos (Lei n. 14.133/2021), ou a Lei
n. 8.666/93, que, embora substituída, continuou sendo aplicável a algumas situações, mesmo
após a entrada em vigor da lei nova.
Deve ser formada uma lista, com a ordem cronológica de conclusão para julgamento, ape-
nas com os processos que detém prioridade de tramitação.
Logo, devem existir duas listas: uma para os processos em geral que não possuem trami-
tação prioritária, e outra para aqueles que devem tramitar com prioridade (art. 1.048 do CPC).
§ 4º Após a inclusão do processo na lista de que trata o § 1º, o requerimento formulado pela parte
não altera a ordem cronológica para a decisão, exceto quando implicar a reabertura da instrução ou
a conversão do julgamento em diligência.
§ 5º Decidido o requerimento previsto no § 4º, o processo retornará à mesma posição em que ante-
riormente se encontrava na lista.
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DICA!
Regra geral: requerimentos não alteram a posição na ordem.
Exceções: instrução ou diligência.
§ 6º Ocupará o primeiro lugar na lista prevista no § 1º ou, conforme o caso, no § 3º, o processo que:
I – tiver sua sentença ou acórdão anulado, salvo quando houver necessidade de realização de dili-
gência ou de complementação da instrução;
II – se enquadrar na hipótese do art. 1.040, inciso II.
O § 6º apresenta hipóteses em que processos, mesmo que não tenham prioridade de tra-
mitação por nenhum motivo, ocuparão o primeiro lugar na “fila” para julgamento. São estas as
hipóteses:
1) Quando o tribunal da instância superior anula a sentença ou o acórdão, como, por exem-
plo, por ausência de fundamentação. Neste caso, a nova sentença ou o novo acórdão será
prolatado rapidamente, por ocupar o primeiro lugar na ordem cronológica (“fila”), a não ser que,
em decorrência da anulação, seja necessária alguma instrução probatória ou diligência.
Exemplo: Se uma sentença for anulada por cerceamento de defesa, por ter o juiz indeferido a
oitiva de uma testemunha, a sentença não ocupará o primeiro lugar na fila, pois será necessá-
ria a reabertura da instrução para a oitiva da testemunha.
2) Quando um acórdão de TJ ou TRF for contrário à tese fixada pelo STF/STJ em Julgamen-
to dos Recursos Extraordinário e Especial Repetitivos, caso em que o TJ/TRF aplicará a tese
fixada, reformando de imediato o acórdão recorrido. Veja que essa reforma é feita diretamente
no TJ/TRF.
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QUESTÕES DE CONCURSO
001. (VUNESP/PREFEITURA DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO – SP/PROCURADOR DO MUNI-
CÍPIO/2019) Assinale a alternativa que apresenta o princípio e sua respectiva característica.
a) Princípio do livre convencimento motivado: o poder do juiz de decidir, fundamentadamente,
de acordo com sua convicção jurídica, observando os fatos e as provas existentes no processo.
b) Princípio da instrumentalidade: determina que todos os atos processuais devem ser infor-
mados aos envolvidos e aos seus respectivos procuradores.
c) Princípio da disponibilidade: o direito de ação não pode ser negado àqueles que se sentirem
lesados em seus direitos.
d) Princípio do juiz natural: cabe ao juiz dar continuidade ao procedimento, em cada uma de
suas etapas, até a conclusão.
e) Princípio do direito de ação: possibilidade que os cidadãos têm de exercer, ou não, os seus
direitos, perante à Administração Pública e ao Poder Judiciário.
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c) A norma processual não retroagirá e será aplicável imediatamente aos processos em curso,
respeitados os atos processuais praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a vigên-
cia da norma revogada.
d) A jurisdição civil será regida pelas normas processuais brasileiras, ressalvadas as disposi-
ções específicas previstas em tratados, convenções ou acordos internacionais de que o Brasil
seja parte.
e) Os juízes e os tribunais deverão obedecer à ordem cronológica de conclusão para proferir
sentença ou acórdão.
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não resultarem piora da situação processual de qualquer das partes. O que for em benefício
da parte, sempre retroagirá.
d) Desse dispositivo decorre a aplicação do sistema da unidade processual, de modo que,
ocorrendo alteração da norma processual em meio à tramitação de um feito, ele não surtirá
qualquer efeito, permanecendo a norma revogada em plena vigência.
e) A referência a “situações jurídicas consolidadas sob a vigência da norma revogada” diz
respeito apenas e tão somente a questões de direito material resolvidas sob a égide da norma
anterior, não guardando qualquer relação com questões de direito formal.
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o juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do
qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria
sobre a qual deva decidir de ofício (art. 10º).
Tais normas atendem ao princípio
a) Contraditório.
b) Inércia.
c) Primazia do mérito.
d) Motivação das decisões judiciais.
e) Inafastabilidade da jurisdição.
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e) Sobre a aplicação da lei processual no tempo, diverso das condições da ação que é regulada
pela lei vigente quando da propositura da ação, à resposta do réu é aplicada aquela em vigor
quando do surgimento do ônus da defesa produzido pela citação.
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A cooperação entre as partes não é necessária para assegurar uma razoável duração do pro-
cesso, uma vez que cada uma delas tem seus próprios interesses na demanda.
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A lei aplicável para a fixação do regime jurídico referente a verba honorária de sucumbência
em primeiro grau é aquela vigente na data da sentença que impõe honorários sucumbenciais,
sendo irrelevante, para essa finalidade, a identificação de eventual norma que vigorasse na
data do ajuizamento da ação.
043. (CESPE/TJ-PA/JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO/2019) Após ser elaborada lista que con-
tinha a ordem cronológica de conclusão para proferir sentença, a parte requereu prioridade no
julgamento, alegando urgência. O juiz, no entanto, indeferiu o pedido, por não ter vislumbrado
a urgência alegada.
Nessa situação hipotética, o processo retornará para a lista na
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a) mesma posição em que ocupava caso o juiz entenda que o pedido não era meramente
protelatório.
b) mesma posição que ocupava, independentemente da constatação de necessidade de con-
versão em diligência.
c) mesma posição que ocupava, se não houver necessidade de reabertura da instrução.
d) última posição entre os que já estavam na lista quando da apresentação do pedido pelo autor.
e) última posição, se o juiz entender que o pedido era manifestamente incabível.
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GABARITO
1. a 37. C
2. c 38. E
3. c 39. C
4. d 40. C
5. d 41. a
6. e 42. d
7. a 43. c
8. e 44. E
9. a 45. E
10. e
11. b
12. b
13. a
14. e
15. a
16. a
17. e
18. d
19. E
20. d
21. E
22. C
23. E
24. C
25. E
26. E
27. C
28. C
29. E
30. E
31. C
32. C
33. E
34. C
35. E
36. C
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GABARITO COMENTADO
001. (VUNESP/PREFEITURA DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO – SP/PROCURADOR DO MUNI-
CÍPIO/2019) Assinale a alternativa que apresenta o princípio e sua respectiva característica.
a) Princípio do livre convencimento motivado: o poder do juiz de decidir, fundamentadamente,
de acordo com sua convicção jurídica, observando os fatos e as provas existentes no processo.
b) Princípio da instrumentalidade: determina que todos os atos processuais devem ser infor-
mados aos envolvidos e aos seus respectivos procuradores.
c) Princípio da disponibilidade: o direito de ação não pode ser negado àqueles que se sentirem
lesados em seus direitos.
d) Princípio do juiz natural: cabe ao juiz dar continuidade ao procedimento, em cada uma de
suas etapas, até a conclusão.
e) Princípio do direito de ação: possibilidade que os cidadãos têm de exercer, ou não, os seus
direitos, perante à Administração Pública e ao Poder Judiciário.
a) Certa. O juiz pode decidir conforme suas razões, desde que respeite as regras processuais,
especialmente as do contraditório sobre fatos e provas. Tal princípio também é denominado
“princípio da persuasão racional”.
b) Errada. O princípio da instrumentalidade determina que “quando a lei prescrever determina-
da forma, o juiz considerará válido o ato se, realizado de outro modo, lhe alcançar a finalidade”
(art. 277 do CPC).
c) Errada. Disponibilidade corresponde ao poder do autor de dispor de seu direito, renunciando-
-o ou transigindo sobre ele, ou, ainda, abrindo mão de reivindicá-lo.
d) Errada. Tal princípio refere-se à necessidade de se observar as regras de competência pre-
viamente fixadas para a seleção do órgão jurisdicional que processará e julgará a ação.
e) Errada. O princípio da inafastabilidade de jurisdição (direito de ação) dispõe que não se pode
excluir da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito. Trata-se de uma dinâmica
muito diferente de um mero exercício de direitos perante a Administração Pública.
Letra a.
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c) do impulso processual/oficial.
d) da oficialidade.
e) da disponibilidade e indisponibilidade.
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Letra c.
Para você, que conhece a definição básica dos princípios, a questão é tranquila. Obter em pra-
zo razoável: duração razoável do processo ou celeridade; solução integral do mérito (primazia
da decisão de mérito); solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa (efetividade:
satisfazer/efetivar o direito reconhecido).
Letra d.
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a) Errada. O princípio da isonomia garante que sujeitos desiguais sejam tratados de forma di-
ferenciada, de modo que se restaure o equilíbrio universal. Como o MP e a Fazenda possuem
muitos processos para acompanhamento e manifestação, torna-se isonômico assegurar-lhes
prazo dobrado para manifestações em geral. É, inclusive, um exemplo clássico de isonomia,
trazido em aula.
b) Errada. O princípio do juiz natural possui, no mínimo, três dimensões: proibição de juízos e
tribunais de exceção, garantia do cidadão a se submeter a um julgamento por juiz competente
e pré-constituído e, ainda, a imparcialidade do juiz.
c) Errada. O CPC de 2015 ainda permite que o contraditório seja diferido (postecipado). As
hipóteses constam do rol do art. 9º, parágrafo único.
d) Certa. O dever de esclarecimento, como decorrência do princípio da cooperação processual,
é expressamente definido no art. 357, § 3º, que dispõe:
Se a causa apresentar complexidade em matéria de fato ou de direito, deverá o juiz designar audiên-
cia para que o saneamento seja feito em cooperação com as partes, oportunidade em que o juiz, se
for o caso, convidará as partes a integrar ou esclarecer suas alegações.
A prevenção de equívocos, a assistência e o auxílio ao deslinde do feito são deveres implicita-
mente integrantes da ideia de cooperação.
e) Errada. O art. 8º prevê expressamente os referidos princípios, exceto o da moralidade e o da
impessoalidade.
Letra d.
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nestes e nos demais processos. Os demais princípios citados nas alternativas não têm cone-
xão direta com as circunstâncias narradas no enunciado.
Letra e.
A coisa julgada, assim como o ato jurídico perfeito e o direito adquirido, são três bens jurídicos
fundamentais (art. 5º, XXXVI, CF/88) relacionados à segurança jurídica, eis que os três insti-
tutos correspondem a elementos que não podem ser modificados ou afetados por leis poste-
riores. As demais alternativas não se aproximam, diretamente, da ideia de segurança jurídica.
Letra e.
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a) A atividade satisfativa da tutela jurisdicional deve ser prestada com duração razoável.
b) A exigência de comportamento com boa-fé, do Código de Processo Civil, aplica-se somente
às partes.
c) Há regra geral do Código de Processo Civil que permite que decisões sejam proferidas sem
a oitiva da parte afetada.
d) A cooperação processual é princípio que atinge apenas as partes, no Código de Processo Civil.
e) A solução consensual dos conflitos é incentivada somente em momentos pré-processuais.
a) Certa. De fato, o art. 4º do CPC garante às partes o direito de obter em prazo razoável a so-
lução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa.
b) Errada. Todos os sujeitos processuais (partes, juiz, promotores, terceiros intervenientes etc.)
devem comportar-se com boa-fé. O art. 5º dispõe:
Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de acordo com a boa-fé.
c) Errada. Em regra, a parte envolvida deve ser previamente ouvida (art. 9º do CPC).
d) Errada. O art. 6º dispõe que “todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que
se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva.”.
e) Errada. O art. 3º, § 3º. preconiza que:
A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deverão ser esti-
mulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público, inclusive no
curso do processo judicial.
Letra a.
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a) Errada. A questão pede pela alternativa incorreta, e esta encontra-se em conformidade com
o texto literal do art. 10 do CPC.
b) Errada. A questão pede pela alternativa incorreta, e esta encontra-se em conformidade com
o texto literal do art. 7º do CPC.
c) Errada. A questão pede pela alternativa incorreta, e esta encontra-se em conformidade com
o texto literal do art. 14 do CPC.
d) Errada. A questão pede pela alternativa incorreta, e esta encontra-se em conformidade com
o texto literal do art. 13 do CPC.
e) Certa. A questão pede pela alternativa incorreta, e esta contraria o disposto no art. 12, caput,
do CPC, que dispõe:
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A jurisdição civil será regida pelas normas processuais brasileiras, ressalvadas as disposições es-
pecíficas previstas em tratados, convenções ou acordos internacionais de que o Brasil seja parte.
II – Certa. A teoria (sistema) do isolamento dos atos processuais é fielmente reproduzida no
art. 14 do CPC:
A norma processual não retroagirá e será aplicável imediatamente aos processos em curso, respei-
tados os atos processuais praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a vigência da norma
revogada.
III – Errada. A aplicação de tais normas é em caráter supletivo e subsidiário, na verdade (art.
15 do CPC).
Letra b.
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o direito processual civil brasileiro, quanto ao direito intertemporal, adota a teoria do isolamen-
to dos atos processuais. Ademais, todas as situações jurídicas consolidadas, independente-
mente de terem caráter material ou processual, devem ser respeitadas (direito adquirido, ato
jurídico perfeito e coisa julgada). A coisa julgada é um claro exemplo de bem jurídico de direito
processual.
Letra b.
A norma processual não retroagirá e será aplicável imediatamente aos processos em curso, respei-
tados os atos processuais praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a vigência da norma
revogada.
Letra a.
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e) não possui efeito retroativo e se aplica, em regra, aos processos em curso, respeitados
os atos processuais praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a vigência da nor-
ma revogada.
As disposições de direito probatório adotadas neste Código aplicam-se apenas às provas requeri-
das ou determinadas de ofício a partir da data de início de sua vigência.
Portanto, as provas requeridas ou determinadas antes de 18/03/2016 (início da vigência do
CPC de 2015) serão reguladas pelo CPC de 1973, o anterior.
c) Errada. O período de vacatio legis do CPC de 2015 foi de um ano. Portanto, a entrada em
vigor ocorreu somente um ano após a data da publicação do diploma.
d) Errada. O art. 1.046, § 1º, do CPC dispõe que as disposições relativas ao procedimento su-
mário e aos procedimentos especiais que forem revogadas aplicar-se-ão às ações propostas
e não sentenciadas até o início da vigência do CPC de 2015.
e) Certa. Trata-se da fiel regra de direito intertemporal do art. 14 do CPC:
A norma processual não retroagirá e será aplicável imediatamente aos processos em curso, respei-
tados os atos processuais praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a vigência da norma
revogada.
Letra e.
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Questão tranquila, pois cobra os artigos que mais conhecidamente expressam o princípio do
contraditório, conforme nossa aula.
Letra a.
Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável,
decisão de mérito justa e efetiva.
É o princípio da cooperação processual.
b) Errada. O art. 7º dispõe:
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Esse é o princípio da
a) inclusão obrigatória, decorrente da dignidade humana e do mínimo existencial, tratando-se
de princípio constitucional e, simultaneamente, infraconstitucional do processo civil.
b) vedação a tribunais de exceção ou do juiz natural, tratando-se apenas de princípio constitu-
cional do processo civil.
c) legalidade ou obrigatoriedade da jurisdição, tratando-se apenas de princípio infraconstitu-
cional do processo civil.
d) reparação integral do prejuízo, tratando-se de princípio constitucional e também infracons-
titucional do processo civil.
e) inafastabilidade ou obrigatoriedade da jurisdição e é, a um só tempo, princípio constitucio-
nal e infraconstitucional do processo civil.
a) Errada. Tal princípio não é reconhecido pela doutrina majoritária como específico do pro-
cesso civil.
b) Errada. Tal princípio é o do juiz natural, em uma de suas facetas.
c) Errada. Ainda que fosse o princípio da legalidade (o que não é o caso), este princípio seria
constitucional, também (art. 5º, caput).
d) Errada. Tal princípio não é reconhecido pela doutrina majoritária como específico do pro-
cesso civil.
e) Certa. O caráter constitucional deste princípio encontra-se no art. 5º, inciso XXXV, e o caráter
infraconstitucional, no art. 3º, caput, do CPC.
Letra e.
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e) O dever de todos os sujeitos processuais, inclusive o perito, cooperarem para buscar a ob-
tenção de decisão que julgue o mérito da demanda judicial, em tempo razoável, de modo justo
e efetivo, não está previsto nas normas fundamentais do processo civil no Brasil.
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a) Errada. De fato, o processo civil pertence ao direito público, e o maior fundamento desta
premissa é sua estruturação básica na Constituição Federal, sem falar na necessidade de que
os valores e normas constitucionais informem o processo civil a todo tempo (art. 1º do CPC).
b) Errada. É da União a competência para legislar sobre direito processual, de fato (art. 22,
inciso I, CF/88).
c) Errada. Tais elementos são considerados fontes formais primárias do processo civil.
d) Certa. Na verdade, o juiz não pode se utilizar de prova sobre a qual as partes não tenham tido
oportunidade de se manifestar.
e) Errada. Pelo fato de as novas normas serem imediatamente aplicadas aos processos em
curso, os atos de defesa (como a contestação) sujeitar-se-ão às regras novas, se a contesta-
ção houver de ocorrer após a entrada em vigor do novo diploma.
Letra d.
Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoá-
vel, decisão de mérito justa e efetiva (art. 6º). Essa norma alcança o juiz, que é um dos sujeitos
processuais.
Errado.
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A efetividade é uma ideia que justamente se remete ao resultado real de alguma coisa. Logo,
o contraditório efetivo é aquele que apresenta, por resultado material e real, a oportunidade
de que a parte se direcione de forma contrária a fundamentos e fatos. Por esta razão, as ale-
gações das partes devem ser devidamente consideradas e fundamentadamente deferidas/
indeferidas pelo juiz. Portanto, a simples conferência de possibilidade formal de manifestação
(como prazo para manifestar-se nos autos) não corresponde a um contraditório efetivo, se as
alegações das partes não forem consideradas para a tomada da decisão judicial.
Certo.
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O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções
previstas em lei.
Certo.
Como regra geral, as partes devem ser previamente ouvidas antes das decisões, ainda que seja
proferíveis de ofício (art. 10 do CPC).
Errado.
Apesar da existência de interesses opostos numa lide, as partes devem cooperar entre si para
que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva (art. 6º do CPC). Trata-se
do princípio da cooperação processual.
Errado.
O devido processo legal é, por excelência, uma garantia contra a arbitrariedade de juízes e tri-
bunais, uma vez que a observância do procedimento objetivamente expresso em lei viabiliza
o tratamento isonômico (igual) de todos os litigantes. Esta garantia tende a dar efetividade ao
princípio constitucional da isonomia e ao da legalidade (art. 5º, caput, CF/88).
Certo.
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De fato, a solução litigiosa dos conflitos deve ocorrer, teoricamente, somente se a conciliação
for impossível, seja pela natureza do direito ou pela complexidade do conflito entre as partes.
Trata-se de depreensão da regra do art. 3º, § 2º, que dispõe:
O princípio do contraditório deve ser observado, em regra, até mesmo nas decisões proferíveis
de ofício. É o que dispõe o art. 10:
O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual
não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a
qual deva decidir de ofício.
Errado.
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A teoria (sistema) do isolamento dos atos processuais é fielmente reproduzida no art. 14 do CPC:
A norma processual não retroagirá e será aplicável imediatamente aos processos em curso, respei-
tados os atos processuais praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a vigência da norma
revogada.
Certo.
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decisão de mérito justa e efetiva.
Certo.
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O contraditório não é inafastável O art. 9º, parágrafo único, enuncia um rol de hipóteses em que
o contraditório não será prévio, mas, sim, posterior (diferido). São elas:
• Tutela provisória de urgência: quando a parte contrária formular pedido de tutela de
urgência (art. 300: probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado
útil do processo), o juiz poderá conceder ou denegar a tutela provisória de urgência sem
ouvir a parte contrária.
• Hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311, incisos II e III. Tais hipóteses são:
− Tutela de evidência formulada quando as alegações de fato puderem ser comprova-
das apenas documentalmente e houver tese firmada em julgamento de casos repeti-
tivos ou em súmula vinculante;
− Tutela de evidência formulada quando se tratar de pedido reipersecutório fundado em
prova documental adequada do contrato de depósito, caso em que será decretada a
ordem de entrega do objeto custodiado, sob cominação de multa.
• Expedição de mandado de pagamento, de entrega de coisa ou para execução de obriga-
ção de fazer ou de não fazer, nas ações monitórias, quando o direito do autor for consi-
derado evidente pelo juiz.
Errado.
A concessão de prazo para correção de vício que possa causar, em tese, uma extinção proces-
sual sem resolução do mérito é uma das facetas do princípio da primazia da decisão de mérito.
Confira o que dispõe o art. 317 do CPC:
Antes de proferir decisão sem resolução de mérito, o juiz deverá conceder à parte oportunidade
para, se possível, corrigir o vício.
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O princípio dispositivo orienta também a atividade probatória, impedindo que o juiz atue ativa-
mente na colheita da prova, determinando sua produção, por exemplo.
Embora esta questão seja mais relacionada ao conteúdo sobre provas, julgo importante desta-
car que o juiz pode, sim, determinar de ofício a produção de provas, justamente como expres-
são do princípio do impulso oficial. É a regra do art. 370 do CPC:
Quando a lei prescrever determinada forma, o juiz considerará válido o ato se, realizado de outro
modo, lhe alcançar a finalidade.
Certo.
É exatamente este o conceito de isonomia, que vale também para o Novo CPC: igualar os
iguais e desigualar os desiguais, mantendo-se um equilíbrio real.
Certo.
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Primeiramente, cabe salientar que o princípio da indeclinabilidade é tratado por alguns doutri-
nadores como parte integrante do princípio da inafastabilidade jurisdicional. Uma das facetas
deste princípio é que o juiz não pode deixar de decidir alegando lacuna no direito. Deverá o juiz,
sempre que necessário, buscar outras fontes do direito para julgar (art. 140, caput, CPC)
Errado.
A norma processual não retroagirá e será aplicável imediatamente aos processos em curso, respei-
tados os atos processuais praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a vigência da norma
revogada.
Como os honorários sucumbenciais somente surgem com a publicação da sentença, certa-
mente será aplicável a legislação vigente quando da publicação da sentença para regular o
item (sistema do isolamento dos atos processuais). No entanto, observo que a banca usou
o item da sucumbência para tratar do tema porque é justamente sobre ela que trata um dos
informativos publicados pelo STJ a respeito da aplicabilidade do CPC de 2015. O Informativo
n. 602 enuncia o seguinte:
Certo.
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A norma processual não retroagirá e será aplicável imediatamente aos processos em curso, respei-
tados os atos processuais praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a vigência da norma
revogada.
Certo.
A alternativa “a” é a única que apresenta item que não consta do rol do § 2º do art. 12 do CPC.
As demais alternativas configuram exceções à ordem preferencial do art. 12, por constarem
do rol do § 2º.
Letra a.
A alternativa “d” é a única que apresenta hipótese que consta do rol do § 2º do art. 12 do CPC.
Letra d.
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043. (CESPE/TJ-PA/JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO/2019) Após ser elaborada lista que con-
tinha a ordem cronológica de conclusão para proferir sentença, a parte requereu prioridade no
julgamento, alegando urgência. O juiz, no entanto, indeferiu o pedido, por não ter vislumbrado
a urgência alegada.
Nessa situação hipotética, o processo retornará para a lista na
a) mesma posição em que ocupava caso o juiz entenda que o pedido não era meramente
protelatório.
b) mesma posição que ocupava, independentemente da constatação de necessidade de con-
versão em diligência.
c) mesma posição que ocupava, se não houver necessidade de reabertura da instrução.
d) última posição entre os que já estavam na lista quando da apresentação do pedido pelo autor.
e) última posição, se o juiz entender que o pedido era manifestamente incabível.
Após a inclusão do processo na lista de que trata o § 1º, o requerimento formulado pela parte não
altera a ordem cronológica para a decisão, exceto quando implicar a reabertura da instrução ou a
conversão do julgamento em diligência.
Como o requerimento mencionado no enunciado da questão não implicou reabertura da ins-
trução ou conversão do julgamento em diligência, ele volta à posição em que se encontrava
(art. 12, § 5º).
Letra c.
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A jurisdição civil é exercida pelos órgãos nacionais, sendo respeitadas as disposições especí-
ficas previstas em tratados, convenções ou acordos internacionais de que o Brasil seja parte
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Professor de Cursos Preparatórios pra Concursos Públicos. Coach especialista em Concursos Públicos.
Servidor do TRT da 12ª Região.
Convocações: Técnico Judiciário do TRT da 12ª Região e Analista Judiciário do TRF da 3ª Região. Outras
aprovações: 8° lugar – TRT da 24ª Região – Analista Judiciário, 39° lugar – TST – Analista Judiciário e 48°
lugar – TRT da 24ª Região – Técnico Judiciário.
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