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Língua Inglesa:

Contextualização
Contextualizando a Língua Inglesa

Responsável pelo Conteúdo:


Profª. Me. Lauren Couto Fernandes

Revisão Técnica e Textual:


Prof.ª Dr.ª Luana de França Perondi Khatchadourian
Contextualizando a Língua Inglesa

• First Approach;
• Introdução;
• O Inglês como Língua Franca;
• Um Breve Passeio pela História da Língua Inglesa;
• O Inglês Antigo ou Anglo-Saxão (Old English or Anglo-Saxon) (449-1100);
• O Inglês Médio (1100-1500);
• O Inglês Moderno – Primeira Fase (1500-1800);
• O Inglês Moderno – Segunda Fase (1800 ao Presente).

OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Apresentar a cronologia da formação da Língua Inglesa;
• Compreender as características, peculiaridades e irregularidades da Língua Inglesa.
UNIDADE Contextualizando a Língua Inglesa

First Approach
Passe os olhos brevemente sobre a sinopse do filme Che abaixo.

Che is a two-part 2008 biopic about Argentine Marxist revolutionary Ernesto “Che” Guevara,
directed by Steven Soderbergh and starring Benicio del Toro. Rather than following a standard
chronological order, the films offer an oblique series of interspersed moments along the
overall timeline. Part One is entitled The Argentine and focuses on the Cuban Revolution
from the landing of Fidel Castro, Guevara, and other revolutionaries in Cuba to their successful
toppling of Fulgencio Batista’s dictatorship two years later. Part Two is entitled Guerrilla and
focuses on Guevara’s attempt to bring revolution to Bolivia and his demise. Both parts are shot in
a cinéma vérité style, but each has different approaches to linear narrative, camerawork, and the
visual look. Che is a two-part 2008 biopic about Argentine Marxist revolutionary Ernesto “Che”
Guevara, directed by Steven Soderbergh and starring Benicio del Toro. Rather than following a
standard chronological order, the films offer an oblique series of interspersed moments along
the overall timeline. Part One is entitled The Argentine and focuses on the Cuban Revolution
from the landing of Fidel Castro, Guevara, and other revolutionaries in Cuba to their successful
toppling of Fulgencio Batista’s dictatorship two years later. Part Two is entitled Guerrilla and
focuses on Guevara’s attempt to bring revolution to Bolivia and his demise. Both parts are shot
in a cinéma vérité style, but each has different approaches to linear narrative, camerawork,
and the visual look. Veja o trailer, disponível em: https://youtu.be/fqTw2dtVQzw

Confira na tabela abaixo as traduções para o português das palavras que estão
em destaque no texto.

Tabela 1
part parte moments momentos
revolutionary revolucionário entitled entitulado
directed dirigido different diferente
chronological cronológico linear linear
films filmes narrative narrativa
oblique oblíquo – –

Como você deve ter notado, as palavras em verde são muito parecidas com suas tra-
duções para o português. A maioria delas também se parece muito com suas traduções
para o francês também.

Porque será?

O conteúdo teórico desta unidade pretende oferecer respostas a essa pergunta e


também abrir caminho para nossos estudos da língua inglesa. Pretendemos aqui con-
tar um pouco da história do idioma inglês para que possamos compreender muitas
de suas peculiaridades em nossa jornada de aprendizado dessa língua.

Então, faça suas malas e venha nos acompanhar pelo rico processo de desenvol-
vimento da língua mais falada no mundo.

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Introdução
O primeiro objetivo desta unidade é apresentar uma breve cronologia da trajetó-
ria da língua inglesa através dos tempos e de contextualizá-la em nossos dias. Para
iniciarmos nossos estudos desta língua tão presente nas vidas de tantas pessoas em
tantos continentes e países, é essencial que conheçamos minimamente as origens,
os percursos e os movimentos desse idioma. Além disso é importante entender
como ele chegou aos nossos dias impondo-se como língua estrangeira obrigatória
em muitos currículos escolares por todo o mundo.

Nosso segundo objetivo aqui, é preparar nossos alunos para lidarem com a gra-
mática da língua inglesa, como: os verbos, os plurais das palavras e além da gramá-
tica trataremos também da pronúncia da língua em questão. Veremos ainda razões
históricas, políticas e sociais relacionados ao inglês.

O Inglês como Língua Franca


Segundo o linguista inglês David Crystal (2008), uma língua franca é aquela que
possibilita a comunicação no dia-a-dia entre pessoas que falam diferentes línguas.
Crystal (2008) também nos informa que a língua franca mais comumente falada em
nossos dias, no mundo todo, é a língua inglesa. Não podemos esquecer que além
desse aspecto, o inglês é também a língua mais frequentemente presente nos textos
das comunidades científicas, no campo da tecnologia e na internet. Como será que
isso se deu? Quais caminhos essa língua teria percorrido para ter penetrado em tan-
tas culturas por tanto tempo?

Um Breve Passeio pela


História da Língua Inglesa
Embora saibamos da importância das datas quando estudamos a história de um
país, de um povo ou de uma língua, é de extrema importância que, ao darmos nossos
primeiros passos para conhecer um pouco da história da língua inglesa, é relevante
lembrarmos do professor Antônio Bosi (1992) que nos lembra de que datas são ape-
nas “pontas de icebergs”; de que, assim como as pontas dessas gigantes estruturas de
gelo, são bem-vindas aos navegantes da história, pois nos alertam da grande massa
submersa abaixo delas. As datas nos orientam, nos lembram de acontecimentos im-
portantes, mas não devemos nos esquecer que cada um desses acontecimentos trará
sempre consigo uma extensa e complicada “massa” de outros acontecimentos.

Assim como fazemos ao estudar a história de um povo, ao estudo da história de


uma língua precisamos ter consciência de que nunca poderíamos assegurar quando

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UNIDADE Contextualizando a Língua Inglesa

uma língua foi usada pela primeira vez, saber exatamente quando mudou significati-
vamente, ou saber precisamente quando alguma comunidade ou povo passou a usá-la
como sua língua principal. Por isso, devemos estar conscientes de que as datas que
serão apresentadas a seguir representam apenas ilustrativamente momentos destaca-
dos no longo e complexo processo de desenvolvimento da história do idioma inglês.
Nossa história começa aqui:

Figura 1
Fonte: Thinkstock.com

Antes de iniciarmos nossa breve viagem pela história da língua inglesa, vamos ob-
servar a linha do tempo abaixo, que traz algumas das datas (aproximadas) da história
da língua inglesa:

Figura 2
Fonte: Acervo do conteudista

Tabela 2 – Termos da linha do tempo


Germanic tribes invade Tribos Germânicas invadem a Inglaterra
Old English Inglês Antigo
Missionaries Missionários
Vikings invade Invasões dos Vikings
OE written OE (Old English: “Inglês Antigo”) é escrito
Norman Conquest Conquista dos Normandos
Middle English Inglês Médio
Renaissance Renascimento
“Modern” English Primórdios do Inglês Moderno
Our English O Inglês de hoje

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O Inglês Antigo ou Anglo-Saxão
(Old English or Anglo-Saxon) (449-1100)
Como podemos observar na linha do tempo acima, o início da história da língua
inglesa associa-se, tradicionalmente, às invasões na Inglaterra de três tribos germâni-
cas: Os Anglos, os Saxões e os Jutos. Quatro séculos antes, a ilha havia sido invadida
e dominada por legiões romanas, que vinham conquistando territórios para Roma
por todo sul da Europa e norte da África. Com o colapso do Império Romano por
volta do século V d.C., as legiões foram gradualmente convocadas para retornar à
Roma. Ao abandonar a ilha britânica, as legiões que ali haviam se instalado deixaram
para trás uma frágil população celta que havia sido romanizada, conhecidos como
Bretões. Por volta dessa época, essa população passou a sofrer constantes ataques
das tribos celtas mais violentas que habitavam a porção norte da ilha, os Pictos. Com
o intuito de fortalecerem suas defesas, os Bretões chamaram, para virem ao seu
auxílio, tribos germânicas mercenárias que habitavam regiões que hoje conhecemos
como os Países Baixos, Dinamarca e norte da Alemanha. Veja abaixo um mapa que
ilustra essas primeiras invasões.

Figura 3
Fonte: Wikimedia Commons

As habilidades guerreiras desses mercenários germânicos contribuíram para que


pudessem afastar os violentos celtas do norte de maneira muito eficaz. Após um
intenso período de lutas, os Anglos, os Saxões e os Jutos, decidiram permanecer na
Grã Bretanha. Foi da conjunção dos dialetos germânicos falados por essas três tribos
que a língua inglesa nasceu.

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UNIDADE Contextualizando a Língua Inglesa

Sim, a língua inglesa tem origem germânica!

Assim como o Português se desenvolveu a partir do Latim, ao lado de suas lín-


guas irmãs o italiano, o espanhol, o francês e o romeno, a língua inglesa surgiu de
dialetos germânicos. Outras línguas modernas que compartilham essa mesma ori-
gem germânica são o alemão, o holandês, o sueco, o norueguês e o dinamarquês,
que são línguas oficiais faladas respectivamente na Alemanha (também na Áustria),
na Holanda, na Suécia, na Noruega e na Dinamarca.

Os Anglos, os Jutos e os Saxões


Segundo Ishtla Singh (2005), em uma das principais fontes de informação dos
primórdios da língua inglesa, A história eclesiástica das gentes dos anglos, o monge
Beda, no século VII d.C. aponta o ano de 449 d.C. como a data da chegada das pri-
meiras levas de tribos germânicas progenitoras da língua inglesa. Frequentemente,
para fins didáticos, cita-se com frequência essa mesma data quando se fala do nas-
cimento do idioma inglês.

Inicialmente, de acordo com o professor Michael Drout (2006), os Anglos es-


tabeleceram-se na costa leste (East Anglia), em Mercia e ao norte do rio Humber
(Northumbria), os Saxões assentaram-se ao sul em Sussex (os saxões do sul) e Wessex
(os saxões do oeste) e os Jutos fixaram-se em Kent, ao sudeste da ilha.

É bastante provável que os dialetos falados por essas tribos fossem muito seme-
lhantes, o suficiente para que os integrantes dessas tribos pudessem comunicar-se
entre si. O nome do país onde nasceu a língua inglesa provém do nome de uma
dessas tribos: Inglaterra “terra dos anglos” (England Anglo-land: a grafia mudou,
mas vejam como os sons de “engla” e “anglo” são parecidos). Daqui para frente, nos
referiremos a essas tribos como os ingleses e chamaremos de língua inglesa a língua
falada por eles. Vamos nos lembrar de que, embora essas tribos falassem dialetos
diferentes, foi dessa conjunção de dialetos que nasceu o inglês de hoje!

Aproximadamente um século após a chegada das tribos germânicas e as formações


de seus assentamentos pela ilha, por volta do século VI d.C., missões lideradas por
monges romanos e irlandeses começaram a estabelecer-se pela Inglaterra construindo
monastérios que rapidamente tornaram-se importantes centros de estudos e formação
de catequizadores, com a intenção de dar prosseguimento ao processo de cristianiza-
ção da Europa.

Esses missionários trouxeram consigo toda uma cultura relacionada ao cristianis-


mo. Essa cultura teve grande influência no desenvolvimento da língua inglesa. Foi
por volta dessa época, por exemplo, que várias palavras do latim começaram a en-
trar para o vocabulário dos falantes germânicos que foram gradualmente adotando a
religião Cristã como religião principal, incorporando a ela alguns elementos de suas
próprias religiões pagãs.

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Figura 4
Fonte: Wikimedia Commons

John Algeo (2010), professor emérito da Universidade da Geórgia, nos dá alguns


exemplos de algumas palavras que vieram do latim para o inglês nesse período: altar
(latim altare), apostle (latim apostolus), balsam (latim balsamum), mass (latim missa,
mais tarde messa), martyr (latim martyr), angel (angelus). Em português, essas pala-
vras significam, respectivamente: altar, apóstolo, bálsamo, missa e mártir – embora
imaginemos que vocês já tivessem reconhecido o significado dessas palavras, pois
vieram do latim, de onde a nossa própria língua originou. Por esses exemplos e outros,
começamos a perceber que, ao prosseguirmos em nosso estudo da língua inglesa, ire-
mos encontrar muitas palavras que, de certa forma, já conhecemos. Cuidado, então,
antes de dizer: “Não sei nada em inglês!”

Trocando Ideias...
Como veremos mais para frente, em estágios mais adiantados da língua inglesa, prin-
cipalmente durante o renascimento e com o surgimento da imprensa, o latim fez novas
incursões na língua inglesa e trouxe milhares de palavras latinas para o idioma.

Outra coisa importante que os missionários cristãos trouxeram em sua bagagem


foi o alfabeto latino. Lembrando o que aprendemos acima, as tribos germânicas,
cujas línguas dariam origem à língua inglesa, não tinham um sistema de escrita com
exceção dos pequenos textos que produziam com o alfabeto rúnico, composto de ca-
racteres conhecidos como runas. As runas eram desenhadas basicamente com linhas
retas e eram usadas para escrever textos curtos, ou pequenos poemas celebrativos e
os meios usados eram madeira ou pedra. O fato de as runas serem feitas com linhas
retas facilitava a escrita nesses meios.

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UNIDADE Contextualizando a Língua Inglesa

Figura 5
Fonte: Wikimedia Commons

O alfabeto latino passou, então, a ser usado para registrar, em inglês, os textos
poéticos e religiosos que começavam a ser produzidos na Inglaterra. Os monges trou-
xeram consigo o uso do pergaminho; porções de peles de animais nas quais se escre-
via com tinta. Com suas curvas e arcos feitos pela tinta deslizando pelos pergami-
nhos, o alfabeto latino possibilitou que o inglês fosse escrito com mais facilidade e
com mais frequência.

Assim, orações em latim passaram a ser tra-


duzidas para o inglês, novas orações eram re-
gistradas e poemas começavam a ser escritos.
A língua inglesa florescia vigorosamente. Se-
gundo Melvyn Bragg (2003), o inglês tornava-se
uma língua madura o suficiente para expressar
a experiência humana com sutileza e precisão:
nasciam por volta dessa época os primeiros po-
emas em inglês antigo. O poema épico Beo-
wulf, escrito provavelmente entre os séculos
VIII e X d.C., é um bom exemplo dessa energia
poética que a língua inglesa já era capaz de
expressar. O poema narra dois eventos da his-
tória de um guerreiro chamado Beowulf, que
defende seu povo do monstro Grendel. Beowulf
é considerado um dos mais belos textos escritos
em inglês antigo.

Esse florescimento da língua, no entanto,


Figura 6
não se daria sem alguns percalços; que quase Fonte: Wikimedia Commons

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chegaram a decretar a morte do inglês. Uma das ameaças mais significativas veio de
uma região que chamamos hoje de Escandinávia: os temidos guerreiros vikings.

As Invasões dos Vikings


Por questões econômicas ou políticas desconhecidas, os Vikings, deixaram suas ter-
ras natais, a Dinamarca e a Noruega, para conquistar novos territórios pela Europa.
Vindos primeiramente da Dinamarca e depois da Noruega, esses exímios navegadores
começaram a aportar na Inglaterra e estabelecer colônias entre os séculos 8 e 9 d.C.

Os vikings possuíam um remoto parentesco - linguístico e sanguíneo – com as


tribos germânicas já estabelecidas na Inglaterra(os anglos, saxões e jutos, que viemos
a conhecer nos parágrafos anteriores). De acordo com Hans Störig (2006), os vikings
não teriam entrado na ilha apenas como guerreiros e piratas, mas fundaram várias
cidades e povoados, com os nomes geográficos terminados em –by (povoado) como
por exemplo, Derby – ou –toft – Lowestoft. Trouxeram consigo sua cultura, e claro,
sua língua, um dialeto também germânico: o nórdico antigo. A presença de dezenas
de palavras provenientes do nórdico antigo na língua inglesa falada nos dias de hoje
nos diz que, com o passar dos séculos, houve constante aproximação entre os an-
glos, os saxões e os jutos e seus parentes distantes, os vikings.

Os vikings foram gradualmente se estabelecendo na ilha, e acredita-se que, com


a convivência entre as tribos foi se tornando pacífica, um número maior de palavras
de origem nórdica passou a fazer parte do inglês antigo. As palavras de origem
nórdica que vieram para o inglês nessa época eram palavras de diversas categorias,
mais associadas à vida prática do dia-a-dia. Das pesquisas dos professores Albert
C. Baugh e Thomas Cable (2002) aprendemos que algumas dessas palavras são
os substantivos: band, bank, birth, bull, calf, crook, dirt, egg, fellow, freckle, gap,
guess, kid, leg, link, loan, race, reindeer, root, scab, scrap, seat, sister, skill, skin,
skirt, sky, slaughter, steak, trust, want, window. (Respectivamente, em português:
faixa, margem, nascimento, touro, bezerro, bandido, sujeira, ovo, camarada, sarda,
vão, adivinhação, criança, perna, elo, empréstimo, raça, rena, raiz, escara, frag-
mento/pedaço, assento, irmã, habilidade, pele, saia, céu, massacre, bife, confiança,
falta, janela). Alguns exemplos de adjetivos são: awkward, flat, ill, loose, low, meek,
odd, rotten, scant, sly, tattered, tight, and weak. (Em português, respectivamente:
estranho/embaraçoso, achatado, doente, frouxo, baixo, humilde, ímpar, podre, es-
casso, matreiro, puído/desgastado, justo/apertado e fraco.) Por fim, alguns exemplos
de verbos: to bait, call, cast, clip, crave, crawl, die, droop, gasp, get, give, lift, lug,
raise, scare, take, thrive, thrust. (Em português: jogar isca, chamar, atirar, cortar,
desejar, rastejar, morrer, pingar, arfar, conseguir/obter, dar, levantar, arrastar, criar,
assustar, tomar, vingar, empurrar).

Como pudemos observar, eram palavras comuns do cotidiano, e que são ainda
usadas com muita frequência no inglês de hoje. Somos novamente, então, convida-
dos a registrar em nossa memória que, depois de um período de guerras e conflitos,
os anglos, os saxões e os jutos, cujos dialetos deram origem à língua inglesa, pas-
saram a conviver, trocar e negociar com os vikings, recebendo muitos empréstimos

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UNIDADE Contextualizando a Língua Inglesa

de sua língua nórdica. Vem desde esse tempo, então, uma das características muito
interessantes da língua inglesa que é a de receber e acomodar palavras estrangeiras
com muita facilidade.

Trocando Ideias...
Não se preocupe em aprender essas palavras agora! Em outro momento de nossos es-
tudos, elas aparecerão novamente em contextos mais significativos. A longa lista de
palavras acima pretende somente ilustrar o aspecto váriado e ao mesmo tempo simples
das palavras de origem viking que vieram para o inglês.

O Inglês Médio (1100-1500)


Nas páginas acima, fizemos uma breve jornada pelo primeiro momento im-
portante da história da língua inglesa, o estágio da língua que chamamos de
Inglês Antigo ou Anglo-Saxão. Ao final desse período, ocorreu um evento de
proporções consideráveis que teve uma influência ainda mais significativa no
desenvolvimento do idioma inglês. Esse evento foi a conquista da Inglaterra
pelos normandos em 1066.

Quem Eram os Normandos?


Os normandos eram também um povo germânico que habitava a região da
Normandia, no norte da França. Störig (1990) nos relata que os normandos
eram audaciosos como seus antepassados, provenientes dos fiordes do norte.
Este povo havia se adaptado à cultura difundida pelos romanos em seu novo lar.
Eles construíram na região da Normandia um Estado vigoroso e a língua falada por
eles era o francês.

Störig (1990)também nos relata que por volta dessa época, havia ainda na Inglaterra
alguns conflitos entre os vikings e os ingleses, com reis ingleses e de origem viking
alternando-se como governantes da nação. Quando o rei inglês Edward morre em
1066, Harold, o líder da região de Wessex, habitada por ingleses, é escolhido para ser
o próximo rei. Entretanto, William, um dos primos de Edward e líder dos normandos,
achava que o trono deveria ser seu. Ele decide, então, com seu exército, lutar contra
Harold e tomar o trono da Inglaterra.

Na Batalha de Hastings em 1066, o rei Harold é morto e seu exército é derro-


tado pelos normandos. No natal de 1066, William, tradicionalmente chamado de
“William, O Conquistador” se torna rei da Inglaterra. Os séculos que se seguiram a
essa conquista testemunharam grandes mudanças na língua inglesa.

A nova elite governante da Inglaterra falava o francês, que passou a ser a lín-
gua oficial da corte e da lei. Em sua maioria, os textos religiosos eram escritos
em latim. A língua inglesa, então, passou a ser mais uma língua falada do que

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escrita o que, para muitos especialistas, poderia ter levado o inglês à extinção!
Mas, como diz David Crystall (1990), afirma que em meados do século IX, a lín-
gua Inglesa estava muito bem desenvolvida para ser suplantada por outra língua.

Muitas mudanças, portanto, aconteceram com a língua nesse período. Segundo


Philip Durkin, o principal etimólogo do Oxford English Dictionary, durante o estágio
de desenvolvimento da língua inglesa, conhecido como Inglês Médio (Middle English),
o rico e complexo sistema de flexão de verbos que havia no Inglês Antigo caiu em de-
suso e foi gradualmente sendo reposto pelo sistema que usamos hoje. O vocabulário
da língua também mudou bastante, com muitos empréstimos do francês e do latim. Os
normandos trouxeram também seu sistema de leis, que vieram com todo um aparato
jurídico acompanhado de todo um vocabulário novo. Os rituais religiosos eram feitos
em francês ou latim. Segundo Störig (1990), entretanto, a “parte do leão” nos vocábu-
los de origem românica veio do francês, da época em que esta era a língua da corte
(da administração) e da aristocracia. David Crystal (1990) relata que aproximadamente
dez mil palavras do francês entraram para a língua inglesa durante o período do Inglês
Médio e que três quartos dessas palavras ainda estão em uso no inglês de hoje.

As tabelas a seguir trazem somente alguns exemplos das muitas palavras novas
que entraram para o inglês nesse período:

Tabela 3 – Administração
chancellor Chanceler Prince príncipe
council Conselho Royal real
government Governo Sovereign soberano
Liberty Liberdade Tax taxa
majesty Majestade Treasurer tesoureiro
minister Ministro Treaty tratado
parliament parlamento Tyrant tirano

Tabela 4 – Religião
Abbey Abadia Convent convento
baptism Batismo Crucifix crucifixo
cardinal Cardeal Friar frade
cathedral Catedral Heresy heresia
Chant Canto Immortality imortalidade
Charity Caridade Miracle milagre
communion comunhão Religion religião
confess Confessar Salvation salvação

Tabela 5 – Palavras do Latim


conspiracy conspiração History história
distract Distrair Include incluir
Genius Gênio Incredible incrível
gesture Gesto Lucrative lucrativo

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UNIDADE Contextualizando a Língua Inglesa

Trocando Ideias...
Se não nos esquecermos de que o francês é “língua irmã” do nosso português, pois am-
bas as línguas são românicas, isto é, têm origem no latim, ficaremos muito otimistas a
respeito de nosso progresso nos estudos da língua inglesa, pois, de início, veja quantas
palavras já sabemos!

Assim como nos conta Störig (1990), no percurso de desenvolvimento da língua


inglesa durante o período do Inglês Médio, um poeta muito importante, Geoffrey
Chaucer (c. 1340 - 1400) registrou em sua obra, mais especialmente em Os Contos
de Canterburry, esse novo estágio evolutivo do inglês: a fusão dos estratos linguís-
ticos românicos (a partir do latim e do francês) e germânicos (a partir do que cha-
mamos de Inglês Antigo). Segundo Störig (1990), Chaucer dominava o francês (tão
bem como o latim e o italiano), mas foi o primeiro poeta de grande fôlego a utilizar
a língua inglesa conscientemente.

Ao final desse período, outro evento linguístico trará grandes consequências para
a língua inglesa: A Grande Mudança de Vogais (The Great Vowel Shift). Não se sabe
ao certo a razão, mas aproximadamente a partir dos anos 1400, houve, em muitas
regiões da Inglaterra, mudanças nas pronúncias de vogais. Muitas palavras passaram a
ser pronunciadas diferentemente da maneira como eram pronunciadas anteriormente.
No entanto, a grafia das palavras praticamente não foi alterada! Nas palavras de Störig
(2006), a ortografia faz menção ao século XV e as alterações na pronúncia que ocor-
reram posteriormente não foram adaptadas a ela”. É muito importante que lembremos
disso quando formos surpreendidos com alguma dificuldade de aprender a pronúncia do
inglês, pois, encontraremos muitas palavras cuja ortografia não corresponde ao som.
Não se trata de uma dificuldade exclusiva dos aprendizes da língua inglesa, mas de uma
dificuldade que é, às vezes, experimentada pelos próprios falantes nativos da língua.

Essa série de mudanças na pronúncia se consolidará somente em 1569. Desde en-


tão, a pronúncia das palavras permaneceu relativamente estável até os dias de hoje.

O Inglês Moderno –
Primeira Fase (1500-1800)
Daqui em diante, por se tratar de um longo estágio em que ocorreram relativa-
mente poucas mudanças na estrutura da língua inglesa, passaremos mais rapida-
mente por alguns aspectos desse período, cujos desdobramentos têm importância
significativa para a compreensão do idioma inglês de nossos dias e para um processo
de aprendizado da língua inglesa mais orgânico, mais eficaz.

Esse próximo estágio, a primeira fase do Inglês Moderno, tem como principais
protagonistas a chegada da imprensa na Inglaterra, o processo colonizador desse
país em várias regiões do mundo e o Renascimento.

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O ano de 1476 marca a chegada da imprensa na Inglaterra, trazida por William
Caxton. Esse pioneiro na arte de imprimir livros e os desdobramentos dessa novi-
dade trazida por ele para Inglaterra foram grandes responsáveis por importantes
mudanças na língua inglesa. Embora o inglês já estivesse bem estabelecido por volta
dessa época, havia muitas variações na maneira de se grafá-lo de região para região.
Levado a optar por uma das variações, Caxton escolheu a variação que era usada
na região de Londres, pois se tratava do maior centro de poder da Inglaterra. Essa
região era também economicamente mais importante para o país.
A circulação dos livros sendo produzidos agora em maior quantidade e rapidez por
toda a Inglaterra intensificou-se ainda mais pelo interesse na cultura humanista. Vinda
da Itália, essa cultura, que estava em auge durante o Renascimento, fomentava o inte-
resse dos nobres e intelectuais ingleses a desenvolver o cultivo dos escritores clássicos
latinos e gregos. A imprensa se desenvolvia,então, imprimindo livros que já traziam
em si não apenas uma única variação do inglês (o que contribuiria para a padronização
da língua), mas traziam também a influência dos textos clássicos na língua inglesa, a
maioria vinda do latim. Essa influência se faz sentir principalmente pela entrada des-
comedida de mais palavras do grego e principalmente do latim para a língua inglesa.
O Renascimento também influenciou fortemente o florescimento cultural na corte
inglesa. Especialmente durante o reino da rainha Elizabeth I, grande amante das
artes, a produção de poesia, música e teatro se intensificou ainda mais. Entre outros
importantes escritores e poetas da época, destacaremos aqui um nome já bem co-
nhecido nosso: William Shakespeare.
A julgar pelas inúmeras apresentações de peças escritas por ele que acontecem
pelo mundo todo ainda hoje, sem contar com as dezenas de produções cinemato-
gráficas de suas peças teatrais, é quase redundante apontarmos a sua importância.
Romeu e Julieta, Hamlet, A megera domada: ao menos uma dessas peças escritas
pelo dramaturgo inglês já nos fez suspirar ou nos trouxe risos.
Mas o que nos interessa agora é entender que papel teve esse escritor em nossa
viagem pela história da língua inglesa, certo?
“Ser ou não ser, eis a questão.”, “Isso é grego pra mim.”, “Há mais mistérios entre a
terra e o céu do que sonha a nossa vã filosofia.” Ou então: “O amor é cego.” Arriscare-
mos aqui ao imaginar o seguinte: pelo menos alguma dessas frases famosas já fez parte
de sua história, não? Pois é, William Shakespeare não somente expressou seu profundo
conhecimento da experiência humana em seus poemas e peças, mas teve também um
papel muito importante na história do idioma inglês. Além de ser conhecido por seu
vasto vocabulário, muitas expressões e palavras da língua inglesa, ainda presentes nos
dias de hoje, ou foram criadas por ele, ou apareceram impressas pela primeira vez em
sua obra. Para nós, falantes do português e estudiosos da língua inglesa, mais uma boa
notícia: a maioria dessas palavras tiveram inspiração em nossa língua mãe, o latim, uma
língua que, principalmente devido ao Renascimento, estava muito na moda na Inglaterra
durante a época de maior produção do escritor.
Veja alguns exemplos: assassination, accomodation, dislocate, premeditated e
submerged. Imaginamos que você conheça quase todas! Mas seguem aqui as tradu-
ções: “assassinato”, “acomodação”, “deslocar”, “premeditado” e “submergiu”.

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UNIDADE Contextualizando a Língua Inglesa

Mais tarde, a partir do século XVII, inúmeros navios ingleses já navegavam em


direção a novas terras que futuramente viriam a se tornar colônias da coroa inglesa.
Ao final do século XVIII já eram colônias da Inglaterra os Estados Unidos, O Canadá,
a Índia e a Austrália. Juntamente com sua política, seus aparatos administrativos e
sua cultura, os ingleses trouxeram para as suas colônias sua língua. E através dos
livros a língua também se propagou, eles eram produzidos em grandes quantidades.

O Inglês Moderno – Segunda Fase


(1800 ao Presente)
Esse é um bom momento para retomarmos nossa conversa sobre a língua inglesa
no começo desta unidade. No terceiro parágrafo da introdução, em que definimos o
conceito de língua franca e registramos que a língua franca dos dias de hoje é o idioma
inglês, foram lançadas duas perguntas:
Como será que isso se deu?
Quais caminhos essa língua teria percorrido para ter penetrado em tantas culturas
por tanto tempo?
De 1800 para cá, temos uma aceleração do movimento de expansão global da
língua inglesa. Primeiro, a língua expande-se pelo número de regiões colonizadas pela
Inglaterra territorialmente (Jamaica, Estados Unidos, Canadá, Austrália, Índia) e de-
pois, mais especificamente depois da Segunda Guerra Mundial, a expansão se dá pelo
aumento da influência dos Estados Unidos da América na política e economia mundial.
Principalmente após a Segunda Guerra Mundial, que termina em 1945, a grande
influência dos Estados Unidos, em um mundo capitalista em crescente movimento
de globalização em vários setores como o do comércio, da economia e das relações
internacionais, trouxe a muitos países a necessidade de investir no ensino da língua
inglesa. Além disso, a partir da exportação de todo o tipo de mercadorias incluindo
o cinema, programas de TV, seriados e animações, esse influente país fortaleceu
ainda mais sua influência político-econômica ao introduzir sua língua e sua cultura
em diversos países a partir dessa série de mercadorias em diversos países do mundo.
Uma breve análise de nosso cotidiano aqui no Brasil, especialmente no meio urbano,
pode confirmar os resultados de tal influência: em vários itens de vestuário como ca-
misetas, bonés e sapatos, em lanchonetes, lojas de vários tipos e supermercados - a
língua inglesa está em todo lugar! Podemos também notar a presença conspícua do
idioma inglês ao navegarmos, por poucos minutos, pela internet.
Nosso breve passeio pela história da língua inglesa vai chegando ao fim. Espera-
mos que essa curta viagem tenha sido repleta de descobertas e de aprendizado.
Nas próximas unidades, em que iniciaremos nossos estudos de vocabulário, gra-
mática e pronúncia da língua inglesa, voltaremos a nos referir a momentos dessa
história que virão em nosso auxílio para compreendermos melhor estruturas grama-
ticais, formas verbais, pronúncia e outros aspectos do idioma.

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Leitura
As origens da língua inglesa
https://bit.ly/30uFn5c
Origens da língua Inglesa
https://bit.ly/30toZC5
Learning english
https://bbc.in/3ney7Uz

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UNIDADE Contextualizando a Língua Inglesa

Referências
BEDA, O Venerável. História eclesiástica das gentes dos anglos. Livro I. Dispo-
nível em: <http://www.ricardocosta.com/traducoes/textos/historia-eclesiastica-das-
-gentes-dos-anglos-livro-i>.

BRAGG, M. The Adventure of English. Capítulo I: The Birth of a Language. London,


UK: BBC, 2003. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=wGYiM_ZnjAc>.

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Avon Books, Inc.,1990 .

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________. The English Language. London: Penguin Books, 1990.

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