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Palestra 1 – Psicanálise com a Psicóloga Simone Todeschini

Palavras-chave: Escuta – Esvaziamento – Condução

Copo Vazio
Canção de Chico Buarque

É sempre bom lembrar


Que um copo vazio
Está cheio de ar
É sempre bom lembrar
Que o ar sombrio de um rosto
Está cheio de um ar vazio
Vazio daquilo que no ar do copo
Ocupa um lugar
É sempre bom lembrar
Guardar de cor que o ar vazio
De um rosto sombrio está cheio de dor
É sempre bom lembrar
Que um copo vazio
Está cheio de ar
Que o ar no copo ocupa o lugar do vinho
Que o vinho busca ocupar o lugar da dor
Que a dor ocupa metade da verdade
A verdadeira natureza interior
Uma metade cheia, uma metade vazia
Uma metade tristeza, uma metade alegria
A magia da verdade inteira, todo poderoso amor
A magia da verdade inteira, todo poderoso amor

Me veio a mente esta música durante a palestra. Simone falou tanto sobre
esvaziamento que parece que isso de alguma forma esvaziou um espaço da minha
mente. Achei necessário colocar esta letra inteira, porque ela por si só diz muito sobre
o que a Simone falou conosco. Psicanalista e Psicóloga a mais de 20 anos, Simone nos
mostra que independente de estarmos dispostos em um quadro de psicoterapia breve,
o tempo não é definido por nós.
Simone nos mostrou que, independentemente de estarmos em um quadro de
psicoterapia breve, o tempo não é algo que possa ser rigidamente definido e
controlado por nós. Em vez disso, é um elemento que é moldado e construído em
colaboração com o paciente. À medida que o processo terapêutico avança, é papel do
terapeuta guiar o paciente na exploração de seus movimentos inconscientes. A
abordagem terapêutica não se limita a um único tópico; é essencial explorar o que se
revela, não apenas o que é predefinido. O terapeuta desempenha um papel crucial,
ouvindo com sensibilidade para compreender o que está ocorrendo e orientando o
processo de autodescobrimento do paciente.
Nesse contexto, Simone enfatizou o papel da psicanálise como uma técnica de
escuta profunda, permitindo que o inconsciente se manifeste e seja reconhecido. Ela
compartilhou exemplos notáveis de pacientes que inicialmente buscaram uma terapia
breve e objetiva, mas que, ao longo de um período surpreendentemente longo de 17
anos, continuaram a jornada de autodescobrimento. Isso sugere que o conceito de
psicoterapia breve, conforme apresentado por Simone, transcende o conceito
tradicional de brevidade.
É uma abordagem que não se concentra na mera aceleração do processo, mas
sim na criação de um espaço de exploração profunda e significativa, permitindo que o
paciente desenvolva um relacionamento mais profundo consigo mesmo. Simone
argumentou que a pressa do terapeuta em resolver as questões não apenas
desrespeita o ritmo natural do paciente, mas também pode minar a confiança no
processo terapêutico. Em vez de encurtar o processo, a escuta cuidadosa permite que
as demandas objetivas revelem suas raízes profundas, possibilitando que o verdadeiro
âmago do problema seja desvelado.
A palestra de Simone foi não apenas interessante, mas também rica em insights
profundos sobre a terapia e a busca pelo autoconhecimento. Sua paixão e dedicação
ao que faz foram palpáveis e inspiradoras, deixando uma impressão duradoura em
todos que tiveram a oportunidade de ouvi-la. A apresentação de Simone serviu como
uma fonte revitalizante de entendimento e apreciação pelas complexidades da mente
humana e o papel crucial que a psicoterapia desempenha em nossa jornada de
autodescobrimento.
Palestra 2 - TCC com a Psicóloga Ângela Scarpim – (41) 98803-7365
Ela começa estabelecendo que o carro chefe da TCC é o trabalho com a
psicoeducação. Ensinando o paciente sobre o seu transtorno / condição. Ângela atuou
no CAPS, onde o atendimento era brevíssimo, lidava com o que vinha no momento e
trabalhava tarefas. Não dava para saber se o paciente iria permanecer então precisava
ter um planejamento mais objetivo. Com dependentes químicos é muito usada a
terapia breve. Pacientes involuntários que entram com resgate, pela família, por
exemplo. Por isso precisa ser rápido, para trazer o paciente para a conscientização do
seu processo. Trabalha rotina de forma prática e planejada. Ângela atua na psiquiatria,
com dependentes químicos e transtornos psicológicos e faz voluntariado em
comunidades terapêuticas. Ela explica que no seu processo ela inicia fazendo uma
anamnese inicial, recolhendo dados da família e histórico clínico. Ela ressalta algumas
técnicas que utiliza no processo:
 Técnica da esfera da vida tem o objetivo de criar um planejamento, levantar
ideias sobre o seu processo de reabilitação, estabelecendo um grau de
satisfação para cada área da vida, ex: Profissional, Espiritual, Afetiva, Familiar,
Intelectual, Financeira, Social.
O que pode fazer com o físico agora? Como posso cuidar da minha família?
Em cima de cada uma das áreas ele lista aspectos positivos e negativos para que
sejam trabalhados num projeto de futuro. Estabelece metas, rotinas etc. É
favorável quando esse cronograma fica visual na vida da pessoa, assim ela pode
consultar e visualizar mais facilmente.
 Tabela de vantagens e desvantagens de utilizar a substância ou não utilizar.
 Lista de como fazer novas amizades e se redimir com pessoas que possa ter
magoado. Essas técnicas são utilizadas nas comunidades terapêuticas que a
Ângela atua.
 Tabela de como lidar com as emoções negativas, identificando o que é o
sentimento e qual o nível de percepção que se tem. Para essa técnica é
necessário ter um mínimo de conhecimento sobre sentimentos
 O cartão de enfrentamento também é muito utilizado em diversas situações.
Destaca-se a situação que é gatilho, então criam estratégias para que planejem
como vão agir na fissura, seja ela por uso de substâncias, ansiedade, distúrbios
alimentares. Ex: Quando minha mulher briga comigo eu fumo. A partir disso
estabelece outras estratégias que sejam benéficas e favoráveis ao tratamento.
(Ela ressalta que a fissura demora apenas 5 minutos então é muito importante
elencar essas estratégias, assim fica mais fácil acessá-las na circunstância
específica). Nesse sentido, Ângela fala sobre a importância de o paciente sentir
a melhora de estar lidando com o processo com outras estratégias. Quando ele
sente que isso faz bem, colabora para que o comportamento se estabeleça.

Ângela explica que é preciso conhecer o contexto do paciente ou do grupo


antes de aplicar a técnica. Até mesmo a psicoterapia breve pode não ser a ideal
para alguns casos, como na esquizofrenia. Nesse sentido, a maioria das técnicas
não surtem muito efeito, devido o déficit cognitivo que costuma estar atrelado ao
diagnóstico. Ela comenta sobre o grande número de pacientes com diagnósticos de
borderline, nos alerta sobre a necessidade de estarmos preparados para lidar com
esse transtorno. Falamos sobre o aumento de diagnósticos de diversos transtornos
na atualidade, da forma como as pessoas estão procurando um rótulo, uma forma
de se identificar com algo, uma condição própria que o caracterize. O diagnóstico
também é um facilitador, como uma “desculpa” para que o paciente se conforme
com seu próprio funcionamento.
Palestra 3 – Psicologia Analítica com Psicóloga Araiè Berger de Oliveira

Experiência na pró renal, com pacientes internados em situação grave. Ela


reflete sobre como utilizar a sua abordagem dentro de um campo de trabalho tão
complexo onde não somente a dor psíquica se faz presente, mas também a dor
física dos sujeitos hospitalizados. Diante disso, encontrou uma dificuldade em
utilizar sua abordagem dentro daquele ambiente. Mas decidiu insistir ao invés de
utilizar outras abordagens, como a TCC e a Análise do Comportamento, que são
mais comuns dentro da área. Constatou, a partir disso, a falta de estudos dirigidos
para esse campo dentro da abordagem da psicologia analítica.
Destarte, a condição em que essas pessoas se encontram destaca-se como um
foco importante, considerando o contexto e a subjetividade de cada sujeito. Muitas
vezes buscando adaptar as necessidades ao que é possível dentro da realidade que
se impõe. A estrutura psíquica, através da leitura analítica, o ego, sombra, persona,
self, animus, anima... etc. se faz extremamente importante nesse contexto, pois é
através destes conceitos simbólicos que o terapeuta poderá inferir e interpretar as
questões apresentadas pelos pacientes. O processo da análise se dá de forma
similar a terapia de longa duração, com alguns ajustes. A psicoterapia breve trás,
segundo a psicóloga, uma postura mais educativa do terapeuta, o que pode
dificultar o processo de transferência. No entanto, no viés desta abordagem, os
inconscientes também dialogam, um processo que também é integrado.
A história pessoal é fundamental, para que o paciente externalize aquilo que
está latente e assim permitir que o ego se suavize e questões mais profundas e
inconscientes possam aparecer. A ideia não é eliminar o sintoma, mas trabalhar
com ele, integrando-o no processo. Busca-se também um alívio das dores. A crise é
um desequilíbrio no processo energético da psique. Ampliação da consciência,
mobilização criativa, fortalecimento do ego por meio das imagens inconscientes,
retirada das projeções em relação ao foco do processo, auxiliar na movimentação
da energia psíquica de forma harmoniza. Observar o que está nas entrelinhas
dentro da fala do paciente. Recomendou Fiorini, um autor que fala sobre técnicas
psicoterápicas. Estudar psicoterapia de apoio. Recursos: Contação de Histórias,
Sandplay, Imagens, Arteterapia. Tratar o essencial, perceber o nível de adaptação à
crise, nível de fragilização egóica e força dos sintomas, tratamento egóico focado na
adaptação / homeostase. Recomendou a leitura de Ryad Simon – Psicoterapia
Breve Operacionalizada.

Palestra 4 – Sistêmica com a Psicóloga Patrícia

O atendimento terapêutico breve pode ser significativamente mais efetivo


quando envolve não apenas o paciente, mas também seus cônjuges e familiares. A
chave para o sucesso está em definir a prioridade e o foco a ser trabalhado no
tratamento. Mesmo que o tempo seja limitado, é possível abordar várias questões
durante o processo terapêutico.
A palestrante destaca casos clínicos em que as pacientes inicialmente decidiram
trabalhar uma questão específica, mas ao longo do percurso, outras questões
igualmente importantes emergiram. Essa flexibilidade é crucial para o sucesso da
terapia. Também explora a diferença entre conflito e confronto, ressaltando a
importância de compreender e lidar com ambas as dinâmicas nas relações familiares.
Menciona a importância de atribuir tarefas aos pacientes como parte do
processo de enfrentamento. Também são citadas estratégias de enfrentamento que
podem ser empregadas para lidar com desafios específicos. Além disso, a terapia busca
explorar os papéis que a pessoa ocupa, bem como os papéis parentais em sua história
de vida, proporcionando uma compreensão mais profunda de sua identidade e
relacionamentos.
Patrícia destaca a oferta de um pacote de dez sessões, cada uma com horário e
data marcada, acompanhada de um contrato que não permite reposição de faltas. Isso
demonstra um comprometimento tanto por parte do terapeuta quanto do paciente. A
avaliação dos resultados ao longo do processo é uma prática comum, garantindo que
as metas terapêuticas estejam sendo alcançadas.
A abordagem terapêutica inclui o uso de metáforas como recurso terapêutico, o
que pode facilitar a compreensão e a comunicação durante a terapia. A importância de
ouvir a subjetividade de cada paciente é enfatizada, reconhecendo que cada indivíduo
tem experiências e necessidades únicas.
A palestrante também cita que sua prática se concentra em abordar as
necessidades universais que todos os seres humanos compartilham, como o desejo de
amor, pertencimento e realização. Além disso, dinâmicas terapêuticas envolvendo o
paciente e seus familiares são incorporadas à prática clínica, promovendo a
comunicação e o entendimento entre os membros da família.
A abordagem terapêutica breve na terapia sistêmica adota uma variedade de
ferramentas terapêuticas disponíveis, explorando-as dentro de um processo focalizado
para atender às necessidades específicas do paciente e de sua família. Em resumo, o
atendimento terapêutico envolvendo cônjuges e familiares é uma abordagem
abrangente que busca abranger a complexidade do sistema onde o indivíduo está
inserido. Visa, dessa forma, promover um ambiente de apoio, crescimento e
compreensão nas relações familiares e individuais.

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