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Universidade das Américas – FAM

Medicina Veterinária

Relato de caso: Erlichiose Canina

Ariani Alves Santana – RA 00336687


Bruna Franco Locatelli – RA 00335382
Daniela Maciel de Oliveira – RA 00345479
José Carlos da Costa Filho – RA 00283283
Luana Beatriz Gonçalves Dantas – RA 00309372
Milene Soares da Costa – RA 00341699
Tiago Andrade Reis – RA 00283085

Clínica médica e terapêutica em pequenos animais


6 º Semestre B

São Paulo, SP
2023
1. INTRODUÇÃO

1.1 Erlichiose Canina


A erlichiose canina, também conhecida como doença do carrapato, é uma
enfermidade transmitida por carrapatos que afeta cães em todo o mundo. Causada
pelas bactérias do gênero Ehrlichia, essa doença pode resultar em uma ampla gama de
sintomas, desde febre e letargia até problemas mais graves, como sangramento e
insuficiência orgânica. Os carrapatos são vetores importantes na transmissão da
erlichiose, e a prevenção mais eficaz desta doença é através do controle de
ectoparasitas é a maneira mais eficaz.
Esta afecção é causada por bactérias intracelulares chamadas Ehrlichia, que são
transmitidas aos cães principalmente por carrapatos, em particular o Rhipicephalus
sanguineus. Essas bactérias invadem os glóbulos brancos do sangue do cão, levando
a uma série de sintomas que podem variar de leves a graves. Os primeiros sintomas
podem incluir febre, perda de apetite, letargia e claudicação, mas se não for
diagnosticada e tratada a tempo, a doença pode progredir para complicações mais
sérias, como hemorragias, problemas respiratórios e renais.
O seu diagnóstico requer hemogramas específicos para detectar a presença das
bactérias Ehrlichia ou anticorpos produzidos pelo sistema imunológico do cão em
resposta à infecção. O tratamento é geralmente feito com antibióticos, que são eficazes
na eliminação das bactérias, mas a recuperação completa pode levar algum tempo,
dependendo do estágio da doença. Além disso, é fundamental adotar medidas
preventivas, como o uso de produtos antiparasitários e a verificação regular de
carrapatos em cães. O diagnóstico precoce da doença é de suma importância para uma
recuperação mais rápida e completa, garantindo a saúde do animal.
2. RELATO DE CASO
O cão, pastor alemão nomeado de Ozzy, macho, 4 anos, 35kg de peso corporal deu
entrada na Clínica Andrade em Itapevi (SP).
O animal apresentou prostração, apatia, letargia, vômito, diarreia e inapetência,
manifestando-se de forma abrupta e aguda, no dia seguinte à vacinação contra o vírus
da raiva. Na anamnese o tutor relata que Ozzy também havia tido contato com
carrapatos cerca de 20 dias antes do início dos sintomas, mas recebeu tratamento com
antiparasitário oral no mesmo dia, não evidenciando posterior presença de
ectoparasitas.
No exame físico, Ozzy demonstrou uma temperatura corporal elevada de 40,4°C,
indicando febre moderada. Sua condição geral estava comprometida, evidenciando
prostração, apatia e letargia, porém, sem evidências de algesias. Os sinais vitais,
incluindo pulso (110 bpm) e frequência respiratória (28 mpm), estavam dentro dos
limites normais para um cão adulto. Observou-se leve desidratação, caracterizada por
mucosas orais secas e elasticidade cutânea reduzida. A pele estava íntegra, sem feridas
ou lesões evidentes, e a pelagem encontrava-se opaca. Linfonodos submandibulares,
pré-escapulares e poplíteos estavam palpáveis e aumentados em tamanho. As
mucosas apresentavam-se levemente pálidas, e não foram observadas anormalidades
nos olhos, ouvidos, nariz ou boca. O exame cardíaco e pulmonar não revelou
anormalidades significativas.
Após a avaliação clínica inicial e considerando o histórico do paciente, Ozzy foi
submetido a um procedimento de fluidoterapia com Bionew para tratar a desidratação.
Além disso, recebeu Mercepton como suplemento vitamínico e mineral, Cerenia como
antiemético, Doxiciclina para tratar a infecção e Dipirona como analgésico e antipirético.
Os exames complementares, incluindo hemograma e bioquímica, demonstraram
trombocitopenia, anemia, leucocitose e aumento das enzimas hepáticas (ALT, ALP),
bem como elevação dos níveis de ureia e creatinina. O diagnóstico de erliquiose foi
confirmado por meio da sorologia ELISA, que detectou a presença de anticorpos
específicos para Ehrlichia canis, e pelo teste SNAP 4Dx Plus, que apresentou resultado
positivo para anticorpos contra Ehrlichia canis.
O tratamento instituído para Ozzy consistiu em doxiciclina (5 mg/kg, duas vezes ao
dia) por 30 dias, Hemolitan (3 comprimidos, uma vez ao dia) por 10 dias, Promundog
(8g por dia) por 30 dias e Imizol Injetável (5 mg/kg, duas doses com intervalo de 15
dias). O paciente demonstrou melhora progressiva ao longo do tratamento, com
normalização dos parâmetros sanguíneos e redução dos linfonodos aumentados.
3. DISCUSSÃO
Doenças transmitidas por carrapatos representam importante causa de
mortalidade, sendo doenças de alta morbidade em cães em todo o mundo. (VIEIRA,
2017).
No Brasil a única espécie descrita até o momento é a Ehrlichia canis, causadora
da erlichiose monocítica canina, uma doença é pensada para ser predominante
principalmente em áreas urbanas, onde as populações Carrapato Rhipicephalus
sangrento. (AGUIAR; et al., 2007)
Em alguns casos poderá haver mais de uma suspeita, como a de leishmaniose,
em razão da presença de icterícia, mucosas hipocoradas e lacrimejamento. Sem
presença atual de ectoparasitas e sem sinais de picada recente de qualquer
ectoparasita, o diagnóstico de erlichiose acaba sendo dificultado, uma vez que é
possível confundir-se com outras doenças. Os exames complementares são de
suma importância nestes casos, sendo destacados PCR e exames de anticorpos
para comprovação de uma suspeita de diagnóstico. (OLIVEIRA; et al. 2018)
A literatura científica ressalta a importância do diagnóstico precoce e preciso da
erliquiose canina. Testes sorológicos, como o ELISA e o SNAP 4Dx Plus, são
frequentemente utilizados para detectar anticorpos específicos contra Ehrlichia
canis. É fundamental para os veterinários considerar o histórico de exposição do
animal a carrapatos, bem como os sintomas clínicos apresentados por um paciente,
para orientar a decisão de realizar testes específicos. (ALBERNAZ; et al. 2007)
Em todos os casos pesquisados foram realizados exames complementares,
sendo o mais presente o Hemograma destacam-se, também, os bioquímicos e
parasitológicos. A fluidoterapia com soro ringer lactato subcutâneo e bionew é
indicada em casos de desidratação severa e também se faz presente no tratamento
a Doxiciclina e vitamina B1 via oral a cada 12 horas durante 20 dias. (NEER &
HARRUS, 2006).
Diante de diversos casos semelhantes pesquisados, foi observado que diversas
condutas médicas são cabíveis diante deste diagnóstico, porém em todos foi
utilizado Doxiciclina, que é o fármaco de eleição. A dosagem e a duração do
tratamento podem variar, mas geralmente, uma dose de 5 mg/kg, administrada duas
vezes ao dia, por 30 dias, são prescritas. A conduta veterinária durante o
atendimento de casos como o de Ozzy, baseada em artigos científicos e
experiências clínicas anteriores, é essencial para garantir um diagnóstico preciso e
um tratamento eficaz. (ANDRADE, 2002).
Deve ser enfatizado o monitoramento cuidadoso do paciente durante e após o
tratamento. Isso pode incluir exames de sangue regulares para verificar a contagem
de plaquetas, hematócrito, e outras variáveis sanguíneas. O acompanhamento
adequado é crucial para garantir que o paciente esteja respondendo ao tratamento
e para detectar quaisquer sinais de recidiva, isso pode incluir exames de sangue
regulares para verificar a contagem de plaquetas, hematócrito, e outras variáveis
sanguíneas. O acompanhamento adequado é crucial para garantir que o paciente
esteja respondendo ao tratamento e para detectar quaisquer sinais de recidiva.
(DAGNONE; et al. 2001)
4. CONCLUSÃO
O animal foi atendido e foram realizados exames complementares para diagnóstico,
uma vez que a erlichiose não era uma suspeita inicial por não haver presença de
ectoparasitas no animal, nem marcas de picada recentes. A suspeita de erlichiose se
iniciou com o resultado do hemograma, demonstrando baixa de plaquetas. Para
confirmar esta suspeita foi solicitado um exame PCR, se mostrando positivo e fechando
o diagnóstico do paciente.
O tratamento foi bem-sucedido, sendo este realizado com administração de
fluidoterapia para desidratação, suplementos vitamínicos, antieméticos, Dipirona como
analgésico e Doxiciclina para tratar a infecção.
A erlichiose canina é uma doença que acomete diversos animais por todo o país,
uma vez que não há vacina para a mesma e a sua prevenção se dá somente pelo
controle de ectoparasitas por via oral, tópica ou com uso de coleiras. A manutenção
deste controle deve ser realizada de acordo com a orientação do fabricante e muitos
tutores não seguem esta orientação, resultando numa prevenção muitas vezes
ineficiente.
Em casos de diagnóstico precoce, a erlichiose muitas vezes não se mostra
alarmante e o tratamento com antibióticos e terapias de suporte é suficiente, porém caso
o diagnóstico seja tardio a doença pode progredir rapidamente e gerar sintomas graves
no animal, inclusive o óbito.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALBERNAZ, A. P et al. Erliquiose canina em Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro,


Brasil. Ciência Animal Brasileira, Goiânia, v. 8, n. 4, p. 799-806, out./dez. 2007.
DAGNONE, A. S.; TINUCCI-COSTA, M.; Medvep - Doenças Infecciosas na Rotina de
Cães e Gatos no Brasil, 1. ed. Curitiba, p. 176-183, 2018.
LABRUNA; M. B.; PEREIRA, M. C. Carrapato em cães no Brasil. Clínica Veterinária.
São Paulo ano 6, n. 30, p. 24-32, 2001.
HARRUS, S.; WANER, T. 2011. Diagnosis of canine monocytotropic ehrlichiosis
(Ehrlichia canis): An overeview. The Veterinary Journal, 187(1), 292-296
NEER, T. M.; HARRUS, S. 2006. Canine monocytotropic ehrlichiosis and
neorickettsiosis (E. canis, E. chaffeensis, E. ruminantium, N. sennetsu, and N. risticii
infections). In: Greene, C. E. Infectious Diseases of the Dog and Cat (p. 203-2016).
ANDRADE, S. F. Manual de terapêutica veterinária. 2 ed. São Paulo: Editora Roca,
2002. p. 462.
VIEIRA, F. T. Ocorrência de Ehrlichia spp., Anaplasma spp., Babesia spp.,
Hepatozoon spp. e Rickettsia spp. em cães domiciliados em seis municípios do
Estado do Espírito Santo, Brasil. Universidade do Estado do Espirito Santos. 2017.
AGUIAR, D. M; et al. Diagnóstico sorológico de erliquiose canina com antígeno brasileiro
de Ehrlichia canis. Ciência Rural, Santa Maria, v.37, n.3, p.796-802, Mai./Jun., 2007
OLIVEIRA, B. C. M.; et al.. 2018 Detecção de Ehrlichia canis em tecidos de cães e
carrapatos Rhipicephalus sanguineus em áreas endêmicas para Erliquiose monocítica
canina no Brasil. Revista de Educação Continuada Em Medicina Veterinária e
Zootecnia Do CRMV-SP, 16(3), 85.

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