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Diários de Aula

20/04/2022
Para essa quarta-feira, a professora Paloma determinou a análise da entrevista de Audre Lorde
para Adrienne Rich. Em muitas ocasiões, a autora explora a relação entre seus textos e suas
vivências pessoais.
Primeiramente, foi determinado que os alunos se dividissem em grupos pequenos para separar
citações marcantes da entrevista. Meu grupo determinou que a citação de Audre no início do
texto merecia o reconhecimento da sala. A citação dela era “Estou falando de toda a minha vida.
Eu evitava sentir. Eu resistia. E num nível tão obscuro que eu não sabia como falar. Eu me
ocupava sondando outras formas de dar e receber informação e o que mais eu pudesse, porque
falar não funcionava. As pessoas ao meu redor falavam o tempo todo – e não necessariamente
dando ou recebendo algo que fosse útil para elas ou para mim.”
Particularmente, esse momento em que Audre conta sobre sua dificuldade de comunicação foi
muito importante para que eu pudesse ver as particularidades que faziam dela tão humana.
Enxergar uma consagrada autora e poeta como apenas uma menina tímida nos seus primeiros
anos escolares, me proporcionou a oportunidade de refletir sobre ela como uma mulher simples
com sonhos e dificuldades que poderia se relacionar com as minhas próprias limitações e que
demonstraria através das suas experiências demonstrar os aprendizados e reflexões que obtivera
para uma nova geração tão necessitada quanto ela.
Além disso, foi necessário que a sala novamente se juntasse para analisar outras citações
importantes para compreender a complexidade da autora e de sua entrevista. Foi necessário
dividir a entrevista em partes para interpretar as respostas. A primeira parte é reconhecida pelas
histórias de infância da autora, momentos como a sua comparação entre a escrita poética e
“bolhas de caos” e como elas representam as desorganizações da vida e de suas emoções
particulares ou a história sobre o pôr-do-sol no México que lhe revelou a necessidade de
escrever a fim de expressar a beleza recém-vista.
A segunda parte é dedicada para expressar os momentos de Audre como educadora e seus
momentos de reflexão para com a língua. Um dos momentos mais marcantes para mim foi sua
afirmação sobre a gramática e sua natureza organizadora. A gramática recebeu o objetivo de
determinar como os pensamentos criativos poderiam fazer sentido e se encaixar de forma útil no
texto. Outrossim, foram os muitos momentos em que os seus alunos ou pessoas próximas e até
outros militantes questionaram as posições políticas da autora e como ela se posicionava diante
dos movimentos sociais e as muitas “incoerências” que essas pessoas viam em sua vida.
Por último, a terceira parte revela a relação entre a linguagem e suas posições políticas. Para ela,
foi necessário compreender a necessidade de expressar seus sentimentos e entender a
importância deles para um posicionamento verdadeiro na sua vida política. Na citação “Já ouvi
essa acusação de que eu estou contribuindo para o estereótipo, de que estou dizendo que os
domínios da inteligência e da racionalidade pertencem ao homem branco. Entretanto, se você
viaja por uma estrada que começa no nada e termina em lugar nenhum, a quem essa estrada
pertence não quer dizer nada. Se não há terra de onde essa estrada parta, se não há um lugar para
onde ela vá, geograficamente, nenhum objetivo, então a existência dessa estrada é totalmente
sem propósito. Deixar a racionalidade para o homem branco é como deixar para ele um pedaço
dessa estrada que vai de nada para lugar nenhum”. Audre define nesse momento que é
impossível se relacionar racionalmente consigo mesma e dessa forma trabalhar para a
independência das mulheres sem se relacionar com o seu interior e descobrir o que é importante
para si.
Seguidamente, descobrir essa poeta foi um divisor de águas para mim. Nunca me relacionei
com poesia, sempre achei complicado e difícil de se envolver, mas Audre Lorde em apenas uma
entrevista conseguiu desenvolver em mim curiosidade suficiente para que eu estude cada
palavra de seus textos com a mesma avidez que ela se propôs a escrever.

27/04/22
Estamos trabalhando os textos “Poesia não é um luxo”, “Transformação do silêncio em
linguagem de ação” e o “Uso do erótico” de Audre Lorde e que autora tremenda ela é.
Novamente foi necessário dividir os textos em partes para explorá-los melhor. Separamos os
dois poemas em categorias classificadas de acordo com as fases vistas em sua vida através da
entrevista.
Para a primeira parte, destacada como a conexão da poesia consigo, eu destaquei uma citação
que define o que a poesia representava para a autora na minha perspectiva, a citação é “Os
horizontes mais longínquos das nossas esperanças e dos nossos medos são pavimentados pelos
nossos poemas, esculpidos nas rochas que são nossas experiências diárias”. Assim, fica claro
que para Audre eram as experiências eram o que inspiravam e criavam as condições perfeitas
para criar poesia e assim oferecer uma voz para os nossos sentimentos mais íntimos.
Para a parte classificada como “poesia como transformação de si” classifiquei excertos como
aquele escrito em poesia não é um luxo que diz o seguinte “Trata-se da poesia como iluminação,
pois é através da poesia que damos nome àquelas ideias que – antes do poema – não têm nome
nem forma, que estão para nascer, mas já são sentidas. Essa destilação da experiência da qual
brota a verdadeira poesia faz nascer o pensamento, tal como o sonho faz nascer o conceito, tal
como a sensação faz nascer a ideia, tal como o conhecimento faz nascer (antecede) a
compreensão”. Essa parte descreve perfeitamente como a poesia possui uma poderosa força
para revelar e até mudar nossa relação com os sentimentos pouco trabalhados, pouco
compreendidos ou até reprimidos.
Seguidamente, a próxima etapa era discutir citações sobre o papel do ensino e da
vulnerabilidade na construção dos textos de Audre Lorde. Em primeiro lugar, eu destaquei
citações como “Eu ia morrer, mais cedo ou mais tarde, tendo ou não me manifestado. Meus
silêncios não me protegeram. Seu silêncio não vai proteger você. Mas a cada palavra verdadeira
dita, a cada tentativa que fiz de falar as verdades das quais ainda estou em busca, tive contato
com outras mulheres enquanto analisávamos as palavras adequadas a um mundo no qual todas
nós acreditávamos, superando nossas diferenças. E foi a preocupação e o cuidado dessas
mulheres que me deram força e me permitiram esmiuçar aspectos essenciais da minha vida” em
Transformação do Silêncio em Linguagem de Ação que demonstram que a informação e
vulnerabilidade ofereceram a poeta a oportunidade de enfrentar situações complicadas de sua
vida de forma criativa e relevante para encontrar sua essência como artista e como pessoa.
Por último, foi importante destacar a terceira parte que era tratada por textos sobre
conhecimento, racionalidade e sentimento. Acredito que nessa parte em específico o texto que
mais se destacou foi o texto “O uso do Erótico”. Para mim, esse texto foi o mais complicado de
se absorver e principalmente de se interpretar. Para Audre, o conhecimento de seus sentimentos
mais profundos abre os aspectos racionais mais complexos, como na citação “Como mulheres,
acabamos desconfiando do poder que emana de nossos conhecimentos mais profundos e
irracionais. Temos sido advertidas contra eles durante a vida inteira pelo mundo masculino, que
valoriza essa profundidade de sentimento o suficiente para manter as mulheres por perto a fim
de empregá-los a serviço dos homens, mas os temem a ponto de não refletirem sobre as
possibilidades desses sentimentos para eles mesmos. Então, as mulheres são mantidas em uma
posição distante/inferior para serem ordenhadas psiquicamente, de maneira bastante parecida
com as formigas, que mantêm colônias de pulgões que fornecem uma substância nutritiva para
seus líderes” que demonstra como o exercício do erótico oferece para as mulheres o
empoderamento necessário para suprimir o patriarcado branco e desenvolver a identidade
feminina.
Pra mim, foram textos como esses que revelaram para mim uma poesia repleta de significado
capaz de tocar em espaços pessoais que outras formas de arte nunca haviam tocado. Audre
Lorde possuía um poder em seus textos capazes de revelar uma luz e um poder dentro de suas
leitoras, especialmente, que talvez outras poetas demorariam carreiras para encontrar. Nunca
gostei de poesia, mas dessa poesia, achei impossível não me emocionar.

25/05/2022
Quando li Adrienne Rich pela primeira vez, posso não ter entendido muita coisa mas a partir de
pesquisa e das próprias explicações da professora pude compreender muitos tópicos que não vi
pela primeira vez.
Para a professora foi necessário separar a sala em alguns grupos para destacar os diferentes
textos que foram lidos. Meu grupo ficou responsável pelo texto

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