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Essa experiência leva-o para um espaço que pode modificar a sua relação com o
mundo que o circunda, já que existe sempre a possibilidade de o leitor voltar
transformado do país dos espelhos, onde tudo é visto de forma diferente.
Estamos sempre a aprender a ler.
Um livro que passou pelos nossos olhos há um mês ou há um ano,
já é um outro quando relido.
As nossas novas experiências de vida e de leitura, de um mês ou de um ano,
fazem-nos ler o texto de forma diversa.
A cada instante o livro modifica-se,
seguindo as transformações do mundo e do leitor.
O livro é um caleidoscópio.
Raul Drewnick
Leticia Wierzchowski
⧫ Leitura e sociedade
Os livros podem dar a falsa sensação de que o leitor se encontra sozinho com
eles, mas existe uma multidão que passeia silenciosamente pelas mesmas páginas,
uma multidão oriunda de diferentes lugares e de diferentes épocas, pronta a interagir
com ele e a partilhar as mais diversas experiências de vida. Não existe solidão no
momento em que se lê um livro.
A leitura é tão importante para a sanidade mental que a terapia pelos livros, ou
biblioterapia, tem vindo a ser cada vez mais utilizada como forma de tratamento.
A leitura torna possível uma abertura de horizontes que permite que o leitor se
situe, em determinados momentos, numa realidade alternativa mais compensatória,
capaz de o ajudar a crescer em resiliência e a enfrentar as condições da sua vida real.
Matt Haig
Abri o livro e afundei-me nele
(bem que me tinham avisado
que era objeto perigoso)
só na última página consegui
vir à tona
e os que me esperavam ansiosamente
admiraram-se
com o meu sorriso enigmático
de peregrino
de outros mundos.
Brissos Lino
⧫A leitura como estratégia de combate à ansiedade
Afonso Cruz
⧫ A leitura não tem idade
O constante trabalho mental que o ato de ler implica traz inúmeros benefícios,
sendo um importante aliado na proteção de doenças neurodegenerativas, como o
Alzheimer.
Os livros são vida por dentro.
Trazem à superfície tudo o que temos guardado.
Despertam memórias. Verbalizam medos, desejos, contradições.
Estimulam a imaginação. Fazem nascer alternativas nunca antes consideradas.
Convidam à reflexão.
Trazem lucidez. Questionam a passividade e o conformismo.
Instigam-nos a não desistir dos sonhos.
Desconstroem crenças e estruturas sociais rígidas.
Fortalecem perante as adversidades. Aquietam. Consolam.
São ar respirável em quotidianos sufocantes. Transportam para outras existências.
Iluminam outros pontos de vista.
Ensinam que nenhuma existência é linear e que o mundo é plural.
Promovem a tolerância e a empatia.
Por tudo isto, preservam o que está na raiz de cada ser humano:
a possibilidade de imaginar
e construir a própria liberdade.
Luzia Jardim