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LISTA 01 – PERÍODO PRÉ-COLONIAL E COLONIAL

PROF. RODOLFO
1. (Enem 2016) A linhagem dos primeiros críticos
ambientais brasileiros não praticou o elogio laudatório
da beleza e da grandeza do meio natural brasileiro. O
meio natural foi elogiado por sua riqueza e potencial
econômico, sendo sua destruição interpretada como
um signo de atraso, ignorância e falta de cuidado.
PADUA, J. A. Um sopro de destruição: pensamento
político e crítica ambiental no Brasil escravista (1786-
1888). Rio de Janeiro: Zahar, 2002 (adaptado).

Descrevendo a posição dos críticos ambientais


brasileiros dos séculos XVIII e XIX, o autor demonstra
que, via de regra, eles viam o meio natural como
a) ferramenta essencial para o avanço da nação.
b) dádiva divina para o desenvolvimento industrial.
c) paisagem privilegiada para a valorização fundiária.
d) limitação topográfica para a promoção da
urbanização.
e) obstáculo climático para o estabelecimento da
civilização.

2. (Enem 2016) A África Ocidental é conhecida pela


dinâmica das suas mulheres comerciantes,
caracterizadas pela perícia, autonomia e mobilidade. A
sua presença, que fora atestada por viajantes e por
missionários portugueses que visitaram a costa a Com base no mapa e em seus conhecimentos,
partir do século XV, consta também na ampla assinale a alternativa correta.
documentação sobre a região. A literatura é rica em a) O rio São Francisco foi caminho natural para a
referências às grandes mulheres como as vendedoras expansão da cana-de-açúcar e do algodão da Zona
ambulantes, cujo jeito para o negócio, bem como a da Mata, na Bahia, até a Capitania de São Paulo e
autonomia e mobilidade, é tão típico da região. Minas de Ouro.
b) A ocupação territorial de parte significativa dessa
HAVIK, P. Dinâmicas e assimetrias afro-atlânticas: a região foi marcada por duas características
agência feminina e representações em mudança na geomorfológicas: a serra do Espinhaço e o vale do
Guiné (séculos XIX e XX). In: PANTOJA. S. (Org.). rio São Francisco.
Identidades, memórias e histórias em terras africanas. c) Essa região caracterizava-se, nesse período, por
Brasília: LGE; Luanda: Nzila, 2006. paisagens onde predominavam as minas e os
currais, mas no século XIX a mineração sobrepujou
as outras atividades econômicas dessas capitanias.
A abordagem realizada pelo autor sobre a vida social d) O caminho pelo rio São Francisco foi estabelecido
da África Ocidental pode ser relacionada a uma pelas bandeiras paulistas para penetração na região
característica marcante das cidades no Brasil aurífera da Chapada dos Parecis e posterior
escravista nos séculos XVIII e XIX, que se observa pagamento do “quinto” na sede da capitania, em
pela Salvador.
a) restrição à realização do comércio ambulante por e) As bandeiras que partiam da Capitania da Bahia de
africanos escravizados e seus descendentes. Todos os Santos para a Capitania de São Paulo e
b) convivência entre homens e mulheres livres, de Minas de Ouro propiciaram o surgimento de
diversas origens, no pequeno comércio. localidades com economia baseada na agricultura
c) presença de mulheres negras no comércio de rua monocultora de exportação.
de diversos produtos e alimentos.
d) dissolução dos hábitos culturais trazidos do 4. (Fuvest 2013) Admite-se que as cenouras sejam
continente de origem dos escravizados. originárias da região do atual Afeganistão, tendo sido
e) entrada de imigrantes portugueses nas atividades levadas para outras partes do mundo por viajantes ou
ligadas ao pequeno comércio urbano. invasores. Com base em relatos escritos, pode-se
dizer que as cenouras devem ter sido levadas à
3. (Fuvest 2013) Observe o mapa abaixo. Europa no século XII e, às Américas, no início do
século XVII.
Em escritos anteriores ao século XVI, há referência
apenas a cenouras de cor roxa, amarela ou vermelha.

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É possível que as cenouras de cor laranja sejam a) foi escrito por uma autoridade da Coroa na colônia
originárias dos Países Baixos, e que tenham sido e tem como principal conteúdo a comemoração da
desenvolvidas, inicialmente, à época do Príncipe de morte de Zumbi dos Palmares. A data de 20 de
Orange (1533-1584). novembro, como referência ao líder do quilombo,
No Brasil, são comuns apenas as cenouras laranja, tem uma conotação simbólica para a população
cuja cor se deve à presença do pigmento negra em contraponto à visão oficial do 13 de maio
betacaroteno, representado a seguir. de 1888.
b) o feito da tomada de Palmares, em 1694, pelos
exércitos da Coroa, é entendido como menos
glorioso quando comparado à expulsão dos
holandeses de Pernambuco, em 1654. Os dois
eventos históricos não têm o mesmo apelo para a
formação da sociedade brasileira na atualidade.
c) o texto de Caetano de Melo e Castro indica que
Com base no descrito acima, e considerando corretas Palmares não gerou temor às estruturas coloniais
as hipóteses ali aventadas, é possível afirmar que as da Capitania de Pernambuco. A comemoração
cenouras de coloração laranja oficial do Dia da Consciência Negra é uma invenção
a) podem ter sido levadas à Europa pela Companhia política do período recente.
das Índias Ocidentais e contêm um pigmento que é d) o Quilombo de Palmares representou uma ameaça
um polifenol insaturado. aos poderes coloniais, já que muitos eram os
b) podem ter sido levadas à Europa por rotas rebeldes que se organizavam ou se aliavam ao
comerciais norte-africanas e contêm um pigmento quilombo. A data é celebrada, na atualidade, como
cuja molécula possui apenas duplas ligações cis. símbolo da resistência pelos movimentos negros.
c) podem ter sido levadas à Europa pelos chineses e
contêm um pigmento natural que é um poliéster 6. (Fgv 2017) Leia o excerto de uma peça teatral, de
saturado. 1973.
d) podem ter sido trazidas ao Brasil pelos primeiros
degredados e contêm um pigmento que é um Nassau
polímero natural cujo monômero é o etileno.
e) podem ter sido trazidas a Pernambuco durante a Como Governador-Geral do Pernambuco, a
invasão holandesa e contêm um pigmento natural minha maior preocupação é fazer felizes os seus
que é um hidrocarboneto insaturado. moradores. Mesmo porque eles são mais da metade
da população do Brasil, e esta região, com a
5. (Unicamp 2017) O documento abaixo foi redigido concentração dos seus quase 350 engenhos de
pelo governador de Pernambuco, Caetano de Melo e açúcar, domina a produção mundial de açúcar. Além
Castro, em 18 de agosto de 1694, para comunicar ao do mais, nessa disputa entre a Holanda, Portugal e
Rei de Portugal a tomada da Serra da Barriga. Espanha, quero provar que a colonização holandesa é
a mais benéfica. Minha intenção é fazê-los felizes…
“(...) Não me parece dilatar a Vossa Majestade da sejam portugueses, holandeses ou os da terra, ricos
gloriosa restauração dos Palmares, cuja feliz vitória ou pobres, protestantes ou católicos romanos e até
senão avalia por menos que a expulsão dos mesmo judeus.
holandeses, e assim foi festejada por todos estes Senhores, a Companhia das Índias
povos com seis dias de luminárias. (...) Os negros se Ocidentais, que financiou a campanha das Américas,
achando de modo poderosos que esperavam o nosso fecha agora o balanço dos últimos quinze anos com
exército metidos na serra (...), fiando-se na aspereza um saldo devedor aos seus acionistas da ordem de
do sítio, na multidão dos defensores. (...) Temeu-se dezoito milhões de florins.
muito a ruína destas Capitanias quando à vista de
tamanho exército e repetidos socorros como haviam
ido para aquela campanha deixassem de ser vencidos Moradores
aqueles rebeldes pois imbativelmente se lhes unir-se
os escravos todos destes moradores (....)”. Viva! Já ganhou! (...) Viva ele! Viva!

Décio Freitas, República de Palmares – pesquisa e Chico Buarque de Holanda e Ruy Guerra. Calabar: o
comentários em documentos históricos do século XVII. elogio da traição, 1976. Adaptado.
Maceió: UFAL, 2004, p. 129.
Sobre o fato histórico ao qual a obra teatral faz
Sobre o documento acima e seus significados atuais, referência, é correto afirmar que
é correto afirmar que a) as bases religiosas da colonização holandesa no
nordeste brasileiro produziram uma organização

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administrativa que privilegiava a elite luso-brasileira, VIEIRA, Antônio. Sermões. Porto: Lello & Irmão, 1959.
ao oferecer financiamento com juros subsidiados e
parcelas importantes do poder político aos grandes
proprietários católicos. O texto, escrito no século XVII, pode ser interpretado
b) a grande distância entre as promessas de tolerância como
religiosa e a realidade presente no cotidiano dos a) o reconhecimento da humanidade intrínseca dos
moradores da capitania de Pernambuco deu-se indígenas e africanos, que deveriam possuir os
porque os dirigentes da companhia holandesa mesmos direitos dos europeus.
impuseram o calvinismo como religião oficial e b) uma analogia entre o trabalho de evangelização
perseguiram as demais religiões. desenvolvido nas colônias e a criação do homem
c) a presença da Companhia das Índias Ocidentais no por Deus.
nordeste da América portuguesa trouxe benefícios c) a exigência da escravização dos indígenas que,
aos proprietários luso-brasileiros, como o através do trabalho forçado, poderiam alcançar a
financiamento da produção, mas reproduziu a lógica salvação eterna.
do colonialismo, ao concentrar a riqueza no setor d) um discurso contra o trabalho desenvolvido nas
mercantil e não no produtivo. missões jesuíticas implantadas pelos europeus nas
d) a felicidade prometida pelos invasores holandeses colônias americanas.
não pôde ser efetivada em função da lógica
diplomática presente na relação entre Portugal e 9. (Fuvest 2017) Os ensaios sediciosos do final do
Holanda, pois se tratava de nações inimigas desde século XVIII anunciam a erosão de um modo de vida.
o século XV, em virtude da disputa pelo comércio A crise geral do Antigo Regime desdobra-se nas áreas
oriental. periféricas do sistema atlântico – pois é essa a
e) as promessas dos invasores holandeses se posição da América portuguesa –, apontando para a
confirmaram, e a elite ligada à produção açucareira emergência de novas alternativas de ordenamento da
e ao comércio colonial foi amplamente beneficiada, vida social.
principalmente pelo livre comércio, o que explica a István Jancsó, “A Sedução da Liberdade”. In:
resistência desses setores sociais ao interesse Fernando Novais, História da Vida Privada no Brasil, v.
português em retomar a região invadida pela 1. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. Adaptado.
Holanda.

7. (Unesp 2017) A Inconfidência Mineira (1789) e a A respeito das rebeliões contra o poder colonial
Conjuração Baiana (1798) tiveram semelhanças e português na América, no período mencionado no
diferenças significativas. É correto afirmar que texto, é correto afirmar que,
a) as duas revoltas tiveram como objetivo central a a) em 1789 e 1798, diferentemente do que se dera
luta pelo fim da escravidão. com as revoltas anteriores, os sediciosos tinham o
b) a revolta mineira teve caráter eminentemente claro propósito de abolir o tráfico transatlântico de
popular e a baiana, aristocrático e burguês. escravos para o Brasil.
c) a revolta mineira propunha a independência b) da mesma forma que as contestações ocorridas no
brasileira e a baiana, a manutenção dos laços com Maranhão em 1684, a sedição de 1798 teve por
Portugal. alvo o monopólio exercido pela companhia
d) as duas revoltas obtiveram vitórias militares no exclusiva de comércio que operava na Bahia.
início, mas acabaram derrotadas. c) em 1789 e 1798, tal como ocorrera na Guerra dos
e) as duas revoltas incorporaram e difundiram ideias e Mascates, os sediciosos esperavam contar com o
princípios iluministas. suporte da França revolucionária.
d) tal como ocorrera na Guerra dos Emboabas, a
8. (Fac. Albert Einstein - Medicin 2017) Concedo-vos sedição de 1789 opôs os mineradores recém-
que esse índio bárbaro e rude seja uma pedra: vede o chegados à capitania aos empresários há muito
que faz em uma pedra a arte. Arranca o estatuário estabelecidos na região.
uma pedra dessas montanhas, tosca, bruta, dura, e) em 1789 e 1798, seus líderes projetaram a
informe, e depois que desbastou o mais grosso, toma possibilidade de rompimento definitivo das relações
o maço, e o cinzel na mão, e começa a formar um políticas com a metrópole, diferentemente do que
homem, primeiro membro a membro, e depois feição ocorrera com as sedições anteriores.
por feição, até a mais miúda: ondeia-lhe os cabelos,
alisa-lhe a testa, rasga-lhe os olhos, afia-lhe o nariz, 10. (Fgv 2017) O que queremos destacar com isso é
abre-lhe a boca, avulta-lhe as faces, torneia-lhe o que o tráfico atlântico tendia a reforçar a natureza
pescoço, estende-lhe os braços, espalma-lhe as mercantil da sociedade colonial: apesar das intenções
mãos, divide-lhe os dedos, lança-lhe os vestidos: aqui aristocráticas da nobreza da terra, as fortunas
desprega, ali arruga, acolá recama: e fica um homem senhoriais podiam ser feitas e desfeitas facilmente. Ao
perfeito, e talvez um santo, que se pode pôr no altar. mesmo tempo, observa-se a ascensão dos grandes
negociantes coloniais, fornecedores de créditos e

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escravos à agricultura de exportação e às demais a) impediu o domínio do governo metropolitano nas
atividades econômicas. Na Bahia, desde o final do áreas de extração e favoreceu a independência
século XVII, e no Rio de Janeiro, desde pelo menos o colonial.
início do século XVIII, o tráfico atlântico de escravos b) bloqueou a possibilidade de ascensão social na
passou a ser controlado pelas comunidades mercantis colônia e forçou a alta dos preços dos instrumentos
locais (...). de mineração.
c) provocou um processo de urbanização e articulou a
João Fragoso et alii. A economia colonial brasileira economia colonial em torno da mineração.
(séculos XVI-XIX), 1998. d) extinguiu a economia colonial agroexportadora e
incorporou a população litorânea economicamente
ativa.
O texto permite inferir que e) restringiu a divisão da sociedade em senhores e
a) o tráfico atlântico de escravos prejudicou a Escravos e limitou a diversidade cultural da colônia.
economia colonial brasileira porque uma enorme
quantidade de capitais, oriunda da produção 12. (Enem 2016) Texto I
agroindustrial, era remetida para a África e para
Portugal. Documentos do século XVI algumas vezes se referem
b) as transações comercias envolvendo a África e a aos habitantes indígenas como “os brasis”, ou “gente
América portuguesa deveriam, necessariamente, brasília” e, ocasionalmente no século XVII, o termo
passar pelas instâncias governamentais da “brasileiro” era a eles aplicado, mas as referências ao
Metrópole, condição típica do sistema colonial. status econômico e jurídico desses eram muito mais
c) a monopolização do tráfico negreiro nas mãos de populares. Assim, os termos “negro da terra” e “índios”
comerciantes encareceu essa mão de obra e eram utilizados com mais frequência do que qualquer
atrasou o desenvolvimento das atividades outro.
manufatureiras nas regiões mais ricas da América
portuguesa. SCHWARTZ, S. B. Gente da terra braziliense da
d) as rivalidades econômicas e políticas entre fidalgos nação. Pensando o Brasil: a construção de um povo.
e burgueses, no espaço colonial, impediram o In: MOTA, C. G. (Org.). Viagem Incompleta: a
crescimento mais acelerado da produção de outras experiência brasileira (1500-2000).
mercadorias além do açúcar e do tabaco. São Paulo: Senac, 2000 (adaptado).
e) nem todos os fluxos econômicos, durante o
processo de colonização portuguesa na América,
eram controlados pela Coroa portuguesa, revelando Texto II
uma certa autonomia das elites coloniais em relação
à burguesia metropolitana. Índio é um conceito construído no processo de
conquista da América pelos europeus.
11. (Unesp 2017) Em meados do século o negócio Desinteressados pela diversidade cultural, imbuídos
dos metais não ocuparia senão o terço, ou bem de forte preconceito para com o outro, o indivíduo de
menos, da população. O grosso dessa gente compõe- outras culturas, espanhóis, portugueses, franceses e
se de mercadores de tenda aberta, oficiais dos mais anglo-saxões terminaram por denominar da mesma
variados ofícios, boticários, prestamistas, forma povos tão díspares quanto os tupinambás e os
estalajadeiros, taberneiros, advogados, médicos, astecas.
cirurgiões-barbeiros, burocratas, clérigos, mestres- SILVA, K. V.; SILVA, M. H. Dicionário de conceitos
escolas, tropeiros, soldados da milícia paga. Sem falar históricos. São Paulo: Contexto, 2005.
nos escravos, cujo total, segundo os documentos da
época, ascendia a mais de cem mil. A necessidade de
abastecer-se toda essa gente provocava a formação Ao comparar os textos, as formas de designação dos
de grandes currais; a própria lavoura ganhava alento grupos nativos pelos europeus, durante o período
novo. analisado, são reveladoras da
a) concepção idealizada do território, entendido como
(Sérgio Buarque de Holanda. “Metais e pedras geograficamente indiferenciado.
preciosas”. História geral da civilização brasileira, vol. b) percepção corrente de uma ancestralidade comum
2, 1960. Adaptado.) às populações ameríndias.
c) compreensão etnocêntrica acerca das populações
dos territórios conquistados.
De acordo com o excerto, é correto concluir que a d) transposição direta das categorias originadas no
extração de metais preciosos em Minas Gerais no imaginário medieval.
século XVIII e) visão utópica configurada a partir de fantasias de
riqueza.

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13. (Fac. Albert Einstein - Medicin 2016) “Para se tirar b) As grandes turbulências mundiais de finais do
este óleo das árvores lhes dão um talho com um século XVIII e de começos do XIX prejudicaram a
machado acima do pé, até que lhe chegam à veia, e economia do Brasil, fortemente dependente do
como lhe chegam corre este óleo em fio, e lança tanta trabalho escravo, mas incapaz de obter
quantidade cada árvore que há algumas que dão duas fornecimento regular e estável dessa mão de obra.
botijas cheias, que tem cada uma quatro camadas. c) Não obstante pressões britânicas contra o tráfico
Este óleo [de copaíba] tem muito bom cheiro, e é negreiro em direção ao Brasil, ele se manteve alto,
excelente para curar feridas frescas, e as que levam contribuindo para que a ordem nacional surgida
pontos da primeira curam, soldam se as queimam com com a Independência fosse escravista.
ele, e as estocadas ou feridas que não levam ponto se d) Desde o final do século XVIII, criaram-se as
curam com ele, sem outras mezinhas; com o qual se condições para que a economia e a sociedade do
cria a carne até encourar, e não deixa criar nenhuma Império do Brasil deixassem de ser escravistas, pois
corrupção nem matéria. Para frialdades, dores de o tráfico negreiro estava estagnado.
barriga e pontadas de frio é este óleo santíssimo, e é e) Rapidamente, o Brasil aderiu à agenda
tão sutil que se vai de todas as vasilhas, se não são antiescravista britânica formulada no final do século
vidradas; e algumas pessoas querem afirmar que até XVIII, firmando tratados de diminuição e extinção do
no vidro míngua; e quem se untar com este óleo há de tráfico negreiro e acatando as imposições
se guardar do ar, porque é prejudicial.” favoráveis ao trabalho livre.

Gabriel Soares de Souza. Tratado descritivo do Brasil 15. (Enem 2016) TEXTO I
em 1587. São Paulo: Edusp, 1987, p. 202-203.

O texto, escrito por um viajante português ao Brasil em


1587, indica a percepção de características dos
nativos, como
a) o conhecimento de árvores e de ervas e o
desenvolvimento de práticas medicinais e da
cerâmica.
b) a submissão aos conhecimentos científicos dos
portugueses e a capacidade de observação da
natureza.
c) os cuidados com a diversidade da flora e da fauna e
a limitação dos recursos hídricos disponíveis.
d) o caráter religioso das práticas médicas e a
dificuldade de reconhecer o avanço das doenças.

14. (Fuvest 2016) Examine o gráfico.

TEXTO II
Os santos tornaram-se grandes aliados da Igreja para
atrair novos devotos, pois eram obedientes a Deus e
ao poder clerical. Contando e estimulando o
conhecimento sobre a vida dos santos, a Igreja
transmitia aos fiéis os ensinamentos que julgava
corretos e que deviam ser imitados por escravos que,
em geral, traziam outras crenças de suas terras de
origem, muito diferentes das que preconizava a fé
O gráfico fornece elementos para afirmar: católica.
a) A despeito de uma ligeira elevação, o tráfico
negreiro em direção ao Brasil era pouco significativo OLIVEIRA; A. J. Negra devoção. Revista de História
nas primeiras décadas do século XIX, pois a mão da Biblioteca Nacional, n. 20, maio 2007 (adaptado).
de obra livre já estava em franca expansão no país.

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possuir coisa de vossas navegações, pelo
Posteriormente ressignificados no interior de certas grandíssimo dano que daí se podia seguir.
irmandades e no contato com outra matriz religiosa, o
ícone e a prática mencionada no texto estiveram Serafim Leite. Cartas dos primeiros jesuítas do Brasil,
desde o século XVII relacionados a um esforço da 1954.
Igreja Católica para
a) reduzir o poder das confrarias.
b) cristianizar a população afro-brasileira. O trecho acima foi extraído de uma carta dirigida pelo
c) espoliar recursos materiais dos cativos. padre jesuíta Diogo de Gouveia ao Rei de Portugal D.
d) recrutar libertos para seu corpo eclesiástico. João III, escrita em Paris, em 17/02/1538. Seu
e) atender a demanda popular por padroeiros locais. conteúdo mostra
a) a persistência dos ataques franceses contra a
16. (Fac. Albert Einstein - Medicin 2016) “Na sua América, que Portugal vinha tentando colonizar de
condição de propriedade, o escravo é uma coisa, um modo efetivo desde a adoção do sistema de
bem objetivo. (...) Daí ter sido usual a prática de capitanias hereditárias.
marcar o escravo com ferro em brasa como se ferra o b) os primórdios da aliança que logo se estabeleceria
gado. Os negros eram marcados já na África, antes do entre as Coroas de Portugal e da França e que
embarque, e o mesmo se fazia no Brasil, até no final visava a combater as pretensões expansionistas da
da escravidão. (...) Seu comportamento e sua Espanha na América.
consciência teriam de transcender a condição de coisa c) a preocupação dos jesuítas portugueses com a
possuída no relacionamento com o senhor e com os expansão de jesuítas franceses, que, no Brasil,
homens livres em geral. E transcendiam, antes de vinham exercendo grande influência sobre as
tudo, pelo ato criminoso. O primeiro ato humano do populações nativas.
escravo é o crime, desde o atentado contra o senhor à d) o projeto de expansão territorial português na
fuga do cativeiro. Em contrapartida, ao reconhecer a Europa, o qual, na época da carta, visava à
responsabilidade penal dos escravos, a sociedade dominação de territórios franceses tanto na Europa
escravista os reconhecia como homens: além de quanto na América.
incluí-los no direito das coisas, submetia-os à e) a manifestação de um conflito entre a recém-criada
legislação penal.” ordem jesuíta e a Coroa portuguesa em torno do
combate à pirataria francesa.
Jacob Gorender. O escravismo colonial. São Paulo:
Ática, 1992, p. 62-63. 18. (Fgv 2016) Reverendo padre reitor, eu, Manoel
Beckman, como procurador eleito por aquele povo
O texto indica aqui presente, venho intimar a vossa reverência, e
a) a ambiguidade no reconhecimento, pela sociedade mais religiosos assistentes no Maranhão, como
colonial e imperial brasileira, da condição dos justamente alterados pelas vexações que padece por
africanos escravizados, que se manifestava terem vossas paternidades o governo temporal dos
sobretudo diante de algumas formas de resistência índios das aldeias, se tem resolvido a lançá-los fora
à exploração. assim do espiritual como do temporal, então e não tem
b) a precocidade da legislação brasileira contra crimes falta ao mau exemplo de sua vida, que por esta parte
hediondos e contra o desrespeito, pelos africanos não tem do que se queixar de vossas paternidades;
escravizados, às obrigações e deveres de todo portanto, notifico a alterado povo, que se deixem estar
trabalhador rural. recolhidos ao Colégio, e não saiam para fora dele para
c) o reconhecimento, pelos governantes brasileiros na evitar alterações e mortes, que por aquela via se
colônia e no império, da necessidade de mediar e poderiam ocasionar; e entretanto ponham vossas
controlar as relações dos proprietários rurais com o paternidades cobro em seus bens e fazendas, para
amplo contingente de africanos escravizados. deixá-las em mãos de seus procuradores que lhes
d) o descumprimento, pelos senhores de escravos no forem dados, e estejam aparelhados para o todo
Brasil colonial e imperial, das leis que regulavam o tempo e hora se embarcarem para Pernambuco, em
trabalho compulsório e que impediam a aplicação embarcações que para este efeito lhes forem
da pena de morte aos africanos escravizados. concedidas.

17. (Fuvest 2016) Eu por vezes tenho dito a V. A. João Felipe Bettendorff, Crônica dos Padres da
aquilo que me parecia acerca dos negócios da França, Companhia de Jesus no Estado
e isto por ver por conjecturas e aparências grandes do Maranhão. 2ª Edição, Belém: SECULT, 1990,
aquilo que podia suceder dos pontos mais aparentes, p.360.
que consigo traziam muito prejuízo ao estado e
aumento dos senhorios de V. A. E tudo se encerrava
em vós, Senhor, trabalhardes com modos honestos de O movimento liderado por Manuel Beckman no
fazer que esta gente não houvesse de entrar nem Maranhão, em 1684, foi motivado pela

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a) proibição do ensino laico no Brasil colonial e pelas entre os interesses metropolitanos e coloniais, ao
pressões que os jesuítas realizavam para impedir a privilegiar as experiências do “viver em colônia”.
sua liberação.
b) questão da mão de obra indígena e pela TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
insatisfação de colonos com as atividades da Leia o texto para responder às questões abaixo
Companhia de Comércio do Maranhão.
c) ameaça dos jesuítas de abandonarem a região e Os diários, as memórias e as crônicas de viagens
pela catequese dos povos indígenas sob a sua escritas por marinheiros, comerciantes, militares,
guarda. missionários e exploradores, ao lado das cartas
d) crítica dos colonos maranhenses ao apoio dos náuticas, seriam as principais fontes de conhecimento
jesuítas aos interesses espanhóis e holandeses na e representação da África dos séculos XV ao XVIII.
região. A barbárie dos costumes, o paganismo e a violência
e) tentativa dos jesuítas em aumentar o preço dos cotidiana foram atribuídos aos africanos ao mesmo
escravos indígenas, contrariando os interesses dos tempo em que se justificava a sua escravização no
colonos maranhenses. Novo Mundo. A desumanização de suas práticas
serviria como justificativa compensatória para a
19. (Enem 2016) O que ocorreu na Bahia de 1798, ao coisificação dos negros e para o uso de sua força de
contrário das outras situações de contestação política trabalho nas plantations da América.
na América Portuguesa, é que o projeto que lhe era
subjacente não tocou somente na condição, ou no (Regina Claro. Olhar a África, 2012. Adaptado.)
instrumento, da integração subordinada das colônias
no império luso. Dessa feita, ao contrário do que se
deu nas Minas Gerais (1789), a sedição avançou 21. (Unesp 2016) As “plantations da América”, citadas
sobre a sua decorrência. no texto, correspondem a
a) um esforço de coordenação da colonização ao
JANCSÓ, I.; PIMENTA, J. P. Peças de um mosaico. redor do Atlântico, com a aplicação de modelos
In: MOTA, C. G. (Org.). Viagem Incompleta: a econômicos idênticos nas colônias ibéricas da
experiência brasileira (1500-2000). São Paulo: Senac, América e da costa africana.
2000. b) uma estratégia de valorização, na colonização da
América e na África, das atividades agrícolas
baseadas em mão de obra escrava, com a
A diferença entre as sedições abordadas no texto consequente eliminação de toda forma de
encontrava-se na pretensão de artesanato e de comércio local.
a) eliminar a hierarquia militar. c) um modelo de organização da produção agrícola
b) abolir a escravidão africana. caracterizado pelo predomínio de grandes
c) anular o domínio metropolitano. propriedades monocultoras, que utilizavam trabalho
d) suprimir a propriedade fundiária. escravo e destinavam a maior parte de sua
e) extinguir o absolutismo monárquico. produção ao mercado externo.
d) uma forma de organização da produção agrícola,
20. (Unicamp 2016) Os estudos históricos por muito implantada nas colônias africanas a partir do
tempo explicaram as relações entre Portugal e Brasil sucesso da experiência de povoamento das
por meio da noção de pacto colonial ou exclusivo colônias inglesas na América do Norte.
comercial. Sobre esse conceito, é correto afirmar que: e) uma política de utilização sistemática de mão de
a) Trata-se de uma característica central do sistema obra de origem africana na pecuária, substituindo o
colonial moderno e um elemento constitutivo das trabalho dos indígenas, que não se adaptavam ao
práticas mercantilistas do Antigo Regime, que sedentarismo e à escravidão.
considera fundamental a dinâmica interna da
economia colonial. TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:
b) Definia-se por um sistema baseado em dois polos: Leia o texto para responder à(s) questão(ões) a
um centro de decisão, a metrópole, e outro seguir.
subordinado, a colônia. Esta submetia-se à primeira
através de uma série de mecanismos político- Prova da barbárie e, para alguns, da natureza não
institucionais. humana do ameríndio, a antropofagia condenava as
c) Em mais de uma ocasião, os colonos reclamaram e tribos que a praticavam a sofrer pelas armas
foram insubordinados diante do pacto colonial, ao portuguesas a “guerra justa”.
exigirem sua presença e atuação nas Cortes dos Nesse contexto, um dos autores renascentistas que
reis ou ao pedirem a presença do Marquês de escreveram sobre o Brasil, o calvinista francês Jean
Pombal na colônia. de Léry, morador do atual Rio de Janeiro na segunda
d) A noção de pacto colonial é um projeto embrionário metade da década de 1550 e quase vítima dos
de Estado que acomodava as tensões surgidas massacres do Dia de São Bartolomeu (24.08.1572),

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ponto alto das guerras de religião na França, compara maneira vivem desordenadamente, sem terem além
a violência dos tupinambás com a dos católicos disto conta, nem peso, nem medida.
franceses que naquele dia fatídico trucidaram e, em GÂNDAVO, P M. A primeira historia do Brasil: história
alguns casos, devoraram seus compatriotas da província de Santa Cruz a que vulgarmente
protestantes: chamamos Brasil. Rio de Janeiro: Zahar, 2004
“E o que vimos na França (durante o São (adaptado).
Bartolomeu)? Sou francês e pesa-me dizê-lo. O fígado
e o coração e outras partes do corpo de alguns
indivíduos não foram comidos por furiosos assassinos A observação do cronista português Pero de
de que se horrorizam os infernos? Não é preciso ir à Magalhães de Gândavo, em 1576, sobre a ausência
América, nem mesmo sair de nosso país, para ver das letras F, L e R na língua mencionada, demonstra a
coisas tão monstruosas”. a) simplicidade da organização social das tribos
brasileiras.
(Luís Felipe Alencastro. “Canibalismo deu pretexto b) dominação portuguesa imposta aos índios no início
para escravizar”. da colonização.
Folha de S.Paulo, 12.10.1991. Adaptado.) c) superioridade da sociedade europeia em relação à
sociedade indígena.
d) incompreensão dos valores socioculturais indígenas
22. (Unesp 2016) O conceito de “guerra justa” foi pelos portugueses.
empregado, durante a colonização portuguesa do e) dificuldade experimentada pelos portugueses no
Brasil, para aprendizado da língua nativa.
a) justificar a captura, o aprisionamento e a
escravização de indígenas. 25. (Fgv 2015) Caracteriza a agricultura colonial no
b) justificar a instalação de missões jesuíticas em Brasil do final do século XVIII:
áreas de colonização francesa. a) a importância alcançada pela produção de tabaco
c) impedir a prisão e o exílio de lideranças e em São Paulo e em Minas Gerais, que ocorreu após
comunidades nativas hostis à colonização. o Conselho Ultramarino ter permitido esse cultivo, o
d) impedir o acesso de protestantes e judeus às áreas que favoreceu a sua troca com manufaturas
de produção de açúcar. inglesas e francesas.
e) impedir que os nativos fossem utilizados como mão b) um novo produto, o trigo, foi beneficiado pela
de obra na lavoura. estrutura originada da Revolução Industrial, que
aprofundou a divisão entre os papéis a serem
23. (Unesp 2016) A partir do texto e de seus exercidos pelas nações, isto é, as ricas, produtoras
conhecimentos, é correto afirmar que de industrializados e, as pobres, de matérias-
a) as experiências de canibalismo relatadas tinham primas.
significados opostos, pois representavam, entre os c) o valor especial adquirido pelo extrativismo no Norte
tupinambás, a rejeição ao catolicismo e, entre os do Brasil, com o guaraná, que concorreu com os
franceses, a adesão à Igreja de Roma. produtos agrícolas tradicionais, como o açúcar,
b) o calvinista francês acusava os colonizadores permitiu um rápido desenvolvimento dessa região e
portugueses de aceitar o canibalismo dos a sua articulação com o restante da colônia.
tupinambás, pois a prática fazia parte da tradição d) o revigoramento da produção de açúcar e o
religiosa católica. desenvolvimento do cultivo do algodão decorrentes,
c) o calvinista francês defendia a tolerância ao principalmente, de alguns fatos internacionais
canibalismo, pois o considerava uma forma importantes, em especial, a independência das
adequada de derrotar e submeter os inimigos treze colônias inglesas e a Revolução Haitiana.
religiosos. e) o aparecimento do café na pauta de exportações
d) as experiências de canibalismo relatadas tinham coloniais, o que revolucionou as relações entre o
origem diversa, pois representavam, entre os Estado português e a elite escravista, pois a
tupinambás, um ritual religioso e, no caso dos sustentação econômica da metrópole exigiu o
franceses, vingança. abrandamento das restrições mercantilistas.
e) as experiências de canibalismo relatadas mostram
que a antropofagia era prática religiosa comum na 26. (Fgv 2015) [...] se o interesse da Coroa estava
América e na Europa e, em virtude disso, os centralizado na atividade minerária, ela não poderia
colonizadores erravam ao condenar os tupinambás. negligenciar outras atividades que garantissem sua
manutenção e continuidade. É nesse contexto que a
24. (Enem 2015) A língua de que usam, por toda a agricultura deve ser vista integrando os mecanismos
costa, carece de três letras; convém a saber, não se necessários ao processo de colonização
acha nela F, nem L, nem R, coisa digna de espanto, desenvolvidos na própria Colônia, uma vez que,
porque assim não têm Fé, nem Lei, nem Rei, e dessa voltada para o consumo interno, era um meio de
garantir a reprodução da estrutura social, além de

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permitir a redução dos custos com a manutenção da d) os europeus, naquele ano, já conheciam
força de trabalho escrava. plenamente o potencial econômico de suas colônias
americanas.
Guimarães, C. M. e REIS, F. M. da M. “Agricultura e e) a economia colonial foi marcada pela
mineração no século XVIII”, simultaneidade de produtos, cuja lucratividade se
in Resende, m.e.l. e VILLALTA, L.C. (orgs.) História relacionava com sua inserção em mercados
de Minas Gerais. As minas setecentistas. internacionais.
Belo Horizonte: Autêntica Editora/Companhia do
Tempo, 2007, p. 323. 28. (Fgv 2015) A interrupção desse fluxo comercial
levaria os negociantes e financistas da República a
fundarem a Companhia das Índias Ocidentais (1621).
Assinale a alternativa que interpreta corretamente o (...)
texto. O historiador Charles Boxer considera que esse
a) Para o desenvolvimento das atividades de conflito, por produtos e mercados, entre o Império
exploração das minas foi decisiva a permissão dada Habsburgo e as Províncias Unidas, foi tão
pela metrópole ao desenvolvimento técnico e generalizado que pode ser considerado, de fato, a
industrial da região. Primeira Guerra Mundial, pois atingiu os quatros
b) Os caminhos entre as minas e Salvador, além de cantos do mundo.
escoar a produção mineradora e permitir a entrada
de escravos, ficaram marcados pelo aparecimento (Regina Célia Gonçalves, Fim do domínio holandês In
de importantes vilas e povoados. Circe Bittencourt (org), Dicionário de datas da história
c) A produção agrícola na região das minas do Brasil, p. 34)
desenvolveu-se a ponto de se tornar um dos
principais itens da pauta de produtos exportados no
período colonial. Acerca do fragmento, que aborda o conflito entre o
d) Apesar do crescimento da agricultura e da pecuária, Império Espanhol e as Repúblicas das Províncias
o mercado interno não se desenvolveu no Brasil Unidas, nas primeiras décadas do século XVII, é
colonial, cuja produção se manteve estritamente correto afirmar que
voltada ao mercado externo. a) os fundamentos da presença holandesa em todos
e) As atividades agrícolas e a pecuária os domínios coloniais portugueses devem ser
desenvolveram-se de certo modo integradas ao associados à conjuntura de guerra religiosa
desenvolvimento da mineração e da urbanização da dominante na Europa, cabendo aos representantes
região mineradora. batavos, prioritariamente, impor o calvinismo nas
regiões recém-conquistadas, caso de Angola.
27. (Fuvest 2015) Se o açúcar do Brasil o tem dado a b) as práticas holandesas de desrespeito aos
conhecer a todos os reinos e províncias da Europa, o domínios coloniais das outras potências europeias,
tabaco o tem feito muito afamado em todas as quatro especialmente Portugal e França, determinaram
partes do mundo, em as quais hoje tanto se deseja e uma onda permanente de guerras entre essas
com tantas diligências e por qualquer via se procura. potências, gerando o isolamento estratégico das
Há pouco mais de cem anos que esta folha se companhias de comércio de capital holandês.
começou a plantar e beneficiar na Bahia [...] e, desta c) a presença holandesa no Nordeste brasileiro,
sorte, uma folha antes desprezada e quase visando o comando da produção açucareira, fez
desconhecida tem dado e dá atualmente grandes parte de um processo mais amplo, porque esteve
cabedais aos moradores do Brasil e incríveis associada ao domínio de espaços fornecedores de
emolumentos aos Erários dos príncipes. escravos na África, além de outros domínios no
Oriente, até então sob o domínio português.
ANTONIL André João. Cultura e opulência do Brasil d) o maior interesse da companhia de comércio
por suas drogas e minas. São Paulo: EDUSP, 2007. holandesa era a exploração mineral na América
Adaptado. portuguesa e, para atingir esse objetivo, optou pela
entrada no Brasil por meio do Nordeste açucareiro,
O texto acima, escrito por um padre italiano em 1711, porque era uma região menos protegida
revela que militarmente e mais aberta à influência estrangeira.
a) o ciclo econômico do tabaco, que foi anterior ao do e) a disputa por espaços coloniais no Caribe e na
ouro, sucedeu o da cana-de-açúcar. região oeste da América do Norte gerou uma guerra
b) todo o rendimento do tabaco, a exemplo do que europeia de grandes proporções, envolvendo as
ocorria com outros produtos, era direcionado à principais monarquias do continente e obrigando a
metrópole. Espanha a se aliar à França e à Inglaterra, com o
c) não se pode exagerar quanto à lucratividade intuito de se defender da marinha de guerra
propiciada pela cana-de-açúcar, já que a do tabaco, holandesa.
desde seu início, era maior.

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29. (Fgv 2015) Em 1497 o rei dom Manuel, não 31. (Fuvest 2015) A colonização, apesar de toda
querendo perder uma valiosa parcela da população, violência e disrupção, não excluiu processos de
[...] impôs o batismo obrigatório a praticamente todos reconstrução e recriação cultural conduzidos pelos
os judeus, restringindo-lhes os meios de sair do país, povos indígenas. É um erro comum crer que a história
escravizando os que continuaram judeus e da conquista representa, para os índios, uma
apreendendo os filhos dos não convertidos. sucessão linear de perdas em vidas, terras e
distintividade cultural. A cultura xinguana – que
SCHWARTZ, S. B. Cada um na sua lei. Tolerância aparecerá para a nação brasileira nos anos 1940
religiosa e salvação no mundo atlântico ibérico. como símbolo de uma tradição estática, original e
São Paulo: Edusc/Cia. das Letras, 2009, p. 155. intocada – é, ao inverso, o resultado de uma história
de contatos e mudanças, que tem início no século X
d.C. e continua até hoje.
Entre os desdobramentos da política do reino
português com relação aos judeus, podemos citar: FAUSTO Carlos. Os índios antes do Brasil. Rio de
a) A presença de cristãos-novos pode ser observada Janeiro: Zahar, 2005.
apenas em Portugal.
b) Os cristãos-novos obtiveram os mesmos direitos Com base no trecho acima, é correto afirmar que
que os cristãos-velhos portugueses. a) o processo colonizador europeu não foi violento
c) A Inquisição portuguesa direcionou-se mais aos como se costuma afirmar, já que ele preservou e
delitos sexuais que à perseguição aos judeus. até mesmo valorizou várias culturas indígenas.
d) O Brasil tornou-se possibilidade de refúgio aos b) várias culturas indígenas resistiram e sobreviveram,
judeus portugueses devido à vigilância mesmo com alterações, ao processo colonizador
crescente na metrópole. europeu, como a xinguana.
e) Devido à ação rigorosa da Inquisição, a questão c) a cultura indígena, extinta graças ao processo
judaica foi rapidamente solucionada em Portugal. colonizador europeu, foi recriada de modo
mitológico no Brasil dos anos 1940.
30. (Enem 2015) Iniciou-se em 1903 a introdução de d) a cultura xinguana, ao contrário de outras culturas
obras de arte com representações de bandeirantes no indígenas, não foi afetada pelo processo
acervo do Museu Paulista, mediante a aquisição de colonizador europeu.
uma tela que homenageava o sertanista que e) não há relação direta entre, de um lado, o processo
comandara a destruição do Quilombo de Palmares. colonizador europeu e, de outro, a mortalidade
Essa aquisição, viabilizada por verba estadual, foi indígena e a perda de sua identidade cultural.
simultânea à emergência de uma interpretação
histórica que apontava o fenômeno do sertanismo TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:
paulista como o elo decisivo entre a trajetória territorial O Brasil colonial foi organizado como uma empresa
do Brasil e de São Paulo, concepção essa que se comercial resultante de uma aliança entre a burguesia
consolidaria entre os historiadores ligados ao Instituto mercantil, a Coroa e a nobreza. Essa aliança refletiu-
Histórico e Geográfico de São Paulo ao longo das três se numa política de terras que incorporou concepções
primeiras décadas do século XX. rurais tanto feudais como mercantis.
COSTA, Emília Viotti da. Da Monarquia à República,
MARINS, P. c. G. Nas matas com pose de reis: a 1987.
representação de bandeirantes e a tradição da
retratística monárquica europeia. Revista do LEB, n.
44, tev. 2007. 32. (Unesp 2015) A afirmação de que “O Brasil
colonial foi organizado como uma empresa comercial
resultante de uma aliança entre a burguesia mercantil,
A prática governamental descrita no texto, com a a Coroa e a nobreza” indica que a colonização
escolha dos temas das obras, tinha como propósito a portuguesa do Brasil
construção de uma memória que a) desenvolveu-se de forma semelhante às
a) afirmava a centralidade de um estado na política do colonizações espanhola e britânica nas Américas,
país. ao evitar a exploração sistemática das novas terras
b) resgatava a importância da resistência escrava na e privilegiar os esforços de ocupação e
história brasileira. povoamento.
c) evidenciava a importância da produção artística no b) implicou um conjunto de articulações políticas e
contexto regional. sociais, que derivavam, entre outros fatores, do
d) valorizava a saga histórica do povo na afirmação de exercício do domínio político pela metrópole e de
uma memória social. uma política de concessões de privilégios e
e) destacava a presença do indígena no vantagens comerciais.
desbravamento do território colonial. c) alijou, do processo colonizador, os setores
populares, que foram impedidos de se transferir

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para a colônia e não puderam, por isso, aproveitar barcos que conduziam as toras de madeira abatidas
as novas oportunidades de emprego que se abriam. na floresta, que alimentavam as fornalhas do engenho,
d) incorporou as diversas classes sociais existentes ou a variedade e a multiplicidade de gêneros e artigos
em Portugal, que mantiveram, nas terras coloniais, manufaturados que o engenho adquiria alhures [...].
os mesmos direitos políticos e trabalhistas de que
desfrutavam na metrópole. (Alice Canabrava apud Déa Ribeiro Fenelon (org.). 50
e) alterou as relações políticas dentro de Portugal, textos de história do Brasil,1986.)
pois provocou o aumento da participação dos
burgueses nos assuntos nacionais e eliminou a
influência da aristocracia palaciana sobre o rei. 34. (Unesp 2015) Quanto à relação do engenho
colonial com as áreas externas a ele, o texto
33. (Unesp 2015) A constatação de que “Essa aliança a) revela o papel decisivo que a Igreja Católica
refletiu-se numa política de terras que incorporou desempenhou no impedimento da escravização das
concepções rurais tanto feudais como mercantis” populações indígenas.
justifica-se, pois a política de terras desenvolvida por b) defende a ideia de que a colonização portuguesa no
Portugal durante a colonização brasileira Brasil, no lugar de explorar as riquezas naturais,
a) permitiu tanto o surgimento de uma ampla camada privilegiou a ocupação do território.
de pequenos proprietários, cuja produção se voltava c) caracteriza sua preocupação ambiental,
para o mercado interno, quanto a implementação de demonstrando o respeito dos administradores às
sólidas parcerias comerciais com o restante da matas e aos rios que compunham a paisagem rural.
América. d) identifica articulações entre as atividades internas e
b) determinou tanto uma rigorosa hierarquia a dinâmica de circulação de mercadorias dentro e
nobiliárquica nas terras coloniais, quanto o confisco fora dos limites da colônia.
total e imediato das terras comunais cultivadas por e) sustenta sua autonomia e autossuficiência,
grupos indígenas ao longo do litoral brasileiro. mostrando-o como desvinculado do restante da
c) envolveu tanto a cessão vitalícia do usufruto de empresa colonial.
terras que continuavam a ser propriedades da
Coroa, quanto a orientação principal do uso da terra 35. (Unesp 2015) Quanto à organização da vida e do
para a monocultura exportadora. trabalho no engenho colonial, o texto
d) garantiu tanto a prevalência da agricultura de a) destaca a ausência de quaisquer relações de
subsistência, quanto a difusão, na região amazônica trabalho e de amizade dos senhores com os seus
e nas áreas centrais da colônia, das práticas da escravos.
pecuária e da agricultura de exportação. b) demonstra a distribuição espacial das construções e
e) assegurou tanto o predomínio do minifúndio no seu papel no funcionamento e na lógica do poder
Nordeste brasileiro, quanto uma regular distribuição dentro do engenho.
de terras entre camponeses no Centro-Sul, com o c) enfatiza a predominância do trabalho compulsório e
objetivo de estimular a agricultura de exportação. os lucros obtidos na comercialização de escravos
de origem africana.
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES: d) denuncia o descaso dos senhores de engenho com
Leia o texto para responder à(s) questão(ões). a escolha da localização para a instalação do
engenho.
A casa-grande, residência do senhor de e) atesta a irracionalidade do posicionamento das
engenho, é uma vasta e sólida mansão térrea ou em edificações e os problemas logísticos trazidos pela
sobrado; distingue-se pelo seu estilo arquitetônico falta de planejamento espacial.
sóbrio, mas imponente, que ainda hoje empresta
majestade à paisagem rural, nas velhas fazendas de 36. (Unesp 2014) Em 1534, a Coroa portuguesa
açúcar que a preservaram. Constituía o centro de estabeleceu o regime de capitanias hereditárias no
irradiação de toda a atividade econômica e social da Brasil Colônia. Entre as funções dos donatários,
propriedade. A casa-grande completava-se com a podemos citar
capela, onde se realizavam os ofícios e as cerimônias a) a nomeação de funcionários e a representação
religiosas [...]. Próximo se erguia a senzala, habitação diplomática.
dos escravos, os quais, nos grandes engenhos, b) a erradicação de epidemias e o estímulo ao
podiam alcançar algumas centenas de “peças”. Pouco crescimento demográfico.
além serpenteava o rio, traçando através da floresta c) a interação com os povos nativos e a repressão ao
uma via de comunicação vital. O rio e o mar se trabalho escravo.
mantiveram, no período colonial, como elementos d) a organização de entradas e bandeiras e o
constantes de preferência para a escolha da situação extermínio dos indígenas.
da grande lavoura. Ambos constituíam as artérias e) a fundação de vilas e cidades e a cobrança de
vivificantes: por meio delas o engenho fazia escoar impostos.
suas safras de açúcar e, por elas, singravam os

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37. (Unicamp 2014) A história de São Paulo no século se compõe a vossa imitação, que, se for
XVII se confunde com a história dos povos indígenas. acompanhada de paciência, também terá
Os índios não se limitaram ao papel de tábula rasa merecimento e martírio[...]. De todos os mistérios da
dos missionários ou vítimas passivas dos vida, morte e ressurreição de Cristo, os que pertencem
colonizadores. Foram participantes ativos e por condição aos pretos, e como por herança, são os
conscientes de uma história que foi pouco generosa mais dolorosos.
com eles.
(Adaptado de John M. Monteiro, “Sangue Nativo”, em P. Antônio Vieira, “Sermão décimo quarto”. In: I. Inácio
http://www.revistadehistoria.com.br/secao/capa/sangu & T. Lucca (orgs.). Documentos do Brasil colonial. São
e-nativo. Acessado em 14/07/2013.) Paulo: Ática, 1993, p.7375.

Sobre a atuação dos indígenas no período colonial, A partir da leitura do texto acima, escrito pelo padre
pode-se afirmar que: jesuíta Antônio Vieira em 1633, pode-se afirmar,
a) A escravidão foi por eles aceita, na expectativa de corretamente, que, nas terras portuguesas da
sua proibição pela Coroa portuguesa, por pressão América,
dos jesuítas. a) a Igreja Católica defendia os escravos dos
b) Sua participação nos aldeamentos fez parte da excessos cometidos pelos seus senhores e os
integração entre os projetos religioso e bélico de incitava a se revoltar.
domínio português, executados por jesuítas e b) as formas de escravidão nos engenhos eram mais
bandeirantes. brandas do que em outros setores econômicos, pois
c) A existência de alianças entre indígenas e ali vigorava uma ética religiosa inspirada na Bíblia.
portugueses não exclui as rivalidades entre grupos c) a Igreja Católica apoiava, com a maioria de seus
indígenas e entre os nativos e os europeus. membros, a escravidão dos africanos, tratando,
d) A adoção do trabalho remunerado dos indígenas portanto, de justificá-la com base na Bíblia.
nos engenhos de São Vicente contrasta com as d) clérigos, como P. Vieira, se mostravam indecisos
práticas de trabalho escravo na Bahia e quanto às atitudes que deveriam tomar em relação
Pernambuco. à escravidão negra, pois a própria Igreja se
mantinha neutra na questão.
38. (Enem 2014) A transferência da corte trouxe para e) havia formas de discriminação religiosa que se
a América portuguesa a família real e o governo da sobrepunham às formas de discriminação racial,
Metrópole. Trouxe também, e sobretudo, boa parte do sendo estas, assim, pouco significativas.
aparato administrativo português. Personalidades
diversas e funcionários régios continuaram 40. (Fgv 2014) Feitas as contas, a historiografia
embarcando para o Brasil atrás da corte, dos seus tradicional do bandeirantismo errou na proposição
empregos e dos seus parentes após o ano de 1808. secundária (as bandeiras caçavam índios para vendê-
NOVAIS, F. A.; ALENCASTRO, L. F. (Org.). História los no Norte), mas acertou na principal (as bandeiras
da vida privada no Brasil. São Paulo: Cia. das Letras, foram originadas pela quebra do tráfico atlântico): os
1997. anos 1625-50 configuram, incontestavelmente, um
período de “fome de cativos”.
Os fatos apresentados se relacionam ao processo de (Luiz Felipe de Alencastro, O trato do viventes. p. 198-
independência da América portuguesa por terem 9)
a) incentivado o clamor popular por liberdade.
b) enfraquecido o pacto de dominação metropolitana. Esse “período de ‘fome de cativos’” relacionou-se
c) motivado as revoltas escravas contra a elite a) aos conflitos entre os holandeses e os portugueses
colonial. no controle sobre o tráfico negreiro africano.
d) obtido o apoio do grupo constitucionalista b) às inúmeras guerras internas na África, que
português. diminuíram drasticamente a oferta de homens para
e) provocado os movimentos separatistas das o tráfico intercontinental.
províncias. c) à ascensão da marinha de guerra inglesa que,
interessada na exploração da África, conteve a
39. (Fuvest 2014) Não há trabalho, nem gênero de retirada de homens do continente.
vida no mundo mais parecido à cruz e à paixão de d) à ação militar e diplomática da França, que obteve o
Cristo, que o vosso em um destes engenhos [...]. A monopólio virtual do tráfico de escravos para a
paixão de Cristo parte foi de noite sem dormir, parte foi América.
de dia sem descansar, e tais são as vossas noites e e) a importantes restrições de escravização dos
os vossos dias. Cristo despido, e vós despidos; Cristo africanos impostas pela Igreja Católica.
sem comer, e vós famintos; Cristo em tudo maltratado,
e vós maltratados em tudo. Os ferros, as prisões, os 41. (Fgv 2014) Dos engenhos, uns se chamam reais,
açoites, as chagas, os nomes afrontosos, de tudo isto outros inferiores, vulgarmente engenhocas. Os reais

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ganharam este apelido por terem todas as partes de Europa a expansão da economia de mercado, com a
que se compõem e todas as oficinas, perfeitas, cheias mercantilização crescente dos vários setores
de grande número de escravos, com muitos canaviais produtivos antes à margem da circulação de
próprios e outros obrigados à moenda; e mercadorias – a produção colonial era uma produção
principalmente por terem a realeza de moerem com mercantil, ligada às grandes linhas do tráfico
água, à diferença de outros, que moem com cavalos e internacional.
bois e são menos providos e aparelhados; ou, pelo
menos, com menor perfeição e largueza, das oficinas (Fernando A. Novais. Portugal e Brasil na crise do
necessárias e com pouco número de escravos, para Antigo Sistema Colonial (1777-1808), 1981.
fazerem, como dizem, o engenho moente e corrente. Adaptado.)

ANTONIL, André João. Cultura e opulência do Brasil.


Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Edusp. 1982, p. O mecanismo principal da colonização foi o comércio
69. entre colônia e metrópole, fato que se manifesta
a) na ampliação do movimento de integração
O texto oferece uma descrição dos engenhos no Brasil econômica europeia por meio do amplo acesso de
no início do século XVIII. A esse respeito é correto outras potências aos mercados coloniais.
afirmar: b) na ausência de preocupações capitalistas por parte
a) O engenho de açúcar foi a principal unidade dos colonos, que preferiam manter o modelo feudal
econômica do sertão nordestino durante o período e a hegemonia dos senhores de terras.
colonial, permitindo a ocupação dos territórios c) nas críticas das autoridades metropolitanas à
situados entre o rio São Francisco e o rio Parnaíba. persistência do escravismo, que impedia a
b) A produção de açúcar no nordeste brasileiro ampliação do mercado consumidor na colônia.
colonial, em larga escala, foi possível graças à d) no desinteresse metropolitano de ocupar as novas
implantação do sistema de fábrica e ao uso do terras conquistadas, limitando-se à exploração
vapor como força motriz nas moendas. imediatista das riquezas encontradas.
c) Os engenhos da Bahia utilizavam, sobretudo, mão e) no condicionamento político, demográfico e
de obra escrava africana, enquanto que nos econômico dos espaços coloniais, que deveriam
engenhos pernambucanos predominava o trabalho gerar lucros para as economias metropolitanas.
indígena.
d) Os grandes engenhos desenvolviam todas as 44. (Enem 2014) O índio era o único elemento então
etapas de produção do açúcar, do plantio, passando disponível para ajudar o colonizador como agricultor,
pela moagem, a purga, a secagem e até a pescador, guia, conhecedor da natureza tropical e,
embalagem. para tudo isso, deveria ser tratado como gente, ter
e) A produção de açúcar no sistema de “plantation” reconhecidas sua inocência e alma na medida do
ficou restrita aos domínios lusitanos das Américas, possível. A discussão religiosa e jurídica em torno dos
durante a época colonial, o que garantiu bons lucros limites da liberdade dos índios se confundiu com uma
aos produtores locais e aos comerciantes reinóis. disputa entre jesuítas e colonos. Os padres se
apresentavam como defensores da liberdade,
42. (Unesp 2014) A efervescência que conheceram enfrentando a cobiça desenfreada dos colonos.
nas Minas [Gerais, do século XVIII] as artes e as letras
também teve feição peculiar. Pela primeira vez na CALDEIRA, J. A nação mercantilista. São Paulo:
Colônia buscava-se solução própria para a expressão Editora 34, 1999 (adaptado).
artística.
(Laura Vergueiro. Opulência e miséria das Minas Entre os séculos XVI e XVIII, os jesuítas buscaram a
Gerais, 1983.) conversão dos indígenas ao catolicismo. Essa
aproximação dos jesuítas em relação ao mundo
São exemplos do que o texto afirma: indígena foi mediada pela
a) a pintura e a escultura renascentistas. a) demarcação do território indígena.
b) a poesia e a pintura românticas. b) manutenção da organização familiar.
c) a arquitetura barroca e a poesia árcade. c) valorização dos líderes religiosos indígenas.
d) a literatura de viagem e a arquitetura gótica. d) preservação do costume das moradias coletivas.
e) a música romântica e o teatro barroco. e) comunicação pela língua geral baseada no tupi.

43. (Unesp 2014) O comércio foi de fato o nervo da 45. (Fuvest 2014) O tráfico de escravos africanos
colonização do Antigo Regime, isto é, para para o Brasil
incrementar as atividades mercantis processava-se a a) teve início no final do século XVII, quando as
ocupação, povoamento e valorização das novas primeiras jazidas de ouro foram descobertas nas
áreas. E aqui ressalta de novo o sentido da Minas Gerais.
colonização da época Moderna; indo em curso na

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b) foi pouco expressivo no século XVII, ao contrário do c) Transmitir o conhecimento dos indígenas sobre o
que ocorreu nos séculos XVI e XVIII, e foi extinto, potencial econômico existente.
de vez, no início do século XIX. d) Realçar a pobreza dos habitantes nativos para
c) teve início na metade do século XVI, e foi praticado, demarcar a superioridade europeia.
de forma regular, até a metade do século XIX. e) Criticar o modo de vida dos povos autóctones para
d) foi extinto, quando da Independência do Brasil, a evidenciar a ausência de trabalho.
despeito da pressão contrária das regiões auríferas.
e) dependeu, desde o seu início, diretamente do bom 48. (Fuvest 2013) A economia das possessões
sucesso das capitanias hereditárias, e, por isso, coloniais portuguesas na América foi marcada por
esteve concentrado nas capitanias de Pernambuco mercadorias que, uma vez exportadas para outras
e de São Vicente, até o século XVIII. regiões do mundo, podiam alcançar alto valor e
garantir, aos envolvidos em seu comércio, grandes
46. (Fgv 2014) O trabalho escravo nas minas tinha lucros. Além do açúcar, explorado desde meados do
singularidade, era uma realidade bem distinta das século XVI, e do ouro, extraído regularmente desde
áreas agrícolas. O complexo meio social lhe permitia fins do XVII, merecem destaque, como elementos de
maior iniciativa e mobilidade. exportação presentes nessa economia:
(Neusa Fernandes, A Inquisição em Minas Gerais no a) tabaco, algodão e derivados da pecuária.
século XVIII. p. 66) b) ferro, sal e tecidos.
c) escravos indígenas, arroz e diamantes.
Acerca da singularidade citada, é correto afirmar que d) animais exóticos, cacau e embarcações.
a) o Regimento das Minas, publicado em 1702, e) drogas do sertão, frutos do mar e cordoaria.
determinava que depois de sete anos de cativeiro,
os escravos da mineração seriam automaticamente 49. (Fgv 2013) Dom Pedro Miguel de Almeida
alforriados. Portugal – conde de Assumar – se casou em 1715
b) a presença de escravos nas regiões mineiras foi com D. Maria José de Lencastre. Daí a dois anos
pequena, pois a especialização da exploração do partiria para o Brasil como governador da capitania de
ouro exigia um número reduzido de trabalhadores. São Paulo e Minas Gerais. Nas Minas, não teria
c) a dinâmica da economia mineira, no decorrer do sossego, dividido entre o cuidado ante virtuais
século XVIII, comportou o aumento do número das levantes escravos e efetivos levantes de poderosos; o
alforrias pagas, gratuitas ou condicionais. mais sério destes o celebrizaria como algoz: foi o
d) a exploração aurífera nas Minas Gerais organizava- conde de Assumar que, em 1720, mandou executar
se por meio de grandes empresas, o que impediu a Felipe dos Santos sem julgamento, sendo a seguir
formação de quilombos na região. chamado a Lisboa e amargurado um longo
e) a preponderância do trabalho livre na mineração do ostracismo.
século XVIII permitiu melhores condições de vida
para os escravos indígenas e africanos. (Laura de Mello e Souza, Norma e conflito: aspectos
da história de Minas no século XVIII)
47. (Enem 2013) De ponta a ponta, é tudo praia-
palma, muito chã e muito formosa. Pelo sertão nos A morte de Felipe dos Santos esteve vinculada a
pareceu, vista do mar, muito grande, porque, a a) uma sublevação em Vila Rica, que envolveu vários
estender olhos, não podíamos ver senão terra com grupos sociais, descontentes com a decisão de
arvoredos, que nos parecia muito longa. Nela, até levar todo ouro extraído para ser quintado nas
agora, não pudemos saber que haja ouro, nem prata, Casas de Fundição.
nem coisa alguma de metal ou ferro; nem lho vimos. b) um movimento popular que exigia a autonomia das
Porém a terra em si é de muito bons ares [...]. Porém o Minas Gerais da capitania do Rio de Janeiro e o
melhor fruto que dela se pode tirar me parece que imediato cancelamento das atividades da
será salvar esta gente. Companhia de Comércio do Brasil.
c) uma revolta denominada Guerra do Sertão,
Carta de Pero Vaz de Caminha. In: MARQUES, A.; comandada por potentados locais, que não
BERUTTI, F.; FARIA, R. História moderna através de aceitavam as imposições colonialistas portuguesas,
textos. São Paulo: Contexto, 2001. como a proibição do comércio com a Bahia.
d) uma insurreição comandada pela elite colonial,
A carta de Pero Vaz de Caminha permite entender o inspirada no sebastianismo, que defendia a
projeto colonizador para a nova terra. Nesse trecho, o emancipação da região das Minas do restante da
relato enfatiza o seguinte objetivo: América portuguesa, com a criação de uma nova
a) Valorizar a catequese a ser realizada sobre os monarquia.
povos nativos. e) uma rebelião, que contrapôs os paulistas –
b) Descrever a cultura local para enaltecer a descobridores das minas e primeiros exploradores –
prosperidade portuguesa. e os chamados emboabas ou forasteiros – pessoas

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de outras regiões do Brasil, que vieram atrás das 52. (Enem 2013) Seguiam-se vinte criados
riquezas de Minas. custosamente vestidos e montados em soberbos
cavalos; depois destes, marchava o Embaixador do
50. (Fgv 2013) Sobre a conquista holandesa do Rei do Congo magnificamente ornado de seda azul
Nordeste brasileiro, no período colonial, é correto para anunciar ao Senado que a vinda do Rei estava
afirmar: destinada para o dia dezesseis. Em resposta obteve
a) Os conflitos entre portugueses e holandeses devem repetidas vivas do povo que concorreu alegre e
ser compreendidos no contexto da União Ibérica admirado de tanta grandeza.
(1580-1640) e da separação das Províncias Unidas
do Império Habsburgo. “Coroação do Rei do Congo em Santo Amaro”, Bahia
b) A ocupação das áreas de plantio de cana obrigou apud DEL PRIORE, M. Festas e utopias no Brasil
os holandeses a intensificarem a escravização dos colonial. In: CATELLI JR., R. Um olhar sobre as festas
indígenas, uma vez que não possuíam bases no populares brasileiras. São Paulo: Brasiliense, 1994
continente africano. (adaptado).
c) Estabelecidos em Pernambuco, os holandeses
empreenderam uma forte perseguição aos judeus e Originária dos tempos coloniais, a festa da Coroação
católicos ali residentes e fortaleceram a difusão do do Rei do Congo evidencia um processo de
protestantismo no Brasil colonial. a) exclusão social.
d) A administração de Maurício de Nassau foi b) imposição religiosa.
caracterizada pelo pragmatismo e pela c) acomodação política.
desmontagem do grande centro de artistas e d) supressão simbólica.
letrados organizado pelas autoridades portuguesas e) ressignificação cultural.
em Olinda.
e) Os holandeses implementaram uma nova e TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:
eficiente estrutura produtiva baseada em pequenas Leia o texto para responder à questão.
e médias propriedades familiares, que se
diferenciava das antigas plantations escravistas. [Os tupinambás] têm muita graça quando falam [...];
mas faltam-lhe três letras das do ABC, que são F, L, R
51. (Unicamp 2013) “Quando os portugueses grande ou dobrado, coisa muito para se notar; porque,
começaram a povoar a terra, havia muitos destes se não têm F, é porque não têm fé em nenhuma coisa
índios pela costa junto das Capitanias. Porque os que adoram; nem os nascidos entre os cristãos e
índios se levantaram contra os portugueses, os doutrinados pelos padres da Companhia têm fé em
governadores e capitães os destruíram pouco a Deus Nosso Senhor, nem têm verdade, nem lealdade
pouco, e mataram muitos deles. Outros fugiram para o a nenhuma pessoa que lhes faça bem. E se não têm L
sertão, e assim ficou a costa despovoada de gentio ao na sua pronunciação, é porque não têm lei alguma
longo das Capitanias. Junto delas ficaram alguns que guardar, nem preceitos para se governarem; e
índios em aldeias que são de paz e amigos dos cada um faz lei a seu modo, e ao som da sua vontade;
portugueses.” sem haver entre eles leis com que se governem, nem
têm leis uns com os outros. E se não têm esta letra R
(Pero de Magalhães Gandavo, Tratado da Terra do na sua pronunciação, é porque não têm rei que os
Brasil, em reja, e a quem obedeçam, nem obedecem a ninguém,
http://www.cce.ufsc.br/~nupill/literatura/ganda1.html. nem ao pai o filho, nem o filho ao pai, e cada um vive
Acessado em 20/08/2012.) ao som da sua vontade [...].

Conforme o relato de Pero de Gandavo, escrito por (Gabriel Soares de Souza. Tratado descritivo do Brasil
volta de 1570, naquela época, em 1587, 1987.)
a) as aldeias de paz eram aquelas em que a
catequese jesuítica permitia o sincretismo religioso
como forma de solucionar os conflitos entre 53. (Unesp 2013) Os comentários de Gabriel Soares
indígenas e portugueses. de Souza expõem
b) a violência contra os indígenas foi exercida com o a) a dificuldade dos colonizadores de reconhecer as
intuito de desocupar o litoral e facilitar a circulação peculiaridades das sociedades nativas.
do ouro entre as minas e os portos. b) o desejo que os nativos sentiam de receber
c) a fuga dos indígenas para o interior era uma reação orientações políticas e religiosas dos colonizadores.
às perseguições feitas pelos portugueses e c) a inferioridade da cultura e dos valores dos
ocasionou o esvaziamento da costa. portugueses em relação aos dos tupinambás.
d) houve resistência dos indígenas à presença d) a ausência de grupos sedentários nas Américas e a
portuguesa de forma semelhante às descritas por missão civilizadora dos portugueses.
Pero Vaz de Caminha, em 1500. e) o interesse e a disposição dos europeus de aceitar
as características culturais dos tupinambás.

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d) o narrador entendia que o samba de terreiro era,
54. (Unesp 2013) O texto destaca três elementos que em realidade, um ritual umbandista disfarçado.
o autor considera inexistentes entre os tupinambás, no e) foi a generalização, entre eles, do alcoolismo, que
final do século XVI. Esses três elementos podem ser tornou antieconômica a exploração da mão de obra
associados, respectivamente, escrava nos cafezais paulistas.
a) à diversidade religiosa, ao poder judiciário e às
relações familiares.
b) à fé religiosa, à ordenação jurídica e à hierarquia
política.
c) ao catolicismo, ao sistema de governo e ao respeito
pelos diferentes.
d) à estrutura política, à anarquia social e ao
desrespeito familiar.
e) ao respeito por Deus, à obediência aos pais e à
aceitação dos estrangeiros.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


V – O samba

À direita do terreiro, adumbra-se* na escuridão um


maciço de construções, ao qual às vezes recortam no
azul do céu os trêmulos vislumbres das labaredas
fustigadas pelo vento.
(...)
É aí o quartel ou quadrado da fazenda, nome que tem
um grande pátio cercado de senzalas, às vezes com
alpendrada corrida em volta, e um ou dois portões que
o fecham como praça d’armas.
Em torno da fogueira, já esbarrondada pelo chão, que
ela cobriu de brasido e cinzas, dançam os pretos o
samba com um frenesi que toca o delírio. Não se
descreve, nem se imagina esse desesperado
saracoteio, no qual todo o corpo estremece, pula,
sacode, gira, bamboleia, como se quisesse desgrudar-
se.
Tudo salta, até os crioulinhos que esperneiam no
cangote das mães, ou se enrolam nas saias das
raparigas. Os mais taludos viram cambalhotas e
pincham à guisa de sapos em roda do terreiro. Um
desses corta jaca no espinhaço do pai, negro fornido,
que não sabendo mais como desconjuntar-se, atirou
consigo ao chão e começou de rabanar como um
peixe em seco. (...)

José de Alencar, Til.

(*) “adumbra-se” = delineia-se, esboça-se.

55. (Fuvest 2013) Considerada no contexto histórico a


que se refere Til, a desenvoltura com que os escravos,
no excerto, se entregam à dança é representativa do
fato de que
a) a escravidão, no Brasil, tal como ocorreu na
América do Norte e no Caribe, foi branda.
b) se permitia a eles, em ocasiões especiais e sob
vigilância, que festejassem a seu modo.
c) teve início nas fazendas de café o sincretismo das
culturas negra e branca, que viria a caracterizar a
cultura brasileira.

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