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1) RELATÓRIO DA ENTREVISTA
Data da aplicação: 08/03/2019.
Horário de início da aplicação: 18h00.
Horário final da aplicação: 19h16.
a) Relato da entrevista.
Entrevistador: Pedro
Colaborador: Rafael
Nesse momento, nada dá certo na vida: trabalho, estudos, relacionamentos... sente-se
fracassado desde a infância; infância difícil, pobre; sente-se sozinho – sentimento
antigo; filho único, aprendeu a gostar da solitude; teve anemia na infância e
agressividade decorrente dos pais; relação difícil com o pai – falta de carinho; aos 15
anos, houve a primeira separação dos pais e um sentimento de culpa decorreu disso
(cada um queria cria-lo de uma forma); após a separação, diz que o sentimento de
respeito pelo pai acabou apesar de, momentos depois, demonstrar uma ambivalência de
sentimentos ao dizer que apesar da agressividade para com o pai a partir daí, existia ao
mesmo tempo um sentimento de respeito; relação com a mãe continua “ótima”; o
ambiente influenciou esse sentimento de agressividade – contudo, amigos foram a
família que não teve; namorou uma vez, relacionamento no qual até o primeiro ano foi
“ótimo” e, após este período, voltou a abusar do álcool e drogas; ao fim deste, os
relacionamentos seguintes foram apenas “casuais” – diz ter medo de novos
relacionamentos amorosos; reclamações em relação ao desemprego e a falta de
dinheiro; estuda psicologia; diz-se anarquista, crítico do capitalismo, “matéria” mais
difícil do curso como o lidar com os colegas de classe; trabalhou em empresa de ônibus;
trabalhou no aeroporto ajudando na locomoção pessoas com deficiência; atrito com o
supervisor neste emprego; na empresa de ônibus, relacionamento era bom até certo
ponto; teve um ataque de estresse trabalhando nela, foi diagnosticado mas não tomou os
remédios; levou faca ao ambiente para tentar matar colega que o ameaçava; não foi a
primeira vez, pois já esfaqueou outras pessoas em reação a elas; sempre andou armado;
sentimento de impotência relacionado a variados fatores; ouvia muito e guardava tudo,
até explodir; sentimento de agressividade também aparecia em relacionamentos
amorosos; volta a falar do respeito para com o pai; perdeu a avó, ficou “péssimo” pois
eram muito ligados, tendo chegado a morar com ela; sente isso como trauma; daí em
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Entrevistador: Rafael
Colaborador: Pedro
Anotações: Queixa: descontentamento com a vida imposta a si;
“Desnecessário”: coisas que a sociedade o obriga as pessoas a fazerem por status, e
quando para-se para pensar sobre, não são coisas de fato necessárias para manter-se uma
relação com alguém ou algum ambiente;
Relações sociais: algumas, com obrigação de ter para “agradar pessoas de fora”, algo
tido como difícil de ser mudado, “agonizante”, fora do alcance de seu poder para ser
mudado;
Emprego: ambiente muito fechado; atrito com a chefe por a considerar arrogante e
preconceituosa; se acidentou, e queria o afastamento por conta do descontentamento –
ambiente era ruim;
Namorada: 3 meses de namoro – ela terminou; sente-se culpado, dizendo que ela
gostava dele; sentimento morno: não queria namorar na época; ela cobrava atenção, e
começou a o tratar mal; não deu valor por ter ser fácil; término: a pior fase da vida,
voltando a beber e agora mais do que antes; diz que beber faz bem e o ajuda a desabafar
e se relacionar; relacionamento seguinte: menina com o mesmo nome;
Relação com os pais: nesta época, permanecia trancado no quarto, saindo apenas para a
faculdade e para beber; mãe: altos e baixos; não consegue abraçar a família; sente a mãe
carinhosa com o pai enquanto o pai mostra-se grosso com a mãe; doença da mãe: surdez
– não tinha dinheiro para comprar o aparelho auditivo e sofreu com a situação; pai:
nunca foi muito carinhoso; nunca sentiu-se confortável junto ao pai, que “trabalha
muito”;
Relação com o irmão: boa – antes filho único, o irmão desejava “cobrava” da mãe mais
um filho; se considera diferente do irmão, criticando sua espontaneidade e dizendo não
sentir naturalidade nisso; irmão o ajudou a conseguir seu primeiro emprego registrado;
Relação com os locais em que residiu: Curitiba como mãe biológica que o abandonou,
Maringá como namorada e Florianópolis como mãe que o criou;
Tempo total de realização: 36 minutos.
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Rafael:
A condução de uma boa entrevista exige técnica e prática com atenção nas questões do:
afetivo relacional, produtividade, setor socio cultural e o orgânico. O psicólogo precisa
de muito treinamento para captar no discurso e os aspectos até identificar a queixa
latente. Encontramos dificuldade para acompanhar o relato e ao mesmo tempo observar
a linguagem não verbal do entrevistado.
Rafael:
Em minha experiência, ser entrevistado não foi confortável, devido ao grau de
proximidade com o entrevistador. As queixas foram expostas, mas, houve uma grande
resistência do ego perante a presença do entrevistador, contudo, agregamos um grande
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9. Quando você olha para esta casa, você tem a impressão de que ela está acima,
abaixo, ou no mesmo nível que você?
R: Mesmo nível.
10. Em que esta casa faz você lembrar ou pensar?
R: Ceará.
11. Em que mais?
R: Infância.
12. É um tipo de casa feliz, amigável?
R: Sim.
13. O que nela lhe dá essa impressão?
R: O telhado simpático.
14. A maioria das casas é assim? Por que você acha isso?
R: Aqui em São Paulo, não. O padrão muda.
15. Como está o tempo neste desenho? (Período do dia, e do ano, céu,
temperatura.)
R: Não há tempo, só casa.
16. De que tipo de tempo você gosta?
R: Calor.
17. De quem esta casa o faz lembrar? Por quê?
R: Minha avó: parece sua casa no sertão do Ceará.
18. Do que esta casa mais precisa? Por quê?
R: Bolsa família (risos). De pintura, está acromática.
19. Se “isto” fosse uma pessoa em vez de (qualquer objeto desenhado separado da
casa), quem seria?
R: Ninguém.
20. A que parte da casa esta chaminé está ligada?
R: Não tem.
21. Inquérito da planta dos andares. (Desenhe uma planta dos andares com os
nomes. Ex.: que cômodo é representado por cada janela? Quem geralmente está
lá?)
R: O quarto. Um idoso.
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R: Se a árvore fosse homem, gramado seria mulher pois as raízes estão entrando.
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Rafael:
O primeiro contato que tive com a aplicação do HTP foi bem interessante, devido a
simplicidade dos desenhos e como eles mostram aspectos conscientes e inconscientes da
personalidade humana. Ao decorrer curso ouvimos falar de alguns desses testes
projetivos, contudo, só consegui uma perspectiva real do teste com a vivência de sua
aplicação. Existe uma grande responsabilidade envolvida no uso desses instrumentos
tão importantes para os psicólogos. Tentei me focar bastante nas expressões faciais e
nos comentários durante a aplicação, e não só me focar na observação do desenho.
Quando invertemos os papéis de aplicador e paciente, sinto que regredi a uma fase da
minha infância onde me expressava muito melhor com os desenhos do que com a
comunicação verbal. A realidade e fantasia são parcelas do psiquismo humano que
consegui constatar no aprendizado com o teste projetivo do HTP.
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Não houve.
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mundo, quatro corvos e oito olhos foram necessários – ele tornou-se dependente dos
corvos.
4. Por que você acredita que esse dragão é um sábio?
R: Por causa dos seus longos anos de vida.
5. Qual sabedoria ele detém?
R: Sabedoria da existência.
6. Por que os corvos retornam a noite para essa cachoeira?
R: Porque o dragão prometia a eles segurança, e dizia que sua ausência é uma ameaça
para a vida dos corvos. Os corvos não sabiam que quem dependia de quem, era o dragão
deles e não eles do dragão.
7. Por que a entrada da caverna é secreta?
R: Porque ela esconde algo que não é benéfico para a sociedade na visão de quem a
detém.
8. Quem era a fera misteriosa?
R: O dragão.
9. Por que os anões lutaram por esse tesouro?
R: Porque eles almejavam uma vida mais digna, justa e livre.
10. Por que você acredita que os anões viveram felizes para sempre?
R: Porque eles conseguiram o que almejavam.
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Pedro:
A dificuldade em criar uma história com base na realidade é mais difícil do que eu
imaginava, então busquei algo em que estou mais ligado durante parte do tempo: a
ficção. As histórias mostram-se assustadoramente projetivas e eu busquei também evitar
este fator. Foi importante para mostrar-me o quão real e eficaz esse teste pode ser.
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Pedro:
A disciplina teórico-prática de Entrevistas e Testes Psicológicos foi um dos
primeiros contatos práticos que tivemos no curso, trazendo grande experiência,
injetando ânimo e confirmando cada dia mais que escolhemos uma área muito
interessante de atuação. Testes como o HTP e TAT mostraram-se, em prática,
tremendamente eficazes em relação a projeção de sentimentos ou até mesmo a fuga
deles, e confirmaram-se, para nós, como instrumentos de grande importância para a
área, assim como diversos outros testes apresentados durante o semestre.
Rafael:
A disciplina teórico-prática de Entrevistas e Testes Psicológicos foi o contato direto
com prática clínica, conhecemos a clínica escola da universidade e tivemos algumas
experiências marcantes no aprendizado. Estamos nos preparando para uma nova
fase do curso onde iremos assumir um papel de muita responsabilidade, lidaremos
diretamente com os pacientes e colocaremos em prática todos os conhecimentos
adquiridos no decorrer do curso. A disciplina superou as expectativas e ampliou a
percepção sobre a importância dos testes no trabalho do psicólogo.
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