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BREVE QUESTIONÁRIO SOBRE A LITERATURA TRADICIONAL (ORAL) ANGOLANA:

1) - Por que é considerada " Literatura oral"?


É considerada literatura tradicional oral por ser manifesta oralmente quer ao nível da
produção quer ao nível da transmissão, não revestindo assim, a forma escrita.

2) - Cite os primeiros autores que classificaram em grandes detalhes as


categorias da Literatura Tradicional oral angolana. Justifique!
As primeiras classificações foram feitas por Mário Milheiros (M. Milheiros, 1967.79-104)
que denomina a tipologia da tradição oral como “Folclore” e a mais completa tipologia
da “tradição oral” angolana foi feita por José Redinha (J.Redinha,1975b):286-287)
dividindo-a em grandes grupos etnolinguísticos e ciclos temáticos.

3) - Como Milheiros subdivide a tradição oral angolana denominado “Folclore”?


Milheiros subdivide a tradição oral angolana “ou folclore” em: contos, fábulas, adivinhas,
danças, festas, músicas, canções, instrumentos, contagens, jogos, entreténs, o tempo
e fenômenos atmosféricos.

4) - Como Redinha nos apresenta a tradição oral angolana?


José Redinha nos apresenta por completo a tipologia da tradição oral angolana
subdividindo em grandes grupos etnolinguísticos os seguintes ciclos temáticos:
Canções, poemetos, provérbios, adivinhas, mitos, lendas, religião, feiticismo, crenças,
músicas, danças, festas, trajes, tradições e festejos populares.

(5) - Mencione alguns compiladores da Literatura Tradicional Angolana de


expressão oral impressa.
Saturnino de Souza e Manuel Francina em seu livro “ Elementos gramaticais da língua
Nbundu ” de 1864 compilaram vinte provérbios em Kimbundu;
Héli Chatelain, autor da primeira colectânea bilíngue (escrita originalmente em
Kimbundu e Inglês) apelidada “ Contos populares de Angola” datada de 1894;
Carlos Estermann e Joaquim da Silva estudaram a literatura oral dos BANTOS no
Sudoeste de Angola, classificando-a nos seguintes gêneros: Contos, adivinhas,
provérbios e canções;
António Fonseca que estudou a tradição oral conguesa classificando a sua narrativa
em nove (9) categorias: ingana, savu, ki mona mesu, ingunga, nkunga, nsamu, nvila,
kimpanga, mambu;
Adriano Barbosa na obra “ Angola imagens e mensagens contos tradicionais” compilou
vários contos mitológicos, proverbiais, etiológicos, onomatopaicos, etc.
Carlos Lopes Cardoso que dividiu o conto popular angolano em contos de animais,
estórias e lendas;
Viegas Guerreiro na obra “ Bochimanes de Angola “ (1968) agrupou as narrativas em
mitos, lendas, contos de animais e pessoas e animas.
José Samuila Cacueji em “VIXIMO II” procede a classificação da tradição oral (oratura)
com os contos restritos do círculo mulheril e contos cantados pelos homens durante
mesmo o dia;
Óscar Ribas que debruçou a área dos Ambundos na zona Lunda e periferia em várias
obras literárias, dividindo os contos angolanos em Fábulas e contos de fantasia.

(5) - Qual foi a primeira recolha impressa da Literatura Tradicional Angolana?


A primeira recolha impressa da Literatura Tradicional Angolana foi a publicação de
vinte provérbios na obra “Elementos gramaticais da língua Mbundu” por Saturnino e
Francina em 1964.

(6) - Por que Óscar Ribas é considerado maior colector de Literatura Tradicional
Angolana?
É considerado maior colector da literatura tradicional angolana porque debruçou a área
dos Ambundos na Lunda e na Periferia, classificando esse enorme acervo em
variadíssimas obras literárias como os três Volumes de MISSOSSOS.
Em Missosso I (1961): reúne muitos contos e provérbios.
Em Missosso II (1962): psicologia dos nomes, culinária, bebidas, desdéns,
passatempos infantis, vozes dos animais e epistolário.
Em Missosso III (1964): Canções, adivinhas, súplicas e exorcismos, prantos por morte,
instantâneos da vida negra.

(7) - Fale do contributo do Héli Chatelain na existência da Literatura Tradicional


Oral Angolana.
Em 1894, o grande angolanista Héli Chatelain interrogava-se sobre a inexistência duma
literatura oral angolana nos seguintes termos:
“Terem europeus inteligentes vivido, durante quatrocentos anos com a população
nativa e nunca terem registado um único exemplo de literatura oral nativa não será isso
prova da inexistência desta? Assim parece. No entanto, logo que inteligente e
persistentemente a procuramos, essa literatura revela-se de uma forma exuberante”.
H.Chatelain, 1964:98. Impulsionado pelo desejo em defender a cultura tradicional
angolana, Héli Chantelain (1888-1889: XVIII-XIX), faz a primeira Classificação da
“literatura oral”, “stricto sensu” (sentido escrito), na qual apresenta as seguintes
categorias: provérbios, adágios, contos, apólogos, os ditos populares (ora satyricos ou
alusivos,ora alegóricos ou figurados), os enigmas e as cantigas. Respeitando a sua
qualidade, Héli Chantelain diz que a “ literatura oral angolana pode competir com
qualquer outra”. Observamos:
(...) esta literatura hereditária dos pretos que póde rivalizar com a de qualquer raça (...)
«porque» é “ ... um rico thesouro...em todos quaes se condensou a experiência dos
séculos e ainda hoje se reflecte a vida moral, intellectual e imaginativa, domestica e
politica das gerações passadas: a alma da raça inteira”. (H. Chantelain,1888-1889:
XVIII-XIX).
(8) - Que tipologia apresenta, Héli Chatelain na primeira grande obra de Literatura
Tradicional (oral) Angolana?
Na primeira grande obra de Literatura tradicional angolana, ” Contos Populares de
Angola “ de 1894, Héli Chatelain, apresenta uma tipologia que se manteve quase
inalterável até aos nossos dias com as seguintes classificações:
 Histórias tradicionais de ficção (“Mi-soso”);
 Histórias reputadas verdadeiras/anedotas (“Maka”);
 Narrativas históricas/crónicas da tribo/nação (“Malunda”);
 Provérbios (“Ji-sabu”);
 Poesia e música (as canções são chamadas “mi-imbu”);
 Adivinhas (“Ji-nongonongo”).

(9) - O que torna 1963 uma data marcante na história da Literatura Angolana?
Foi nesta data que se realizou o Iº Encontro de Escritores de Angola em Sá de
Bandeira.
(10) - O que estava por detrás da alocução feita por Emérito Anglófilo Carlos
Estermann no Iº Encontro dos Escritores de Angola?
Reza um provérbio dos Ovimbundu que “ os brancos escrevem nos livros, nós
escrevemos no peito. ” (J.F. Valente,1964b):101). O emérito angolanista Carlos
Estermann, na sua alocução proferida no Iº E ncontro dos Escritores de Angola,
realizado em Sá de Bandeira, em 1963, referiu-se ao futuro da literatura oral dos povos
bantos (“bantu”) angolanos, afirmando:
“ (...) tal perspectiva não é muito animadora para a literatura oral nativa e isto não só na
região de que nos ocupamos, mas em toda a África Negra. Num futuro mais ou menos
próximo os povos deste continente vão ser privados do instrumento tradicional da sua
expressão. É este o processo que está em plena evolução em toda a parte”.
(Estermann,1983(II vol.:280). Nestas palavras do Estermann, está a sua preocupação
por causa do possível desaparecimento dos laços tradicionais dos povos bantos
angolanos.

(11) - Por que se destacam as figuras de Héli Chatelain e Cordeiro de Mata no


primeiro momento?
Héli Chantelain e Cordeiro de Mata, estando entre os primeiros colectores da tradição
oral no primeiro momento, se nortearam predominantemente, ela defesa da cultura
tradicional angolana e defesa dos valores pátrios e autonomistas no sentido de se
fundar uma literatura africana “autóctone”.
(12) - Como está constituído o acervo da Literatura Tradicional Angolana de
expressão oral impresso em Português?
É constituído “ grosso modo” pelo seguinte número de formas de textos:
11.819 provérbios. 1.199 canções. 959 adivinhas. 962 narrativas. 72 orações.
408 vária. 207 Motejos/desdéns. 76 historietas/anedotas. 61 vozes de animais.
34 passatempos/jogos infantis. 7 prantos/queixumes. 4 exorcismos. 2 juramentos.
17 diversos.
ELABORADO POR:

Moisés Kudimuena Domingos Bunga


(Licenciado em Ensino de Língua Portuguesa no Instituo Superior de
Ciências de Educação-ISCED-UÍGE, Poeta, Escritor e Proficiente na
elaboração de Anteprojectos de Pesquisa e Monografias).
Tel.921509723 / 938406656.
E-mail: moiseskudimuena6@gmail.com

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