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ETEC Luzia Maria Machado

Yuri S. Simões
Gustavo H. Ferreira de Carvalho
1° mtec-adm, tarde

Fontes usadas para a elaboração do trabalho:

“o Quilombo do Ambrósio: Lenda, Documentos e Arqueologia.”,


que é capítulo do livro “Estudos Ibero-Americanos”,
pesquisar no Google Academics para confirmar.

Artigo “Quilombolas: história, memória e ficção”:


https://doi.org/10.1590/TEM-1980542X2023v290208

Quilombo do Ambrósio, forma de resitência

A fuga, como ato de negação e resistência ao sistema escravista, precedia potencialmente a criação
do quilombo. O quilombo, então, era a permanência da resistência fortificada pela aglutinação dos
escravos que antes fugiram, uma consciência classe despertada e unida para a subsistência; ainda há
forma de resistência.

Corforme cresciam, quilombos tendiam a se tornar mais complexos e organizados. Assim foi o
Quilombo do Ambrósio – complexo e organizado, embora não saibamos como era em seu começo
–, com um nível interessante organização política interna e interessantes técnicas de defesa adotadas
contra ataques, no caso falo sobre as fortalezas, além de ter sido o maior e mais duradouro
quilombo de MG, segundo o pesquisador Tarcísio José Martins, autor do livro “Quilombo do
Campo Grande - a história de Minas roubada do povo”.

Segue o trecho de uma carta do general Gomes Freire de Andrade às Câmaras de Vila Rica,
Mariana, São João del Rei, São José del Rei, Sabará e Vila Nova da Rainha, em 14 de junho de
1746 , sobre o Quilombo do Ambrósio, afirmando o que escrevemos:

"Estão barbaramente por mais de 600 negros [número alto] que consta estarem com Rei e Rainha
em quilombo, a quem rendem obediência e com fortaleza, cautela e petrechos tais que se entende,
pretendem defender-se e conservar-se [utilização de fortalezas e armas para defesa]".

Visto o cuidado desse quilombo, evidencia-se a força portuguesa contra, de modo que à resistência
resta ser resistência. Violências ocorriam de forma bidirencional e atingindo ambos os lado,
conforme o trecho de carta a seguir.

Gomes Freire de Andrade, em 8 de agosto de 1746, ao Rei de Portugal:

"Para conservar-se a Comarca, era indispensável o castigo na destruição de um tão prejudicial


inimigo [...] [que] determinando-se aparecer o fazem com a indolência de queimar as vivendas,
matarem os senhores de/as, forçarem as famílias e levarem os escravos [...] e estando já parte da
comarca não só em constem ação mas precisada a despejar-se [...] [e] ia aumentando todos os dias o
dano e era tanto o número de negros que diariamente se agregavam ao dito quilombo que
despresada a faisca havia de atear-se um grande incêndio".
A intenção da carta é repressiva, violenta, quanto aos quilombolas, justificada pelas ações que
fizeram no que concerne às vivendas, às famílias, aos escravos e aos senhores. Vale lembrar, claro,
que a ação dos quilombolas do Quilombo do Ambrósio, explicitadas na carta, refletem as violências
do sistema escravista moderno, inseridas no status quo do momento, essencialmente. Pensa-se,
portanto que a violência do campo A para o campo B implicando em violência do campo B para o
campo A, sendo os campos, respectivamente, os escravistas e os escravos, também mostra o tom da
resistência, mesmo que não nas visões utópicas e românticas a cerca dos quilombos.

As resistências observadas nos quilombos, tais como o Quilombo do Ambrósio, são marcadas,
geralmente, pela imagem de um líder que vai à frente dos levantes sobre a escravidão, que serve
como o “cabeça” da comunidade; e como antes dito, havia-se o pensamento de que o Quilombo de
Ambrósio possuía “Rei e Rainha”, possivelmente o próprio Ambrósio como rei. Pensa-se, portanto,
neste como o cabeça do quilombo, de mesmo nome. É interessante o fato de ele ser retratado às
vezes em produção artísticas, ainda que de forma historicamente incorreta – referência a
“Quilombolas - lenda mineira inédita”, de Carmo Gama, e a todo material produzido a partir de seu
conto, que “esvazia a noção de quilombo e [...] acaba por retirar dos quilombolas o papel de sujeitos
de uma ação que nega frontalmente o sistema escravista”, segundo Carlo Magno Guimarães no
livro que serviu de fonte a esse trabalho.

Em outras palavras, a resistência e o nome que a representa são reduzidos, de modo que esta é
apagada por causa dos materiais criados para perverter a noção do sujeito sobre; sobra somente o
nome raso e sem sentido por causa da perversão e vil sobre a forma da resistência. (A scielo tem
alguns artigos que falam sobre a historiografia relacionada à conto de Carmo Garcia. Interessante
pesquisar sobre). Vale lembrar que o conto é pós-abolicionista, mas usado como um documento
histórico seríssimo, a nível de periódicos.

Isso é a dissolução historiográfica da resistência mineira. Jesuítas montando quilombos, como no


conto, uma forma de penetrar o eurocentrismo na veia, assim, deturpada da realidade histórica;
amenizasse a interação efeituosa entre o negro e o senhor de engenho.

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