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Yuri S. Simões
Gustavo H. Ferreira de Carvalho
1° mtec-adm, tarde
A fuga, como ato de negação e resistência ao sistema escravista, precedia potencialmente a criação
do quilombo. O quilombo, então, era a permanência da resistência fortificada pela aglutinação dos
escravos que antes fugiram, uma consciência classe despertada e unida para a subsistência; ainda há
forma de resistência.
Corforme cresciam, quilombos tendiam a se tornar mais complexos e organizados. Assim foi o
Quilombo do Ambrósio – complexo e organizado, embora não saibamos como era em seu começo
–, com um nível interessante organização política interna e interessantes técnicas de defesa adotadas
contra ataques, no caso falo sobre as fortalezas, além de ter sido o maior e mais duradouro
quilombo de MG, segundo o pesquisador Tarcísio José Martins, autor do livro “Quilombo do
Campo Grande - a história de Minas roubada do povo”.
Segue o trecho de uma carta do general Gomes Freire de Andrade às Câmaras de Vila Rica,
Mariana, São João del Rei, São José del Rei, Sabará e Vila Nova da Rainha, em 14 de junho de
1746 , sobre o Quilombo do Ambrósio, afirmando o que escrevemos:
"Estão barbaramente por mais de 600 negros [número alto] que consta estarem com Rei e Rainha
em quilombo, a quem rendem obediência e com fortaleza, cautela e petrechos tais que se entende,
pretendem defender-se e conservar-se [utilização de fortalezas e armas para defesa]".
Visto o cuidado desse quilombo, evidencia-se a força portuguesa contra, de modo que à resistência
resta ser resistência. Violências ocorriam de forma bidirencional e atingindo ambos os lado,
conforme o trecho de carta a seguir.
As resistências observadas nos quilombos, tais como o Quilombo do Ambrósio, são marcadas,
geralmente, pela imagem de um líder que vai à frente dos levantes sobre a escravidão, que serve
como o “cabeça” da comunidade; e como antes dito, havia-se o pensamento de que o Quilombo de
Ambrósio possuía “Rei e Rainha”, possivelmente o próprio Ambrósio como rei. Pensa-se, portanto,
neste como o cabeça do quilombo, de mesmo nome. É interessante o fato de ele ser retratado às
vezes em produção artísticas, ainda que de forma historicamente incorreta – referência a
“Quilombolas - lenda mineira inédita”, de Carmo Gama, e a todo material produzido a partir de seu
conto, que “esvazia a noção de quilombo e [...] acaba por retirar dos quilombolas o papel de sujeitos
de uma ação que nega frontalmente o sistema escravista”, segundo Carlo Magno Guimarães no
livro que serviu de fonte a esse trabalho.
Em outras palavras, a resistência e o nome que a representa são reduzidos, de modo que esta é
apagada por causa dos materiais criados para perverter a noção do sujeito sobre; sobra somente o
nome raso e sem sentido por causa da perversão e vil sobre a forma da resistência. (A scielo tem
alguns artigos que falam sobre a historiografia relacionada à conto de Carmo Garcia. Interessante
pesquisar sobre). Vale lembrar que o conto é pós-abolicionista, mas usado como um documento
histórico seríssimo, a nível de periódicos.