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9 Análise Vertical/Horizontal

Uma vez efetuada a avaliação geral da empresa, como se apresentou no


Capítulo 8, pode-se aprofundar a análise com o uso de técnicas adicionais.
A primeira delas é a Análise Vertical/Horizontal. Por intermédio desse tipo
de análise podem-se conhecer pormenores das demonstrações financeiras que
escapam à análise genérica através de índices.
A Análise de Balanços deve partir do geral para o particular. Assim, inicia-se
a análise propriamente dita (após o trabalho de preparação - padronização) com
o cálculo de índices. Em seguida se aplica a Análise Vertical/Horizontal.
Os índices podem informar, por exemplo, que uma empresa está com alto
endividamento. A Análise Vertical/Horizontal aponta qual o principal credor e
como se alterou a participação de cada credor nos últimos dois exercícios. Ou,
então, os índices indicam que a empresa teve reduzida sua margem de lucro; a
Análise Vertical/Horizontal apontará, por exemplo, que isso se deveu ao cresci-
mento desproporcional das despesas administrativas.

1 ANÁLISE VERTICAL

O percentual de cada conta mostra sua real


importância no conjunto.

Análise Vertical baseia-se em valores percentuais das demonstrações


financeiras.
Para isso se calcula o percentual de cada conta em relação a um valor-base.
Por exemplo, na Análise Vertical do Balanço calcula-se o percentual de cada
conta em relação ao total do Ativo.
250 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO EMPRESARIAL

Apresenta-se a seguir a Análise Vertical dos Balanços da Cia. BIG:

BALANÇOS DE 31.12.X1 31.12.X2 31.12.X3

Valor Valor Valor


AV AV AV
Absoluto Absoluto Absoluto

ATIVO
CIRCULANTE
FINANCEIRO
• Disponível 34.665 26.309 25.000
• Aplicações Financeiras 128.969 80.915 62.000
SOMA 163.634 107.224 87.000
OPERACIONAL
• Cientes 1.045.640 1.122.512 1.529.061
• Estoques 751.206 1.039.435 1.317.514
SOMA 1.796.846 2.161.947 2.846.575
Total do Ativo Circulante 1.960.480 2.269.171 2.933.575
PERMANENTE
• Investimentos 72.250 156.475 228.075
• Imobilizado 693.448 1.517.508 2.401.648
• Diferido -.- 40.896 90.037
Total do Ativo Permanente 765.698 1.714.879 2.719.760
TOTAL DO ATIVO 2.726.178 3.984.050 5.653.335
PASSIVO
CIRCULANTE
OPERACIONAL
• Fornecedores 708.536 639.065 688.791
• Outras Obrigações 275.623 289.698 433.743
SOMA 984.159 928.763 1.122.523
FINANCEIRO
• Empréstimos Bancários 66.165 83.429 158.044
• Dupls. Descontados 290.633 393.885 676.699
SOMA 356.798 477.314 834.743
Total do Passivo Circulante 1.340.957 1.406.077 1.957.277
EXIGÍVEL A LONGO PRAZO
• Empréstimos 314.360 792.716 1.494.240
• Financiamentos -.- 378.072 533.991
Total do Exigivel a Longo Prazo 314.360 1.170.788 2.028.231
CAPITAIS DE TERCEIROS 1.653.317 2.576.865 3.985.508
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
• Capital e Reservas 657.083 1.194.157 1.350.830
• Lucros Acumulados 413.778 213.028 316.997
Total do Patrimônio Líquido 1.070.861 1.407.185 1.667.827
TOTAL DO PASSIVO 2.726.178 3.984.050 5.653.335
ANÁLISE VERTICAL/HORIZONTAL 251

Na Análise Vertical da Demonstração do Resultado calcula-se o percentual


de cada conta em relação às vendas. Obviamente, o valor de Vendas é igualado
a 100, conforme o exemplo que segue, baseado nas Demonstrações de Resul-
tados da Cia. BIG:

DEMONSTRAÇÕES DE RESULTADOS

Exercício Findo em 31.12.X1 31.12.X2 31.12.X3


Valor Valor Valor
AV AV AV
Absoluto Absoluto Absoluto
RECEITA LÍQUIDA 4.793.123 100 4.425.866 100 5.851.586 100
Custo dos Produtos Vendidos 3.621.530 76 3.273.530 74 4.218.671 72
Lucro Bruto 1.171.593 24 1.152.336 26 1.632.915 28
Despesas Operacionais 495.993 10 427.225 9 498.025 8
Outras Rec./Desp. Operacionais 8.394 - 17.581 - 27.777 -
LUCRO OPERACIONAL 683.994 14 742.692 17 1.162.671 20
(antes dos Resultados Financeiros)
Receitas Financeiras 10.860 - 7.562 - 5.935 -
Despesas Financeiras 284.308 6 442.816 10 863.298 15
LUCRO OPERACIONAL 410.546 8 307.438 7 305.304 5
Resultado não Operacional 1.058 - -.- - -.-
LUCRO ANTES DO I.R. 411.604 8 307.438 7 305.304 5
LUCRO LÍQUIDO 223.741 4,66 167.116 3,77 165.956 2,83

2 ANÁLISE HORIZONTAL

A evolução de cada conta mostra os cami-


nhos trilhados pela empresa e as possíveis
tendência.

Baseia-se na evolução de cada conta de uma série de demonstrações


financeiras em relação à demonstração anterior e/ou em relação a uma demons-
tração financeira básica, geralmente a mais antiga da série. A seguir, apresen-
ta-se uma série de três Balanços e três Demonstrações do Resultado com
Análise Horizontal:
252 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO EMPRESARIAL

BALANÇOS DE 31.12.X1 31.12.X2 31.12.X3


Valor Valor Valor
AH AH AH
Absoluto Absoluto Absoluto

ATIVO
CIRCULANTE
FINANCEIRO
• Disponível 34.665 26.309 25.000
• Aplicações Financeiras 128.969 80.915 62.000
SOMA 163.634 107.224 87.000
OPERACIONAL
• Clientes 1.045.640 1.122.512 1.529.061
• Estoques 751.206 1.039.435 1.317.514
SOMA 1.796.846 2.161.947 2.846.575
Total do Ativo Circulante 1.960.480 2.269.171 2.933.575
PERMANENTE
• Investimentos 72.250 156.475 228.075
• Imobilizado 693.448 1.517.508 2.401.648
• Diferido -.- 40.896 90.037
Total do Ativo Permanente 765.698 1.714.879 2.719.760
TOTAL DO ATIVO 2.726.178 3.984.050 5.653.335
PASSIVO
CIRCULANTE
OPERACIONAL
• Fornecedores 708.536 639.065 688.791
• Outras Obrigações 275.623 289.698 433.743
SOMA 984.159 928.763 1.122.523
FINANCEIRO
• Empréstimos Bancários 66.165 83.429 158.044
• Desps. Descontadas 290.633 393.885 676.699
SOMA 356.798 477.314 834.743
Total do Passivo Circulante 1.340.957 1.406.077 1.957.277
EXIGÍVEL A LONGO PRAZO
• Empréstimos 314.360 792.716 1.494.240
• Financiamentos -.- 378.072 533.991
Total do Exigível a Longo Prazo 314.360 1.170.788 2.028.231
CAPITAIS DE TERCEIROS 1.653.317 2.576.865 3.985.608
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
• Capital e Reservas 657.083 1.194.157 1.350.830
• Lucros Acomodados 413.778 213.028 316.997
Total do Patrimônio Liquido 1.070.861 1.407.185 1.667.827
TOTAL DO PASSIVO 2.726.178 3.984.050 1.653.335
ANALISE VERTICAL/HORIZONTAL 253

DEMONSTRAÇÕES DE RESULTADOS

Exercido Findo em 31.12.X1 31.12.X2 31.12.X3


Valor Valor Valor
AH AH AH
Absoluto Absoluto Absoluto
RECEITA LÍQUIDA 4.793.123 100 4.425.866 92 5.851.586 122
Custo dos Produtos Vendidos 3.621.530 100 3.273.530 90 4.218.671 116
Lucro Bruto 1.171.593 100 1.152.336 98 1.632.915 140
Despesas Operacionais 495.993 100 427.225 86 498.025 100
Outras Rec./Desp. Operacionais 8.394 - 17.581 - 27.777 -
LUCRO OPERACIONAL 683.994 100 742.692 108 1.162.671 158
(antes dos Resultados Financeiros)
Receitas Financeiras 10.860 - 7.562 - 5.935 -
Despesas Financeiras 284.308 100 442.816 156 863.298 304
LUCRO OPERACIONAL 410.546 100 307.438 75 305.304 75
Resultado não Operacional 1.058 - -.- - -.- -
LUCRO ANTES DO I.R. 411.604 100 307.438 75 305.304 75
LUCRO LÍQUIDO 223.741 100 167.116 75 165.956 75

Repare-se que na construção dos percentuais para elaboração da Análise


Horizontal se usa a técnica dos números-índices em que no primeiro ano todos
os valores são considerados iguais a 700. Através da regra de três obtêm-se os
valores dos anos seguintes; a variação é o que exceder a 100 ou o que faltar
para 700. Por exemplo: os estoques apresentam índices 389 em 19x3; isto
significa que cresceram 289%.

2.1 ANALISE HORIZONTAL ENCADEADA X ANUAL

A Análise Horizontal pode ser efetuada através do cálculo das variações em


relação a um ano-base - quando será denominada Análise Horizontal encadeada
- ou em relação ao ano anterior - quando será denominada Análise Horizontal
anual.
Esta última, embora possa trazer algumas informações úteis, deve ser feita
com certo cuidado e nunca em substituição ao processo encadeado, mas em
complemento ao mesmo, a fim de evitar possíveis confusões. Veja-se, a seguir,
através de um exemplo, o porquê de tal procedimento.
Suponha-se que a Conta Estoques de determinada empresa tenha a
seguinte evolução:
254 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO EMPRESARIAL

19x1 19x2 19x3 19x4


Estoques 2.890.143 1.156.058 1.926.764 2.890.143

A Análise Horizontal encadeada apresenta os seguintes cálculos:

19x1 19x2 19x3 19x4

Estoques 100% 40% 67% 100%

Conclui-se que a empresa teve uma redução de estoques em 19x2; tal


redução passou a representar 40% dos estoques iniciais. Em 19x3 os estoques
subiram para o nível de 67% dos iniciais e em 19x4 voltaram exatamente ao nível
inicial.
A Análise Horizontal anual mostra os seguintes números (observe-se que
neste processo em cada ano só aparece o percentual de variação em relação ao
ano anterior):

19x2 19x3 19x4

Estoques -60% + 66% + 50%

Segundo as conclusões desses cálculos, a empresa sofreu uma redução


de 60% no seu estoque no primeiro ano e apresentou aumentos de 66% e 50%,
respectivamente, nos dois anos seguintes. Isto sugere que a redução inicial teria
sido inteiramente compensada em 19x3 e ainda havido aumento dos estoques
em 19x4, o que não corresponde à realidade. Isto porque a redução de 60% em
19x2 foi calculada em relação a uma base muito maior do que a base usada
para o crescimento havido em 19x3 e 19x4.

3 RELAÇÃO ENTRE ANÁLISE VERTICAL E ANÁLISE


HORIZONTAL

É recomendável que estes dois tipos de análise sejam usados conjuntamen-


te. Não se deve tirar conclusões exclusivamente da Análise Horizontal, pois
determinado item, mesmo apresentando variação de 2.000%, por exemplo, pode
continuar sendo um item irrelevante dentro da demonstração financeira a que
pertence. Por exemplo, uma conta de Investimentos que representa 0,2% do
Ativo de uma empresa cresce 2.300% em dois anos ao final dos quais passa a
ANÁLISE VERTICAL/HORIZONTAL 255

representar 0,7%, ou seja: nada significava para a análise no primeiro balanço e


continua a não significar nada no terceiro balanço, apesar do enorme crescimento.
É desejável que as conclusões baseadas na Análise Vertical sejam comple-
mentadas pelas da Análise Horizontal. Na Demonstração do Resultado peque-
nos percentuais podem ser significativos, visto que o lucro líquido costuma
representar também percentual muito pequeno em relação as vendas. Assim,
pode ocorrer, por exemplo, que determinada despesa administrativa, que repre-
senta no primeiro ano 12% das vendas, passe para 18% daí a dois anos. A
variação de 12% para 18% não chama a atenção do analista, porém uma Análise
Horizontal poderia revelar ter havido variação de 50% (além do crescimento de
vendas). Se as vendas tiverem crescimento de 140% no período, as despesas
administrativas terão crescido 210%. Ao chamar a atenção do analista para um
item que pode estar fora de controle, a Análise Horizontal estará cumprindo o
seu papel. Em resumo, a Análise Vertical e a Análise Horizontal devem ser
usadas como uma só técnica de análise; por isso a denominamos Análise
Vertical/Horizontal.

3.1 RELAÇÃO ENTRE ANALISE VERTICAL/HORIZONTAL E


ANÁLISE ATRAVÉS DE ÍNDICES FINANCEIROS

A Análise através de Índices Financeiros é genérica; relaciona grandes itens


das demonstrações financeiras e permite dar uma avaliação à empresa. A
Análise Vertical/Horizontal desce a um nível de detalhes que não permite essa
visão ampla da empresa, mas possibilita localizar pontos específicos de falhas,
problemas e características da empresa e explicar os motivos de a empresa estar
em determinada situação.

3.2 OBJETIVOS DA ANÁLISE VERTICAL/HORIZONTAL

Em termos genéricos, os objetivos são os seguintes:

• Análise Vertical: mostrar a importância de cada conta em relação à demonstração


financeira a que pertence e, através da comparação com padrões do ramo ou com
percentuais da própria empresa em anos anteriores, permitir inferir se há itens fora
das proporções normais.
256 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO EMPRESARIAL

• Análise Horizontal: mostrar a evolução de cada conta das demonstrações financei-


ras e, pela comparação entre si, permitir tirar conclusões sobre a evolução da
empresa.

Em sentido específico, destacam-se os seguintes objetivos da Análise


Vertical/Horizontal conjuntamente:

a) Indicar a estrutura de Ativo e Passivo, bem como suas modificações.


O balanço evidencia os recursos tomados - financiamentos - e as aplicações
desses recursos - investimentos. A Análise Vertical mostra, de um lado, qual a
composição detalhada dos recursos tomados pela empresa, qual a participação dos
capitais próprios e de terceiros, qual o percentual de capitais de terceiros a curto e
longo prazo, qual a participação de cada um dos itens de capitais de terceiros
(fornecedores, bancos etc.). De outro lado, a Análise Vertical mostra quanto por
cento dos recursos totais foi destinado ao Ativo Circulante e quanto ao Ativo
Permanente. Dentro do Ativo Circulante, a Análise Vertical mostra que porcentagem
de investimento foi destinada a cada um dos itens principais, como Estoques e
Duplicatas a Receber. A comparação dos percentuais da Análise Vertical da empre-
sa com os de concorrentes permite saber se a alocação dos recursos no Ativo é
típica ou não para aquele ramo de atividade. É sabido, por exemplo, que no comércio
é muito maior o investimento em Ativo Circulante do que em Ativo Permanente. Se
uma empresa comercial apresentar maior investimento em Ativo Permanente do que
em Ativo Circulante é aconselhável investigar o porquê disso. A análise do percentual
de cada item do Ativo permite detectar a política de investimento da empresa em
relação a estoques, duplicatas, imobilizado, enquanto no Passivo permite visualizar
a política financeira de obtenção de recursos.

A Análise Horizontal do Balanço mostra a quais itens do Ativo a empresa vem


dando ênfase na alocação de seus recursos e, comparativamente, de quais recursos
adicionais se vem valendo. Por exemplo, a Análise Horizontal pode mostrar que a
empresa investe prioritariamente em bens do Ativo Permanente, enquanto o principal
incremento de recursos se verifica no Passivo Circulante; daí se conclui que a
empresa tomou financiamentos de curto prazo para investir no Ativo Permanente. É
interessante na Análise Horizontal do balanço observar comparativamente os se-
guintes itens:

• crescimento dos totais do Ativo Permanente e Circulante e de cada um dos seus


principais componentes;
• crescimento do Patrimônio Líquido comparativamente ao do Exigível Total;
• crescimento do Patrimônio Líquido mais Exigível a Longo Prazo comparativa-
mente ao crescimento do Ativo Permanente;
ANÁLISE VERTICAL/HORIZONTAL 257

• crescimento do Ativo Circulante em comparação com o crescimento do Passivo


Circulante;
• verificação de quanto cada balanço da série contribuiu para a variação final
obtida entre o primeiro e o último balanço.

b) Analisar em detalhes o desempenho da empresa


A Análise Vertical atinge seu ponto máximo de utilidade quando aplicada à
Demonstração do Resultado. Toda a atividade de uma empresa gira em torno das
vendas. São elas que devem determinar o que a empresa pode consumir em cada
item de despesa. Por isso, na Análise Vertical da Demonstração do Resultado, as
Vendas são igualadas a 100, e todos os demais itens têm seu percentual calculado
em relação as Vendas. Com isso, cada item de despesa da Demonstração do
Resultado pode ser controlado em função do seu percentual em relação a Vendas.
Esse controle é extremamente importante quando se lembra que o percentual de
lucro líquido em relação a Vendas costuma ser muito pequeno. (Segundo levanta-
mentos efetuados, em princípios da década de 80, em empresas de São Paulo, era
de 1,2% o percentual médio de lucro líquido sobre Vendas no comércio e de 3,1 %
na indústria). Por isso, o aumento percentual de qualquer item da Demonstração do
Resultado em relação a Vendas é indesejável. Há empresas que controlam rigoro-
samente esses percentuais não permitindo que ultrapassem metas.
258 AVALIAÇÃO DO D E S E M P E N H O EMPRESARIAL

CIA. BIG-BALANÇOS DE
31.12.X1 31.12.X2 31.12.X3
Valor Valor Valor
AV AH AV AH AV AH
Absoluto Absoluto Absoluto
ATIVO
CIRCULANTE
FINANCEIRO
• Disponível 34.665 26.309 25.000
• Aplicações Financeiras 128.969 80.915 62.000
SOMA 163.634 107.224 87.000
OPERACIONAL
• Clientes 1.045.640 1.122.512 1.529.061
• Estoques 751.206 1.039.435 1.317.514
SOMA 1.796.846 2.161.947 2.846.575
Total do Ativo Circulante 1.960.480 2.269.171 2.933.575
PERMANENTE
• Investimentos 72.250 156.475 228.075
• Imobilizado 693.448 1.517.508 2.401.648
• Diferido -.- 40.896 90.037
Total do Ativo Permanente 765.698 1.714.879 2.719.760
TOTAL DO ATIVO 2.726.178 3.984.050 5.653.335
PASSIVO
CIRCULANTE
OPERACIONAL
• Fornecedores 708.536 639.065 688.791
• Outras Obrigações 275.623 289.698 433.743
SOMA 984.159 928.763 1.122.523
FINANCEIRO
• Empréstimos Bancários 66.165 83.429 158.044
• Dupls. Descontados 290.633 393.885 676.699
SOMA 356.798 477.314 834.743
Total do Passivo Circulante 1.340.957 1.406.077 1.957.277
EXIGÍVEL A LONGO PRAZO
• Empréstimos 314.360 792.716 1.494.240
• Financiamentos -.- 378.072 533.991
Total do Exigível a Longo Prazo 314.360 1.170.788 2.028.231
CAPITAIS DE TERCEIROS 1.653.317 2.576.865 3.985.508
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
• Capital e Reservas 657.083 1.194.157 1.350.830
• Lucros Acumulados 413.778 213.028 316.997
Total do Patrimônio Liquido 1.070.861 1.407.185 1.667.827
TOTAL DO PASSIVO 2.726.178 3.984.050 5.653.335
ANÁLISE VERTICAL/HORIZONTAL 259

CIA.BIG
DEMONSTRAÇÕES DE RESULTADOS

Exercício Findo em 31.12.X1 31.12.X2 31.12.X3


Valor Valor Valor
AV AH AV AH AV AH
Absoluto Absoluto Absoluto
RECEITA LÍQUIDA 4.793.123 100 100 4.425.866 100 92 5.851.586 100 122
Custo dos Produtos Vendidos 3.621.530 76 100 3.273.530 74 90 4.218.671 72 116
Lucro Bruto 1.171.593 24 100 1.152.336 26 98 1.632.915 28 140
Despesas Operacionais 495.993 10 100 427.225 9 86 498.025 8 100
Outras Rec./Desp. Operacionais 8.394 - - 17.581 - - 27.777 - -
LUCRO OPERACIONAL 683.994 14 100 742.692 17 108 1.162.671 20 158
(antes dos Resultados Financeiros)
Receitas Financeiras 10.860 - - 7.562 - - 5.935 - -
Despesas Financeiras 284.308 6 100 442.816 10 156 863.298 15 304
LUCRO OPERACIONAL 410.546 8 100 307.438 7 75 305.304 5 75
Resultado não Operacional 1.058 - - -.- - - -.- - -
LUCRO ANTES DO I.R. 411.604 8 100 307.438 7 75 305.304 5 75
LUCRO LÍQUIDO 223.741 4.66 100 167.116 3,77 75 165.956 2,83 75

4 EXEMPLO DAS CONCLUSÕES DA ANÁLISE


VERTICAL E HORIZONTAL DA CIA. BIG

0 ativo total da empresa cresceu 107% de 31-12-x1 a 31-12-X3 em termos reais. Esse
crescimento deveu-se principalmente ao Ativo Permanente que teve expansão de 255 %.Já o Ativo
Circulante apresentou crescimento de apenas 50%. Dessa forma, alterou-se a estrutura de ativo da
empresa. Em 19x1, 72% dos recursos achavam-se investidos no Ativo Circulante, percentual esse
que caiu para 52% em 19x3. Esse crescimento foi financiado basicamente por Capitais de Terceiros
de Longo Prazo que passaram, em 19x1, de 12% do Passivo Total para 35%, em 19x3, constituin-
do-se no principal grupo de financiamento neste último ano. O Patrimônio Líquido, que fornecia 39%
dos recursos em 19x1, caiu para 30% em 19x3, enquanto o Passivo Circulante caiu nesse mesmo
período de 49% para 35%. Tendo o Passivo Circulante crescido menos que o Ativo Circulante, a
empresa financiou parte deste último com Exigível a Longo Prazo (o que, diga-se de passagem, é
correto). Os Capitais de Terceiros tiveram crescimento superior ao do Ativo - ou seja, 141% contra
107% do Ativo - em virtude do terreno cedido pelo Patrimônio Líquido. Outro aspecto que se destaca
é a alteração havida em "Fornecedores'. Essa era a principal fonte de recursos da empresa, em
19x1, representando 26% do Passivo. Nesse ano, "Fornecedores" financiavam quase totalmente os
Estoques. Em 19x3 o percentual de "Fornecedores" sobre o Passivo Total caiu para 12%, cobrindo
apenas metade dos estoques mantidos pela empresa. Essa alteração é desfavorável, pois, normal-
mente, "Fornecedores" representam uma fonte estável de recursos e freqüentemente mais barata.
A empresa substituiu-a em boa parte por financiamentos bancários que representam uma fonte de
risco maior devido a incerteza da renovação.
260 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO EMPRESARIAL

Em resumo, a empresa investiu maciçamente no Ativo Permanente, fez ainda algum investi-
mento no Ativo Circulante, financiou a maior parte dessa expansão com Capitais de Terceiros e
aumentou o risco global. A situação financeira não ficou sacrificada em virtude de a empresa ter-se
valido de Exigíveis a Longo Prazo, tendo o Passivo Circulante crescido menos que o Ativo Circulante.
Enquanto os investimentos tiveram grande impulso no período analisado, as vendas apresen-
taram pequena expansão. O crescimento real foi de 22% no periodo. A empresa teve bom
desempenho no Custo dos Produtos vendidos, os quais passaram de 76% para 72% de absorção
das vendas. Com isso, o Lucro Bruto que representava 24% das vendas subiu para 28%. Esse
acréscimo de 4 pontos percentuais é extremamente significativo diante do fato de o Lucro Líquido
representar 4,66%1 dasvendas em 19x1. Se tudo o mais se mantivesse constante, a empresa poderia
alcançar a invejável porcentagem de 8,66% de Lucro Líquido sobre Vendas.
Infelizmente para a empresa, porém, suas despesas financeiras explodiram, crescendo 204%
e, portanto, muito mais do que as vendas. Essas despesas que consumiram 6% da Receita em 19x1
passaram a consumir 15% em 19x3, fazendo a empresa perder 9 pontos percentuais. Ao final, o
percentual de Lucro Líquido/Vendas desceu para 2,83%, ou seja, quase metade daquele que havia
alcançado em 19x1. As Despesas Operacionais mantiveram-se em proporções aceitáveis para a
empresa.

1. Lembre-se de que a empresa obteve nota 6 no índice de Lucro Líquido/Vendas com a


porcentagem de 4,66%. Se este percentual passasse para 8,66%, a nota seria 8.
ANÁLISE VERTICAL/HORIZONTAL 261

Análise Vertical/Horizontal na Previsão de


Apêndice Falências

A regularidade de comportamento dos di-


versos itens das demonstrações financei-
ras é sinal de estabilidade e segurança. A
excessiva flutuação representa elevação
do risco empresarial. A Análise Vertical/Ho-
rizontal pode detectar esse risco.

A insolvência de uma empresa ocorre pela incapacidade de solver suas


obrigações, ou seja, pela falta de dinheiro no momento de vencimento de uma
dívida.
Toda empresa está sujeita à falta de dinheiro em determinados momentos
dadas as naturais incertezas e irregularidades da atividade empresarial. Normal-
mente, essa carência de moeda é suprida por empréstimos de emergência,
obtidos junto a bancos, e é corrigida a curto prazo pela reformulação de prazos
de Duplicatas a Receber e Fornecedores.
A falta crônica de dinheiro e a perspectiva a longo prazo de agravamento
da insuficiência de entradas em caixa em face das saídas comprometidas
caracteriza a insolvência, cujas soluções só podem ser a concordata ou a
falência.
262 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO EMPRESARIAL

Via de regra, a falta de dinheiro a curto prazo deve-se a cinco motivos:

• desempenho de vendas aquém do esperado;


• falta de controle das despesas;
• prejuízo;
• má administração do Ativo e Passivo Circulantes;
• excesso de investimento no Ativo Permanente.

A impontualidade a curto prazo - revelada por atrasos junto a fornecedores


e protestos sofridos - deve-se à falta de capacidade de a empresa obter o
numerário necessário para cobrir os compromissos assumidos.

Em outras palavras, toda empresa tem um fluxo de caixa - movimento de


entrada e saída de caixa — em que as entradas naturalmente se equilibram com
as saídas. Essa harmonia é quebrada quase sempre por uma daquelas cinco
hipóteses e só não será corrigida se a empresa for incapaz de obter os emprés-
timos adicionais necessários.

A harmonia referida pressupõe certa regularidade no comportamento dos


diversos itens de balanço e de resultados.

Um brusco aumento de Duplicatas a Receber, por exemplo, tem inevitáveis


conseqüências sobre o Caixa: enquanto aumenta o valor das duplicatas, deixa
de entrar dinheiro no Caixa. Um aumento exagerado do Ativo Permanente, em
relação a outros itens do Balanço, provoca, com certeza, sangria do Caixa,
rompendo o equilíbrio entre ingressos e saídas. Um aumento de despesas fora
de proporções normais tem idêntico reflexo.

Assim, nada mais lógico que estudar os comportamentos dos diversos itens
do balanço e da demonstração de resultados. Existindo regularidade, há grande
chance de a empresa manter o equilíbrio do seu fluxo de caixa. A irregularidade
de comportamento dos itens é um sinal de alerta.

Com efeito, a prática mostra que isso realmente é válido. Grande parte das
empresas que vão à insolvência apresenta irregularidades de comportamento de
diversos de seus itens, como mostra o exemplo adiante.

Apresenta-se a seguir um caso concreto ilustrativo de empresa que se


tornou insolvente; a Análise Vertical/Horizontal evidencia a inconstância de
comportamento de diversos itens de balanço e da demonstração de resultados.
ANÁUSE VERTICAL/HORIZONTAL 263

Nesse exemplo, a Análise Horizontal é feita em relação ao ano anterior a


fim de que se possa verificar, ao longo de sucessivos exercícios, quão diferentes
foram as variações de um ano para outro.

1 EXEMPLO DE ANÁLISE VERTICAL/HORIZONTAL NA


PREVISÃO DE INSOLVÊNCIA

Apresentam-se a seguir as quatro últimas demonstrações de uma empresa


de produtos alimentícios que se tornou concordatária e posteriormente faliu.

O último balanço divulgado pela empresa antes da concordata é de 19x7,


já que o seguinte foi levantado apenas para ser anexado aos documentos
necessários para o pedido de concordata.
Em 31-12-x7, a situação dessa empresa era muito boa. O índice de
Participação de Capitais de Terceiros era de 81 %; o de Imobilização do Patrimô-
nio Líquido era de 0,8%; o de Liquidez Corrente era de 2,21; o índice de
Rentabilidade do Patrimônio era de 12%.

Entretanto, examinando os números da Análise Vertical/Horizontal, verifica-


se que o Lucro Bruto, que aumentou 593% de 19x5 para 19x6, caiu 8% em 19x7
e 14% em 19x8. As Outras Despesas Operacionais (Vendas e Administração)
cresceram 1.841 % de 19x5 para 19x6, sofreram ligeira queda de 10% em 19x7
e subiram 66% em 19x8. Isso tudo a valores nominais. (Abaixo das
demonstrações de resultados encontra-se a evolução do ÍNDICE GERAL DE
PREÇOS DA FGV).

No balanço igualmente verificam-se diversas flutuações inexplicáveis. En-


quanto os Estoque sobem exageradamente em 19x6, moderadamente em 19x7
e caem em 19x8, as Duplicatas a Receber sobem ininterruptamente.

A participação dos fornecedores no financiamento global cai contínua e


acentuadamente, passando de 19 para 5% do Passivo Total. A excessiva
elevação de Salários, Tributos e Contribuições sugere que a empresa possa estar
atrasando o pagamento de impostos e encargos sociais.

Enfim, a Análise Vertical/Horizontal revela um quadro de certa turbulência


na vida da empresa (o que não é tão evidente na análise através de índices) e
sugere existir algum tipo de problema na empresa.
264

DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO

NOME: XYZ - ALIMENTOS, INDUSTRIA E COMERCIO LTDA.


RAMO DE ATIVIDADE: INDÚSTRIA E COMÉRCIO E GÊNEROS ALIMENTÍCIOS
OBS.: Concordata Preventiva Deferida em 10-8-79
(Especial para a Concordata)
BALANÇOS encerrados em: 31-12*5 31-12-x3 31-12-X7 31-12-x8
VI.Absol. AV VI.Absol. AV AH Anual VI.Absol. AV AH Anual VI.Absol. AV AH Anual
Disponibilidades 302 6 1.419 13 470 1.643 9 116 33 0,1 2
Títulos a Receber 2.792 56 4.074 39 146 10.002 52 246 20.780 71 208
Estoques 572 11 2.144 20 375 3.649 19 170 3.351 11 92
Outros Créditos 1.250 25 2.281 22 182 3.940 20 173 4.747 16 120
ATIVO CIRCULANTE 4.916 98 10.518 99 214 19.234 99 183 28.911 99 150
REALIZ. A LONGO PRAZO
Imobilizado 63 1 58 0,5 92 82 0,4 141 194 1 237
Investimentos
Deferido
ATIVO PERMANENTE 63 1 58 0,5 92 82 0,4 141 194 1 237
ATIVO TOTAL 4.979 100 10.576 100 212 19.316 100 183 29.105 100 151
Fornecedores 924 19 1.603 15 173 1.616 6 101 1.305 5 81
Duplicatas Descontadas 520 10 1.467 14 282 3.262 17 222 0 0 (-)
Financ. Inst. Financeiras 2.000 40 0 0 0 1.299 7 0 15.700 54 1.209
AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO EMPRESARIAL

Salários, Trib. e Contrib. 0 0 743 7 0 2.508 13 338 6.115 21 244


Outros Débitos 91 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0
PASSIVO CIRCULANTE 3.535 71 3.813 36 108 8.685 45 228 23.120 79 266
EXIGÍVELA LONGO PRAZO
Capital 60 1 1.500 14 2.500 1.500 8 0 10.500 36 600
Reservas 1.384 28 5.263 50 380 9.131 47 173 (4.515) (15) 0
PATRIMÔNIO LÍQUIDO 1.444 29 6.763 64 468 10.631 55 157 5.985 21 56

PASSIVO TOTAL 4.979 100 10.576 100 212 19.316 100 183 29.105 100 151
DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO

(Especial para a Concordata)


18x5 19x6 19x7
19x8
Exercido de:
VI. VI. AH VI. AH VI.
AV AH AV AV AV AH
Absol. AbsoL Anual Absol. Anual Absol.

Receitas dos Serviços/Vendas 19.389 100 - 45.642 100 235 46.957 100 103 37.317 100 79

Custos dos Serviços/Vendas 17.245 89 - 30.793 67 179 33.316 71 106 25.635 69 77

LUCRO BRUTO 2.144 11 - 14.849 33 693 13.641 29 92 11.682 31 86

Despesas Financeiras 266 1 - 0 0 100 1.113 2 OO Z529 7 227

Outras Desp. Operacionais 494 2 - 9.587 21 1.941 8.667 19 90 14.411 39 166

LUCRO OPERACIONAL 1.384 7 - 5.262 11 380 3.861 8 74 (5.258) (14) (-)

Res. Extra-Operational 0 0 - 0 0 0 7 0 OO 0 0 -
ANÁLISE VERTICAL/HORIZONTAL

Saldo da Correção Monetária 10 0,1 - 640 1 6.400 2.594 5 4.053 2.241 6 86

Lucro Antes do IR 1.374 7 - 4.622 10 336 1.274 3 27 (7.499) (20) (-)

LUCRO LÍQUIDO 1.374 7 - 4.622 10 336 1.274 3 27 (7.499) (20) (-)

IPG (Disp. Interna) - 41,3% 42,7% 38,7%


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