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1.

INTRODUÇÃO

O design industrial, também denominado design de produto ou desenho


industrial trabalha com a criação e produção de objetos e produtos tridimensionais com
foco para usufruto humano, mas também pode ser para uso animal. Um designer de
produto lidará essencialmente com o projeto e produção de bens de consumo ligados à
vida quotidiana (como mobiliário doméstico e urbano, eletrodomésticos, automóveis e
outros tipos de veículos, etc.) assim com a produção de bens de capital, como máquinas,
motores e peças em geral.
A definição oficial de design industrial do Conselho Internacional das
Organizações de Design Industrial (ICISD) proposta por Tomás Maldonado, define o
design como uma atividade criativa que consiste na determinação das propriedades
formais dos objetos que escolhemos para produzir industrialmente. Por propriedades
formais dos objetos, não devemos apenas considerar as características externas do
objeto; mas ter em conta especialmente as relações estruturais que fazem com que um
objeto, ou um sistema de objetos, sejam uma unidade coerente, tanto do ponto de vista
do produto como do consumidor.
2. DESENVOLVIMENTO

2.1 História
A história do design não se apresenta de uma forma única e uniforme nos
diferentes países uma vez que as características socioeconômicas e culturais de cada
lugar imprimiram uma personalidade distinta aos profissionais ligados a esta área,
contudo é possível na modernidade para além de tipificar os objetos como acima e
abaixo da linha, como referenciado anteriormente, também podemos separar os objetos
quanto à importância dada, a quando a fase de projecto, às diferentes dimensões do
produto: dimensão: sintática ,denominada(formalismo).
Dimensão Pragmática denominada funcionalismo, dimensão semântica
denominada Styling.
Na modernidade as preocupações metodológicas do designer deixam de ter dois
desempenhos ambivalentes consoante o produto final, para se optar por uma unificação
de saberes que passam pelo formalismo, funcionalismo e styling, dando origem a
produtos mais completos. O design industrial evoluiu para o que hoje identificamos
como design de produto.
O Design de produto, dada a sua relação com os processos de produção
industriais e sua origem na Revolução Industrial, começa a se delinear no Século XIX,
especialmente com os textos teóricos ligados ao movimento Arts & Crafts que
enxergava na produção artística um guia para a produção industrial. Da mesma forma
que o Design Visual, porém, ele ganha maturidade e sofre uma profunda revolução com
as experiências feitas na Bauhaus, no início do Século XX, praticamente definindo a
noção atual da profissão.
O design é uma atribuição de valor identificado pelo mercado e transformado em
atributo físico do produto. O Registro de Desenho Industrial é um título de propriedade
temporária sobre um desenho industrial, outorgado pelo Estado aos autores ou outras
pessoas físicas ou jurídicas detentoras de direitos sobre a criação.
O Design é necessário às indústrias para "produzir o produto certo, pelo preço
certo, para o mercado certo, na altura exata" (ARAÚJO, M. D., Tecnologia do
Vestuário, Lisboa, FCG, 1996). Isto atendendo a valores estáticos, políticos,
econômicos, sociais, geográficos, etc., no sentido de rentabilizar as ferramentas, a
organização e a lógica da industrialização, para que a empresa possa competir com a
concorrência, tanto no lançamento de novos produtos como no re-design de outros. O
conceito, a forma, a cor, a embalagem e as características físicas do produto, assim
como o seu preço, são decisivos para o sucesso da sua venda.
Segundo Peter Dormer, existem dois pólos que dividem os Designers,
dependendo do método de projetar: Os que defendem o Design como uma atividade
primordialmente ligada à arte e outra voltada para questões essencialmente
tecnológicas; Dentro destes dois pólos, Dormer distingue dois tipos de desempenho
diferentes, que originam dois tipos de preocupações na metodologia de design;
Distingue-se o design abaixo da linha e o design acima da linha, dependendo se as suas
preocupações são mais funcionais, (caso do primeiro termo) ou mais formais (caso do
segundo termo). O design acima da linha está ligado a aspectos visuais do produto, ao
estilo, enquanto que o design abaixo da linha está ligado à parte estrutural e ao
funcionamento do produto.
No início considerava-se no desenho industrial a forma plástica ornamental de
um objeto, ou, o conjunto ornamental de linhas e cores que possam ser aplicados a um
produto. Proporcionando resultado visual novo e original na sua configuração externa e
que possa servir de tipo de fabricação industrial.
Porém este foco ornamental foi se expandiu para aspectos mais técnicos,
principalmente após a Segunda Guerra Mundial com o advento de novos materiais e
processos de fabricação, bem como novas necessidades requeridos pelos esforços de
guerra.
Durante este período o fator ergonomia tornou-se um dos principais focos do
design, sendo que tornou-se fundamental na corrida espacial.

2.2 Prática

Os principais conhecimentos utilizados no design de produtos são a metodologia


de projeto, as técnicas industriais e os materiais existentes.
Características de um produto concebido por um Designer

 Considera as necessidades do usuário, em primeiro lugar (foco no usuário);


 Visualização das possibilidades de solução de seu produto (foco na solução);
 Verifica a viabilidade do produto previamente à sua produção (foco na relação custo
x benefício);
 Seleciona os materiais mais adequados e seu custo (foco nos materiais e
manufatura)
 Acompanha a utilização do produto e sua interação com o usuário (foco em
feedback como meio de aprimoramento).
Ao solicitar um projeto de produto a um Designer deve-se:

 Informar o que se espera do produto;


 Informar quem irá utilizar e de qual(is) maneira(s);
 Informar quais os limites do produto ou objeto (tamanho, custo, materiais possíveis,
tempo disponível);
 Solicitar propostas preliminares, a serem analisadas e selecionadas;
 Solicitar uma ilustração detalhada, ou desenho técnico, da proposta selecionada;
 Solicitar um mock-up do produto, se necessário.
2.3 O que os designers industriais fazem?

O design industrial engloba o desenvolvimento de todos os tipos de produtos


manufaturados, desde carros, produtos domésticos e equipamentos médicos até
eletrônicos e brinquedos. Porém, a maioria dos designers industriais se especializa em
áreas determinadas. Por exemplo, alguns criam computadores ou smartphones, enquanto
outros desenvolvem os conceitos de novos produtos de consumo, como artigos
esportivos ou móveis.
Independentemente dos produtos que desenvolvem, as responsabilidades de um
designer industrial geralmente incluem:
 Realizar pesquisas do consumidor para imaginar como um produto será usado.
 Esboçar ou traçar um roteiro para diferentes ideias.
 Usar softwares 3D para desenvolver renderizações 3D de vários designs.
 Determinar se um design é prático com base na segurança, aparência e função do
produto.
 Trabalhar com especialistas para examinar materiais, calcular custos de
produção e determinar os requisitos de fabricação.
 Apresentar designs e protótipos a clientes para aprovação usando impressão em
3D e realidade aumentada (AR).
 Utilizar métodos de solução de problemas para criar um produto de qualidade
para uso diário por clientes no mundo real.
2.4 Que tipo de ferramenta os designers industriais usam?
Na fase de ideação ou concepção de um projeto, designers industriais esboçam,
renderizam ou criam modelos em 3D e depois testam esses protótipos para encontrar as
melhores soluções possíveis às necessidades de um usuário. Nessa fase, o principal
objetivo é entender o funcionamento, a aparência e a fabricação de um produto.
Exemplos:

 Desenho para a criação de um novo produto;


 Imagem para visualização de uma peça em tamanho real ou em escala exagerada;
 Desenho com informações e design finais para ser utilizado na aprovação de
determinado projeto.
O design industrial é utilizado em:

 Móveis.
 Brinquedos.
 Automóveis.
 Indumentária e Indústria têxtil.
 Indústria eletro - eletrônica.
 Indústria metal - mecânica.
 Cutelaria.
 Indústria náutica.
 Cerâmica e Vidro.
 Plásticos.

2.5 Desenho Industrial no Fomento à Competitividade de Produtos


O desenho industrial é utilizado como ferramenta para competir no mercado
dada a sua funcionalidade de se adequar ao que o cliente prefere, assim, ele fomenta a
competitividade entre produtos a partir do momento que é construído de modo
inovador, satisfazendo as necessidades do consumidor como nenhum outro produto até
então tinha feito. A vantagem competitiva ocorre quando os compradores, em grande
número, tornam-se fortemente interessados nos atributos e características que um
diferenciador incorporou no produto oferecido. Desse modo, quanto mais forte for a
atratividade do consumidor pelas características de diferenciação da empresa, mais forte
será a vantagem competitiva. O registro do desenho industrial é acessível a pequenas e
médias empresas, bem como aos seus criadores individuais. Isso é fator determinante no
aumento da competitividade, pois culmina em benefícios tanto para os fabricantes e
comerciantes quanto para os consumidores, que contarão com a disponibilização de
produtos marcados pela qualidade e exclusividade. O fato de pequenas empresas
poderem utilizar do desenho industrial para se tornarem mais competitivas além de
democrático, é fundamental para inserir novas empresas no mercado. Isso contribui para
o aumento da competitividade, o que ocasiona também na redução dos preços. Um
produto pouco reconhecido pode utilizar do Desenho Industrial para conseguir
reconhecimento frente a grandes marcas, pois dessa forma, elas conseguem atrair
consumidores para atestar a qualidade de seus produtos. O INPI já incentiva pequenas
empresas e pessoas físicas a registrar novos desenhos. Para esses o custo básico do
registro R$ 95,00, enquanto grandes empresas devem desembolsar uma quantia de R$
235,00.
Para sobreviver no mercado, às pequenas empresas devem sempre buscar uma
“vantagem competitiva”, que é o diferencial de desempenho superior em relação à sua
competidora. Novos desenhos levam ao mercado produtos diferentes dos já existentes,
deixando-os com características ornamentais diferentes, atendendo aos mais diversos
públicos. A gestão do design aumenta a vantagem competitiva da empresa, pois a
gestão desta se adéqua as necessidades do consumidor. Essa nova forma de organização
é uma fonte para elevar a capacidade competitiva da indústria, já que está além de
depender da qualidade do produto, precisa de uma boa imagem de seus produtos perante
o público. O objetivo dessa nova logística é familiarizar os gerentes com os designers,
aplicando técnicas dentro da corporação a fim de colaborar para obtenção dos seus
objetivos.
2.6 Desenho Industrial E Os Crimes Contra A Ordem Economica
Em Brasil para vencer a grande competitividade de mercado, as empresas
utilizam as mais diversas façanhas, por vezes, usam de má-fé para se sobressaírem
frente às concorrentes. O Desenho Industrial é a “porta de entrada” da inserção de um
produto no mercado, possuindo grande importância para a movimentação do comércio
global. O uso desleal dessa modalidade prejudica a Ordem Econômica, justamente por
isso, a Lei de Propriedade Industrial buscou proibir essas ações rotulando-as como
crime. Fabricar, sem autorização do titular, produto que contenha Desenho Industrial
registrado, ou uma imitação substancial que possa induzir em erro ou confusão, é
considerado crime, com pena de detenção, que varia de 3 meses a 1 ano, ou multa. Esse
artigo de nosso ordenamento jurídico não tutela de modo tão eficaz quanto o “trade
dress” norte americano, que consiste em similitudes entre características, não havendo
“imitação substancial”. Para ser considerado crime, o Desenho Industrial deve ser
copiado em quase toda sua totalidade, trazendo dois produtos praticamente iguais. A
legislação brasileira precisa de uma atualização nesse tema, pois as violações constantes
ao “trade dress”, podem resultar em um mercado nacional com produtos com grandes
semelhanças. Essa “imitação substancial que possa induzir em erro ou confusão” ainda
pode resultar em outra prática criminosa prevista no artigo 195 da Lei 9.279, que
considera crime de concorrência desleal quem utiliza de fraude, para desviar, em
proveito próprio ou alheio, clientela de outrem. O Desenho Industrial é utilizado para
atrair os consumidores, dando ao produto características diferentes de outros produtos.
Ao copiar um Desenho Industrial, uma empresa está deixando sua mercadoria
praticamente igual ao de outrem, de modo que pode induzir o consumidor a adquirir seu
artigo em detrimento de outro. Assim, a “clientela” estaria sendo desviada de uma
empresa para outra, pela utilização de meios fraudulentos, o que caracterizaria crime.
Vale ressaltar ainda, que considera-se crime quem exporta, vende, expõe ou oferece à
venda, tem em estoque, oculta ou recebe, para utilização com fins econômicos, objeto
que incorpore ilicitamente desenho industrial registrado, ou imitação substancial que
possa induzir em erro ou confusão. Além disso, comete crime quem importa produto
que incorpore desenho industrial registrado no País, ou imitação substancial que possa
induzir em erro ou confusão.

3. CONCLUSÃO
Antes o desenho industrial era utilizado tanto para a melhoria do projeto quanto
para a sua funcionalidade, porém, hoje é utilizado apenas para ornamentar o produto.
Essa diferenciação é muito importante, mas pouco disseminada. Nos dias atuais a
funcionalidade é competência atribuída ao modelo de utilidade.
Proteger o desenho industrial é essencial para a proteção não só daquele que
cria, mas também para a proteção daquele que adere ao produto. Além disso, registrar o
desenho industrial assegura a possibilidade de a empresa ser mais competitiva frente ao
mercado. Importa destacar que o desenho industrial é registrado por um processo
democrático, o que permite que pequenas e grandes empresas registrem suas criações.
Por fim, ficou evidente que o assunto precisa ser mais estudado e difundido
dentro e fora das academias, pois é não só de interesse social, mas também necessário
para o bom funcionamento do mercado.
4. REFERÊNCIAS
BASSO, Maristela. Brasil deve estimular proteção da propriedade intelectual.
2014. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2014-jan-20/maristela-basso-brasil-
estimularprotecao-propriedade-intelectual>. Acesso em: 20 fev. 2014.
BRASIL. Constituição Federal de 1988. Define as normas primordiais da
República Federativa do Brasil. BRASIL . Lei Federal nº 9.279, de 14 de janeiro de
1996. Regula direitos e obrigações relativos à propriedade industrial.
CLARO, Mauro. DESENHO INDUSTRIAL E DESIGN. 2007. Disponível em:
<http://www.mackenzie.br/fileadmin/Graduacao/FAU/Publicacoes/PDF_IIIForum_a/
MACK_ III_FORUM_MAURO_CLARO.pdf>. Acesso em: 25 jan. 2014.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Design_industrial.
SERPA, Flávia de Araújo. Notas introdutórias sobre a propriedade industrial.
Revista Jus Navigandi, Teresina, ano 18, n. 3536, 7 mar. 2013 . Disponível em:
<http://jus.com.br/artigos/23908>. Acesso em: 24 jan. 2014.

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