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Olhar científico para o aprendizado:

o sono

Olá! Você sabia que o hábito de deixar de dormir para estudar e “aprender mais” é uma comple-
ta farsa. E que, além disso, os resultados adquiridos são justamente o oposto?

Pesquisadores de Harvard mostraram em recente trabalho científico que alunos de graduação


têm melhor desempenho quando dormem mais e acordam relativamente mais cedo. Além dis-
so, alunos que têm uma melhor qualidade de sono (sem acordar várias vezes ao longo da noite)
ou uma duração do sono consistente (quando dormem mais ou menos o mesmo número de ho-
ras todos os dias) também apresentaram melhor desempenho acadêmico.

Do ponto de vista fisiológico, o sono tem várias funções, entre elas “limpar” o seu cérebro de
metabólitos (“lixo” produzido pelas células) e consolidar a memória daquilo que aprendeu du-
rante o dia. É por isso que, quando dormimos mal, temos dificuldade de fazer muitas coisas,
como prestar atenção na aula, por exemplo.

Quando dormimos, nossos cérebros não estão em modo stand by como poderia se supor. Na
realidade, durante esse período ocorre uma intensa atividade neuronal, no qual uma das fina-
lidades é organizar e consolidar novas memórias. Cientistas já demonstraram que durante o
sono, o cérebro repete os padrões de disparo neurais experimentados enquanto acordado. Acre-
dita-se que o “replay” seja a base da consolidação da memória, o processo pelo qual as memó-
rias recentes adquirem mais permanência em sua representação neural.

Para ficar mais claro, vamos utilizar um exemplo científico! Em um experimento, cientistas pe-
diram que participantes dormissem antes e depois de jogar um jogo virtual. O jogo consistia em
quatro painéis coloridos que se iluminam em sequências diferentes para os jogadores repeti-
rem. Mas, em vez de mover os braços, os participantes jogavam com suas mentes, imaginando
mover o cursor com as mãos para diferentes alvos. Enquanto os participantes descansavam,
jogavam e depois descansavam novamente, os pesquisadores registraram a atividade de grupos
neuronais individuais em seus cérebros por meio de um conjunto de pequenos eletrodos. Os
resultados observados foram que os mesmos padrões de disparo neuronal durante o período de
jogo se repetiam durante o período de descanso pós-jogo. Ou seja, os participantes continua-
vam “jogando” o game mesmo dormindo.

Essa é pra No entanto, como mencionado anteriormente, a qualidade


do sono é fundamental. Pesquisas mostram que dormir ape-
registrar! nas 6 horas por dia por um período de 10 dias consecutivos
tem o mesmo efeito do que passar uma noite em claro! Ou
seja, todos aqueles problemas de concentração, ansiedade e
humor que vem em consequência da privação de uma noite
de sono também podem acontecer se não houver uma con-
sistência na quantidade de horas dormidas diárias. Chocante,
não? Não é à toa que a Sociedade Brasileira do Sono reco-
menda de 7 a 9 horas diárias.
Para quem é adepto do cafezinho para dar uma “despertada” após uma noite mal dormida, sai-
ba que esta também pode não ser a melhor estratégia. A ciência já possui evidências de que a
utilização de bebidas estimulantes (como o café) diariamente e em quantidades altas pode pre-
judicar regiões do cérebro envolvidas com a memória, o que, por sua vez, prejudica ainda mais
a consolidação do aprendizado.

#Dicas
Práticas Nós, como educadores, devemos estar atentos a estes sinais em
nossos estudantes. Fatores como o sono são fundamentais para um
bom desempenho em qualquer nível escolar. De nada adiantará
pôr em prática estratégias mirabolantes de ensino para um público
que não tem uma boa regularidade de sono. Os resultados serão
pouco positivos, o que pode acabar por passar a falsa impressão
de que o processo de ensino é falho. Vale a pena orientar os alunos
quanto aos horários corretos de estudo, sempre reforçando que se
devem respeitar os limites do corpo e que o descanso é fundamen-
tal para o aprendizado.

Nesse ponto, outra questão chave é justamente o descanso. Longas horas de estudo sem inter-
rupção não são benéficas e em nada ajudam no processo de aprender algo. A estratégia correta
é alternar para cada uma hora e meia de estudos, pelo menos 20 minutos de descanso. Assim,
o cérebro consegue se recuperar e consolidar as novas conexões neurais, fixando o conteúdo
estudado.

Portanto, sim, faz muito sentido que a qualidade do sono esteja relacionada ao desempenho
acadêmico e a um bom desempenho cognitivo!

Até a próxima!

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