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MUSEU DE ASTRONOMIA E CIÊNCIAS AFINS - MAST

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRESERVAÇÃO DE ACERVOS DA


CIÊNCIA E TECNOLOGIA – PPACT

Disciplina: Guarda e Acondicionamento de Acervos


Docente: Cláudia Penha dos Santos e Maria Lúcia de Niemeyer Matheus
Loureiro

Discente: Juliana Cristina Facre

Matrícula: 2021-62

GUARDA E ACONDICIONAMENTO DO ACERVO DO MUSEU DAS MINAS E


DO METAL - MM GERDAU

1. Introdução

O Museu das Minas e do Metal é oriundo do extinto museu municipal


“Museu de Mineralogia Professor Djalma Guimarães”, que existiu de 1974 até
2009. Após 2009, a prefeitura cedeu a guarda do acervo do Museu para a
Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais que, posteriormente, cedeu para
a Associação Mantenedora do Museu das Minas e do Metal (AMMMM), hoje
responsável por sua guarda, manutenção e preservação. Atualmente o Museu é
patrocinado pela Gerdau, via Lei Federal de Incentivo, com apoio da Companhia
Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM).

Atualmente a coleção mineral do Museu possui cerca de 4.250 amostras,


sendo 1.300 em exposição e 2.950 em reserva técnica, e incluem amostras do
antigo Museu de Mineralogia Djalma Guimarães e aquisições posteriores.
Figura 1 - Rutilo

Fonte: Museu das Minas e dos Metais In: Google Arts and Culture. Disponível em:
<https://artsandculture.google.com/story/XQKSUQDg2xxeJg?hl=pt-BR> Acesso em 25 nov. 2021

Figura 2 - Aragonita

Fonte: Museu das Minas e dos Metais In: Google Arts and Culture. Disponível em:
<https://artsandculture.google.com/story/XQKSUQDg2xxeJg?hl=pt-BR> Acesso em 25 nov. 2021
2. RELATO DE VISITA À RESERVA TÉCNICA DO MUSEU DAS MINAS E DO
METAL - MMGERDAU

Na visita à reserva técnica fui recebida pela geóloga e pela


conservadora-restauradora de bens integrais móveis do Museu das Minas e do
Metal. O primeiro espaço de reserva técnica do Museu das Minas e do Metal
encontra-se ambientado em um local que se assemelha a um corredor, onde
estão localizados 18 armários, nos quais encontram-se armazenados desde
amostras minerais até documentos de arquivo, e em suas portas existem
identificações a respeito de seu conteúdo. O espaço entre os armários e a parede
é estreito, e não chega a 1 metro de largura, embora esta seja a medida mínima
recomendada para que se permita a ventilação e manutenção do acervo.

Figura 3 - Estantes Figura 4 - Identificação

Grande parte do acervo mineral encontra-se acondicionado dentro das


estantes, em caixas de polietileno. Segundo literatura especializada, o polietileno
é recomendado para acondicionamento de acervos por ser um material
totalmente inerte aos metais e suas ligas (CAMPOS, GRANATO e MIDDEA). As
peças são etiquetadas e identificadas com número de identificação e
acondicionadas dentro de caixas pequenas de papel. O setor responsável pelo
acervo possui a documentação relacionada a essas identificações e está em
processo de implantação da plataforma Tainacan.

Figura 5 - Caixas de polietileno Figura 6 - Acondicionamento

Devido à falta de lugares para armazenamento, algumas peças de maiores


dimensões estão acondicionadas diretamente sobre a estante ou umas sobre as
outras. Ao ser questionada a respeito da possibilidade desse tipo de
armazenamento causar danos às amostras, a geóloga responsável afirmou que a
constituição material das rochas seriam resistentes e que, por esse motivo,
dificilmente iriam sofrer deteriorações. Essa resposta reflete o pensamento
comum de que coleções de materiais geológicos seriam invariavelmente duráveis.
No entanto, especialistas em conservação de acervos geológicos atentam para o
fato de que os minerais e rochas são, na sua grande maioria, estáveis apenas em
seu local de formação. (AZEVEDO e LAMA, 2013)

Azevedo e Lama (2013) destacam que um dos primeiros cientistas a


observar a mudança de propriedades de minerais em ambientes de coleção foi
A.L. Parsons, da Universidade de Toronto, em 1920. Em um artigo publicado para
o periódico American Mineralogist, Parsons cita a possibilidade da luz e da UR do
ar serem responsáveis por mudanças de propriedades dos minerais, como ocorre
com a proustita e piragirita, que perdem a coloração vermelha e se tornam pretas
ao entrarem em contato com a luz. No que diz respeito às interações com a UR,
Parsons cita a solubilização da carnallita quando exposta a altas umidades e a
perda de umidade da laumontita. (PARSONS, 1922 In: AZEVEDO e LAMA, 2013)

Por esse motivo as coleções geológicas, independente da tipologia, devem


ser armazenadas em embalagens inertes, em condições apropriadas de UR e
evitar exposição à luz. Estantes de aço também são consideradas mais seguras e
madeiras devem ser evitadas. No entanto, devido às limitações financeiras e
materiais, as condições ideais tornam-se inviáveis, e esses foram os motivos
mencionados pela equipe responsável pelos quais grande parte do acervo estaria
acondicionado de forma inadequada.

No caso do Museu das Minas e do metal, certa parte da coleção de


minerais do Museu fica acondicionada em caixas de polietileno, porém a coleção
de fósseis encontra-se armazenada em caixas de papel não-alcalino.
Figura 7 - Mineral Figura 8 - Minerais sobrepostos

Figura 9 - Acondicionamento de fósseis

Além dos fósseis, amostras minerais também encontram-se


acondicionadas em caixas de papel não-alcalino. No entanto, as pequenas caixas
de papel que armazenam as amostras individualmente são de papel alcalino, o
que já diminui a possibilidade de interações físico-químicas. Além disso, os
minerais encontram-se envolvidos por embalagens de polietileno, considerado um
material inerte e estável, resistente a soluções aquosas de sais, ácido inorgânicos
e álcalis. À exceção dos minerais fotossensíveis, que devem ser armazenados em
embalagens escuras, é recomendado que todos os minerais sejam
acondicionados em embalagens de polietileno (AZEVEDO e LAMA, 2013).

Figura 10 - Amostras minerais

Todas as caixas encontram-se numeradas e identificadas, e o setor


responsável pelo acervo possui a documentação relacionada a essas
identificações.

As amostras de menores dimensões encontram-se acondicionadas em


embalagens plásticas acolchoadas com espuma, conforme mostra Figura 11.
Figura 11 - Amostras de menores dimensões

Do lado oposto desta estante, ainda na reserva técnica, há uma vitrine


onde encontram-se acondicionados objetos de diversas tipologias, dentre eles um
caderno, de páginas abertas, que pertenceu a Djalma Guimarães. Tendo em vista
que este caderno - assim como os demais objetos - não encontra-se sequer em
exposição, parece-nos desnecessária a exposição à luminosidade ambiente de
algumas de suas páginas.

Figura 12 - Objetos expostos em reserva técnica


Figura 13 - Objetos expostos em reserva técnica

Para o transporte do acervo de maiores dimensões, a equipe utiliza o carrinho


exibido na Figura 14, o que garante maior segurança nesse processo. No caso de
objetos de pequenas dimensões, o transporte é realizado através de bandejas de
polietileno.

Figura 14 - Carrinho de transporte


Quanto aos objetos arquivísticos, quase a totalidade dessa tipologia de
acervo encontra-se acondicionada em caixas de papelão, embora a equipe
reconheça que esta não seja a maneira adequada de se acondicionar
documentos. Os trabalhadores argumentam que esse problema se deve à falta de
recursos disponibilizados à reserva técnica, e mencionam que já foram realizadas
tentativas de parceria com o curso de Arquivologia da UFMG para a
implementação de formas mais adequadas de acondicionamento, mas que nunca
chegaram a se concretizar.

Figura 14 - Acervo arquivístico


Figura 15 - Identificação do conteúdo nas caixas de arquivo

Em outra sala isolada dos demais espaços da reserva técnica, está


localizada a coleção de minerais radioativos. Esses materiais estão dispostos
próximos à janela, e dentre eles encontram-se amostras de urânio. Segundo a
geóloga que nos guiou pela visita técnica, o nível de radiação emitido pelos
minerais já foi medido por aparelho detector de radiação, que teria apontado
graus de radiação dentro de padrões seguros à saúde humana.

Figura 16 - Amostras minerais radioativas


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AZEVEDO, Miriam Della Posta de; LAMA, Eliane Aparecida Del. Conservação de
coleções geológicas utilizando o acervo do Museu de Geociências da USP.
2013. Dissertação (Mestrado em Mineralogia Experimental e Aplicada) - Instituto
de Geociências, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013.
doi:10.11606/D.44.2013.tde-11122013-142746. Acesso em: 2021-12-26.

CAMPOS, GUADALUPE; GRANATO, MARCUS E MIDDEA, ANTONIETA.


Acondicionamento e manuseio de artefatos arqueológicos metálicos:
reflexões e procedimentos. Disponível em:
<http://site.mast.br/hotsite_livro_desafios_e_estudos_de_caso/pdf/04%20texto%2
0Campos%20et%20al.pdf> Acesso em 28 nov. 2021.

MM GERDAU. Diversidade mineral. Google Arts & Culture. Disponível em:


<https://artsandculture.google.com/story/XQKSUQDg2xxeJg?hl=pt-BR> Acesso
em 28 nov. 2021.

_____. Muito prazer, Djalma. Google Arts & Culture. Disponível em:
<https://artsandculture.google.com/story/rQUBOvBO8QY2Uw> Acesso em 28 nov.
2021.

_____. O Museu. Disponível em: <https://mmgerdau.org.br/o-museu/> Acesso em


28 nov. 2021.

TEIXEIRA, Lia Canola. Conservação preventiva de acervos. Coleção Estudos


Museológicos, v.1Lia Canola Teixeira, Vanilde Rohling Ghizoni - Florianópolis:
FCC, 2012.

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