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UFPE – Universidade Federal de Pernambuco

Aluno: Adenauer Araujo

Curso: Bacharelado em Geografia

Disciplina: Geografia Política

Professor: Alcindo

Resenha -Capítulo II: Elementos para uma problemática relacional;

Capítulo III: Poder.

Livro: Por uma Geografia do Poder.

Autor: Claude Raffestin

Capítulo II - Elementos para uma problemática relacional

O autor inicia o texto discutindo sobre o significado da palavra “problemática” e sua


semântica, explicando que o termo pode ser travestido de três significações, quais sejam:

A - Conjunto de problemas próprios a um tema e cita como exemplo, a problemática urbana que
interessam os problemas específicos da cidade; B - Modo de colocar um conjunto de problemas
relativos a uma questão particular; C - Mecanismo que consiste em determinar, antes de qualquer
análise, o estatuto de inteligibilidade capaz de justificar um sistema.

E neste contexto ele explica que entre esses conceitos ocorre uma interseção de significados, ou seja,
há um núcleo comum, no entanto ele entende que a terceira definição, é mais adequada, afirmando
que esta é a que mais se aproxima para a explicação de conceitos semelhantes e diferentes ao
mesmo tempo de fatos, sem fazer com que o pesquisador abandone sua ideologia. Esclarece ainda
que quando se opta pela problemática relacional, é porque acreditamos que as relações são capazes
de tornar inteligíveis o poder político e suas manifestações espaciais. Explica ainda que a existência é
criada por relações num vasto complexo relacional, onde seu funcionamento exige uma geografia
triangular: quer ver, saber ver e poder ver; ocorre que também, em outra linha de relações, é
fundamentada está fundamentada por um outro triangulo: o de querer existir, saber existir e poder
existir. O que corresponde a outras inquietações sociais e interrogações. A partir daí ele começa a
discutir se a geografia política clássica teria se desenvolvido a partir de um projeto, o que é
rechaçado por ele.

No item identificação da relação, o autor cita Marx, que na sua análise sobre “mercadoria”,
“mostrou nela um ato que implicava uma relação”. Um pouco mais a frente, o autor, explica que a
complexidade das relações é talvez o que torna difícil a abordagem relacional, e que por comodismo
quando se discute relações se prioriza as relações bilaterais, esquecendo que as relações são, em sua
maioria multilaterais. E para solidificar seu argumento o autor cita como exemplo a relação
trabalhista, como, em tese uma relação bilateral, entre o vendedor de mão de obra e o comprador
desta mão de obra, ocorre que não é bem assim, pois neste caso, envolve os sindicatos, as
convenções coletivas, organização estatal, com suas leis trabalhistas. O autor ainda chama a atenção
para ocaso de uma sociedade totalitária, onde a organização sindical, não estará presente, bem
como com os contratos de trabalho ilegais. E neste contexto o autor inicia uma discursão a respeito,
sobre a complexidade desta relação entre o capital (demandante) e trabalho (ofertante). O autor
afirma ainda que a chamada economia de mercado na chamada concorrência perfeita, que busca o
equilíbrio entre as partes, no entanto, segundo o autor, neste ambiente existe uma correlação de
forças e poder, onde o demandante é propicio a levar vantagens sobre os ofertantes, ou seja o
equilíbrio de mercado não funciona.

Elementos constitutivos da relação – nesta parte do texto o autor, explica que o no item
anterior vimos vários elementos constitutivos, no entanto ele considera necessário que esses
elementos sejam explicitados, mesmo que de forma genérica. E como elementos constitutivos o
autor apresenta: Os atores, a política dos atores, ou o conjunto de suas intenções, isto é suas
finalidades, as estratégias para alcançar os fins, os códigos utilizados e os componentes espaciais e
temporais da relação. O autor explica ainda quena geografia política clássica o Estado, é um ator
privilegiado nas relações constitutivas. E cita Etzioni: 'Nossa sociedade é uma sociedade de
organização. Nascemos em organizações, fomos educados por organizações e a grande maioria de
nós consagra uma grande parte de sua existência a trabalhar para organizações [...]". No entanto, o
autor afirma, “mas se é verdade que o estado é a maior das organizações, ela não é a única, pois as
organizações canalizam, bloqueiam, controlam, ou seja, domesticam as forças sociais”. O autor
esclarece ainda que o Estado, a família, os partidos políticos, as igrejas e as empresassem geral são
atores sintagmático por excelência, pois combinam os elementos para produzir, lato sensu, uma ou
várias coisas. Quando o Estado, promove uma reforma agrária, ele organiza o território, constrói uma
rede rodoviária etc. Uma empresa passa a ser um ator sintagmático quando realiza um programa de
produção, o ator sintagmático articula momentos diferentes da realização do seu programa pela
integração de capacidades múltiplas e variadas.

Esses atores sintagmáticos são, portanto, constituídos por atores-indivíduos que se integram
ou são integrados num processo programado. O autor finaliza este tópico, sobre a análise relacional,
afirmando que: em uma análise relacional o tempo e espaço devem ser considerados juntos, Porque
o tempo e o espaço entram na estratégia do ator social e condicionam a combinação energia /
informação, e conclui: existe uma relação inversa entre a duração necessária e a energia
indispensável para vencer uma distância, assim como existe uma estreita ligação entre a estrutura do
espaço e a energia necessária para ali difundir a informação.

Capítulo III – O poder

O autor inicia a discursão, tentando decifrar o significado da palavra “PODER”, e sua


influência, seja nas relações entre indivíduos, seja entre instituições, ou mesmo entre instituições e
indivíduos, para isso ele, se utiliza da morfologia da palavra, trazendo uma teoria sobre o significado
da palavra poder, seja com “P” maiúsculo, seja com o “P” minúsculo. Para o autor a palavra com P
maiúsculo dá o significado de que um “conjunto de instituições e de aparelhos que garantem a
sujeição dos cidadãos a um estado determinado”; o Poder com a letra minúscula, postula: “como
dados iniciais, a soberania do estado, a forma da lei ou da unidade global de uma dominação; essas
não são mais que formas terminais”. Dando seguimento em sua descrição, o autor esclarece o que
seria o termo “formas terminais”, pois para ele a expressão é de grande valor, pois dá conta da
concepção unidimensional do poder. Para o autor, Poder e Estado estão interrelacionados. Ainda no
campo da representação da palavra poder maiúsculo e minúsculo, o autor afirma: “O poder nome
comum, se esconde atras do Poder, nome próprio. Esconde-se tanto melhor quanto maior for sua
presença em todos os lugares. Presente em cada relação, na curva de cada ação, para o autor todo e
qualquer tipo de relação, há uma disputa de poder, assim descreve o autor: “O poder é parte é parte
intrínseca de toda relação.... O poder está em todo lugar; não que englobe tudo, mas vem de todos
os lugares.

O autor cita algumas preposições de Foucault, sobre Poder, quais sejam: O poder não se
adquire; é exercido a partir de inumeráveis pontos; As relações de poder não estão em posição de
exterioridade no que diz respeito a outros tipos de relações (econômicas, sociais etc.), mas são
imanentes a elas; O poder vem de baixo; não há uma oposição binária e global entre dominador e
dominados; As relações de poder são, concomitantemente, intencionais e não subjetivas; Onde há
poder há resistência. Entendemos que esta última proposição, é a mais significativa, pois dentre
todas as relações, a disputa de poder está intrínseca, sempre haverá resistência nesta disputa, me
chama a tenção ainda como o autor foi competente em definir e apresentar a palavra poder, e como
ele se manifesta, seja no âmbito estatal, seja no âmbito íntimo, entre pessoas. Mais adiante do texto
o autor esclarece que para o exercício do poder é necessário a utilização de trunfos do poder, e neste
contexto ele afirma: “O poder visa o controle e a dominação sobre os homens e sobre as coisas.
Pode-se retomar aqui a divisão tripartida em uso na geografia política: A população, o território e os
recursos”. A partir dessa afirmação o autor, exemplifica que numa disputa entre dois Estados nação,
pela posse de uma determinada região, nem sempre o interesse vem, apenas pelo território, mas
pelo que ele contém, pelo que ele representa, em termos econômicos, religioso, e até geopolítico. E
cita como exemplo, o conflito histórico entre Marrocos e Argélia, onde se não houvesse u interesse
no minério de ferro existente na região e disputa, o conflito não teria apresentado um caráter
violento. Sendo assim muitas vezes, o interesse declarado, num determinado conflito, não
representa necessariamente a verdade, e muitos casos, os verdadeiros interesses estão mascarados
e/ou escondidos. No final do texto o autor apresenta como a informação e energia, influenciam na
disputa pelo poder. Sendo assim o autor apresenta um gráfico, mostrando que, quanto mais energia
empregada na disputa, menos informação foi utilizada, e vice-versa.

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