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Pierre-JosephProudhon.
“Democracia mutualista”
in Proudhon. Orgs. Paulo- Edgar A. Resende e
Edson Passetti. Editora: Ática. São Paulo, 1986.
No contexto de uma sociedade livre, o papel do Estado é visto como sendo principalmente
legislativo, institucional e de criação, enquanto a execução de serviços é mais bem deixada
para as autoridades locais e os cidadãos. O autor destaca a importância de limitar a
competência e o alcance do Estado, afirmando que a concentração excessiva de atribuições nas
mãos do governo pode ser prejudicial para a liberdade.
Além disso, o autor argumenta a favor da separação entre Estado e escola, defendendo a
liberdade de ensino, assim como a independência da magistratura em relação à autoridade
central. Ele propõe que a justiça seja delegada às autoridades municipais ou provinciais, em vez
de ser considerada um atributo da autoridade central.
2 CRÍTICA ÀS CONFEDERAÇÕES
O autor argumenta que a ideia de federação é tão antiga quanto as ideias de monarquia e
democracia, e que está enraizada na própria natureza da civilização. Ele menciona exemplos
históricos de tribos hebraicas, Anfictionia grega e ligas de povos eslavos e germânicos para
ilustrar a existência de formas de federação ao longo da história.
No entanto, o autor critica a ideia de federação por sua incapacidade inicial de expandir-se
e sua falta de poder de conquista. Enquanto a monarquia e a democracia têm a capacidade de
expandir-se e absorver territórios e povos, a federação carece dessa força e tem limites
naturais. O autor argumenta que a ideia de fronteira natural é uma ficção política nos sistemas
monárquicos e democráticos, onde a liberdade da nação e do soberano é considerada infinita.
Por outro lado, nas confederações, as fronteiras são respeitadas e a expansão é limitada,
garantindo a soberania, a constituição e a liberdade de cada Estado federado.
Além disso, o autor aponta que o povo tende a criar ídolos e encarnações, como chefes de
guerra, reis gloriosos, líderes revolucionários, entre outros. O povo zela por esses ídolos e não
tolera que sejam discutidos ou contraditados, atribuindo-lhes poder absoluto.
Para o autor, a solução para conter o poder e as massas está no sistema federativo, no qual
a autoridade central é limitada e os Estados têm autonomia legislativa, executiva e judiciária.
Ele argumenta que, nesse sistema, o poder central está mais subordinado e as massas são
contidas, evitando-se insurreições e agitações populares.
O autor discute a necessidade de combinar o direito político com o direito econômico para
sustentar a estabilidade de uma sociedade. Ele argumenta que a Constituição Federal, por mais
justa e severa que seja, não será capaz de se sustentar se houver constantes causas de
dissolução na economia pública.
O autor defende a ideia de que o direito político deve ser apoiado pelo direito econômico,
e que a produção e distribuição da riqueza devem ser organizadas e não deixadas ao acaso. Ele
critica a anarquia mercantil e capitalista que resulta na divisão da sociedade em duas classes,
os proprietários-capitalistas-empresários e os proletários assalariados. Essa divisão, segundo
ele, torna o edifício político instável e propenso a conflitos entre as classes.
O autor argumenta que para prevenir uma guerra social e promover uma sociedade mais
justa, é necessário estabelecer governos fortes e uma federação agroindustrial. Essa federação
agroindustrial protegeria os cidadãos dos Estados contratantes contra a exploração capitalista e
bancocrática. Ele propõe a proteção mútua do comércio, da indústria, da construção e
conservação das vias de transporte, além da organização do crédito e do seguro.
O autor enfatiza que essa revolução econômica não pode ser realizada por uma monarquia
burguesa ou uma democracia unitária, mas sim por meio de uma federação. Ele destaca a
importância da mutualidade, da divisão do trabalho e da solidariedade econômica como
princípios fundamentais para a construção dessa federação.
No final do trecho, o autor menciona que essa visão de uma federação industrial
complementando e sancionando a federação política está de acordo com os princípios da
zoologia, economia e política. Ele destaca a importância da especialização, da divisão do
trabalho e da coordenação para o funcionamento eficiente de um sistema, tanto no contexto
animal quanto no contexto econômico e político.
2 Crítica às confederações: