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CONTRATO E CONTRATUALISMO NO DEBATE ATUAL

O capitulo do livro aqui apresentado é uma sobre a obra comentada de “Contrato e


Contratualismo no Debate Atual”. “Mais uma vez sobre o mercado político. O autor inicia sua
obra dizendo que, Henry Summer Maine definiu a passagem da sociedade arcaica às
sociedades de contractos. Referia-se essencialmente à esfera do direito privado, era os anos
em o crescimento da sociedade mercantil definido por Spencer como passagem da sociedade
militar às sociedades industriais. Fazia prever uma expansão da sociedade civil em detrimento
do Estado, das relações privadas entendidas como paritárias em detrimento da esfera das
relações públicas de caráter não igualitário, ou de supremacia de uma parte sobre a outra
previa em suma o enfraquecimento se não o desaparecimento do estado, o entre
historicamente caracterizado por um comando de poder exclusivo e irresistível”.

Para o autor o estado não apenas não desapareceu como se engrandeceu e se alargou
a ponto de suscitar a imagem de um polvo de mil tentáculos. Em compensação a figura do
contrato social começou a ser cada vez mais empregadas pelos escritores políticos para
melhor entender as relações reais que se desenvolve no interior de uma sociedade
politicamente formada. Ele apresenta dizendo que o intercâmbio político, em analogia com
um fenômeno típico da relação privada, sempre ficou de fora da esfera política, de mercado
político. Continua citando que com relação ao voto de permuta (troca) em oposição ao
tradicional voto de opinião, como se o voto fosse também uma mercadoria que se compra
pagando, ou prometendo algo em troca, “equivalente a um preço”. Ele diz ainda que de uma
maneira mais geral com respeito não tanto a uma relação pessoal ou personalizada em classes
políticas e cidadãos, mas à relação entre os grandes grupos de interesse ou de poder que
caracterizam uma sociedade pluralística e poliárquica como é a das democracias capitalistas.

Fala também que por uma terminologia típica das relações de trocas, contrapostas, as
relações de dominação, de conflitos que se resolvem através de tratados, transações,
negociações, compromissos, convenções, acordo e se concluem num pacto nacional político
referendado pelas forças políticas ou forças sindicais. Segundo ele, fala-se também de um
novo contratualismo exumada da velha idéia decaída já em descrédito após a crise do
jusnaturalismo graças às doutrinas historicista e as utilitárias, segundo a qual a sociedade

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política e considerada a origem, o produto de um acordo que deve ser voluntário entre
indivíduos considerados formalmente iguais.

CRISE DO ESTADO SOBERANO

Segundo o autor deve-se separar naturalmente o joio ao trigo não permitindo a


mistura e levar em consideração as devidas distinções. Essa terminologia usada
tradicionalmente para representar a esfera dos interesses privados, abaixo do Estado como
também a esfera das relações internacionais, que está para além do Estado. Essa por sua vez,
oferece uma figuração considerada pelo autor da esfera do direito público interno. Ele diz
ainda que se colocado entre a esfera do direito privado e a esfera do direito internacional (ou
direito público externo), foi o motivo da dominação da teoria política e jurídica ao longo de
toda formação do Estado moderno. Ele alega que a figura da lei está como principal fonte
normativa das relações de convivência, e sendo contraposta à figura do contrato, que está
normatizada na subordinação da lei, e que esta se explicita apenas nos limites de validade
estabelecida pela lei, e que reaparece sob a forma de direito pactual, nos casos em que a
soberania do Estado singular entra em conflito com idêntica soberania dos demais Estados. A
realidade da vida política é bem diferente, ela se desenvolve através de conflitos cuja a
solução do vem com acordo momentâneos tréguas, e esse tratado de paz mais duradouros são
as constituições.

O “PARTICULARISMO” COMO CATEGORIA HISTÓRICA

Segundo o autor não foi por acaso que se referiu a Idade Média, uma vez que neste
período o poder era concentrado nas mãos do soberano, sendo esse poder particularizado
como está relatado na História. Após a Primeira Guerra Mundial, é que foi possível se
perceber o contraste entre o modelo do Estado como um poder concentrado de caráter unitário
e orgânico, e que na realidade procurava apresentar uma sociedade dilacerada dividida em
grupos antagônicos. Que tende a se oprimir e estabelecem entre si tréguas, mas nunca uma
paz duradoura. Segundo o autor daí começou-se a falar de retorno a Idade Média.
Na origem do Estado remonta um pacto originário que segundo o autor não é
diferente do contrato social de Rousseau, pois ele também apresenta o pacto de sujeição se

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não pela forma, ao menos pelo resultado. Tem por objetivo e atribuição a uma pessoa ao
poder não importa se natural ou artificial, do direito de impor a própria vontade por
intermédio de norma geral vinculatória a toda coletividade que é a lei propriamente dita.
Para o autor é o poder que faz de um soberano um soberano, o mesmo para como o
Estado, visto como uma unidade de domínio e portanto, como totalidade surge da sociedade
composta imutáveis e pouco duradouras em relação entre si, esse é o poder legislativo.

O GRANDE MERCADO

O autor referi-se que os partidos são mais de um o que é dito como democracia e
principalmente onde são muitos, faz referencia a Itália, a lógica que apresenta preside as suas
relações é a lógica privada do acordo, não a lógica publica de domínio, segundo ele desta
lógica não traço nenhum na constituição: Onde esta se ocupa de modo formal as leis, mas da
formação dos acordos, se ocupa o código civil. O auto diz que um Governo pode vir a cair
porque um secretário de partido retira seus ministros da coalizão desde que fosse avaliado
com base nas normas constitucionais reguladoras da vida de um Governo. Para ele um acordo
está sujeita a rescisão quando uma das partes deixa de cumprir suas obrigações contratadas,
ou seja, por rompimento de uma das partes. Também diz que pode-se denunciar um fato com
a veemência que se quiser, desde que o observador que busca compreender deverá se contatar
que um principio fundamental do direito público democrático, segundo qual um Governo
permanece no cargo enquanto não for derrubado por uma decisão tomada pela maioria.
O autor cita que é verdade que diferentemente dos acordos privados e mesmo dos
acordos internacionais os acordos políticos são acordos informais, no sentido de que não são
regulados por lei.
O autor diz que hoje quem considera realisticamente como se tomam a decisão num
parlamento onde os deputados são mantidos sob disciplina de partido e quando dela se afasta
o fazem nem sempre para defender interesses nacionais contra interesses de parte, mas porque
obedecem a grupo de pressão que de certo sentido representa interesses particulares do que os
dos partidos. Como conseqüência da formação de grandes organizações para a defesa de
interesses econômicos das sociedades industriais, caracterizada por fortes concentrações de
poder econômico, que não só não desapareceram com o advento da democracia, mas
aumentaram enormemente como efeito do próprio desenvolvimento desta democracia.

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O PEQUENO MERCADO

Entre os partidos se desenvolve o grande mercado, entre partidos e cidadãos


eleitores se desenvolve o pequeno mercado, aquele que hoje se chama de “mercado político”.
Os cidadãos eleitores investidos em uma função pública, tornam-se clientes, e mais uma vez
uma relação de natureza pública se transforma em uma relação de natureza privada. A
transformação do eleitor em cliente apenas é possível através da transformação do mandato
livre em mandato vinculado. Os dois fenômenos núcleo essencial da teoria e da ideologia do
Estado moderno.
Na sociedade de massa o voto de opinião está se tornando mais raro, está
aumentando ao contrário o voto de permuta, à medida que os eleitores se tornam mais
maliciosos e os partidos mais hábeis. A força de um partido é medida pelo número de votos.
Quanto maior for o número de votos no pequeno mercado que se organiza entre o estão
ligados e são expressão da dissolução da unidade orgânica do Estado que constituiu o partido
e os eleitores, maior será a força contratual do partido no grande mercado que se organiza a
partir das relações dos partidos entre si.

O MERCADO POLÍTICO E DEMOCRACIA

O mercado político é uma característica da democracia que se nutre da contínua


troca entre governantes e governados. Já que, ter poder significa a capacidade de premiar ou
punir, nas sociedades tradicionais, há o exercício do poder punitivo para manter sob controle
a massa ignorante, pobre , sem direitos civis e menos ainda políticos. Na democracia, a massa
dos cidadãos não apenas intervém ativamente no processo de legitimação do sistema, pois
utilizam o direito de voto para apoiar os partidos constitucionais. No Estado democrático o
mercado político é feito de acordos bilaterais, nestes acordos, a prestação da parte dos
eleitores é o voto, a contraprestação da parte do eleito é uma vantagem ou a isenção de uma
desvantagem.

RENASCIMENTO DO CONTRATUALISMO

Existe inegavelmente um renovado interesse pelas doutrinas contratualistas do


passado, tanto que não parece impróprio a expressão “neocontratualismo”. As teorias
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contratualistas, entre o fim do Setecentos e o fim do Oitocentos, derivou da idéia de que o
Estado fosse uma coisa elevada demais para poder ser explicado como produto artificial de
um acordo entre indivíduos. De acordo com a observação de Marx, se o contratualismo nasce
com o crescimento do mundo burguês, a concepção individualista da sociedade está baseada
na democracia moderna. A burguesia governante iria se manter aferrada a um sufrágio
limitado apenas aos proprietários, a extensão do sufrágio inclusive aos que nada têm apenas
ocorreu com o impulso vindo de baixo propiciado pelo movimento operário.
O Estado fundado no contrato social, isto é, sobre um acordo de todos os que estão
destinados a ser nele sujeitos, daí defender a causa do poder ascendente contraposto ao poder
descendente, sustentar que o poder vem de baixo para cima, significa em suma, fundar a
democracia contra a autocracia. A teoria do contrato social está apoiada em argumentos
racionais e está ligada ao nascimento da democracia.
Os contratos de direito privado prosperam, favorecendo o desenvolvimento social, à
sombra da força coativa do Estado que assegura o seu cumprimento num organismo social em
que existe e resiste. O mesmo não acontece na sociedade internacional, na qual ainda vigora o
regime de livre concorrência, embora hoje muito enfraquecida.

A NOVA ALINÇA

A proposta de um novo pacto social global (neocontratualismo), de pacificação


geral e de fundação de um novo ordenamento social, uma verdadeira “nova aliança”, nasce da
constatação da debilidade crônica que dá provas ao poder público nas sociedades econômicas
e politicamente mais desenvolvidas. A maior dificuldade que o neocontratualismo deve hoje
enfrentar depende do fato de que os indivíduos detentores de uma pequena cota do poder
soberano, indivíduos portanto que são, em definitivo, titulares últimos do direito de
determinar as cláusulas do novo pacto, não se contentam mais em pedir, em troca da sua
obediência, apenas a proteção das liberdades fundamentais e da propriedade adquirida através
das trocas, mas passam a pedir que venha inserida no pacto alguma cláusula que assegure uma
distribuição da riqueza, para com isso atenuar, ou até mesmo eliminar, as desigualdades dos
pontos de partida.

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