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Em 1961, Goulart foi autorizado a assumir o cargo, sob um acordo que diminuiu seus poderes
como presidente com a instalação do parlamentarismo. O país voltou ao sistema presidencialista
um ano depois, e, como os poderes de Goulart cresceram, tornou-se evidente que ele iria procurar
implementar políticas de esquerda, como a reforma agrária e a nacionalização de empresas em
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A mobilização das tropas rebeldes foi iniciada em 31 de março de 1964. O presidente João Goulart
partiu para o exílio no Uruguai em 4 de abril.[21]
Motivações ideológicas
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O governo dos Estados Unidos não aprovava as nacionalizações de empresas americanas realizadas
pelo cunhado do presidente João Goulart e governador do Rio Grande do Sul Leonel Brizola nem
os rumos que a política externa brasileira tomava, de suspensão de pagamento da dívida externa
(muitos credores Americanos) de não alinhamento e contatos com ambos os polos de poder
(capitalista e comunista). No governo Jânio Quadros, Jango, então vice-presidente, havia visitado,
a mando do presidente, a China comunista. Jânio Quadros, mesmo que sem nenhuma ligação com
setores de esquerda, condecorara o revolucionário e então funcionário do governo cubano, Ernesto
Che Guevara. Isso tudo motivou os estadunidenses a fornecerem aos militares brasileiros apoio ao
golpe. De lá veio ainda o aparato ideológico do anticomunismo, que já era pregado pela Escola
Superior de Guerra das Forças Armadas do Brasil, através da doutrina de "Segurança
Nacional".[26]
Apesar de Jango ser latifundiário, filho de empresários e milionário, de inclinação trabalhista e não
comunista, e de suas reformas serem ideologicamente identificadas com a centro-esquerda, existia
a vontade econômica e política por parte dos Estados Unidos de controlar os países de economia
menos desenvolvida, impedindo-os de se ligarem ao bloco comunista, para assim vencerem a
disputa mundial de poder com a URSS e o bloco comunista, negando a estes quaisquer parceiros
comerciais e diplomáticos.[26]
O golpe de Estado marcou a influência política do Exército Brasileiro e sua determinação em tomar
o poder do país ao abrigo de uma doutrina de segurança nacional formado no âmbito da política
do comércio exterior americano e de outros países influentes como a França. O intervencionismo
militar no Brasil remonta ao Império (1822-1889), mas, segundo estudiosos é a primeira vez no
Brasil, mas também na América Latina que o militar está adquirindo poder afirmando
abertamente a doutrina da segurança nacional.[29][30]
Portanto, dentro das forças armadas brasileiras, existia uma grave cisão interna de ordem
ideológica e, ainda havia outra divisão entre os moderados e a linha dura. Os grupos concorrentes
entre si defendiam pontos de vistas diferentes: um grupo defendia medidas rápidas diretas e
concretas contra os chamados subversivos, ou inimigos internos, estes militares apoiavam sua
permanência no poder pelo maior tempo possível; ao contrário do grupo anterior, o segundo era
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Atualmente é sabido que as contradições de pensamentos e ações dentro das Forças Armadas (a
dita cisão interna) causou a expulsão e a prisão de muitos militares no momento seguinte ao golpe.
Exemplo disso foi quando o general Kruel garantiu que o Exército Brasileiro jamais iria contra a
Constituição Brasileira de 1946, e que defenderia os poderes constituídos, e quando o general
Olympio Mourão Filho declarou que João Goulart, devido ao abuso do poder e de acordo com a
Lei, fora deposto.[31]
O principal argumento para a instauração de uma ditadura militar no país foi a iminência de uma
ameaça comunista no país em 1964. No entanto, segundo o historiador Rodrigo Patto Sá Motta,
doutor em História pela USP e professor do Departamento de História da UFMG, o Brasil nunca
esteve perto do comunismo, nem mesmo em 1964, ano de início da ditadura militar no Brasil.
Numa entrevista, afirmou:[32]
O historiador diz ainda que a ideia de dizer que houve tais ameaças seria para intensificar uma
campanha de grupos de direita em defesa daquele período e de dar legitimidade a um governo
comandado por militares. Em outro trecho, afirma:[32]
Uma reportagem do jornal The Intercept[33] afirma que as supostas guerrilhas de Jango, o
armamento em posse das Ligas Camponesas (considerado o MST da época) e as infiltrações
comunistas nas forças armadas não passavam de fantasia, e que o golpe de 64 ocorreu sem
resistência, pois "resistência não havia". Além disso, as lutas armadas comunistas só apareceram
após a implementação da ditadura, e não antes dela, e na verdade nunca colocaram em risco a
democracia brasileira.[33]
O apoio clerical, no entanto, não era completo. A partir de outubro de 1964, especialmente quando
ativistas católicos de esquerda foram presos, certos setores da chamada "ala progressista da Igreja
Católica" da Teologia da Libertação, passaram a denunciar a violência do governo militar.[41]
Grande parte da imprensa, os chamados "Diários Associados", que eram compostos por revistas,
rádios, jornais e emissoras de TV, como O Globo, Rede Globo, Folha de S.Paulo, Correio da
Manhã, Jornal do Brasil e O Estado de S. Paulo festejaram a deposição do governo de Goulart.
Contrariando essa tendência, apenas o jornal Última Hora combateu o golpe, o que levou o seu
diretor Samuel Wainer a exilar-se. Em 1 de abril de 1964, o jornal O Estado de São Paulo trazia o
seguinte texto: "Minas desta vez está conosco (…) dentro de poucas horas, essas forças não serão
mais do que uma parcela mínima da incontável legião de brasileiros que anseiam por demonstrar
definitivamente ao caudilho que a nação jamais se vergará às suas imposições." No Jornal do Brasil
se lia: "Desde ontem se instalou no País a verdadeira legalidade … Legalidade que o caudilho não
quis preservar, violando-a no que de mais fundamental ela tem: a disciplina e a hierarquia
militares. A legalidade está conosco e não com o caudilho aliado dos comunistas".[42]
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Cronologia
Blindados, viaturas e carros de combate ocuparam as ruas das principais cidades brasileiras. Sedes
de partidos políticos, associações, sindicatos e movimentos que apoiavam reformas do governo
foram destruídas e tomadas por soldados fortemente armados. À época, estudantes, artistas,
intelectuais, operários se organizavam para defender as reformas de base. A sede da União
Nacional dos Estudantes (UNE) foi incendiada.[48]
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O presidente João Goulart permaneceu em território brasileiro até o dia 2 de abril. Nesse dia, em
um golpe parlamentar,[nota 1] o Congresso Nacional, pela voz do senador Auro de Moura Andrade,
declarou que a Presidência da República estava vaga e deu posse ao Presidente da Câmara dos
Deputados, Ranieri Mazzilli, que permaneceu no cargo até 15 de abril de 1964, embora
representasse um papel meramente decorativo: o governo era exercido pelos ministros
militares.[52]
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Em 17 de julho, sob a justificativa de que a reforma política e econômica planejada pelo governo
militar poderia não ser concluída até 31 de janeiro de 1966, quando terminaria o mandato
presidencial inaugurado em 1961, o Congresso aprovou a prorrogação do seu mandato até 15 de
março de 1967, adiando as eleições presidenciais para 3 de outubro de 1966. Esta mudança fez com
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que alguns políticos que apoiaram o movimento passassem a criticar o governo, a exemplo de
Carlos Lacerda, que teve sua pré-candidatura homologada pela União Democrática Nacional
(UDN) ainda em 8 de novembro de 1964. Na esteira dos Atos Institucionais, foram expedidos Atos
Complementares.[55]
Nas eleições, realizadas em outubro de 1965, o governo venceu na maioria dos estados mas foi
derrotado nos dois mais importantes, Guanabara e Minas Gerais, onde foram eleitos,
respectivamente, Francisco Negrão de Lima e Israel Pinheiro, apoiados pela coligação PSD/PTB.
Em consequência disto, o presidente Castelo Branco editou, em 27 de outubro de 1965, o Ato
Institucional nº 2, AI-2, que, entre outras medidas, extinguia os partidos políticos, estabelecia
eleições indiretas para a presidência da República, facilitava a intervenção federal nos estados e
autorizava o presidente da República a cassar mandatos parlamentares e suspender os direitos
políticos. O que era um movimento militar passou a se constituir num regime, evoluindo para uma
linha dura no comando do marechal Artur da Costa e Silva (1967-1969).[55]
No âmbito social e econômico, algumas instituições, leis e projetos desse governo, ainda em ativa
hoje, são: Estatuto da Terra (1964),[60] Banco Central do Brasil (1964),[61] Código Eleitoral
Brasileiro (1965),[62] Código Tributário Nacional (1966),[63] Banco da Amazônia (1966),[64] FGTS
(1966),[65] SUDAM (1966),[66] Código de Mineração (1967)[67] e Zona Franca de Manaus
(1967).[68]
Na esteira dos acontecimentos, os que apoiaram o golpe militar, como Carlos Lacerda, se sentiram
excluídos do processo e passaram a se opor ao governo. Lacerda tentou se unir a Juscelino e Jango,
que se encontravam exilados, num movimento que ficou conhecido como Frente Ampla.[69]
No início de seu governo os protestos estavam disseminados por todo o Brasil, o que provocou o
recrudescimento do Estado. Na mesma proporção, a oposição, que em muitos casos já estava na
clandestinidade havia algum tempo, começou a radicalizar suas ações com assaltos a bancos,
ataques a soldados para roubo de armas e sequestros de líderes militares. A violência da ditadura
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Reações e protestos
As manifestações e protestos
ganham as ruas em quase todas as
principais cidades do Brasil nos
primeiros anos após o golpe
militar. Os estudantes começam
também a radicalizar suas ações.
Com a chegada do general Artur da Marechal Costa e Silva.
Costa e Silva ao poder, as greves
Artistas protestam contra a ditadura
dos operários tomaram corpo, na
militar em fevereiro de 1968. Na
mesma proporção em que a linha dura já fazia suas vítimas.[71]
imagem, Tônia Carrero, Eva Wilma,
Odete Lara, Norma Bengell e
Em 28 de março de 1968, quando da preparação de uma
Cacilda Becker.
passeata de protesto que se realizaria em função do mau
funcionamento do restaurante do Calabouço, no Rio de Janeiro,
cujas obras ainda não haviam terminado, havendo ratos,
baratas e falta de higiene, para o fornecimento de alimentação
aos adolescentes estudantes do científico (segundo grau), o
estabelecimento foi invadido pela Polícia Militar.[72]
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Segundo a imprensa (apesar da censura ferrenha) e registros nos hospitais locais, os feridos foram
200 civis, a maioria por espancamento, cento e três gravemente feridos, 85 por tiros de armas de
fogo e estilhaços de artefatos explosivos, e quatro militares com ferimentos leves. O tenente autor
do tiro foi preso e, após responder inquérito, foi liberado impune.[72]
Segundo a imprensa, o movimento não registrou qualquer distúrbio. Começou com uma
concentração na Cinelândia, às dez horas e trinta minutos, seguiu pelo Largo da Candelária às 15
horas onde se deteve por 45 minutos para um comício, em seguida, rumou pela rua Uruguaiana até
à estátua de Tiradentes, na Praça XV de Novembro, onde encerrou às 17 horas. Agentes do DOPS e
do SNI acompanharam todo o movimento, filmando e fotografando a maior quantidade possível de
manifestantes, principalmente os líderes. O DOPS prendeu cinco estudantes que distribuíam
panfletos, um policial que incitava o apedrejamento do prédio do Conselho de Segurança Nacional
também foi preso e solto logo em seguida, ao ser constatada a sua função.[73]
AI-5
No dia 28 de agosto de 1969, o presidente Costa e Silva é acometido por trombose grave. Devido à
doença, no dia 31 de agosto de 1969 uma junta militar substituiu o Presidente da República e se
confirmou no poder, para evitar que o Vice-Presidente Pedro Aleixo assumisse, pois esse se
opusera à implantação do AI-5, sendo o único voto contrário, na reunião do Conselho de Segurança
Nacional que decidiu pela promulgação do AI-5.[69]
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A Junta Militar era composta pelos ministros do Exército (Aurélio de Lira Tavares), Força Aérea
(Márcio de Sousa e Melo) e Marinha (Augusto Hamann Rademaker Grünewald). No dia 1 de
setembro de 1969, o AI-12, foi baixado informando à nação brasileira o afastamento do presidente
e o controle do governo do Brasil pelos ministros militares.[69]
Entre alguns programas de desenvolvimento social que surgiram neste governo, estão: Programa
de Redistribuição de Terras e de Estímulo à Agroindústria do Norte e Nordeste - PROTERRA
(1971); Programa Especial para o Vale do São Francisco - PROVALE (1972); Programa de Polos
Agropecuários e Agrominerais da Amazônia - POLAMAZÔNIA (1974); Programa de
Desenvolvimento de Áreas Integradas do Nordeste - POLONORDESTE (1974).[76]
Milagre econômico
O presidente Médici, mesmo dispondo do AI-5, não cassou mandato de nenhum político, nos seus
4 anos e meio de mandato. O I Plano Nacional de Desenvolvimento (PND - 1972-1974), definiu as
prioridades do governo Médici: crescer e desenvolver aproveitando a conjuntura internacional
favorável. Nesse período o Brasil cresceu mais depressa que os demais mercados latino-
americanos. Foram atingidos altos índices de desenvolvimento econômico sob a ideia do surto de
progresso que o país estaria vivendo. O governo anunciava à população o "milagre econômico", ou
"milagre brasileiro", projeto conduzido pelo então Ministro da Fazenda, Delfim Neto. Com a
abertura do país ao capital estrangeiro, dezenas de empresas multinacionais se instalaram no
Brasil e os grandes fazendeiros passaram a produzir para exportação.[77] A política salarial do
governo também prejudicou a alimentação da população. Estudos mostram que, entre 1963 e 1975,
a desnutrição passou de ⅓ para ⅔ da população brasileira, e a "desnutrição absoluta" chegou a
atingir 13 milhões, aproximadamente 1⁄7 da população. Em resposta a esse problema, o governo
baniu a palavra "fome" da mídia.[78]
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O "milagre econômico" (1968-1973) era justificado pelo crescimento do produto interno bruto
(PIB) e, entre outros aspectos sociais e econômicos, pelo surgimento de uma nova classe média.
Médici utilizou a propaganda institucional maciça para promover o regime. Estabeleceu o senador
Filinto Müller, conhecido internacionalmente como "O carrasco que servia a Getúlio Vargas",
como presidente do Congresso Nacional e como chefe do partido situacionista, a ARENA. A
principal realização do governo Médici foi terminar com os movimentos guerrilheiros e
subversivos existentes no Brasil, combate este que ficou a cargo do ministro do exército Orlando
Geisel. A maior guerrilha brasileira, a Guerrilha do Araguaia, foi finalmente derrotada, abrindo
espaço para que o sucessor de Médici, Ernesto Geisel, iniciasse a abertura política.[75]
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A chegada de Jimmy Carter à Casa Branca em 1977 também dificultou a sustentabilidade político-
econômica do governo golpista, visto que Carter foi o primeiro presidente desde o assassinato de
John Kennedy em 1963 que não deu pleno apoio norte-americano a regimes anticomunistas
autoritários na América Latina.[80] Durante o governo Geisel, o Brasil foi um dos primeiros países
a reconhecer a independência de Angola e Moçambique que se tornaram, logo após a
independência, países socialistas.[80]
Com a crise econômica veio a crise política, nas fábricas, comércio e repartições públicas o povo
começou um lento e gradual descontentamento. Iniciou-se uma crise silenciosa onde todos
reclamavam do governo (em voz baixa) e de suas atitudes. Apesar da censura e das manipulações
executadas pela máquina estatal numa tentativa de manter o moral da população, a onda de
descontentamento crescia inclusive dentro dos quadros das próprias Forças Armadas, pois os
militares de baixo escalão sentiam na mesa de suas casas a alta da inflação.[80]
Com o tempo, vendo que o país estava indo para uma inflação desencadeada pela falta de
incentivos aos insumos básicos, os militares, liderados por Geisel, resolveram iniciar um
movimento de distensão para abertura política institucional, lenta, gradual e segura,[81] segundo
suas próprias palavras. Este movimento acabaria por reconduzir o país de volta à normalidade
democrática.[80]
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Em 23 de agosto o MDB indica o General Euler Bentes Monteiro e o senador Paulo Brossard como
candidatos a presidente e vice. No dia 15 de outubro, o Colégio Eleitoral elege o general João
Batista de Oliveira Figueiredo, candidato apoiado pelo então presidente Geisel, para presidente,
com 355 votos, contra 266 do general Euler Bentes. Em 17 de outubro de 1978, a Emenda
Constitucional n.º 11 revogou o AI 5.[82] Em 1979, lança a "Anistia", caminho direto à
redemocratização e à reforma partidária, que pôs fim ao bipartidarismo. Essa reforma permitiria a
divisão da oposição e como resultado, a divisão das ideias divergentes que não permitiam a
ascensão do MDB.[83]
Durante o período entre 1983 e 1984, um movimento civil de reivindicação por eleições
presidenciais diretas no Brasil que ficou conhecido como Diretas Já. A possibilidade de eleições
diretas para a Presidência da República no Brasil se concretizou com a votação da proposta de
Emenda Constitucional Dante de Oliveira pelo Congresso. Entretanto, a Proposta de Emenda
Constitucional foi rejeitada, frustrando a sociedade brasileira. Ainda assim, os adeptos do
movimento conquistaram uma vitória parcial em janeiro do ano seguinte quando Tancredo Neves
foi eleito presidente pelo Colégio Eleitoral.[85]
Colapso do regime
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Estado policial
Atos Institucionais
Em 9 de abril, foi baixado o "Ato Institucional", redigido por Francisco Campos, e que era para ser
o único ato institucionalizador da "revolução de 1964". Porém, depois da edição do AI-2, o "Ato
Adicional" inicial foi numerado como AI-1. O "Ato Institucional" transferia poderes excepcionais
para o executivo, ao mesmo tempo em que subtraia a autonomia do legislativo. O AI-1 marcava
eleições presidenciais para outubro de 1965 e concedia à Junta, entre outros tantos, o poder de
cassar mandatos parlamentares. Dois dias depois, o marechal Castelo Branco — chefe do Estado-
Maior e coordenador do golpe contra Jango — foi eleito presidente pelo Congresso. Houve uma
razão lógica para a decretação do Ato, que foi uma medida mais estratégica do que o diálogo. Os
políticos, em sua maioria, estavam reticentes quanto aos caminhos que seriam tomados pelo
governo de então. Naquela altura, a conversa, o convencimento pela razão e pelos argumentos
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A cassação de direitos políticos, agora descentralizada, poderia ser decretada com extrema rapidez
e sem burocracia; o direito de defesa ampla ao acusado foi eliminado; suspeitos poderiam ter sua
prisão decretada imediatamente, sem necessidade de ordem judicial; os direitos políticos do
cidadão comum foram cancelados e os direitos individuais foram eliminados pela instituição do
crime de desacato à autoridade. Os militares assumiram definitivamente que não estavam
dispostos a ser um poder moderador e sim uma ditadura, colocaram a engrenagem para rodar as
teses da Escola Superior de Guerra (ESG), o desenvolvimentismo imposto à sociedade.[31][87]
Expurgos
À NAÇÃO
Leitura do Ato Institucional nº 1 por
É indispensável fixar o conceito do movimento civil Siseno Sarmento.
e militar que acaba de abrir ao Brasil uma nova
perspectiva sobre o seu futuro. O que houve e
continuará a haver neste momento, não só no
espírito e no comportamento das classes armadas,
como na opinião pública nacional, é uma autêntica
revolução.
A revolução se distingue de outros movimentos
armados pelo fato de que nela se traduz, não o
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O Ato Institucional foi redigido por Francisco Campos e baixado pela junta militar (oficialmente,
Comando Supremo da Revolução), constituída pelos Comandantes-em-Chefe do Exército (General
de Exército Arthur da Costa e Silva), da Marinha (Vice-Almirante Augusto Hamann Rademaker
Grunewald) e da Aeronáutica (Tenente-Brigadeiro Francisco de Assis Correia de Mello), que
também eram ministros de Ranieri Mazzilli, e que de fato exerciam o poder durante o segundo
período de Ranieri na presidência.[90]
No mesmo dia, foi publicado "Ato do Comando Supremo da Revolução nº 2", cassando o mandato
de 40 membros do Congresso Nacional, que já haviam sido incluídos no ato de suspensão dos
direitos políticos.[93][94][95]
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Lei Falcão
Em 1974, Ernesto Geisel afirma em discurso sua intenção de modificar a política ditatorial, ao
passo que estabelece os limites de uma nova estrutura política no país. Alessandra Carvalho cita
(do próprio discurso de Geisel) esses limites como um “gradual mais seguro aperfeiçoamento
democrático”.[83]
Geisel acreditava que seu objetivo seria reafirmado pela população nas eleições legislativas, que
apoiariam a manutenção do regime. Para isso a disputa entre ARENA e MDB deveria existir de
maneira mais eficaz, por este motivo, foi permitida a propaganda eleitoral em rede nacional e o
estímulo a participação popular. No entanto, a oposição aumenta sua participação política na
Câmara de 16% para 44% sua bancada. Vendo o desenvolvimento do partido, o MDB utiliza a
estratégia militar para crescer e se fortalecer. Esse resultado refletia o apoio da população aos
programas que defendiam respeito aos direitos humanos; revogação do AI-5 e do decreto-lei 477;
anistia; fim das prisões, das torturas, dos desaparecimentos e dos assassinatos de presos
políticos.[83]
Para evitar que este fato acontecesse novamente, Ernesto Geisel promulga a “Lei Falcão” em 1976,
derivada do sobrenome do Ministro da Justiça, Armando Falcão, que tinha o objetivo principal de
impedir a politização das eleições, impondo limitações a propaganda eleitoral nos meios de
comunicação. Os candidatos não podiam defender suas plataformas de campanha, ou criticar o
governo. Na televisão, era permitido aparecer a foto do candidato na tela e a leitura, por um
locutor, de um pequeno currículo sobre a sua vida. Além dessa medida, Geisel cassa o mandato de
diversos parlamentares por não cumprirem com o “gradualismo” demandado pelos militares.[99]
Pacote de Abril
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Logo após a eclosão do golpe, no dia 13 de junho de 1964, foi criado o Serviço Nacional de
Informações (SNI), onde eram catalogados e fichados aqueles que eram considerados inimigos do
Estado. Dirigentes do SNI, caso achassem oportuno, expediam ordens de vigilância, quebra de
sigilo postal e telefônico daqueles suspeitos que eram considerados perigosos à Segurança
Nacional.[93]
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O SNI coordenava e catalogava todas as informações que poderiam ser Documento do SNI sobre
relevantes: cidadãos e suas ações eram rastreados, grampeados, Stuart Angel Jones, 1971.
fotografados. O principal foco no rastreamento e na interceptação de
informações eram os movimentos de esquerda. O serviço foi mantido
durante o governo do Presidente José Sarney (1985-1990) com uma estrutura denominada de
"comunidade de informações" que contava com 248 órgãos integrantes do sistema do SNI.[101]
Repressão
A repressão se instalou imediatamente após o golpe de Estado antes do
começo da luta armada.[102] As associações civis contrárias ao regime
eram consideradas inimigas do Estado, portanto passíveis de serem
enquadradas. Militares contrários ao regime também passaram a ser
sistematicamente presos, perseguidos ou torturados — de acordo com
dados compilados pela Comissão Nacional da Verdade (CNV), em mais
de duas décadas de ditadura no Brasil, o regime perseguiu, prendeu ou
torturou 6591 militares das próprias Forças Armadas.[103]
No dia 25 de julho de 1966 explode uma bomba no aeroporto Internacional dos Guararapes, em
Recife, Pernambuco. Várias pessoas ficam feridas, três morreram. O fato foi interpretado como
atentado contra Costa e Silva.[104]
Havia dezenas de organizações de guerrilhas de esquerda que combatiam o regime ditatorial dos
militares, cada uma seguindo uma diferente orientação do movimento comunista. De acordo com
uma lista divulgada por clubes militares, 126 pessoas morreram por conta de ataques de
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A censura aos meios de comunicação era executada pelo CONTEL,[108] comandado pelo Serviço
Nacional de Informações (SNI) e pelo DOPS, proibiu toda e qualquer exibição em território
nacional de filmes, reportagens, fotos, transmissão de rádio e televisão, que mostrassem tumultos
em que se envolvessem estudantes. As apresentações na televisão exibiam um certificado contendo
os dados da empresa de comunicações responsável rubricado pelos censores de plantão.
A partir de 1975, o regime civil-militar brasileiro aliou-se secretamente aos regimes semelhantes na
Ditadura de Pinochet, Regime militar paraguaio, Regime militar uruguaio, e, a partir de 1976,
Regime militar argentino, para a implementação da Operação Condor. Consistia em um plano
secreto de extermínio da oposição política aos regimes de extrema-direita do Cone Sul e na
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Europa,[113] cujos resultados foram, no mínimo, 85 mil mortos e desaparecidos e 400 mil
torturados além de mais de mil estrangeiros expulsos do Brasil.[114] O regime militar brasileiro foi
considerado o líder da Operação Condor.[115]
Paulo Evaristo Arns e Hélder Câmara, fundadores da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil,
que lutaram pelos direitos humanos nos tempos do integralismo, no governo de Getúlio Vargas,
também passaram a contestar o regime militar.[116] A CNBB, que inicialmente havia celebrado o
golpe com agradecimentos a Nossa Senhora Aparecida, também acabou por se constituir em força
de resistência ao regime.[117]
Investigações e estimativas
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O brasilianista Anthony Pereira, do King's College London, afirma que o número de mortos e
desaparecidos é menor na ditadura militar brasileira devido ao governo militar ter feito do Poder
Judiciário um braço da repressão, ao aplicar a Lei de Segurança Nacional em processos políticos, o
que não ocorreu na ditadura militar de Augusto Pinochet no Chile e na ditadura militar argentina,
onde as mortes e desaparecimentos forçados ocorreram de forma clandestina e extrajudicial.
Segundo Pereira, o fato de o Poder Judiciário não ter sido ignorado pelo regime militar brasileiro
garantiu que parte significativa dos presos políticos tivessem seu paradeiro rastreado e algum
espaço para a defesa, ainda que limitada. Segundo o brasilianista, no Brasil, ocorreram cerca de
7.400 processos políticos, enquanto na Argentina, apenas 350 processos.[138]
O regime não se restringia ao campo político, reuniões ou manifestações públicas. Músicas, peças
teatrais, filmes e livros eram censurados. Na imprensa, nenhuma notícia que criticasse o governo
ou revelasse suas práticas era veiculada. Censurado diariamente, o jornal O Estado de S. Paulo,
depois, resolveu utilizar os espaços com trechos de Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões, clássico
da literatura portuguesa do século XVI.[142][143]
No dia 18 de julho de 1968 integrantes do Comando de Caça aos Comunistas (CCC), grupo de
extrema-direita, invadem o Teatro Ruth Escobar, em São Paulo, espancam o elenco da peça Roda
Viva, ferindo todos os integrantes, alguns com certa gravidade; a polícia, embora chamada, nada
fez além de um boletim de ocorrência. A ditadura acabou por asfixiar a cultura nacional. Muitos
artistas buscaram espaço para suas produções. Caetano Veloso, Gilberto Gil, Geraldo Vandré,
Chico Buarque, entre tantos outros, deixaram o Brasil.[144]
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No dia 27 de Outubro de 1964, o Congresso Nacional extingue a União Nacional dos Estudantes
(UNE) e todas as uniões de estudantes estaduais, aprovando a Lei Suplicy. O governo militar torna
obrigatório o ensino do idioma inglês em todas as escolas públicas e privadas do Brasil, como
resultado de negociações entre o Governo Federal e o governo dos Estados Unidos chamado na
época de Acordo MEC-Usaid. Os EUA, maiores aliados da ditadura de direita no Brasil, passava a
influenciar e infiltrar-se ainda mais a cultura no Brasil, com ações mútuas dos governos neste
sentido.[148]
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A primeira invasão ocorreu em 9 de Abril de 1964, por tropas do exército e por policiais militares
que chegaram em 14 ônibus, com três ambulâncias preparadas para confrontos. Invadiam salas de
aula, revistavam estudantes, procuravam armas e material de propaganda subversiva. Buscavam
12 professores que deveriam ser presos.[149] Em 8 de Setembro, a Polícia Militar ocupou a
Universidade de Brasília novamente.[150] A invasão mais violenta aconteceu em 1968. Os alunos
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protestavam contra a morte do estudante secundarista Edson Luís de Lima Souto, assassinado por
policiais militares no Rio de Janeiro. Cerca de 3 mil alunos reuniram-se na praça localizada entre a
Faculdade de Educação e a quadra de basquete. Esse foi o estopim para o decreto da prisão de sete
universitários, entre eles, Honestino Guimarães.[149]
UNE
Em Ibiúna, São Paulo, 12 de outubro de 1968, durante o 30.º Congresso da UNE, a polícia invadiu
a reunião e prende 1240 estudantes, muitos são feridos, alguns gravemente; quando levados para a
prisão são torturados e muitas moças abusadas sexualmente pelos policiais. Aqueles que tentam
protestar contra a violência são espancados e humilhados publicamente, os familiares que tentam
entrar com habeas corpus são fichados pelo SNI e ameaçados pelas forças de segurança. Alguns
pais, por serem funcionários de instituições públicas, perdem seus empregos e são perseguidos
pelas forças de repressão; alguns repórteres que presenciaram os espancamentos tiveram seus
equipamentos destruídos pelos policiais.[151]
Perseguição política
Sem autonomia, o Congresso Nacional continuou aberto apenas para demonstrar aos outros países
que havia normalidade política e administrativa e que, apesar do desmonte do Estado de Direito, a
ditadura estava protegendo o país dos seus inimigos: os comunistas. Os textos legais eram
aprovados sem o voto dos congressistas. O governo impôs o decurso de prazo, manobra utilizada
para legalizar o ilegítimo e inviabilizar qualquer propositura de emendas ao orçamento do governo
e, ainda, a discussão e votação dos projetos enviados pelo poder executivo. O Congresso,
eventualmente, era palco de denúncias de alguns parlamentares da oposição que, na maioria das
vezes, não encontravam espaço na imprensa para fazê-las: os anais do Congresso registravam os
protestos e o assunto logo caía no esquecimento.[93]
Sindicatos e greves
No governo Geisel, apesar da força das medidas de repressão, a oposição continuava crescendo. As
greves do ABC Paulista aprofundaram a crise da ditadura. Os trabalhadores exigiam reposição
salarial com base nos índices de inflação de 1973. De acordo com o Banco Mundial, os índices
foram manipulados pelo governo Médici: o Ministro da Fazenda determinava que a inflação não
fosse superior a 15%, mas o Banco Mundial estimara inflação próxima a 25% (1973).[48]
A esquerda alega ter iniciado as guerrilhas como reação ao AI-5. Outras fontes porém afirmam que
dezenove brasileiros foram mortos por guerrilheiros antes ter sido baixado o AI-5. Entre eles,
estava o soldado Mário Kozel Filho morto em junho de 1968 em ação da VPR, e os mortos do
Atentado do Aeroporto dos Guararapes, supostamente por ação da Ação Popular (esquerda cristã),
em 1966.[158] Concomitantemente a uma tímida abertura política, no governo Geisel, na mesma
época em que a "resistência democrática" do MDB saia vitoriosa nas eleições de 15 de novembro de
1974 fazendo 16 das 21 cadeiras de senador em disputa, as guerrilhas acabaram perdendo força.
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O processo indenizatório é alvo de críticas, como a de que seria injusto por considerar a renda
perdida e não o dano causado pelo Estado[164] que indenizaria pessoas que não fariam jus ao
benefício.[165]
Cerca de 119 pessoas foram mortas por guerrilheiros de esquerda no mesmo período, segundo
dados do jornalista Reinaldo Azevedo.[166][167][168][169] Algumas vítimas dos guerrilheiros também
foram indenizados. A família do soldado Mário Kozel Filho foi indenizada com pensão mensal de
1 150 reais. Kozel Filho teve seu corpo dilacerado num atentado assumido pelo grupo do
guerrilheiro Carlos Lamarca.[170] Orlando Lovecchio, que perdeu a perna em explosão planejada
por guerrilheiros de esquerda, recebe uma pensão vitalícia de R$ 571.[171]
Principais ações
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torturadores deste período. Coube ao Delegado Fleury, entre outras operações, a eliminação de
Carlos Lamarca, o mesmo que matou o tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo, Alberto
Mendes Júnior.[173]
Ocorreram ainda atentados nos teatros Gláucio Gil e Opinião (Rio de Janeiro), nas faculdades de
Belas Artes e de Direito da UFRJ, na Faculdade de Ciências Médicas da UERJ, na Associação
Brasileira de Imprensa e na Livraria Civilização Brasileira (que possuía um acervo com obras de
esquerda).[178]
Uma reportagem da revista Superinteressante afirma: "O brigadeiro João Paulo Moreira Brunier
queria mais. Em junho de 1968, planejou instalar bombas na embaixada dos EUA e em empresas
americanas, destruir a represa que abastecia o Rio e explodir o gasômetro da cidade. Tudo para
culpar a esquerda. O capitão Sérgio de Miranda Carvalho denunciou o plano do brigadeiro, mas
tudo acabou abafado pelo ministro da Aeronáutica – que, além do mais, demitiu o delator." O
jornal Correio da Manhã afirmou em um de seus editoriais que: “Mais do que indiferença, há, no
comportamento do governo, estímulo à violência”. A reportagem completa ainda que: "A
conivência do regime permitiu a consolidação de um grupo delinquente e impune, que continuaria
a agir na comunidade de segurança da ditadura".[178]
Atentado do Riocentro
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Genocídio indígena
Usina de Balbina
Além disso, a construção o alagamento da floresta aumentou a emissão de gases de efeito estufa,
sendo que a liberação de dióxido de carbono e metano é superior à de uma usina térmica de
mesmo potencial energético. Além de Balbina, de acordo com o relatório Emissões de Dióxido de
Carbono e de Metano pelos Reservatórios Hidrelétricos Brasileiros, do Ministério da Ciência e da
Tecnologia, outras duas hidrelétricas brasileiras, Usina Hidrelétrica de Samuel, Rondônia, e Usina
Hidrelétrica de Três Marias, em Minas Gerais), têm emissões maiores que termelétricas de mesmo
potencial.[186] Apesar do enorme impacto ambiental, produz apenas 10% da demanda energética
de Manaus.[185]
Usina de Itaipu
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Segundo um relatório produzido ao longo de três anos pela Procuradoria Geral da República, a
construção da usina hidrelétrica gerou graves violações de direitos dos povos indígenas, com
adulteração de procedimentos para subestimar o número de índios que habitavam a região. Para
criar o lago artificial, por exemplo, a obra inundou cerca de 135 mil hectares e transferiu 40 mil
pessoas entre índios e não índios no Paraná. Na área afetada estavam diversos territórios
considerados sagrados pelos índios guaranis, como os Salto de Sete Quedas.[192] O estudo concluiu
que apenas uma pequena parcela da comunidade indígena de Ocoy foi reconhecida como indígena
pela Funai, na época gerida por um general do Exército, e depois reassentada "em condições piores
do que as que enfrentava antes".[192]
Usina de Tucuruí
O governo brasileiro no final dos anos 1960 usou herbicidas, como o agente laranja, para desfolhar
uma grande parte da floresta amazônica para que a Alcoa pudesse construir a Usina Hidrelétrica
de Tucuruí, no Pará, para energizar as operações de mineração.[193] Grandes áreas de floresta
tropical foram destruídas, juntamente com as casas e meios de subsistência de milhares de
camponeses rurais e tribos indígenas.[194]
Tucuruí foi construída entre 1974 e 1985, durante a ditadura militar, numa época em que havia
relativamente pouca preocupação com questões ambientais e desprezo geral por direitos civis.[195]
Estima-se que houve alguma perda de biodiversidade, especialmente de espécies de peixes
adaptados às corredeiras ou que migravam ao longo do rio. A pesca a jusante diminui de 1 000
para 500 toneladas por ano; porém, na região do reservatório ela aumentou de 300 para mais de
3 000 toneladas por ano, entre 1981 e 1998[195] Enquanto boa parte da população a montante,
incluindo grandes proprietários do vale de Caraipé e as tribos indígenas Parakanã, foi em parte
indenizada e contemplada com investimentos em infraestrutura, a tribo Gavião da Montanha e
toda a população a jusante, incluindo os índios assurini, não recebeu indenização alguma.[195]
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Ver também
Desaparecidos políticos no Brasil
Atentado do Riocentro
Eleição presidencial no Brasil em 1964
Atentado do Aeroporto dos Guararapes
Junta militar brasileira
Atividades da CIA no Brasil
Massacre de Manguinhos
Charles Burke Elbrick
Memorial da Resistência de São Paulo
Comando de Caça aos Comunistas
Negacionismo da ditadura militar brasileira
Comando Supremo da Revolução
Processo de Reorganização Nacional
Constituição brasileira de 1946
Reformas de base
Constituição brasileira de 1967
Regime militar do Chile
Cronologia da Quinta República Brasileira
The War on Democracy
Departamento de Ordem Política e Social
(DOPS) VAR-Palmares
Notas
1. Pela Constituição de 1946 (artigos 66, 88 e 89) a declaração de vacância do Presidente da
República tinha amparo legal apenas nas três formas: por renúncia, por impedimento votado
pelo Congresso, ou por se afastar do país sem aprovação legislativa.
2. Em meados de 1963, Goulart criou o Conselho Nacional de Política Salarial, com competência
para fixar salários do setor público e de economia mista, e de "empresas privadas licenciadas
para prestar serviços públicos".
3. Este modelo permitiu formar um grupo de pelegos e um sindicato com vida meramente formal
e sem força de comando ou de articulação.
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[…] a lei que institui a Comissão Nacional da Verdade, que vai apurar violações aos direitos
humanos ocorridas entre 1946 e 1988, período que inclui a ditadura militar."
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de 2013. "A presidente Dilma Rousseff sancionou nesta sexta-feira (18/11) a lei que cria a
Comissão da Verdade para apurar violações aos direitos humanos ocorridas entre 1946 e
1988, período que inclui a ditadura militar. […] A Comissão da Verdade será formada por sete
pessoas, escolhidas pela presidente da República a partir de critérios como conduta ética e
atuação em defesa dos direitos humanos. Ao todo, 14 servidores darão suporte administrativo
aos trabalhos. O grupo terá dois anos para ouvir depoimentos em todo o país, requisitar e
analisar documentos que ajudem a esclarecer as violações de direitos. De acordo com o texto
sancionado, a comissão tem o objetivo de esclarecer fatos e não terá caráter punitivo. O grupo
vai aproveitar as informações produzidas há quase 16 anos pela Comissão Especial sobre
Mortos e Desaparecidos Políticos e há dez anos pela Comissão de Anistia."
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Ligações externas
Memórias da Ditadura (http://memoriasdaditadura.org.br/), página da Secretaria de Direitos
Humanos da Presidência da República
«Centro de Referência das Lutas Políticas no Brasil (1964-1985)» (http://www.memoriasrevela
das.gov.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?tpl=home). , do Ministério da Justiça
Comissão Nacional da Verdade (http://www.cnv.gov.br/)
Acervo da Luta Contra a Ditadura (http://www.acervoditadura.rs.gov.br/principal.htm)
Inventário DEOPS (http://www.usp.br/proin/inventario/index.php)
Prisões de Maio de 1977 (http://almanaque.folha.uol.com.br/brasil_10mai1977.htm)
Documentos da Comissão da Verdade (http://www.documentosrevelados.com.br/)
Aos que defendem a volta da ditadura (http://brasil.elpais.com/brasil/2014/12/08/opinion/14180
42130_286849.html), El País Brasil
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