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Resumo - Intoxicação por Nitrito e Nitrato e Ácido Cianídrico

Nitrito e Nitrato

Várias plantas são capazes de acumular nitrito e nitrato (formas de acumular nitrogênio, um
dos elementos mais abundantes da atmosfera e principal componente do aa e das proteínas, no
entanto, os animais e as plantas não conseguem absorver o nitrogênio diretamente do ar, por isso,
existem bactérias que depositam o nitrogênio metabolizado, permitindo a absorção das plantas e
consequentemente dos animais).
Quanto mais escura a planta estiver, significa que mais nitrogênio a planta acumulou, quando
existe nitrogênio de forma excessiva, as plantas acumulam nitrogênio na forma de nitrato. Esse
nitrato é quebrado pela microbiota ruminal (bactérias) quando chega no rúmen, e é transformado em
nitrito, o nitrito é quebrado em amônia, que as bactérias utilizam no metabolismo e produzem
proteínas. O problema é quando os animais se alimentam em pastagem com mais nitrato do que a
microbiota ruminal consegue metabolizar, nesses casos ele se acumula tanto na forma de nitrato,
quanto na forma de nitrito, pois eles se acumulam, vão ser absorvidos pela corrente sanguínea, e vão
alterar a conformação da hemácia (formação de metahemoglobina - um problema pois é incapaz de
transportar oxigênio), nesse caso, teremos um paciente com cianose, mucosas azuladas, taquipnéia,
taquicardia, intolerância ao exercício, hipóxia.
A intoxicação por nitrato mata em 1h.
O nitrato permanece no feno e no pré-secado.
Por que a planta acumula mais nitrato que o normal?
- questões climáticas: para que a planta e as bactérias façam a absorção do nitrogênio,
ele precisa ser diluído em água, então se o solo foi adubado e der uma seca, é um
problema, pois no momento em que chove, o nitrogênio vai ser absorvido todo de uma
vez só em um curto período de tempo.
- questões de manejo: nitrato é resultado de nitrogênio no solo, e geralmente o produtor
aplica nitrogênio sem fazer uma avaliação do solo antes, então, ele vai utilizar uréia,
esterco de suíno, NPK, e tudo é nitrogênio, sobrecarregando o solo.
Dose tóxica:
- nitrato: acima de 2% da MS
- nitrito: 88 mg por kg de PV
Fatores que favorecem a concentração de nitrato:
- uso excessivo de adubos nitrogenados
- uso de monensina na ração (ionóforo - pois temos menos bactéria para quebrar nitrato e
nitrito na microbiota ruminal)
- muita matéria orgânica (mesmo natural, pode ser um problema)
- fertilizantes ricos em nitrato
- períodos secos seguidos de chuvosos (o ideal é que após a adubação, tenha um período
de chuva e então um período de sol, pois a planta precisa fazer fotossíntese)
- animais não adaptados com o consumo de nitrato/nitrito
Sinais clínicos:
- relacionados com respiração e animal com IRA: respiração ofegante e rápida, respiração
abdominal, com a língua pra fora
- salivação, dor abdominal
- diarréia e vômito como resposta do organismo para eliminar o toxicante
- convulsão devido a hipóxia grave aguda
- mucosas com coloração castanha semelhante a chocolate
- micções frequentes e aborto
- sangue escuro
- aborto - metahemoglobina afeta o feto também
● ovinos são mais resistentes que bovinos, mas o aborto acontece mais em ovinos do que
bovinos, justamente pela questão da resistência.
Lesões:
- coloração chocolate da esclera, conjuntiva, vulva, serosas, mucosas, peritônio, intestino,
pleura, gengiva → ocorre pq metahemoglobinemia não transporta oxigênio.
- aumenta o tempo de coagulação: sangue mais líquido.
Tratamento: azul de metileno → antídoto: a 1%, diluído em água destilada ou solução
fisiológica, 2 a 5 mg por kg de PV, geralmente não dá tempo, pois o veterinário não costuma estocar
azul de metileno.
Profilaxia: em casos de área com altos níveis de nitrato, não utilizar fêmeas prenhes nessa
área, adaptar os animais nessa área, não colocar os animais com o rúmen vazio nessa área. Fazer
pré-secado e ofertar em pequenas quantidades. Mas sempre sai mais caro do que fazer avaliação de
solo.
Teste de difenilamina: a difenilamina é um líquido transparente, quando ela encontra nitrato,
ela muda de cor, se não mudar de cor, não tem nitrato suficiente na amostra, porém, quanto mais
nitrato na amostra, mais rápido muda de cor e mais escuro fica.
Diagnóstico: clínico-epidemiológico, já que microscopicamente não temos lesões
significativas, já que ocorre lesão na hemácia, dá pra ver corpúsculo de inclusão nas hemácias mas
na microscopia ótica não conseguimos ver a proteína em si, também não vemos lesões estruturais
nos órgãos devido a rapidez da morte pela intoxicação. Então, se baseia no histórico e nos sinais
clínicos.

Plantas cianogênicas

São as plantas que acumulam ácido cianídrico (mandioca, pêssego, sorgo, tifton), nesses
casos os animais morrem em 10 a 15 minutos. O ácido cianídrico se perde quando as plantas deixam
de ser íntegras, as folhas precisam ser ofertadas verdes para causar danos.
Mecanismo de ação: é muito potente, então é absorvido por todas as vias, mas a digestória é a
mais potente, o ácido cianídrico bloqueia a mitocôndria, então a hemácia ta transportando oxigênio,
esse oxigênio entra na célula e a mitocôndria não consegue utilizar, então o animal vai ter o sangue
bem vermelho e com sinais respiratórios.
Sinais clínicos: os sinais ocorrem logo após ou ainda durante a ingestão, IRA grave, vômito e
diarréia, tremores musculares, sialorréia e ansiedade, falta de coordenação motora, decúbito lateral e
convulsões.
Lesões: não se encontram lesões características, no entanto o sangue fica bem vermelho,
demora para coagular, musculatura escura (devido a não queima do oxigênio), congestão pulmonar,
renal e hepática (pela falta de ATP para manter a pressão arterial e o sangue fica retido nos mesmos),
além disso, o rúmen possui folhas (que o animal ingeriu) ainda íntegras devido a morte instantânea.
Tratamento: nitrito de sódio e hipossulfito de sódio diluído em água destilada, é usado 40 ml
para cada 100 kg de PV via endovenosa.
Teste do ácido cianídrico: para testar um gás é preciso montar uma câmara, então se usa um
recipiente de vidro, a planta a ser testada, uma tira de papel mergulhada no ácido pícrico, prende ela
com a tampa, fecha a tampa do frasco e deixe repousar, se tiver ácido cianídrico ele vai volatilizar e
deixar a fita de papel de cor laranja cor tijolo.
Diagnóstico: clínico-epidemiológico (baseado nos sinais clínicos e no histórico), necropsia
(presença de folhas no rúmen), observar as plantas em torno do animal, histopatológico (sempre vale
a pena coletar material pois pode auxiliar no diagnóstico diferencial).

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