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171372 -B
Neu-
.38
163. £ .
Österreichische Nationalbibliothek
+Z255513906
HISTORIA
ᎠᎪ
LITTERATURA PORTUGUEZA
EPOPÊAS
ᎠᎪ
RAÇA MOSÁRABE
POR
THEOPHILO BRAGA
PORTO
IMPRENSA PORTUGUEZA -EDITORA
1871
171372 - B
A nacionalidade portugueza é formada de dois ele-
mentos ; perfeitamente caracterisados na ethnographia
e na primitiva occupação do territorio, 1 torna-se mais
evidente esta verdade na historia da sua Poesia. Do
Douro até ao Algarve existiam essas povoações mosa-
rabes, que foram sendo encorporadas no territorio em
que Dom Affonso Henriques constituiu o seu reino ; es-
tas povoações fórmam o elemento gothico-arabe da nos-
sa nacionalidade , e a ellas pertence a grande poesia
epico-narrativa dos Romanceiros . No livro das Epo-
pêas da Raça mosarabe, deixamos estudada a formação
dos Romanceiros pelos vestigios das tradições gothicas
apagadas pelo catholicismo, mas conservadas pela mu-
sica e dança dos arabes , até que foram renovadas pelas
invasões normandas e scandinavas e pelas Canções de
Gesta dos colonos e jograes gallo-frankos.
VI
sem ser vingado. Quem ainda tem boa fé, leia ; quem
tem vigor e ainda espera, levante-se.
EPOPÊAS
DA RAÇA
MOSÁRABE
ELEMENTO GOTHICO-ARABE
CAPITULO I
(1 ) Michelet, Origines, p . 79 .
(2) Herculano, Hist. de Portug. , t . 1 , p. 350.
(3) Delicado, Adagios, p. 64.
14 EPOPÊAS DA RAÇA MOSARABE
* (1) Apud Cesar Cantu, Hist. Un. Neuvième epoque, cap. vn.
20 EPOPÊAS DA RAÇA MOSARABE
0, ཨཱནསི ཎྞཾ ཏི
(1 ) Herculano, Hist. de Portugal, t . iv, p . 123 .
(2) Id., ibid. , p. 126 .
25
1 CAPITULO I 27
(1) Op. cit., cap. xII : Rapport entre la poesie arabe et cel-
le des Provençaux, t . ш , p. 310.
CAPITULO I. 83
CAPITULO II
Já os linhos enflorecem
Stão os trigos em pendão,
Ajuntem-se as moças todas
No dia de Sam João ;
Umas com cravos e rosas ན ཐཱ s ༀ ་
Outras com manjaricão ;
Aquelles que o não tiverem Valg
Tragam um verde limão (3)
Arrimara-se a un roble
Por esperar compañia.
'Arrimara-se a um roble
Alto es à maravilla,
En una rama mas alta
Viera estar una Infantina . (2)
$
Nos romances açorianos do Caçador e a Donzilla,
da Filha do Rei de França, e Donzella encantada, al-
lude-se ao carvalho de Yggdrasill apenas pela sua gran-
deza : * ན *
Se sentara a descançar t
De tão cançado que ía ;
Debaixo de um arvoredo
Bem alto de françaria. L 11
Levantou olhos pr'a cima,
Viu estar uma donzilla . (1)
Em outro romance :
(1) Tit. 87 .
(2) De occulis apertis post peccatum . Apud Leibnitz, Re-
rum Brunswicarum Scriptores.
CAPITULO II 65
Op . cit , v . 558.
(2) Cantos do Archipelago, n.º 16, p. 230.
Cantos do Archipelago, p. 387 , e 388.
CAPITULO II 71.
Oh Lizarda, oh Lizarda,
O pae te manda queimar.
Não se me dá que me queimem ,
Que me tornem a queimar;
Dá-se-me d'este meu ventre
Que é de sangue real. (2)
Que se herdero tuviesse
Que no huviesse de herdar
Que a vos ya el Conde Claros
Vivos os haria quemar. (3)
Prometo de no enterrare
El cuerpo de Baldovidos
Hasta su muerte vengare. (3)
A la entrada de un puerto,
Saliendo de un arenal .
(1 ) Ochôa, ib . , p . 61 .
(2) Ochôa, ib., p. 55.
(3) Historia do Direito portuguez, p. 44.
(4) Du Meril, Hist. de la Poesie Scandinave, p. 290.
80 EPOPÊAS DA RAÇA MOSARABE
Y eu trobera plazer
E delieg en dictar,
Eu volgra esforçar ,
De far bels dictamens ,
Troban los bels dictats . (1 )
Bejo-te bode,
Porque hasde ser odre.
O boi bravo
Na terra alheio se faz manso.
Cama de chão,
Cama de cão.
Falem cartas
Calem barbas .
Chegaivos á charola
E sereis dos honrados.
Dá Deos amendoas
A quem não tem dentes .
Dizem e dirão
Que a pega não é gavião.
A teu amigo,
Ganha um jogo e bebe-o logo .
Em casa de Gonçalo
Mais pode a gallinha que o gallo.
Hontem vaqueiro
Hoje cavalleiro.
Em longa geração
Ha conde e ladrão.
: A mancebo máo .
Com pão e com pau.
Menino e moço
Antes manso que fermoso.
Março marcegão
Pela manhã rosto de cão,
E a tarde de bom verão.
O melão e a mulher
Maos são de conhecer.
Em Maio,
Deixa a mosca o boi
E toma o asno .
Caçar e comer
Comêço quer.
A mancebo máy
Com mão e com pau.
A mouro morto,
Gran lançada.
Morra Marta
Morra farta .
Sol de Março
Pega como pegamaço
E fere como maço.
A perdiz é perdida
Se quente não é comida.
CAPITULO II 93
Da gallinha a preta,
Da preta a parda ;
Da mulher a sarda .
A pintura e a peleja
De longe se veja.
Vento e ventura
Pouco dura .
Maio couveiro
Não é vinhateiro .
O bom vinho
A venda traz comsigo .
CAPITULO III
Va Sciamsi, va dhohaha,
Val Kamari eda talàha,
·Vau nahari eda giallàha,
Val Laïli, eda jagsciàha. etc..
Pajarito verde,
Pecho colorado,
Eso te sucede
Por enamorado.
E tambem : 1
achar
9700 n'estas palavras a origem arabe das tradições que
são o entrecho dos romances, mas é impossivel admit-
tir isto, como deixámos provado. São de origem arabe
os romances sacros , é verdade, mas só se deve attribuir
a essa origem a fórma exterior, a metrificação, a as-
sonancia, elemento diverso da aliteração gothica . Para
fazer comprehender a sua theoria da metrica popular,
Conde escreve o octosyllabo da mesma maneira que o
usou Jacob Grimm com raro tino na Silva de romances
viejos, reduzindo-o á parelha alexandrina. Tomamos
um exemplo do nosso povo :
Alympemos brasfemar,
alympemos negrygençias ,
e sofismas
de falso pronosticar
e mouriscas giomancyas
seytas, cysmas . (2)
Toparam-se ao prepassar,
E o Lobo, meio cahindo ,
Nem lhe azava de falar ;
Ella a rir e arrebentar
De se vêr tão bem subindo .
A giesta se embalança,
Deve de querer chover ;
Não seja isto mudança
Que o amor precisa fazer.
1
1 DE CAP DEBROJOT 1
CAPITULO IV 167
CAPITULO IV
Idem, ibid.
Op. cit., t. 1, p . 274.
190 EPOPÊAS DA RAÇA MOSARABE
A reyna groriosa
Tan é de gran santidade. » etc.
CANÇÃO DO FIGUEIRAL
No figuei-ral fi -guei-re- do A no
vlcitaM ob
re - do A no figuei-ral en trey.
CANÇÃO DO FIGUEIRAL
Se eu pudesse desamar
A quem mne sempre desamou,
E podesse algum bem buscar
A quem me sempre mal buscou, etc. (1)
A caminhar se pozeram
Quando a lua mais lumbria,
E dava o clarão no rosto
De la infanta que fugia.
(1) Miscellanea, p. 27 .
204 EPOPÊAS DA RAÇA MOSARABE
CAPITULO V
C R
E adiante de si levava
A Cruz de Christo pregada. (Rom . ger. , n.º 1.) '
45
230 EPOPEAS DA RAÇA MOSARABE
(1) Scienza nuova, liv. 1, cap. ¤ , ax. 56, 57 , 58, 59. Trad.
de Michelet. M
234 EPOPEAS DA RAÇA MOSARABE
O Imperador de Roma
Tem uma filha bastarda,
A quem tanto quer e tanto,
Que a traz mui mal criada. (Rom. ger. , n.º 18. )
E em uma variante :
CAPITULO VI
Må madr' é velyda,
Vou-m'a la baylia
Do amor.
Mha madr' é loada
Vou-m'a la baylada
Do amor.
Vou-m'a la baylia
Que fazen en vila
Do amor.
Que fazen en vila
Do que eu ben queria
Do amor.
Que fazen en casa
Do qu'eu muyt'amava
Do amor.
Do que eu ben queria
Chamar - m'á garrida
Do amor.
Do qu'eu muyt'amava
Chamar -m'á perjurada
Do amor. (1)
El gran Condestable
Nuno Alvares Perera,
Defendió Portugale
Con su bandera
E con su pendone.
No me lo digades, none,
Que santo es el Conde.
No me lo digades, none
Que santo es el Conde. (1)
No me le digades none,
Que santo és el Conde.
CAPITULO VII
E grosarei o romance
De Yo me estava em Coimbra . (1)
Cantaremos á porfia
Los hijos de Dona Sancha. (1)
Y llorando cantareis
Nunca fue pena mayor...
Obras, t. 1, p . 227.
Obras, t. I , p. 143.
CAPITULO VII 297
Oh Dona Maria ,
Pombinha sem fel,
Porque te matou
Aquelle cruel ?
Em dia de Sam Braz,
Ouve, n'este dia
Mataram o Abbade
E Dona Maria .
Virgem sagrada
' madre de Dios,
quien en el mundo
tal como vós ?
316 EPOPEAS DA RAÇA MOSARABE
Quedastes morada
del hijo de Dios.
Antonina pequena
Dos olhos grandes,
Mataram-na idolatras
E féros gigantes . » (1 )
Oh Morte,
Oh piella,
Tira á chicha
Da panella .
CAPITULO VIII
Romanceiro, t. I, p. 15 a 17.
Ibid., t. п, p. 99.
22
342 EPOPÊAS DA RAÇA MOSARABE
(1) Romanceiro, t. 1, p . 19 .
CAPITULO VIII 343
(1) Romanceiro, t. 1, p . x.
*
344 EPOPÊAS DA RAÇA MOSARABE
(1) Romanceiro, p . xi .
CAPITULO VIII 345
Amargamente dizia:
D'estas praias arenosas...
FIM.
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PAG.
ADVERTENCIA . V