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AVALIAÇÃO FINAL

UFCD 10380 -INTERVENÇÃO EM COMPORTAMENTOS ADITIVOS E DEPENDÊNCIAS

Nome do/a Formando/a Patrícia Margarida Fernandes Correia

PARTE I

No concelho de Vilares, progressivamente constata-se um crescente número de situações de pobreza,


atribuíveis ao desemprego de longa duração, dificuldades na gestão de recursos financeiros e
precariedade do emprego, que frequentemente se encontram associadas a outros problemas como
desestruturação familiar, dependência de substâncias psicoativas, delinquência juvenil, marginalidade e
mendicidade.

Nesta sequência, assiste-se a um aumento da dependência dos serviços assistenciais da rede pública,
principalmente visível no recurso ao Rendimento Social de Inserção, cujo número de beneficiários
aumentou na última década.

O baixo nível de desenvolvimento socioeconómico e cultural neste território parece-nos determinante


na génese da maior parte dos problemas encontrados. De forma generalizada verificam-se baixas
habilitações escolares e reduzidas expectativas de sucesso, com consequente diminuição da capacidade
de investimento efetivo na definição de um projeto profissional consistente.

Condições agravadas de vulnerabilidade potenciam a ação de alguns fatores de risco, perpetuando ciclos
problemáticos de desemprego, dependência de substâncias psicoativas e fragilidade das relações
interpessoais.

A população residente na zona norte do concelho, em geral, sofre com o cada vez mais demarcado
fenómeno de guetização e isolamento social. Revelam dinâmicas onde não existe um problema preciso,
mas sim graves problemas que afetam vários elementos da família, vividos em simultâneo e/ou
sequência, nomeadamente a negligência, delinquência, violência doméstica, insucesso escolar, doenças
do foro psiquiátrico, alcoolismo e consumo excessivo de outras substâncias (como a cannabis),
instabilidade na estrutura e nas relações.

Nas famílias multiproblemáticas escasseia o sentido de objetivos familiares, as energias são gastas em
conflitos imediatos, conjunturas de emergência e sobrevivência. Daqui resulta que as funções familiares
sejam realizadas de forma insatisfatória, tanto nos aspetos mais organizativos, como a gestão
doméstica,
a proteção dos filhos, como nos mais relacionais: gestão de conflitos, e estabilidade afetiva. Possuem
baixas habilitações escolares e reduzidas expectativas sociais, sendo menos capazes de um
envolvimento efetivo na definição de um projeto profissional/educacional consistente. A carreira e
satisfação profissionais são uma raridade: os seus empregos não conferem um significado à vida,
trabalham para receber o salário.

A desvalorização da escola e da formação profissional é um traço marcante destes grupos assumindo-se


como um problema de continuidade transgeracional. A educação encarada como investimento
importante e com visibilidade a longo prazo não constitui uma prioridade para estes grupos,
possivelmente também porque a escola não conseguiu constituir-se como um fator mobilizador e
aliciante para os mais novos. É interessante notar como cada vez mais as escolas de ensino regular
desenvolvem esforços de criação de ofertas curriculares alternativas, de cariz profissionalizante, na
tentativa de dar resposta aos problemas de insucesso e abandono que se agravavam cada vez mais e às
necessidades de uma população obrigada ao cumprimento de uma escolaridade obrigatória que não
surge adaptada às suas realidades – o paradoxo de extinção das antigas escolas Comerciais e Industriais
diante da atual inflação dos cursos profissionalizantes nas escolas de ensino regular deveria, parece-nos,
ser alvo de séria reflexão por parte dos responsáveis pelas orientações educativas a nível central.

A baixa qualificação escolar e profissional traduz-se na dificuldade na obtenção de um trabalho, sendo


comum o emprego precário ou subemprego. Atendendo à relevância do emprego na organização da
vida familiar e social, enquanto fonte de rendimento e de autoestima, a precariedade nessa área afeta a
estabilidade e inclusão social dos indivíduos e famílias.

O alcoolismo, a dependência e consumo de substâncias psicoativas constituem focos de conflitos, não só


pela degradação física e psicológica a que estão ligados, mas também pelas consequências negativas
que induzem no ambiente social, familiar, escolar ou laboral.

Os limites que estas famílias estabelecem no seu interior e com o exterior qualificam-se pelo
desmembramento, isto é, pela grande distância entre os membros e fronteiras pouco definidas (difusas)
ou excessivamente permeáveis. No interior da família as regras reduzem-se ao mínimo, traduzindo-se
na distância entre os membros e na facilitação das saídas. A ligação com o exterior sobressai facilmente
de forma intensa e a ausência de modelos de identificação positivas leva muitas vezes a
comportamentos socialmente inaceitáveis ou mesmo destrutivos. Consequentemente, as descobertas e
experiências sem uma supervisão saudável proporcionam a adoção de comportamentos de risco, muitas
vezes motivados pelo risco em si. A incorreta informação poderá ter um papel mais prejudicial do que a
sua ausência. A gravidez precoce como resultado de um comportamento sexual de risco é uma
realidade nos jovens deste território que consequentemente levará a falta de maturidade e de
conhecimento para assumir a

maternidade de forma responsável perpetuando as situações de risco a que eles próprios estiveram
sujeitos.

A ausência de competências pessoais e sociais, bem como o deficit de hábitos e comportamentos


saudáveis correlacionam-se com os problemas sociais vivenciados por estes grupos.

De acordo com o diagnóstico realizado em 2008 pelo Instituto da Segurança Social, foram identificados
vários grupos em situação de vulnerabilidade social.

As famílias em situação de vulnerabilidade social, são sobretudo famílias desestruturadas, geralmente


com crianças e jovens em idade escolar, frequentemente numerosas. Um ou mais elementos podem
apresentar dependência de substâncias lícitas ou ilícitas, principalmente álcool. São famílias com baixa
formação escolar e profissional, que normalmente não transmitem aos filhos a necessidade e a
vantagem de obterem melhores qualificações escolares. À desvalorização do percurso escolar dos
jovens, acrescenta-se também, com certa frequência, alguma negligência nos cuidados básicos
fundamentais, e em alguns casos aquilo que algumas escolas referem como quase desinteresse e
cansaço pelo esforço que o processo educacional exige.

Em muitos casos dependentes do Rendimento Social de Inserção, estas famílias vivem num contexto de
precariedade económica e cultural que se perpetua, com difícil mobilização para a mudança ou para
investimentos mais exigentes. A dificuldade em encontrar alternativas, em associação com um sistema
de valores privilegiando algum facilitismo e a obtenção imediata de recompensa, reforçam o registo de
subsidiodependência, que se apresenta como a solução mais fácil, não carecendo de esforço, e que
aparentemente pode perpetuar-se para sempre. A este dado surge frequentemente associada a
dificuldade em gerir o subsídio de forma adequada, do ponto de vista da necessidade de o fazer durar
um mês inteiro, e do tipo de bens adquiridos ou gastos efetuados – fazer refeições fora de casa,
alimentação desequilibrada das crianças, etc. O grande número de endividamentos, com toda a
desestruturação que pode surgir associada, parece também ser um problema frequente e preocupante
neste território.

Os indivíduos com consumo abusivo de álcool, são um dos grupos em que os problemas do alcoolismo e
consumos abusivos de álcool surgem frequentemente associados a significativa desorganização e
desestruturação familiar, negligência, violência doméstica e a exclusão social.
O fato do consumo de álcool ser culturalmente aceite, encarado pela população com naturalidade, e
sem que se considere que constitui um problema, dificulta a perceção do risco e aumenta os níveis de
resistência a intervenções, principalmente na área do tratamento. Estas questões vão sendo
transmitidas geracionalmente, constituindo ciclos difíceis de quebrar, frequentemente agravados pelos
deficits de

desenvolvimento cognitivo, resultantes de consumos em idades precoces ou em resultado do Síndrome


Alcoólico Fetal.

A desinserção profissional ou o trabalho precário estão frequentemente associados ao problema do


alcoolismo ou consumos abusivos de álcool, potenciando vulnerabilidades socioeconómicas. A
desocupação é frequentemente referida em estreita ligação com o aumento deste tipo de consumos.

Entre os jovens com comportamentos de risco, identificam-se como problemas o abandono escolar
precoce, a não conclusão da escolaridade obrigatória e a ausência de uma certificação profissional. O
que dificulta o acesso destes jovens ao mercado de trabalho qualificado. Na sua maioria desocupados,
sem projeto de vida definido e poucas expectativas de realização pessoal e profissional, estes jovens
integram-se em grupos de pares com comportamentos desviantes, dando assim início a um processo de
identificação pessoal e de estigmatização por parte da comunidade, de que passam a ser alvo.

Os consumos de substâncias, promovendo a desinibição comportamental, pela diminuição dos


mecanismos de autocrítica e de autocontrole, fazem aumentar a probabilidade de ocorrência de
comportamentos de risco, quer ao nível dos comportamentos sexuais, quer ao nível das condutas
desviantes e agressivas.

A gravidez não planeada e precoce ocorre com alguma frequência, com sérias implicações ao nível
social, uma vez que interfere no percurso escolar e contribui para o agravamento de uma, muitas vezes
já frágil situação económica.

Ambas as situações têm fortes implicações para a construção de um projeto de vida consistente e
satisfatório, pois a parentalidade precoce e/ou a participação em atividades delinquentes pode colocar
sérias dificuldades a esse processo.

1. No caso em apreço identifique os principais problemas sociais: (2Valores)

✘ a) Comportamentos aditivos e dependências, desemprego de longa duração, desvalorização dos


percursos escolares

b) Alcoolismo, comportamentos de risco e negligência na prestação de cuidados


c) Delinquência juvenil e isolamento social

2. Do ponto de vista da intervenção, a população alvo prioritária será: (2 valores)

a) Jovens com comportamentos de risco

✘ b) Famílias em situação de vulnerabilidade social

c) Consumidores de substâncias psicoativas

d) Nenhuma das anteriores está correta

3. Ao desenhar um projeto de reinserção social, que objetivos definiria? (2 Valores)

a) Prevenir comportamentos de risco

✘ b) Prevenir a desinserção social e promover a aquisição e desenvolvimento de competências pessoais


e sociais

c) Implementar programas de desabituação física

d) Promover a qualidade de vida.

4. Quais os princípios da Rede de Referenciação em CAD? Escolhe a opção correta. (2 Valores)

✘ a) Centralidade no cidadão, Acessibilidade, Gravidade/Severidade dos Consumos e dos


Comportamentos, Territorialidade e Recursos Disponíveis.

b) Centralidade no cidadão, Acessibilidade e Recursos Disponíveis.

PARTE II

5. Indique se a afirmação seguinte é verdadeira (V) ou falsa (F).

5.1. Comportamento Aditivo é um comportamento repetitivo (compulsão e obsessão) face a um objeto,


substância ou atividade. Que se transforma no foco principal da vida de um individuo, excluindo-o de
outras atividades e /ou rotinas diárias.

Resposta: Verdadeiro (0.5 Valor)


6. Os fatores relacionados com o consumo de substâncias psicoativas são a influência do grupo de pares,
fatores familiares, fatores individuais, fatores biológicos e fatores socioculturais e comunitários.

Resposta: Verdadeiro (0.5 Valor)

7. Pode-se definir como dimensões da reinserção social, as seguintes: (1 Valor)

a. Famílias e relações, formação profissional e emprego.

b. Família, educação, trabalho, lazer e integração.

✘ c. Família e relações, educação, trabalho e formação profissional, lazer e tempos livres, participação,
cidadania e autonomia.

d. Família, educação, empregabilidade, lazer e abstinência do consumo de SPA.

e. Nenhuma das anteriores.

8. Faça corresponder (com uma linha -----) a coluna A com a coluna B: (3 Valores)

No âmbito da intervenção em reinserção há que ter em conta as seguintes noções-chave:

Coluna A Coluna B
 B1. as necessidades
A1. Colocar a pessoa  multidimensionais específicas
da pessoa
B2. no centro do dispositivo de
ação, no respeito da sua
A2. Avaliar  
dignidade, direitos e liberdade
de escolha
A3. Assegurar um 
B3. no seu caminho em busca
acompanhamento
 da sua autonomia e plena
sistemático do
Reinserção
indivíduo

9. Indique se a afirmação seguinte é verdadeira (V) ou falsa (F).

9.1- O acesso ao tratamento dos indivíduos com CAD só é possível se a pessoa for referenciada.

Resposta: Falso (1 Valor)

10. Coloque a respetiva caraterização na definição certa.


- Tolerância

- Dependência Física

- Abstinência ou Síndrome de Abstinência

- Dependência Psicológica

10.1 - Indica que o corpo se adaptou fisiologicamente ao consumo habitual da substância, surgindo
sintomas quando o uso da droga termina ou é diminuído. Dependência física (0.5 Valor))

10.2 - Abuso de todas as substâncias, residindo na sensação que o consumidor tem de necessitar da
droga para atingir o seu melhor nível de atividade ou de uma sensação de bem-estar. Dependência
psicológica (0.5 Valor)

10.3 – Aptidão para suportar doses cada vez maiores da substância, necessidade de doses cada vez mais
fortes para obter os mesmos efeitos. Tolerância (0.5 Valor)

10.4 – É o aparecimento de sintomas físicos e psicológicos quando o consumo da substância termina


demasiado abruptamente. Abstinência ou Síndrome de Abstinência (0.5 Valor)

11. Quais os níveis de risco relacionados com os Problemas ligados ao álcool:

11.1 – Rodeia a resposta certa (1 Valor)

Os níveis de Risco são:

✘ Consumo de baixo Risco, Consumo de Risco e Consumo Nocivo;


Consumo Risco, Consumo de Alto Risco e Dependente;

12 . Identifica os níveis operacionais da Intervenção Preventiva.

Prevenção Universal Prevenção Indicada Prevenção Seletiva

12.1- Dirigida ao público em geral ou a um grupo da população (não identificado a partir de qualquer
fator de risco). Prevenção Universal (1 Valor)

12.2- Dirigida a subgrupos específicos da população geral identificados como de risco na medida em que
têm uma maior probabilidade de iniciar ou acentuar consumos de SPA. Prevenção Seletiva (1 Valor)

12.3- Dirige-se a indivíduos com comportamentos de risco, que exibem sinais de uso de substâncias ou
que apresentam outros comportamentos problemáticos. Prevenção indicada (1 Valor)

07/11/23
BOA SORTE!

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