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UC ESTUDOS CRÍTICOS: HISTÓRIA, ARTE E CULTURA

NEOCLÁSSICO E ROMÂNTICO

Professores | Flávia Virgínia Teixeira e Luiz Felipe César


Outubro de 2023
ANTECEDENTES
Clássico e Romântico

“Quando se fala da arte que se desenvolveu na Europa, e


mais tarde, na América do Norte durante os séculos XIX
e XX, com frequência se repetem os termos clássico e
romântico.[...] Eles se referem a duas grandes fases da
história da arte: o “clássico” está ligado à arte do mundo
antigo, greco-romano, e àquela que foi tida como seu
renascimento na cultura humanista dos séculos XV e
XVI; o romântico, à arte cristã da Idade Média e mais
precisamente ao Românico e ao Gótico.”
(ARGAN, 1992, p. 11, grifo do autor e nosso)
Clássico e Romântico

SÉC. XV SÉC. XVI SÉC. XVII SÉC. XVIII SÉC. XIX SÉC. XX

renascimento ecletismo

barroco neoclássico

modernismo

engenharia
Clássico e Romântico

“Também já se propôs (Worringer) uma distinção por


áreas geográficas: clássico seria o mundo mediterrâneo,
onde a relação dos homens com a natureza é clara e
positiva; romântico, o mundo nórdico, onde a natureza é
uma força misteriosa, frequentemente hostil.”
(ARGAN, 1992, p. 11, grifo nosso)
Clássico e Romântico

Entre meados do século XVIII e meados do século XIX, o


clássico e o romântico serão teorizados:

_ O clássico será teorizado por Winckelmann e Mengs;

_ O romântico, pelos defensores do renascimento do


Gótico, especialmente pensadores alemães como
Schlegel, Wackenroder e Tieck, para os quais a arte tem
um quê de essência religiosa, de revelação do sagrado.
(ARGAN, 1992)
Clássico e Romântico

O contexto do século XVIII

_ Surgimento dos primeiros museus, com os edifícios


tornados públicos após a Revolução Francesa. Surgem
museus de arte e história em diversos países europeus.

_ Surgimento da Estética ou Filosofia da Arte, da Crítica


de Arte (voltada para exposições contemporâneas) e da
História da Arte (voltada para estudos do passado).
Assim, o mundo da arte e dos seus estudos se amplia.
(LEÓN, 2022)
Imagem 01 | Arqueduque Leopoldo Wilhelm na galeria de pinturas
arquiducal em Bruxelas, David Teniers, o Jovem, c. 1651.
Óleo sobre tela, 123 x 163 cm.
Clássico e Romântico

O contexto do século XVIII

_ Século das Luzes: ideais iluministas, progressos de


técnicas agrícolas que retiram trabalhadores do campo;
progresso científico; otimismo em relação ao futuro em
razão dos avanços medicinais, de teorização de possíveis
resoluções para a desigualdade social e a fome.

_ Revolução Francesa: ideias de liberdade, igualdade,


fraternidade já pensados por iluministas como Voltaire,
Rousseau, Montesquieu e Condorcet.
(LEÓN, 2022)
Clássico e Romântico

A crítica de Winckelmann

Johan Joachin Winckelmann (1717-1768) foi um crítico de


arte que, em sua juventude, ao visitar o Großer Garten de
Dresden, descobre algumas esculturas barrocas alemãs e
as detesta. Em outro canto, encontra réplicas de
esculturas gregas e se apaixona pelas mesmas. Assim,
começa a estudar a arte grega, que o encanta.

Ele afirma que artistas barrocos como Bernini pecam pelo


excesso (de detalhes, panejamentos, ondulações). Para
ele, a escultura grega clássica é mais sintética, mais
simples, e, portanto, mais interessante.
(LEÓN, 2022)
“O ÚNICO MEIO DE NOS TORNARMOS
GRANDES E, SE POSSÍVEL,
INIMITÁVEIS, É IMITAR OS ANTIGOS.”
(WINCKELMANN)
Clássico e Romântico

A crítica de Winckelmann

Winckelmann escreve o livro “Reflexões sobre a arte antiga”


que será muito lido por filósofos e artistas da época. Entre
suas crenças, que irão influenciar a arte do período, estão:
_ o valor das obras clássicas dos gregos;
_ a imitação como análise das obras clássicas, o que não
quer dizer a cópia das mesmas;
_ a educação do olhar a partir da arte grega, negando-se o
contexto do século XVIII em si;
(LEÓN, 2022)
Clássico e Romântico

A crítica de Winckelmann

Winckelmann escreve o livro “Reflexões sobre a arte antiga”


que será muito lido por filósofos e artistas da época. Entre
suas crenças, que irão influenciar a arte do período, estão
(continuação):
_ o retorno da ideia de ideal de beleza, e não de imitação
direta da natureza (uma escultura de uma bela mulher
considera a bela mão de uma, o belo rosto de outra etc., e
não copia ou representa uma única mulher).
_ a relação entre divindade e a estabilidade ou calma
grandeza (a perfeição do divino está no que é estável, imóvel,
não se mexe).
(LEÓN, 2022)
Clássico e Romântico

A visão iluminista

“[...] com a cultura do Iluminismo. A natureza não é mais a


ordem revelada e imutável da criação, mas o ambiente da
existência humana; não é mais o modelo universal, mas um
estímulo a que cada um reage de modo diferente; não é mais
a fonte de todo o saber, mas o objeto da pesquisa cognitiva.”

Embora, tanto a arte neoclássica quanto a romântica estejam


diante deste mesmo contexto, os artistas da primeira terão
uma postura racional, e os artistas românticos, uma visão
passional.
(ARGAN, 1992)
TANTO PARA NEOCLÁSSICOS QUANTO
PARA ROMÂNTICOS, A ARTE NÃO
SURGE DA NATUREZA, MAS DA
PRÓPRIA ARTE!
(ARGAN)
A virada para o século XVIII

Arquitetura inglesa: Christopher Wren

Wren (1632-1723) é o arquiteto responsável pela construção


da Catedral de São Paulo, em Londres, em um processo de
reconstrução após o incêndio de 1666.

Ele é influenciado pela arquitetura barroca, porém sua igreja


não apresenta, na composição e na volumetria, a sugestão
de movimento, aproximando-se muito mais do clássico
francês do século XVII que do barroco italiano. Sua
arquitetura, assim, apresenta comedimento e sobriedade,
apesar da imponência.
(GOMBRICH, 2012)
Imagem 02 | Catedral de São Paulo, Sir Cristopher Wren,
Londres, 1675-1710.
Imagem 03 | Planta da Catedral de São Paulo, Sir Cristopher Wren,
Londres, 1675-1710.
Imagem 04 | Catedral de São Paulo, Sir Cristopher Wren,
Londres, 1675-1710.
A virada para o século XVIII

Arquitetura inglesa: os palacetes de campo

Os arquitetos do início do século XVIII, na Inglaterra,


rejeitaram a opulência do barroco, e se voltaram para
modelos arquitetônicos que não infringissem o “bom gosto”,
respeitando ao máximo as leis da arquitetura clássica.

Estudaram, assim, os arquitetos da Renascença italiana,


entre eles Andrea Palladio, cujo um de seus livros foi
considerado a referência do modo de se projetar com bom
gosto nos setecentos ingleses.
(GOMBRICH, 2012)
Imagem 05 | Chiswick House, Lorde Burlington e William
Kent, Londres, c. 1725.
Imagem 05 | Chiswick House, Lorde Burlington e William
Kent, Londres, c. 1725.
Imagem 06 | Villa Rotonda, Palladio, 1550-1559.
A IMITAÇÃO
DO MODELO DE PALLADIO
NA ARQUITETURA INGLESA
DO SÉCULO XVIII.

Imagem 05 | Chiswick House, Lorde Burlington e William


Kent, Londres, c. 1725.
Imagem 06 | Villa Rotonda, Palladio, 1550-1559.
A virada para o século XVIII

Paisagismo inglês: os jardins pitorescos

Os ingleses irão condenar a opulência e fantasiosa produção


de jardins dos franceses do século XVII (a exemplo de
Versailles), e defenderão parques e jardins que reflitam as
belezas da natureza, com belos cenários naturais, gerando
os “jardins paisagísticos” ingleses, idealizados por homens
como William Kent.

A ideia destes jardins derivava das pinturas de artistas


franceses do século XVI, como Claude Lorrain.
(GOMBRICH, 2012)
Imagem 07 | Parque de Stourhead, Wiltshire, William
Kent, traçado a partir de 1741.
Imagem 08 | Parque de Stourhead, Wiltshire, William
Kent, traçado a partir de 1741.
Imagem 09 | Vista pastoral, Claude Lorrain, 1644.
Óleo sobre tela, 98 x 137 cm.
RELAÇÕES ENTRE O PAISAGISMO
INGLÊS DO SÉCULO XVIII
E A PINTURA DE FRANCESES
DO SÉCULO XVII COMO CLAUDE LORRAIN.

Imagem 09 | Vista pastoral, Claude Lorrain, 1644.


Óleo sobre tela, 98 x 137 cm.
A pintura inglesa do século XVIII

William Hogarth

Hogarth (1697-1764) viveu em um período no qual o


protestantismo desmantelou o interesse dos ingleses pela
sua tradição artística. Os pintores ingleses eram chamados
praticamente apenas para retratos, e os nobres preferiam
adquirir obras de artistas do estrangeiro.

Ele então decide instaurar um novo tipo de pintura capaz de


atrair seus compatriotas: obras que ensinavam sobre as
virtudes e os castigos do pecado. Sua obra parecia, assim,
uma pantomima, uma representação teatral.
(GOMBRICH, 2012)
Imagem 10 | Vida de um libertino: o libertino em Bedlam,
William Hogarth,1735. Óleo sobre tela: 62,5 x 75 cm.
Imagem 11 | Casamento à la Mode: 2, o tête à tête,
William Hogarth,1735. Óleo sobre tela: 62,5 x 75 cm.
A pintura inglesa do século XVIII

Sir Joshua Reynolds

Reynolds (1723-1792) estudou na Itália e concordou com os


peritos de seu tempo sobre o fato de que os grandes mestres
da Renascença, como Rafael ou Ticiano, deviam ser bem
estudados por serem exemplos da verdadeira arte.

Ele acreditava - e postulava em suas conferências - nas


regras do bom gosto e na importância do conhecimento da
arte, o que será entendido como um olhar “academicista”
para a arte.

Em seus retratos, adicionava toques de interesse extra que


realçavam o caráter ou papel social dos representados.
(GOMBRICH, 2012)
Imagem 12 | Joseph Baretti, Sir Joshua Reynolds, 1773.
Óleo sobre tela, 73,7 x 62,6 cm.
Imagem 13 | Miss Bowles com seu cão, Sir Joshua Reynolds, 1775.
Óleo sobre tela, 91,8 x 71,1 cm.
PARA PINTAR A MENINA E SEU CÃO,
PRIMEIRO GANHOU A CONFIANÇA DELA,
EM VISITAS JUNTO À SUA FAMÍLIA.

Imagem 13 | Miss Bowles com seu cão, Sir Joshua Reynolds, 1775.
Óleo sobre tela, 91,8 x 71,1 cm.
A pintura inglesa do século XVIII

Thomas Gainsborough

Gainsborough (1727-1788) foi um retratista competidor de


Reynolds. Ele nasce na região rural de Suffolk, tendo um dom
natural para a pintura e não se interessando em viajar para a
Itália para conhecer os “mestres”.

Ele buscava, diferentemente de Reynolds, pintar retratos não


convencionais, em que pudesse exibir seu talento com o
pincel e sua agudeza de olhar. Sua pintura lembra mais a de
grandes mestres do Rococó francês, em voga à época (e
estudado na aula anterior!)
(GOMBRICH, 2012)
Imagem 14 | Miss Haverfield, Thomas Gainsborough, c.1775.
Óleo sobre tela, 127,6 x 101,9 cm.
Imagem 14 | Mr. and Mrs. Andrews, Thomas Gainsborough, 1748-1750.
Óleo sobre tela, 69 x 119 cm.
NEOCLASSICISMO HISTÓRICO
O Neoclassicismo

Algumas características

_ Crítica ao Barroco e ao Rococó.

_ Adoção da arte greco-romana como modelo de equilíbrio,


proporção e clareza.

_ A técnica colocada como virtuosismo ou trucagem, um


instrumento racional em favor da sociedade.

_ Sobriedade do ornamento, equilíbrio e proporção dos


volumes, uma arquitetura que atenda a necessidades sociais,
e não mais a necessidades dos soberanos, como no Barroco.
(ARGAN, 1997)
Pintura neoclássica

Jacques-Louis David

O pintor David (1748-1825) foi um dos principais pintores


neoclássicos. Ele foi o artista oficial do Governo
Revolucionário, durante a Revolução Francesa, chegando a
desenhar trajes e cenários para eventos de propaganda de
Robespierre.

Assim, David irá pintar um dos jovens líderes da Revolução


assassinados, Marat, como um mártir. O corpo, apesar de
morto, aparenta a nobre beleza clássica, e a composição
almeja à simplicidade, desprezando excessos.
(ARGAN, 1997; GOMBRICH, 2012)
Imagem 15 | Marat assassinado, Jacques-Louis David, 1793.
Óleo sobre tela, 165 x 128,3 cm.
Imagem 16 | O juramento dos Horácios, Jacques-Louis David, 1784.
Óleo sobre tela, 2,2 x 4,26 m.
Imagem 16 | O juramento dos Horácios, Jacques-Louis David, 1784.
Óleo sobre tela, 2,2 x 4,26 m.
PERSPECTIVA
COM UM PONTO DE FUGA.

Imagem 16 | O juramento dos Horácios, Jacques-Louis David, 1784.


Óleo sobre tela, 2,2 x 4,26 m.
Imagem 16 | O juramento dos Horácios, Jacques-Louis David, 1784.
Óleo sobre tela, 2,2 x 4,26 m.
UTILIZAÇÃO DA REGRA
DOS TERÇOS,
COM A DESCENTRALIZAÇÃO
DAS PERSONAGENS PRINCIPAIS.

Imagem 16 | O juramento dos Horácios, Jacques-Louis David, 1784.


Óleo sobre tela, 2,2 x 4,26 m.
Imagem 16 | O juramento dos Horácios, Jacques-Louis David, 1784.
Óleo sobre tela, 2,2 x 4,26 m.
TRÊS IRMÃOS REPRESENTAM A UNIÃO DO
GRUPO. NO CENTRO, O PAI DISTRIBUI TRÊS
ESPADAS PARA OS FILHOS (ALEGORIA DA
PÁTRIA ROMANA). À DIREITA, DUAS IRMÃS
E A MÃE DO COMBATENTE.

Imagem 16 | O juramento dos Horácios, Jacques-Louis David, 1784.


Óleo sobre tela, 2,2 x 4,26 m.
Imagem 16 | O juramento dos Horácios, Jacques-Louis David, 1784.
Óleo sobre tela, 2,2 x 4,26 m.
HOMENS DEMARCADOS POR LINHAS
RETAS E CORES FORTES; MULHERES, POR
LINHAS CURVAS E CORES MAIS LEVES.

Imagem 16 | O juramento dos Horácios, Jacques-Louis David, 1784.


Óleo sobre tela, 2,2 x 4,26 m.
Imagem 17 | A Coroação de Napoleão, Jacques-Louis David, 1807.
Óleo sobre tela, 621 × 979 cm.
Imagem 18 | Napoleão cruzando os Alpes, Jacques-Louis David, 1801.
Óleo sobre tela.
Pintura neoclássica

Jean-Auguste-Dominique Ingres

Ingres (1780-1867) foi um pintor de olhar mais conservador


da primeira metade do século XIX. Discípulo de David,
admirava a arte heróica da Antiguidade clássica.

Desprezava, em suas pinturas, a improvisação e a confusão,


valorizando a absoluta precisão no tratamento de modelos
naturais em estúdio.
(ARGAN, 1997; GOMBRICH, 2012)
Imagem 19 | Autorretrato com 24 anos, Ingres, 1804 (revisado ca. 1850).
Pintura a óleo, 78 x 61 cm.
Imagem 20 | Napoleão entronizado, Ingres, 1806. Pintura a óleo.
Imagem 21 | Júpiter e Thetis, Ingres, 1811. Pintura a óleo.
Imagem 22 | Retrato de Louis-François Bertin, Ingres, 1832.
Pintura a óleo.
Imagem 23 | A banhista de Valpinçon, Ingres, 1808.
Pintura a óleo.
DESTACA-SE SUA SEGURANÇA TÉCNICA,
MAESTRIA NA REPRESENTAÇÃO DAS
FORMAS E TEXTURA / LUMINOSIDADE DA
PELE, ALÉM DA FRIEZA DA COMPOSIÇÃO.

Imagem 23 | A banhista de Valpinçon, Ingres, 1808.


Pintura a óleo.
Imagem 24 | O banho turco, Ingres, 1862. Pintura a óleo.
Escultura neoclássica

Houdon e Canova

Antonio Canova (1757-1822), italiano, iniciou-se na tradição


barroca, com esculturas fúnebres para túmulos. Com o
tempo, passou a produzir esculturas que buscam o belo real
a partir do antigo. Geralmente, ele chega ao belo a partir de
momentos que seriam de dramática emoção.

Jean-Antoine Houdon (1741-1828) foi um escultor de estilo


neoclássico francês. Houdon ficou famoso pelos bustos e
estátuas que esculpiu de filósofos, presidentes, inventores e
figuras políticas do iluminismo.
(ARGAN, 1997; GOMBRICH, 2012)
Imagem 25 | As três graças, Antonio Canova, 1814-1817. Mármore.
Imagem 26 | Teseu vencendo o centauro, Antonio Canova, 1782. Mármore.
Imagem 27 | Cenotáfio da Arquiduquesa Maria Cristina, Antonio
Canova. Igreja dos Agostinhos, Viena, 1798-1805.. Mármore.
Imagem 28 | Psiquê revivida pelo beijo de Eros, versão do
Louvre, Antonio Canova, 1793, 1,55 x 1,68 m.
Imagens 29 a 31 | Bustos de Voltaire, Washington e
Robert Fulton (da esq. para a dir.), Jean-Antoine Houdon.
Imagem 32 | Voltaire sentado, Jean-Antoine Houdon, 1781. Mármore.
Arquitetura neoclássica

Precedentes

_ As escavações de Herculano e Pompeia, na Itália, cidades


romanas destruídas pelo Vesúvio e preservadas por suas
cinzas, em 79 d.C.

_ Descobertas sobre o Antigo Egito por Champollion, que


ajudou nas campanhas e investidas de Napoleão.

_ A cidade tornando-se um espaço da socialização e da


civilização, e não mais a serviço do Antigo Regime ou da
Igreja Católica.
(ARGAN, 1997; GOMBRICH, 2012)
Arquitetura neoclássica

Boullée e Ledoux

Étienne-Louis Boullée (1728-?) e Claude Nicolas Ledoux


(1736-1806) foram os grandes arquitetos e teóricos da
arquitetura neoclássica, tendo ambos pertencido ao grupo
iluminista da Enciclopédia.

Surgimento da nova ciência urbanística, especialmente com


os interesses de Napoleão de grandes reformas, com as
funções públicas se destacando sobre as privadas, e os
edifícios neoclássicos ladeando grandes ruas e praças.
(ARGAN, 1997; GOMBRICH, 2012)
Imagem 33 | Claude Nicolas Ledoux, Barriere de la Villette, 1784-89.
Imagem 34 | Projeto para o cenotáfio de Newton, Étienne-Louis Boullée, c.
1780. Desenho de “Architecture. Essai sur l’art”.
Imagem 35 | Projeto para o cenotáfio de Newton, Étienne-Louis Boullée, c.
1780. Desenho de “Architecture. Essai sur l’art”.
O PROJETO FAZ-SE NÃO ATRAVÉS
DE PLANTAS E CORTES,
MAS DA VOLUMETRIA.

Imagem 35 | Projeto para o cenotáfio de Newton, Étienne-Louis Boullée, c.


1780. Desenho de “Architecture. Essai sur l’art”.
Imagem 36 | Casa dos guardas campestres em Maupertuis,
Claude-Nicolas Ledoux, 1780, gravura.
Imagem 37 | Projeto de uma casa de campo, Sir John
Soane, 1798. De Sketches in Architecture.
INTERESSE POR RESGUARDAR
O ESTILO DÓRICO GREGO
EM SUA COMPOSIÇÃO
MAIS “CORRETA” OU “BELA”.

Imagem 37 | Projeto de uma casa de campo, Sir John


Soane, 1798. De Sketches in Architecture.
Imagem 38 | Letton Hall, Sir John Soane, 1783-1789.
SUPERAÇÃO DO
NEOPALLADIANISMO
DA INGLATERRA DO SÉCULO XVIII.

Imagem 38 | Letton Hall, Sir John Soane, 1783-1789.


Imagem 39 | Museu Britânico, Sir Robert Smirke,
Londres, 1753-1759.
Imagem 40 | Panteão, Jacques-Germain Soufflot,
Londres, 1758-1790.
Imagem 41 | Residência, Thomas Jefferson, 1796-1806,
Monticello, Virgínia.
O NEOCLÁSSICO FOI
O ESTILO DOMINANTE
DA ARQUITETURA ESTADUNIDENSE
NO INÍCIO DE SUA REPÚBLICA.

Imagem 41 | Residência, Thomas Jefferson, 1796-1806,


Monticello, Virgínia.
Imagem 42 | Casa Branca, James Hoban,
Washington D.C., EUA, 1792-1800.
Imagem 43 | Capitólio, William Thorton,
Washington D.C., EUA, 1793-1800.
ROMANTISMO HISTÓRICO
Romantismo histórico

Algumas características

_ Queda de Napoleão e um ceticismo ante o mundo


idealizado de glória.

_ Retomada de algumas questões históricas: o cristianismo


como religião histórica; a autonomia das nações em
oposição ao universalismo imperial napoleônico; o
sentimento individual em oposição ao racionalismo; a
história como experiência em oposição à história como
modelo.

_ Arte como ato de inspiração, recolhimento, reflexão.


(ARGAN, 1997)
Romantismo histórico

Algumas características

_ Revalorização da tradição cultural germânica por


pensadores como Schlegel.

_ Técnicas industriais como grande força criativa. Incentivo à


criatividade, genialidade, espírito aventureiro.

_ Arte que não seja apenas religiosa, mas expresse o ethos


religioso, restituindo um fundamento ético ao trabalho
humano.

_ Revalorização da arquitetura gótica por seu viés cristão,


transcendental (“para o alto”), burguês e comunitário.
(ARGAN, 1997)
Pintura romântica

Francisco Goya

Goya (1746-1828) é um pintor espanhol que rejeita os temas


do tipo antigo, sendo grande conhecedor dos antepassados
da Espanha, como El Greco e Velázquez. Começa sua
carreira fazendo retratos para a corte espanhola.

Desenvolveu também uma diversidade de gravuras, como


Rembrandt, com temas diversos, oníricos, fantásticos.

Suas obras, assim, revelam a realidade do feio, da


perturbação, do pesadelo, colocando-se como testemunha
de seu tempo.
(ARGAN, 1997; GOMBRICH, 2012)
Imagem 44 | A família do infante Don Luis,
Francisco Goya, 1784.
Imagem 45 | A maja nua, Francisco Goya, 1800.
Imagem 46 | Fuzilamento (1808), Francisco Goya, 1814.
Imagem 47 | Saturno devorando um filho, Francisco Goya, 1823.
Imagem 48 | O sonho da razão produz monstros, Francisco Goya, 1799. Gravura.
Pintura romântica

William Blake

Blake (1757-1827) é poeta, pintor e místico britânico que


ignorava o academicismo. Vivia em seu próprio mundo,
desprezando a “arte oficial”, não aceitando seus padrões, e
sendo considerado louco por muitos.

Vivia de fazer gravuras, ilustrando seus próprios poemas.


Não fazia desenhos ou pinturas do natural e confiava
inteiramente em seu olhar interior. Não lhe importava, como
aos medievais, representações exatas ou naturalistas, mas a
externalização de seus sonhos.
(ARGAN, 1997; GOMBRICH, 2012)
Imagem 49 | O ancião dos dias, William Blake, 1794.
Água-forte com quarela, 23,3 x 16,8 cm.
Imagem 50 | Newton, William Blake, 1795.
Pintura romântica

William Turner

Turner (1775-1851) foi um artista de enorme sucesso, cujas


telas causavam sensação na Academia Real. Ele foi um
pintor de paisagens que buscava superar as de Claude
Lorrain.

Porém, com o tempo, sua pintura torna-se, diferentemente da


de Lorrain, cheia de movimento, com marcas de
deslumbramento, efeitos e dramas diversos. A intuição, para
ele, vem a priori.
(ARGAN, 1997; GOMBRICH, 2012)
Imagem 51 | Dido construindo Cartago, Turner, 1815.
Óle sobre tela, 155,6 x 231,8 cm.
Imagem 52 | Vapor numa tempestade de neve, Turner, 1842.
Óleo sobre tela, 91,5 x 122 cm.
AQUI TEM-SE A IMPRESSÃO DO BARCO,
DA BANDEIRA SE AGITANDO,
DO MAR BRAVIO E DA LUTA CONTRA ESTE.

Imagem 52 | Vapor numa tempestade de neve, Turner, 1842.


Óleo sobre tela, 91,5 x 122 cm.
Imagem 53 | Chuva, vapor e velocidade, Turner, 1842.
APARECEM AQUI, JÁ,
AS MÁQUINAS E OS EFEITOS
DA INDUSTRIALIZAÇÃO
NA INGLATERRA.

Imagem 53 | Chuva, vapor e velocidade, Turner, 1842.


Pintura romântica

John Constable

Constable (1776-1837) também pintor paisagista,


diferentemente de Turner, parte do estudo da pintura
paisagística holandesa.

Para ele, não existe um espaço universal dado a priori, sendo


este composto de coisas (árvores, casas, nuvens) que serão
captadas como manchas coloridas, que ele se esforça para
representar na imediaticidade.

Assim, ele continuou onde Gainsborough havia parado,


desprezando efeitos convencionais, e buscando ser fiel à
própria visão.
(ARGAN, 1997; GOMBRICH, 2012)
Imagem 54 | A carroça de feno, John Constable, 1821.
Imagem 55 | Estudo de troncos de árvore, John Constable, 1821.
Imagem 56 | A represa e o moinho de Flatford, John Constable, 1811.
Pintura romântica

Caspar David Friedrich

Friedrich (1744-1840) foi um pintor, gravurista, desenhista e


escultor alemão, contemporâneo de Turner, filho de uma
família luterana.

Suas paisagens “refletem o estado de espírito da poesia


lírica romântica do seu tempo”. Uma das características mais
originais de sua obra é o uso da paisagem para evocação de
sentimentos religiosos, de onde advém sua fama mística.

(GOMBRICH, 2012)
Imagem 57 | O andarilho acima do mar de nevoeiro, Friedrich, 1817.
Imagem 58 | O mar de gelo, Friedrich, 1824.
Imagem 59 | Paisagem com lago nas montanhas pela manhã, Friedrich, 1823.
Pintura romântica

Eugène Delacroix

Delacroix (1798-1863), em oposição a Ingres, neoclássico,


não tinha paciência para discutir a arte greco-romana.
Acreditava no valor das cores, ainda mais que do desenho,
bem como da imaginação, para constituir obras.

Cansado de temas eruditos, foi para o norte da África, a partir


de 1832, para estudar as cores e as roupagens do mundo
árabe. Seus quadros, em geral, não apresentam clareza de
contornos, nem modelação do nu em tons graduados de luz
e sombra. Não há poses ou comedimento, nem temas
patrióticos e edificantes.
(GOMBRICH, 2012)
Imagem 60 | A morte de Sardanápalo, Delacroix, 1827.
Imagem 61 | A liberdade guia o povo, Delacroix, 1830.
Imagem 62 | Cavalaria árabe fazendo uma investida, Delacroix, 1832.
Imagem 63 | A jangada da Medusa, Theodore Géricault, 1818.
Arquitetura neogótica

No período romântico, já no século XIX, a arquitetura toma


formas neogóticas, ou seja, revive o período gótico. É o início
do chamado período dos revivalismos, em que uma série de
estilos serão retomados.

Por exemplo, o gótico era bem aceito para uma grande


maioria de construções, mas retomou-se o estilo barroco
para teatros e casas de ópera. Palácios e ministérios, por sua
vez, eram feitos em estilos da Renascença italiana.
(GOMBRICH, 2012)
Imagem 64 | Parlamento de Londres, Charles Berry e Augustus Welby Northmore Pugin,
Londres, 1835. Edifício em estilo neogótico.
SIR BERRY, CONTRATADO PRO PROJETO, ERA
CONHECEDOR DO ESTILO DA RENASCENÇA,
MAS DEFINIU-SE QUE O PARLAMENTO DEVERIA
SER GÓTICO, PERÍODO DAS LIBERDADES CIVIS
INGLESAS. DAÍ, CHAMOU-SE PUGIN PARA
ORNAMENTAR A EDIFICAÇÃO.

Imagem 64 | Parlamento de Londres, Charles Berry e Augustus Welby Northmore Pugin,


Londres, 1835. Edifício em estilo neogótico.
Imagem 66 | Castelo de Pierrefonds, Eugène Viollet-le-Duc,
nos arredores de Paris, 1858-1867.
Imagem 67 | Restauro da Catedral de Notre-Dame, Paris,
por Viollet-le-Duc. O arquiteto irá retomar o gosto e valor
das edificações medievais na França do século XIX.
Imagem 68 | Restauro da Catedral de Notre-Dame, Paris,
por Viollet-le-Duc. O arquiteto irá retomar o gosto e valor
das edificações medievais na França do século XIX.
Imagem 69 | Restauro da Catedral de Notre-Dame, Paris,
por Viollet-le-Duc. O arquiteto irá retomar o gosto e valor
das edificações medievais na França do século XIX.
Fotografia de Henri Le Secq, 1853.
O REALISMO
O realismo

O realismo surge como um movimento do século XIX, em


que os artistas irão buscar uma representação mais
“realista” ou fidedigna das coisas, quer sejam paisagens,
quer cenas ou personagens.

Entre estes, está Gustave Courbet (1819-1877) quem deu


nome ao movimento ao chamar uma de suas exposições de
Le réalisme. Courbet buscava, em suas obras, apenas e tão
somente a verdade (como um Caravaggio). Procura, através
de sua arte, representar o mundo tal como o via, seguindo
sua própria consciência artística, sem convencionalismos.
(GOMBRICH, 2012)
Imagem 70 | Bonjour Monsieur Courbet, Gustave Courbet,
1854. Óleo sobre tela, 129 x 149 cm.
Imagem 71 | O homem desesperado (Autorretrato),
Gustave Courbet, 1845. Óleo sobre tela, 45 x 55 cm.
Imagem 72 | A origem do mundo, Gustave Courbet, 1866.
Esta obra só foi exposta de fato em 1995.
Imagem 73 | Mulheres peneirando trigo, Gustave Courbet, 1853.
Óleo sobre tela, 1,31 x 1,67 m.
O realismo

Escola de Barbizon

Forma-se, na década de 1830, na França, esta escola


paisagista, com artistas que vão se alojar nesta região, aldeia
próxima à floresta de Fontainebleau. Théodore Rousseau
esteve à frente do processo, mas outros se juntaram, como
Constant Troyon (1810-1865), Jules Dupré (1811-1889) ou
François Millet (1814-1875).

Estes artistas foram influenciados por Camille Corot


(1796-1875) e suas pinturas paisagísticas, mas acabaram
por seguir diferentes caminhos, que podem ser considerados
parte do movimento do “realismo”. Reuniram-se me Barbizon
para, cada um, encontrar seu modo de exprimir a natureza.
(ARGAN, 1997; GOMBRICH, 2012)
Imagem 75 | A estrada de Sèvres a Paris, Camille Corot,
1855-1965. Óleo sobre tela, 34 x 49 cm.
Imagem 76 | A Catedral de Chartres, Camille Corot, 1830.
Óleo sobre tela, 65 x 50 cm.
Imagem 77 | Paisagem (?), Theodore Rousseau, 1845.
Cor sobre madeira, 34 x 45 cm.
Imagem 78 | Vista de Montmartre, Théodore Rousseau, 1848.
Óleo sobre tela, 95 x 72 cm
Imagem 79 | As respigadeiras, Jean-François Millet, 1857.
Óleo sobre tela, 83,8 x 111 cm.
AQUI, O REALISMO SE FAZ
NAS PINTURAS COM TEMÁTICAS
COTIDIANAS, MOSTRANDO TRABALHADORES
DO CAMPO EM SEUS AFAZERES.
NÃO HÁ BELEZA OU GRACIOSIDADES,
O CAMPO NÃO É IDÍLICO.

Imagem 79 | As respigadeiras, Jean-François Millet, 1857.


Óleo sobre tela, 83,8 x 111 cm.
AINDA NÃO TERMINAM AQUI
AS INOVAÇÕES DO SÉCULO XIX
NA ARTE E NA ARQUITETURA.
VEREMOS MAIS NAS PRÓXIMAS
AULAS! O IMPRESSIONISMO
E PÓS-IMPRESSIONISMO
OS AGUARDAM!
Referências

ARGAN, Giulio Carlo. Arte moderna. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.

GOMBRICH, Ernst Hans. A história da arte. Rio de Janeiro: LTC, 2012.

KRUFT, Hanno-Walter. História da Teoria da Arquitetura. São Paulo: Editora da Universidade de São
Paulo, 2016.

Notas do curso “Filosofia da Arte”, Natália Léon.

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