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Compostos Orgânicos II

RESUMO DO SEMINÁRIO
Discentes: Maria Clara Machado e Stefânia Graces. Docente: Bárbara Viero de Noronha.
Data: 9 de dezembro de 2020

Mecanismos de reações de aminas, fenóis e haletos de arila


Introdução às Aminas
As aminas são derivadas da amônia em que um ou mais prótons foram substituídos por
grupos alquila ou arila. Elas são classificadas como primária, secundária ou terciária, dependendo do
número de grupos ligados ao átomo de nitrogênio. As aminas são abundantes na natureza ocorrendo
naturalmente isoladas a partir de plantas, denominadas de alcalóides. Há exemplos de vários
alcalóides conhecidos, como: morfina, cocaína e nicotina. Muitas aminas também desempenham um
papel vital na neuroquímica, como a adrenalina, noradrenalina e dopamina (KLEIN, 2016).

Reações de Aminas​ - ​Alquilação


A amônia é um ótimo nucleófilo e rapidamente sofrerá alquilação, quando tratada como um
haleto de alquila. Essa reação prossegue via um processo Sn2 seguido pela desprotonação para
produzir uma amina primária. À medida que a amina primária é formada, ela pode sofrer alquilação
posterior para produzir uma amina secundária, que ainda sofre outra alquilação para produzir uma
amina terciária. Por último as aminas terciárias podem ser convertidas em sais de amônio quaternário
(KLEIN, 2016).

Síntese de Gabriel
A síntese de Gabriel é outro método para a preparação de aminas primárias evitando a
formação de aminas secundária e terciárias. O principal reagente é a ftalimida de potássio, que é
preparada tratando-se a ftalimidia com hidróxido de potássio (KLEIN, 2016). O ânion ftalimida é um
nucleófilo forte e ele reage com haleto de alquila através de um mecanismo Sn2 produzindo uma
N-alquilftalimida. Neste ponto, a N-alquilftalimida pode ser hidrolisada com solução aquosa de ácido
ou base, mas a hidrólise é normalmente difícil. Geralmente, é mais conveniente tratar a
N-alquilftalimida com hidrazina em etanol em refluxo para obter uma amina primária e a
ftalazina-1,4-diona (SOLOMONS, 2018).

Acilação

As aminas reagem com haletos de acila para produzir amidas. A reação ocorre via um
processo de substituição nucleofílica acílica, e o HCl é um subproduto da reação. Como o HCl é
produzido, a amina de partida protonada para formar um íon amônio, que não ataca o haleto de acila.
Portanto, são necessários dois equivalentes da amina. A acilação de um grupo amina é uma técnica

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extremamente útil quando reações de substituição eletrofílicas aromáticas são realizadas, porque
permite transformações que de outro modo são difíceis de realizar (KLEIN, 2016).

Eliminação de Hofmann

A utilização de sais de amônio quaternário podem ser utilizados para preparação de alquenos.
Todas as eliminações envolviam substratos eletricamente neutros. No entanto, são conhecidas
eliminações nas quais o substrato contém uma carga positiva. Uma dessas eliminações mais
importante é a eliminação do tipo E2, que ocorre quando se aquece um hidróxido de amônio
quaternário. Os produtos são um alqueno, água e uma amina terciária. Essa reação foi descoberta em
1851 por August W. von Hofmann, e desde então, ela é conhecida por seu nome (SOLOMONS, 2018).

Breve introdução aos fenóis


Os fenóis são compostos que têm um grupo hidroxila ligado diretamente a um anel benzênico
ou benzenoide. O fenol foi primeiramente isolado no início do século XIX do alcatrão da hulha. E uma
pequena parte dos mais de 2 milhões de toneladas de fenol produzidos nos Estados de Unidos vem
dessa fonte, todos os anos. Praticamente, quase todo o fenol produzido comercialmente é sintético
(CAREY, 2011). A eclosão da Primeira Guerra Mundial forneceu um estímulo para a preparação
industrial de grande quantidade de fenol sintético, que era necessário como matéria-prima para
fabricar o explosivo, ácido pícrico (2,4,6-trinitrofenol) (MCMURRY, 2016).

Os componentes fenólicos são produtos naturais muito comuns. A vanilina dá ao grão de


baunilha seu sabor, o eugenol está presente no óleo de cravo e o timol no tomilho. Muitos pigmentos
de plantas são fenóis tricíclicos chamados de flavonoides, os quais entre outras têm propriedades
antioxidantes. Um flavonoide do chá verde e do vinho tinto, a (+)-catequina, pode ser um dos
responsáveis na baixa incidência de aterosclerose no Japão e na França (CAREY, 2011).

Reações de Fenóis
Reação de Substituição Eletrofílica Aromática
A reação de Br2 com fenol não precisa de catalisador, pois o fenol é mais reativo que o benzeno.
Isto ocorre devido a presença de OH com o par de elétrons não ligantes que contribuem para a
formação de um HOMO de maior energia. Tudo o que se precisa fazer é gotejar bromo a uma solução
de fenol em etanol. O precipitado é o produto 2,4,6-tribromofenol. O produto mostra que a bromação
ocorre na posição para e nas duas posições orto. Somente as posições orto e para reagem porque o
grupo OH é um grupo chamado orto/para dirigente frente a eletrófilos. Podemos entender este
padrão olhando para as setas no esquema abaixo. As posições orto e para são posições ricas em
elétrons. Pode-se perceber então que a hidroxila “ativa” o anel aromático para reações com
eletrófilos, tornando-o mais reativo quando comparado ao benzeno. É a doação de elétrons do
oxigênio ao anel aromático que leva a esta diferença de reatividade.

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Reações de haletos de arila
A aromaticidade confere uma estabilidade adicional. Portanto, a perda da aromaticidade
representa a formação de um produto menos estável e não ocorre. Com isto, reações de adição não
ocorrem em sistemas aromáticos, pois haveria a formação de um produto não aromático. Já em
reações de substituição, ocorre a perda da aromaticidade para formação de um intermediário, porém
a aromaticidade é restituída para formação do produto. Portanto, sistemas aromáticos reagem
somente por substituição.

O tipo mais comum de substituição em anéis aromáticos é a substituição eletrofílica. Neste


caso, o anel aromático age como nucleófilo atacando uma espécie eletrofílica. O anel aromático
utiliza os elétrons π para o ataque nucleofílico. O mecanismo ocorre em duas etapas:

1) Etapa 1: Ataque ao eletrófilo originando um intermediário catiônico;

2) Etapa 2: Perda de um próton e restauração da eletrofilicidade;

O intermediário catiônico é menos estável que o material de partida ou que o produto, mas este
intermediário é consideravelmente estável para ser formado por causa da deslocalização eletrônica
que ocorre através do anel aromático. A carga positiva formada pode ser deslocalizada para as duas
posições orto e para a posição para em relação ao eletrófilo.

Nitração
Esta reação realiza a introdução do grupo nitro (-NO2) em anéis aromáticos. É uma reação
importante, pois o grupo nitro pode ser convertido em outros grupo nitrogenados. Para realizar a
reação de nitração em compostos aromáticos são necessários reagentes potentes como
H2SO4/HNO3. A primeira etapa é a geração de um eletrófilo forte, neste caso NO2 + . Esta espécie é
gerada através da interação dos dois ácidos: o H2SO4 que é ácido mais forte protona o HNO3, que
desidrata (perde água).

Após, o íon nitrônio, que é muito reativo, se combina com o benzeno para levar ao produto
nitrado. O benzeno ataca a carga positiva do nitrogênio, levando ao mesmo tempo a quebra de uma
ligação π N=O. Ocorre a formação do intermediário catiônico e, após a eliminação de um próton a
aromaticidade é restituída e, o produto nitrado é formado.

Sulfonação
O benzeno reage com o ácido sulfúrico levando ao Ácido Benzeno-sulfônico. A primeira etapa é
a protonação de uma molécula de ácido sulfúrico pela outra, levando ao eletrófilo (SO​3​+ ). Este
eletrófilo é reativo o suficiente para reagir com o benzeno. O intermediário catiônico também pode
ser gerado por protonação de SO​3​. O ácido sulfônico produzido é um ácido quase tão forte quanto
ácido sulfúrico (mais forte que HCl) e pode ser isolado como um sal de sódio.

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Halogenação aromática
Apesar do bromo reagir rapidamente com alquenos, ele é um eletrófilo muito fraco para reagir
em velocidade apreciável com o benzeno sem a presença de um catalisador. As condições reacionais,
geralmente empregadas, são Br​2 na presença de Fe em quantidades catalíticas. O catalisador ativo
não é o ferro, mas FeBr​3​, formado pela reação entre Ferro e Bromo. O FeBr3 formado in situ deixa o
bromo mais eletrofílico.

A cloração ocorre de maneira similar enquanto a fluoração e a iodinação do benzeno raramente


são realizadas. O flúor é tão reativo que sua reação com o benzeno é difícil de controlar, já o iodo leva
a uma reação muito lenta e com uma constante de equilíbrio desfavorável.

Questões
1. Introduzida no mercado no ano de 1988, a fluoxetina é hoje um dos fármacos
antidepressivos mais indispensáveis no Brasil. Com base na sua fórmula molecular, indique
qual tipo de reação dá origem ao flúor neste composto.

a. Reação de Adição
b. Reação de substituição eletrofílica aromática.
c. Reação de substituição nucleofílica aromática.
d. Reação de eliminação.
e. Reação de Acilação de Friedel-Crafts.

2. Justifique por que em sistemas aromáticos acontecem reações de substituição


eletrofílica e não adição eletrofílica, como acontece nos compostos insaturados, alcenos e
alcinos.

A aromaticidade confere uma estabilidade adicional. Portanto, a perda da aromaticidade


representa a formação de um produto menos estável e não ocorre. Com isto, reações de adição não
ocorrem em sistemas aromáticos, pois haveria a formação de um produto não aromático. Já em
reações de substituição, ocorre a perda da aromaticidade para formação de um intermediário, porém
a aromaticidade é restituída para formação do produto. Portanto, sistemas aromáticos reagem
somente por substituição.

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3. Qual é o nome dos fenóis tricíclicos que são pigmentos de plantas?
a. fenol
b. flavonoides
c. haletos de arila
d. álcoois
e. haletos de acila

4. Qual é o nome do mineral que deu origem ao primeiro fenol isolado, no início do
século XIX?
a. carvão
b. cobre
c. alcatrão de hulha
d. quartzo
e. ouro

5. Qual é o nome das aminas que são isoladas a partir das plantas?
a. alcaloides
b. adrenalina
c. putrescina
d. arila
e. morfina

Referências bibliográficas
CAREY, Francis A. ​Química orgânica: volume 2. Porto Alegre : AMGH, 7. ed., 2011.

KLEIN, David. ​Química orgânica, volume 2.​ Rio de Janeiro: LTC, 2. ed., 2016.

MCMURRY, J. ​Química Orgânica​–Combo, 6a Edição, 2005.

MCMURRY, John. ​Química orgânica: volume 1. São Paulo, SP : Cengage Learning, 3. ed., 2016.

SOLOMONS, T. W. Graham. ​Química orgânica: volume 2.​ Rio de Janeiro : LTC, 12. ed., 2018.

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