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Processo Educacional
Conteudista
Prof.ª Dra. M.ª Ana Alice Reis Pieretti
Prof.ª M.ª Caroline Battistello Cavalheiro de Souza
Revisão Textual
Camila Yuraki Ferrari
Revisor Técnico
Prof. Me. Bruno Pinheiro Ribeiro
Sumário
Objetivos da Unidade.............................................................................................................3
Introdução............................................................................................................................... 4
O Papel do Professor.......................................................................................................................... 7
O Sujeito Estudante............................................................................................................................8
O Projeto Langevin-Wallon................................................................................................. 11
Em Síntese..............................................................................................................................21
Material Complementar..................................................................................................... 22
Referências............................................................................................................................ 23
Objetivos da Unidade
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VOCÊ SABE RESPONDER?
Introdução
Estudar as contribuições de Henri Wallon é a possibilidade de apropriar-se de uma
forma de pensamento que:
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Figura 1 – Henri Wallon
Fonte: Wikimedia commons
Entre 1937 e 1949, leciona no Collége de France, propondo uma cadeira que se
chamava “Psicologia e Educação Infantil”. Em 1936, participa junto da Frente Po-
pular de um projeto de implementação chamado de “as classes novas”, no qual
“classes de sexta série onde, pela primeira vez, se praticavam os métodos ativos
e a observação contínua dos estudantes, largamente inspirados, entre outros, por
Decroly” (GRATIOT-ALFANDÉRY, 2010, p. 14). Esse projeto foi abruptamente in-
terrompido com a erupção da Segunda Guerra Mundial e somente retomado em
meados dos anos 1940, de modo reduzido e limitado.
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Figura 2 – A destruição da guerra
Fonte: Freepik
Pressupostos de Ensino e
Aprendizagem na Abordagem
de Wallon
Os textos de Wallon apresentam diversas contribuições no que diz respeito ao pro-
cesso de ensino e aprendizagem, tratando da importância do papel do professor
para a formação do aluno, de forma que o estudante é aquele que vai entrar em
contato com os conhecimentos culturais, especialmente no ambiente da escola.
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O Papel do Professor
O professor ocupa uma posição muito importan-
te na educação do sujeito. Ele é parte essencial da
O papel do professor, na instituição escolar, principalmente para o ensino de
visão de Wallon, é o de conteúdos culturais e para a formação acadêmica
manter a unidade grupal e integral. O papel do professor, na visão de Wallon,
é o de manter a unidade grupal (manter o grupo de
alunos uno), percebendo as questões dos alunos ao
mesmo tempo em que se mantém afastado para
que não seja influenciado por elas, de maneira que
essas questões não interfiram no processo de ensi-
no e aprendizagem (GALVÃO, 1993).
Wallon também trata de outra questão para a qual o professor deve se atentar: suas
próprias manifestações afetivas. Estas possivelmente surgirão em relação aos seus
alunos, por exemplo, uma manifestação de raiva em relação a um aluno com com-
portamento inadequado. Na visão de Wallon, não cabe ao professor controlar as
situações de sala de aula a partir do domínio das manifestações dos estudantes,
mas sim entender o seu significado e lidar com essas manifestações, de forma que
possibilitem uma melhor aprendizagem (GRATIOT-ALFANDÉRY, 2010).
Importante
Além disso, para Wallon, o professor não é o detentor do saber
e o único responsável pela transmissão do conteúdo, da mesma
forma que também não é legado somente à criança decidir so-
bre essa questão. Porém, a intervenção do professor ainda é um
fator essencial para o desenvolvimento e a aprendizagem dos
alunos e para a incorporação do conteúdo (GALVÃO, 1993).
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Para compreendermos como se dá o processo de ensino e aprendizagem de acordo
com a perspectiva de Wallon, é necessário entender não apenas a visão que ele tem
do papel do professor, mas também qual o papel desempenhado pelo estudante, o
qual será abordado no próximo tópico.
O Sujeito Estudante
O estudante é o sujeito que vai aprender os conhecimentos da sua cultura. É impor-
tante considerar que cada estudante apresenta particularidades tanto em seu nível
de desenvolvimento quanto em relação ao contexto no qual está inserido. Dessa for-
ma, ele deve ser considerado como um todo, respeitando-se os aspectos biológicos,
sociais e psicológicos dele.
Na perspectiva de Wallon, o aluno deve ser visto pelo professor como o centro do
processo educativo, ou seja, deve ser considerado desde o planejamento das aulas
até o momento da avaliação. O docente deve levar em conta que os alunos possuem
potencialidade cognitiva de acordo com o seu desenvolvimento mental, a sua idade
e a sua história de vida (BESSA, 2008).
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Além disso, Wallon considera que o aluno enquanto sujeito atua diretamente sobre
o mundo. Inicialmente essa atuação ocorre com os avanços em sua motricidade, o
que fornece alguma autonomia para ele agir sobre o ambiente. Essa autonomia é
aumentada a partir do momento que o sujeito adquire linguagem e, dessa maneira,
desenvolve habilidades mais sofisticadas para lidar com o ambiente.
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A Dialética dos Estágios de
Desenvolvimento
Henri Wallon desenvolve uma tese psicogenética
sobre o desenvolvimento da personalidade que en-
Os estágios do desenvol- volve afetividade e inteligência e que se realiza de
vimento não ocorrem de modo dialético. Sendo assim, os estágios do desen-
forma linear e sucessiva. volvimento não ocorrem de forma linear e sucessi-
va. As produções dele se dão por meio de rupturas
e sobreposições, que incorporam, de modo dinâmi-
co, as condições anteriores. Essa forma de relação
faz com que as crianças ressignifiquem e ampliem
as fases passadas, por meio de processos que pen-
dulam entre momentos de maior interiorização e
outros de maior exteriorização.
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• Estágio 4 – Categorial (6 a 11 anos): mais uma vez predominando a
inteligência e a exterioridade, no estágio categorial, que se estende
até por volta dos onze anos de idade, a criança passa a pensar concei-
tualmente, avançando para o pensamento abstrato e raciocínio sim-
bólico, favorecendo funções como a memória voluntária, a atenção e
o raciocínio associativo;
O Projeto Langevin-Wallon
O projeto Langevin-Wallon surgiu em 1944, quando Wallon foi convidado pelo Mi-
nistério de Educação Nacional para fazer uma reforma no ensino francês. Wallon
substituiu Langevin, que era presidente da comissão para a reforma do ensino, em
1946. O projeto, que nunca chegou a ser implantado, foi iniciado por Langevin e teve
sua versão final redigida por Wallon. É considerado a expressão mais clara de seu
modelo pedagógico (GALVÃO, 1995).
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Figura 5 – Educação segundo as capacidades dos alunos
Fonte: Freepik
Justiça
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Orientação
Cultura Geral
• 3° ciclo (15 a 18 anos): os alunos escolhem entre três seções (estudos teóricos,
profissionais e práticos) e se encaminham para uma delas.
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A Análise do Processo Educacional
nas Obras de Wallon
Segundo as implicações pedagógicas da visão de Wallon, o grupo e o meio educa-
cional têm importância fundamental para o desenvolvimento da criança. Os grupos
permitem que o aluno vivencie diferentes papéis sociais, o que é essencial para sua
formação como ser humano.
Importante
Por isso, é necessário que haja respeito do professor pelo aluno,
o que consiste em entender o estudante em seu nível de de-
senvolvimento, seu contexto e seu ritmo de aprendizagem, de
maneira que a atuação daquele que ensina esteja voltada para o
estudante.
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Para que o professor consiga cumprir bem sua função social, faz-se necessário pen-
sar em sua formação acadêmica e psicológica, de forma que ele é um dos principais
responsáveis pela formação do aluno, não apenas ao ensinar os conteúdos escola-
res, mas também no desenvolvimento do estudante como um ser humano.
O professor deve se atentar para os papéis vivenciados no grupo e evitar que esses
papéis sejam fixados. Por exemplo, o aluno deve experimentar o papel de líder, mas
também de liderado.
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Importante
Outra questão que o educador deve observar é sobre elaborar gru-
pos com outras funções além do brincar, por exemplo, grupos de
estudo, e também analisar momentos em que o aluno preferir per-
manecer sozinho, pois a singularidade do sujeito deve ser mantida.
Outra questão levantada sobre o grupo é que a interação com o outro e com a cultu-
ra vai ampliar o conceito de socialização, de maneira que possibilita que as crianças
socializem nos grupos de família, escola, amigos etc (MAHONEY; ALMEIDA, 2009).
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O respeito ao aluno ocorrerá na observação do estudante em vários de seus aspec-
tos, conforme apontado anteriormente. Além de conhecermos a visão de Wallon so-
bre o respeito ao aluno, é necessário verificar como ele entende a relação temporal
e a função da escola, tema que será tratado a seguir.
Importante
O foco da escola é, de acordo com o pensamento walloniano, o
desenvolvimento do ser humano e o fortalecimento da noção
do eu (MAHONEY; ALMEIDA, 2009).
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Considerando a função que a escola tem em formar os indivíduos como seres huma-
nos, é necessário que o professor, o qual possui papel fundamental nessa instituição,
tenha conhecimentos sobre Psicologia, conforme será abordado no próximo tópico.
A Importância da Formação
Psicológica do Professor
O professor é um dos responsáveis pela formação do aluno não apenas em relação aos
conteúdos acadêmicos, mas também pelo seu desenvolvimento enquanto ser humano.
Nesse sentido, sua formação será de extrema importância para uma melhor atuação
profissional. A sala de aula é vista como uma oficina de convivência e, dessa forma, o
professor desempenhará o papel de profissional das relações, pois será um modelo
para o aluno (MAHONEY; ALMEIDA, 2009).
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Uma Educação Integral
Wallon acredita que afetividade, ação motora e inteligência são indissociáveis; sendo
assim, os processos pedagógicos devem levar em conta essa conexão para elaborar
um projeto de educação integral.
Para ele (Wallon), o ser humano é organicamente social. Isso porque está
nessa força da emotividade humana e em seu caráter contagioso e epidê-
mico as condições para que seja mediada pela cultura, interpretada pelo
adulto e promotora, a partir de então, do desenvolvimento cognitivo da
criança.
A atividade motora, para Wallon, também é mediada por instâncias sociais e, por-
tanto, sua produção não é realizada apenas pelas intenções concernidas especifica-
mente aos indivíduos.
Importante
A motricidade humana é uma forma de expressão de afetivi-
dade que se realiza corporalmente de diversas maneiras, como
gestos, manifestações faciais, expressões corporais etc.
Wallon destaca que essas atividades são expressas em direção ao outro, a partir de
intenções, manifestações e solicitações de afeto, ou mesmo de ações involuntárias,
como os automatismos. Esse processo de comunicação com o outro vai se sofisti-
cando à medida que a criança absorve e compreende os signos culturais, podendo,
então, dominar suas formas motoras de expressão e contato.
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Figura 9 – Le Temps, de Aki Kuroda
Fonte: Wikimedia Commons
A partir dessa distinção das fases do desenvolvimento, Wallon promove uma impor-
tante reflexão para os processos educacionais, chamando a atenção para a neces-
sidade de que não se molde o desenvolvimento da criança de modo adultocêntrico.
Com isso, Wallon destaca que muitas vezes o olhar sobre o desenvolvimento infantil
fica preso ao referencial adulto, gerando, assim, equívocos a respeito do comporta-
mento demonstrado pela criança.
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Em Síntese
Wallon é, portanto, um teórico importante para as reflexões sobre o desenvolvimen-
to da criança e os processos educacionais. Rompendo com as perspectivas lineares
de desenvolvimento, criticando as formulações que desconsideravam ou diminuí-
am as influências sociais e as produções afetivas e questionando a preponderância
do referencial adulto nas experiências educacionais, a teoria walloniana segue sen-
do importante e fundamental para a elaboração de projetos educacionais mais
complexos.
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Material Complementar
Vídeos
Psicologia da Educação – A Psicogenética de Henri Wallon
https://youtu.be/Vq3KzirSXAU
Leituras
Contribuições de Henri Wallon à Relação Cognição e Afetividade na
Educação
https://bit.ly/475ft8J
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Referências
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