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INSTITUTO EDUCACIONAL
WALLON
INSTITUTO WALLON EDUCACIONAL INSTITUTO EDUCACIONAL
1
www.institutowallon.com.br
WALLON DIDÁTICA
INSTITUTO EDUCACIONAL
APRESENTAÇÃO
Abraços!
Direção Geral
Sumário
1
Paulo Freire criou o substantivo quefazer para indicar que o ato de educar é uma atividade humana e,
como tal, é uma ação contínua, que se interroga a cada momento acerca dos rumos a tomar.
2
A palavra educação nos remete a duas acepções: desenvolvimento e intervenção. A Didática faz parte da
segunda acepção, a intervenção. É uma intervenção que requer alguma exigência profissional, não
podendo, pois, presumir que seja apenas a ordenação de algumas operações sobre o sujeito. Trata-se de
uma complexa construção que leva em conta tanto o sujeito da intervenção e sua tríplice característica
psicológica, biológica e social, como a cultura e a produção do saber.
(Martins, 1996, p. 5).
3
Educare: Uma das formas verbais em latim da palavra educação.
4
Educere: Que diz respeito a trazer à luz, a educar, a ter cuidado na criação de alguém.
primitivas os jovens passavam por um ritual de iniciação para ingressarem nas atividades
do mundo adulto. Podemos considerar esse ritual uma forma de ação pedagógica,
embora lá não estivesse presente o didático como forma intencional de ensino.
A escola como direito de todos, como conhecemos hoje, surgiu somente no século
XVIII, tendo como função organizar, sistematizar e transmitir todo o conhecimento
produzido pela humanidade.
No entanto, desde a Antiguidade Clássica, filósofos como Sócrates5, Platão6,
Aristóteles7 e, posteriormente, na Idade Média, São Tomás de Aquino8, representaram o
pensamento da época ao desenvolverem e difundirem, como filósofos e educadores, suas
concepções de mundo (Damis, 1992, p. 14).
Foi no período medieval, com o monopólio educacional exercido pela Igreja, mais
conhecido como Escolástica9 que surgiu o tradicional conceito de práticas pedagógicas
fundadas na palavra do mestre e na disciplina.
5
Sócrates: Filósofo grego nasceu em Ática por volta de 470 a.C. e morreu em Atenas em 399 a.C. Sua vida
é inseparável de seu ensino. É representado como uma figura vestida com um manto ordinário, percorrendo
as ruas descalço, com aspecto vulgar, mas de temperamento vigoroso. Qualquer pretexto lhe servia para
propagar seus ensinamentos. Apresentava-se como um homem que nada sabia e interrogava sem cessar
os atenienses, principalmente os jovens, para destruir a cultura adquirida sem reflexão, com intuito de
substituir os preconceitos por um saber que emergisse do interior do ser humano. Essa ironia lhe valeu a
condenação à morte sob o pretexto de que corrompia a juventude. Tomou cicuta, conversando com seus
discípulos, e morreu com absoluta serenidade.
6
Platão: Outro grande filósofo grego nasceu em (ou perto de) Atenas em 429 a.C., ano da morte de
Péricles. O seu nome era Aristocles Platão, conhecido como O Largo, alcunha motivada, provavelmente,
pela sua figura. Começou por escrever poesias; mas depois de ter encontrado Sócrates, aos 20 anos,
queimou-as. Foi, durante 10 anos, seu discípulo, acompanhando-o no seu julgamento e morte. Depois
viajou muito e passou a ensinar Filosofia em Atenas; um de seus alunos foi Aristóteles. Os seus Diálogos
são, ainda, o mais nobre conjunto do pensamento filosófico que existe, e a sua beleza literária é sem igual.
Diz Emerson que de Platão vêm todas as coisas tratadas e discutidas por homens que pensam [...] Platão é
a filosofia, e a filosofia é Platão.
7
Aristóteles: Filósofo grego que viveu entre 384 a.C. e 322 a.C. Após a morte de seu pai, fixou-se em
Atenas onde ouviu durante 20 anos as lições de Platão. Com a morte de seu mestre em 348 a.C., foi para
Atarnéia onde se casou. Foi preceptor de Alexandre, o Grande. Em Atenas, fundou a escola do Liceu, onde
o mestre dava suas lições passeando com os alunos. Após a morte de Alexandre, em 323 a.C., Aristóteles,
mal visto pelos atenienses, refugia-se na ilha de Eubéia. Condenado à morte, morreu no mês de agosto de
322 a.C., com 62 anos. Seus tratados provêm de notas tomadas por seus ouvintes; não foram redigidos por
ele; constituem um vasto conjunto enciclopédico, dividido, posteriormente, em quatro grupos de obras.
Aristotelismo é o nome de sua doutrina.
8
São Tomás de Aquino: Nasceu em Nápoles, sul da Itália, em 1226, e faleceu em 1274 no convento
Fossanuova, próximo de sua cidade, aos 49 anos de idade. É considerado o maior filósofo da Escolástica
Medieval. Inserida no movimento escolástico, a filosofia de Tomás de Aquino (o tomismo) já nasceu com um
objetivo claro: não contrariar a fé. De fato, a finalidade de sua filosofia era organizar um conjunto de
argumentos para demonstrar e defender as revelações do cristianismo. Tomás de Aquino reviveu em
grande parte o pensamento aristotélico, com a finalidade de nele buscar os elementos racionais que
explicassem os principais aspectos da fé cristã. Enfim, fez da filosofia de Aristóteles um instrumento a
serviço da religião católica, ao mesmo tempo em que transformou essa filosofia numa síntese original.
9
Escolástica: No século VIII, Carlos Magno resolveu organizar o ensino por todo seu império e fundar
escolas ligadas às instituições católicas. A cultura greco-romana, guardada nos mosteiros até então, voltou
a ser divulgada, passando a ter uma influência mais marcante nas reflexões da época. Era a Renascença
Carolíngia. Tendo a educação romana como modelo, começaram a ser ensinadas as seguintes matérias:
14
Magister dixit: (palavra do mestre), quando o professor determinava algo, suas determinações não
podiam ser questionadas.
15
Capitalismo: regime econômico de uma sociedade humana caracterizada pelo desenvolvimento dos
bens de produção, por trabalhadores que não são proprietários dos mesmos, ou seja, no qual são
expropriados dos frutos do seu trabalho.
16
Comenius: Entre os reformadores educacionais de todos os tempos, João Amós Comênio merece lugar
de destaque. A história de sua vida (1592-1670) foi marcada pela perseguição, e ele viveu em meio ao
impacto doloroso da Guerra de Trinta Anos. Nasceu em Nivnitz, como membro dos Irmãos da Moravia. Sua
primeira educação foi extremamente inadequada. Aos vinte anos de idade, entrou para um seminário em
Herborn, Nassau, para se preparar para o clero.
17
Publicada em 1632, tinha como princípio fundamental que aquele que se dedica ao ensino deve
selecionar os métodos de modo a obter o máximo de resultado com o mínimo de esforço.
18
Recordando: a História da Educação no Brasil começa em 1549 com a chegada dos padres jesuítas,
responsáveis pelo lançamento das bases de um vasto sistema educacional, que se desenvolveu
progressivamente com a expansão territorial da colônia. Por dois séculos, eles foram quase os únicos
educadores do Brasil. Desde a expulsão dos jesuítas, em 1759, até a transferência da Corte Portuguesa
para o Brasil, em 1808, a educação na colônia passou por um período de desagregação e decadência.
Porém, com a chegada do príncipe regente, D. João VI, modificou-se a política educacional que o governo
português adotava em relação ao Brasil. Diversas instituições educativas e culturais foram inauguradas.
Surgiram os primeiros cursos superiores: escolas de Direito, Medicina, Engenharia, mas não universidades.
Os níveis básicos da educação, entretanto, continuaram ignorados. Com a independência, conquistada em
1822, surgiram novos ideais e a Assembleia Nacional Constituinte discutiu seriamente a questão da
educação popular. Uma lei de 1827 estabeleceu que se criassem escolas primárias em todas as cidades e
vilas mais populosas. Infelizmente, esta lei não foi implementada e, em 1834, a educação primária passou
para a responsabilidade das províncias. A ausência de um centro de formulação da política educacional,
indispensável face às características culturais e políticas do país, acabou comprometendo o
desenvolvimento da educação popular. A expansão do ensino foi lenta e irregular. A proclamação da
República, em 1889, quase nada alterou desse panorama, a não ser pela expansão do ensino superior,
com a criação de grande número de escolas para a formação de profissionais liberais. A política
educacional começou a se modificar após a Primeira Guerra Mundial, quando surgiu uma geração de
grandes educadores, como Anísio Teixeira, Fernando de Azevedo, Lourenço Filho e Almeida Júnior. Datam
deste período diferentes reformas do ensino nos estados. O Manifesto dos Pioneiros da Educação de 1932
sintetizou esse movimento, explicitando os pontos centrais de uma ampla reforma da educação nacional e
influiu poderosamente em toda a orientação posterior. Data da década de 30 a criação das primeiras
universidades brasileiras e amplas reformas do ensino nos demais níveis, que foram importantes apesar da
inspiração burocrática que as guiou, decorrentes da implantação de um regime autoritário. A
redemocratização que se seguiu à Segunda Guerra Mundial levou a um novo ímpeto reformista, de cunho
mais popular. Surgiu nessa época um admirável movimento em prol da escola pública, universal e gratuita,
que repercutiu diretamente no Congresso Nacional e culminou com a promulgação, em 1961, da Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nº 4024/61, após difícil trajetória que durou 13 anos. Com a
instalação de um novo regime autoritário, em 1964, arrefeceu-se o debate popular, mas a ação
governamental promoveu uma considerável ampliação do sistema de ensino, inclusive do superior. Criaram-
se agências de apoio à pesquisa e à pós-graduação. Ampliou-se o ensino obrigatório de quatro para oito
anos. Algumas leis fundamentais foram promulgadas, como a 5.540/68 e a 5.692/71, que introduziram
mudanças importantes nos diferentes níveis de ensino. A Constituição de 1988, promulgada após amplo
movimento de redemocratização do País, abriu um novo período. Ampliaram-se consideravelmente as
responsabilidades do Poder Público para com a educação, dando origem ao novo movimento de reforma
que culminou com a promulgação da nova L.D.B., nº 9494/96. As mudanças introduzidas por essa lei e as
novas necessidades que se põem à Educação no Séc. XXI estão em curso atualmente. (adaptado de
DURHAM, E. R. Processo Histórico. Site:
http://www.mre.gov.br/cdbrasil/itamaraty/web/port/polsoc/educa/phistor/apresent.htm).
19
Práticas escolares: quando falamos em práticas escolares, estamos nos referindo à Didática, pois essa
permeia toda a ação do professor.
20
Escola Nova é um dos nomes dados a um movimento de renovação do ensino que foi especialmente forte
na Europa, na América do Norte e no Brasil, na primeira metade do século XX. "Escola Ativa" ou "Escola
Progressiva" são termos mais apropriados para descrever esse movimento que, apesar de muito criticado,
ainda pode ter muitas ideias interessantes a nos oferecer. No Brasil, as ideias da Escola Nova foram
introduzidas já em 1882 por Rui Barbosa (1849-1923). No século XX, vários educadores se destacaram,
especialmente após a divulgação do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova (Vide Anexo I), de 1932.
Podemos mencionar Lourenço Filho (1897-1970) e Anísio Teixeira (1900-1971), grandes humanistas e
nomes importantes de nossa história pedagógica. A Escola Nova recebeu muitas críticas, foi acusada,
principalmente, de não exigir nada, de abrir mão dos conteúdos tradicionais e de acreditar ingenuamente na
espontaneidade dos alunos. A leitura das obras e a análise das poucas experiências em que, de fato, as
ideias dos escolanovistas foram experimentadas com rigor, mostram que essas críticas são válidas apenas
para interpretações distorcidas do espírito do movimento. Apesar de todo o seu sucesso, a Escola Nova não
conseguiu modificar de maneira significativa o modo de operar das redes de escolas e perdeu força sem
chegar a alterar o cotidiano escolar. Hoje, quando continuamos a buscar rumos para nossa educação, as
ideias e experiências dos autores da Escola Nova, mesmo que contenham algumas concepções
ultrapassadas ou ingênuas, podem continuar nos servindo como fonte de prazer literário e de inspiração
pedagógica.
21
José Carlos Libâneo é doutor em Filosofia e História da Educação pela PUC-SP. Em São Paulo, foi diretor
de escola pública, professor em instituições de ensino superior e colaborador em projetos da Secretaria de
Estado dos Negócios da Educação. Em Goiânia, trabalhou na Secretaria de Educação em programas de
formação e capacitação profissional de professores. Professor Titular da Universidade Federal de Goiás,
coordenou por quatro anos o Mestrado em Educação. Atualmente é professor da Universidade Católica de
Goiás.
22
George Snyders: Professor honorário de Ciências da Educação da Universidade de Paris.
23
Maria da Graça Nicoletti Mizukami é professora Titular da UFSCAR, tem Doutorado em Ciências
Humanas, área Psicologia Educacional - PUC-RJ e PhD - Santa Clara University - California, Teacher
Education.
24
Tradicional: Ensino centrado no professor. Voltada para o que é externo ao aluno, como os programas e
as disciplinas. O aluno escuta o que é prescrito por autoridades, independente de sua vontade. Concepção
educacional que persistiu no tempo e passou a fornecer um quadro referencial para o surgimento de novas
abordagens.
25
Comportamentalista: Centrada na mudança de comportamento no processo de aquisição de
conhecimento. A experiência é a base do conhecimento (comportamentalistas behavioristas,
instrumentalistas e positivistas lógicos). Uso da tecnologia educacional, que libera o professor de uma série
de tarefas, principalmente a de ensinar por meio de aulas expositivas, que são substituídas por materiais
auto instrutivos e recursos audiovisuais que garantem aos alunos, considerados recipientes de informações,
a autoaprendizagem dos conteúdos.
26
Humanista: Centrada no sujeito; conhecimento advém das experiências dos próprios alunos, e o
professor é considerado facilitador do processo. Essa abordagem dá ênfase às relações interpessoais e ao
crescimento que delas resulta. No Brasil, essa abordagem foi adotada a partir de estudiosos estrangeiros e
apresentou dois enfoques predominantes, fundados nas concepções de dois autores principais:
• Neill: classificado como espontaneísta, propõe que a criança se desenvolva sem intervenções. Obra
principal: Liberdade sem Medo, a experiência de Summerhill;
• Rogers: proposta identificada como representativa da psicologia humanista. Obra principal: Tornar-se
pessoa;
27
Cognitivista: Psicólogos que investigam processos centrais do indivíduo, dificilmente observáveis, como
a organização do conhecimento, estilo de pensamento, estilos cognitivos, comportamentos relativos à
tomada de decisões. Implica em estudar cientificamente a aprendizagem como sendo mais um produto do
ambiente das pessoas que de fatores externos. Ênfase nos processos cognitivos e investigações científicas,
separados dos problemas sociais contemporâneos. As emoções são consideradas em suas articulações
com o conhecimento. Abordagem predominantemente interacionista.
28
Sociocultural: Advém do fenômeno da preocupação com a cultura popular, surgida após a 2ª Guerra
Mundial e se liga a problemas da democratização da cultura. O movimento da cultura popular volta-se para
os valores que caracterizam um povo em geral e para as camadas socioeconômicas inferiores. Uma das
suas tarefas tem sido a alfabetização de adultos.
Os métodos29 são
fundados na relação objetivo-
conteúdo, e determinam o
como alcançar, no processo
de ensino, os objetivos
gerais e específicos que são
a intenção do docente, ou
seja, trata-se de uma
sequência de operações com
vistas a determinado
resultado esperado.
29
Etimologicamente, a palavra método vem do vocábulo grego méthodos que significa caminho para
chegar a um fim.
30
Saber-fazer: domínio de técnicas específicas em relação a um determinado campo de conhecimento.
31
Competência técnica: competência profissional ligada ao saber-fazer.
2.1 - PLANEJAMENTO
Uma aranha constrói sua teia com uma
perfeição que nunca será atingida por um
pedreiro ao construir uma casa. O que
distingue o pedreiro da aranha é que este é
capaz de conceber sua construção
idealmente e planejar as etapas de sua ação,
enquanto a aranha repete mecanicamente um
comportamento herdado de sua espécie.
Karl Marx
Vimos, anteriormente, a trajetória histórico-filosófica da Didática e percebemos,
ainda, que as práticas escolares sofrem transformações ao longo do tempo. Assim, nesta
disciplina, optamos pela concepção de Educação Transformadora32 e a partir dela
discutiremos o conceito de planejar.
32
A Educação Transformadora refere-se à ação do homem necessária para a transformação da sociedade
a qual pertence.
33
Ribas (2000) revelando sua concepção sobre práxis aponta: Trata-se de uma atividade humana
consciente e intencional, transformadora da realidade natural e humana. Na práxis descobrimos a
racionalidade da prática, ou seja, tomamos consciência da realidade. [...] É na prática e na reflexão sobre
ela que o professor consolida ou revê ações, encontra novas bases e descobre novos conhecimentos. (p.
59)
34
Paulo Freire: Paulo Reglus Neves Freire nasceu no dia 19 de setembro de 1921, no Recife, Pernambuco,
uma das regiões mais pobres do país, onde logo cedo pôde experimentar as dificuldades de sobrevivência
das classes populares. Trabalhou inicialmente no SESI (Serviço Social da Indústria) e no Serviço de
Extensão Cultural da Universidade do Recife. Ele foi quase tudo o que se deve ser como educador, de
professor de escola a criador de ideias e "métodos". Sua filosofia educacional expressou-se primeiramente
em 1958, na sua tese de concurso para a Universidade do Recife, e, mais tarde, como professor de História
e Filosofia da Educação daquela Universidade, bem como em suas primeiras experiências de alfabetização
como a de Angicos, Rio Grande do Norte, em 1963. A coragem de pôr em prática um autêntico trabalho de
educação que identifica a alfabetização com um processo de conscientização, capacitando o oprimido tanto
para a aquisição dos instrumentos de leitura e escrita quanto para a sua libertação fez dele um dos
primeiros brasileiros a serem exilados. Em 1969, trabalhou como professor na Universidade de Harvard, em
estreita colaboração com numerosos grupos engajados em novas experiências educacionais tanto em
zonas rurais quanto em urbanas. Durante os dez anos seguintes, foi Consultor Especial do Departamento
de Educação do Conselho Mundial das Igrejas, em Genebra (Suíça). Nesse período, deu consultoria
educacional junto a vários governos do Terceiro Mundo, principalmente na África. Em 1980, depois de
dezesseis anos de exílio, retornou ao Brasil para "reaprender" seu país. Lecionou na Universidade Estadual
de Campinas (UNICAMP) e na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Em 1989, tornou-
se Secretário de Educação no Município de São Paulo, maior cidade do Brasil. Durante seu mandato, fez
um grande esforço na implementação de movimentos de alfabetização, de revisão curricular e empenhou-se
na recuperação salarial dos professores. A metodologia por ele desenvolvida foi muito utilizada no Brasil em
campanhas de alfabetização e, por isso, ele foi acusado de subverter a ordem instituída, sendo preso após
o Golpe Militar de 1964. Depois de setenta e dois dias de reclusão, foi convencido a deixar o país. Exilou-se
primeiro no Chile, onde, encontrando um clima social e político favorável ao desenvolvimento de suas teses,
desenvolveu, durante cinco anos, trabalhos em programas de educação de adultos no Instituto Chileno para
a Reforma Agrária (ICIRA). Foi lá que escreveu a sua principal obra: Pedagogia do Oprimido. Em Paulo
Freire, conviveram o sempre presente senso de humor e a não menos constante indignação contra todo tipo
de injustiça. Casou-se, em 1944, com a professora primária Elza Maia Costa Oliveira, com quem teve cinco
filhos. Após a morte de sua primeira esposa, casou-se com Ana Maria Araújo Freire, uma ex-aluna. Paulo
Freire é autor de muitas obras. Entre elas: Educação: prática da liberdade (1967), Pedagogia do Oprimido
(1968), Cartas à Guiné-Bissau (1975), Pedagogia da Esperança (1992) À sombra desta mangueira (1995).
Foi reconhecido mundialmente pela sua práxis educativa através de numerosas homenagens. Além de ter
seu nome adotado por muitas instituições, é cidadão honorário de várias cidades no Brasil e no exterior. A
Paulo Freire foi outorgado o título de doutor Honoris Causa por vinte e sete universidades. Por seus
trabalhos na área educacional, recebeu, entre outros, os seguintes prêmios: "Prêmio Rei Balduíno para o
Desenvolvimento" (Bélgica, 1980); "Prêmio UNESCO da Educação para a Paz" (1986) e "Prêmio Andres
Bello" da Organização dos Estados Americanos, como Educador do Continente (1992). No dia 10 de abril
de 1997, lançou seu último livro, intitulado "Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática
educativa". Paulo Freire faleceu no dia 2 de maio de 1997, em São Paulo, vítima de um infarto agudo do
miocárdio.
35
Moacir Gadotti: licenciado em Pedagogia (1967) e em Filosofia (1971). Fez Mestrado em Filosofia da
Educação na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP, 1973), Doutorado em Ciências da
Educação na Universidade de Genebra (Suiça, 1977) e Livre Docência na Universidade Estadual de
Campinas (UNICAMP, 1986). Em 1991, prestou concurso para Professor Titular na Universidade de São
Paulo. Foi professor de História e Filosofia da Educação em cursos de graduação e pós-graduação em
Educação e Filosofia de diversas instituições, entre elas a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, a
Universidade Estadual de Campinas e a Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Desde 1988, é
professor na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. Foi assessor técnico da Secretaria
Estadual de Educação de São Paulo (1983-1984) e Chefe de Gabinete da Secretaria Municipal de
Educação da Prefeitura de São Paulo (1989-1990), na gestão de Paulo Freire. Atualmente é Prof. Titular da
Universidade de São Paulo e Diretor do Instituto Paulo Freire. Possui um grande número de publicações em
que desenvolve uma proposta educacional cujos eixos são a formação crítica do educador e a construção
da Escola Cidadã, numa perspectiva dialética integradora da educação e orientada pelo paradigma da
planetariedade.
36
Demerval Saviani: um dos pioneiros na década de 70, a desenvolver a tentativa de encaminhar
dialeticamente o problema dos objetivos e meios da educação brasileira. Sua teoria, sobre a “curvatura da
vara agregada aos pressupostos da pedagogia para além da essência e da existência” causou várias
discussões no seio acadêmico.
37
O conhecimento é sempre pessoal, decorrendo da construção a partir das representações contidas no
cenário da vida comum, dos livros, das relações contidas nos espaços da sala de aula e da escola,
articulados a uma grande rede de significações, isto é, constituindo-se na produção da grande teia tecida
por nós que são significativos construídos por meio das relações entre outros conhecimentos gerando
ressignificações.
38
Edgar Nahoun (que mais tarde adotará o sobrenome "Morin") nasceu em Paris no dia 8 de julho de
1921. Era o filho único de um casal de judeus sefarditas (descendentes dos judeus expulsos da península
ibérica em 1492/1496). Seu pai, Vidal Nahum, nasceu em 1894 em Salônica (cidade grega, na época sob
domínio otomano), tendo depois se naturalizado francês. Sua família (cujo nome em hebraico quer dizer
"consolação") era originária de Livorno (Itália). Sua mãe, Luna Beressi, sofria de uma grave lesão no
coração que a proibia de ter filhos (fato que ocultou ao marido). Edgar viria a ser fruto de uma gravidez que
sua mãe não conseguira interromper. O parto se deu em condições dramáticas: o bebê nasceu semimorto,
estrangulado pelo cordão umbilical. Foi necessária meia hora de esforço médico para que soltasse o
primeiro choro. Aficcionado de cinema, consomiu todos os tipos de filmes (1933-1934), especialmente
westerns, melodramas, operetas e filmes de aventura. Fascinou-se pelas divas Brigitte Helm e Gina Manés.
Tornou-se um entusiasta de ciclismo e aviação. Lia, principalmente, romances de ação e aventura que
encontrava num sebo na Rue de Ménilmontant; devorava autores como Gustave Aimard, Miguel Zevaco,
Paul Feval (pai e filho), Jack London, Alphonse Daudet e Charles Dickens. Descobriu as obras de Zola e
Balzac. Na 5ª série da escola, travou suas primeiras discussões políticas, motivadas pelo Caso Stavisky e
pela manifestação da Cruz de Fogo. 1936 – 1937: A Frente Popular e a Guerra Civil Espanhola impeliram
Edgar a se reconhecer politicamente. Passou a ler jornais de diversas tendências: L‟Éveil des Peuples,
L‟Unique, SIA (Solidariedade Internacional Anarquista), Le Canard Enchainé e La Fléche. Engajou-se num
ato militante em solidariedade aos anarquistas catalães e participou de seu primeiro comício político: uma
reunião trotskista no cais de Valmy. 1938 – 1939: No clima tenso que antecedia a Segunda Guerra Mundial,
Edgar aderiu aos Estudantes Frentistas, liderados por Gaston Bergery que preconizava um socialismo
nacional e rejeição à guerra. Lá, tornou-se amigo de Georges Delboy, cujo professor de Filosofia, o
comunista Maublanc, o introduziu ao marxismo. Em setembro de 1939, Vidal Nahum foi convocado e Edgar
foi morar com Henriette, irmã de seu pai. 1942 – 1944: Cada vez mais envolvido em atividades subversivas,
resolveu substituir o sobrenome "Nahum" por "Morin". Viveu uma dupla clandestinidade - como judeu e
comunista - atuando na Resistência Francesa como militante oculto do Partido Comunista (ou "submarino",
como o chamavam). Acuado pela Gestapo, retornou, no verão de 1943, a Toulouse, onde foi acolhido por
uma família de operários, os Robène. Organizou sua célula clandestina com a ajuda de "Jean", marinheiro
de Hamburgo que havia combatido na Guerra Civil Espanhola e acabaria sendo preso, torturado e morto
pela Gestapo, em Toulouse. Voltou para Paris em 1944, onde faz amizade com Marguerite Duras.
Participou intensamente das ações da Resistência que culminaram na Insurreição de Paris, em agosto de
1944. 1950 – 1951: Por sugestão de Georges Friedman, Edgar Morin canditou-se à Comissão de Sociologia
do CNRS (Centro Nacional de Pesquisa Científica). Com cartas de recomendação de Merleau-Ponty, Pierre
Georges e Vladimir Jankélévitch, conseguiu ser admitido como estagiário de pesquisas. Aproveitou o
primeiro ano no CNRS para concluir o livro "L‟Homme et la Mort" que seria lançado em 1951. Embora
elogiada por intelectuais importantes, como Georges Bataille, Lucien Febvre e Maurice Nadeau, a obra não
encontrou ressonância no meio acadêmico e cultural. Foi excluído do PCF por causa de um artigo publicado
no jornal "France Observateur". 1971 – 1973: Morin foi iniciado, por Henri Atlan, no pensamento de Heinz
von Förster, na teoria da auto-organização e na teoria dos automata autoreprodutores de Von Neumann.
Leu Prigogine, Serres e René Thom. Nesse processo de encontros, reaprendizados e reorganização dos
princípios do conhecimento, concebeu a idéia de um livro que se chamaria "La Méthode" (O Método).
Desligou-se do Centro Royaumont, por divergências com Monod, passando a direção a Massimo Piatelli.
Aproveitou uma estadia de três meses em Nova Iorque, para redigir a introdução geral de "La Méthode" e
leu Bachelard, Gottard Gunther, Tarsky, Wittgenstein, Popper, Lakatos, Feyerabend e Holton. Introduziu-se
nos problemas lógicos suscitados pelo teorema de Gödel.Publiou "Le Paradigme Perdu: la Nature de
l‟Homme" (O Paradigma Perdido: a Natureza do Homem). Tornou-se co-diretor do Centro de Estudos
Transdisciplinares (EHESS), cargo que exerceria até 1989 e para o qual colabora ativamente até hoje.
39
Os PCN's representam uma referência, um ponto de partida para que se possam articular objetivos e
conteúdos, recursos e procedimentos metodológicos, adequando-os à realidade individual, social, regional e
local.
O que queremos dizer com isso é que esperamos que em um bom plano de ensino
encontremos a declaração dos objetivos que o docente pretende alcançar ao longo do
curso, da seleção organizada, coerente e contextualizada de conteúdos e conhecimentos
com os quais irá trabalhar - considerando as especificidades do curso, série e da
disciplina, as características e expectativas da clientela e, sobretudo, a articulação com as
áreas ou disciplinas afins.
Outros elementos40 fazem parte do plano de disciplina ou de ensino e não
são menos importantes.
• O plano apresenta coerência e logicidade em relação ao Plano Curricular
proposto para o curso?
• Está adaptado às necessidades e expectativas dos alunos?
• Os objetivos propostos para as disciplinas são exequíveis e os meios e recursos
favorecem a execução?
• Os conhecimentos (conteúdos) permitem que os objetivos propostos sejam
alcançados?
• O tempo destinado ao desenvolvimento dos conteúdos, em seus diversos níveis
de complexidade, é suficiente para que esses sejam apreendidos pelos alunos?
• Quanto à flexibilidade: Embora tenhamos, a priori, planejadas todas as atividades
da disciplina, o plano deve possibilitar a inserção de novas questões, situações não
previstas e que podem emergir no cotidiano da sala de aula. A curiosidade do aluno por
situações ou problemas atuais pode se tornar um momento oportuno a análises e busca
de respostas a questionamentos, além de servir de possibilidade de articulação dos
conhecimentos que se vai desenvolver com a realidade. Portanto, a curiosidade do aluno
deve ser considerada e, na medida do possível, relacionada ao que se pretende construir;
• Quanto à avaliação: Devemos assumir postura diagnóstica de modo a verificar o
grau de satisfação e eficácia das ações desenvolvidas, o real dimensionamento do que foi
planejado. A avaliação, para se diminuir os níveis de complexidade e de arbitrariedade,
precisa acontecer sob as mais diversas formas e, nem por isso, tem-se a garantia de ela
ser justa, completa e real.
40
Exemplos de outros elementos (informações) esperados no Plano de Ensino:
• Identificação do professor;
• Identificação da disciplina;
• Curso em que será ministrada;
• Duração/carga horária;
• Classe e número de alunos;
• Série ou semestre.
41
Muitas estratégias e dinâmicas podem ser adaptadas às necessidades de sala de aula. Cabe ao futuro
professor conhecê-las previamente, adaptá-las ao conteúdo com que quer trabalhar, de modo a atingir os
objetivos propostos, favorecer a aprendizagem de seus alunos, bem como construir uma avaliação mais
real. A área de Recursos Humanos utiliza com bastante frequência em seus programas de treinamento
dinâmicas, jogos e estratégias com fins educacionais. O professor em sala de aula pode e deve recorrer a
esses recursos. Para tanto, precisa estar familiarizado com a estratégia ou dinâmica e sentir-se à vontade
para desenvolvê-la junto a seus alunos. Com objetivo de auxiliar os futuros professores na diversificação de
atividades, de estabelecer aulas mais dinâmicas e prazerosas, de embasar a prática avaliativa, entre outros
aspectos próprios do processo ensino-aprendizagem, indicamos a seguinte bibliografia:
ANTUNES, C. Manual de técnicas de dinâmica de grupo de sensibilização de ludoterapia. Petrópolis:
Vozes, 1992.
AUBRY, J. M. & SAINT-ARNAUD, Y. Dinâmica de grupo: iniciação a seu espírito e algumas de suas
técnicas. Trad. Edson Braga de Souza. São Paulo: Loyola, 1978.
CUNHA, M. I. da. O bom professor e sua prática. Campinas: Papirus, 1991. DIAZ BORDENAVE, J.
Estratégia de ensino aprendizagem. Petrópolis: Vozes, 1993.
FRITZEN, S. J. Exercícios práticos de dinâmica de grupo. Vol. 1 e 2. Petrópolis: Vozes, 1991.
HOFFMANN, J. M. L. Avaliação: mito & desafio. Uma perspectiva construtivista. Porto Alegre: Eletrônica,
1991.
KIRBY, A. 150 jogos de treinamento. Trad. J. F. Lamensdorf. São Paulo: T&D, 1995.
KOTHE, S. Pensar é divertido. Trad. T. J. Burchard. São Paulo: E.P.U., 1977.
MARCATTO, A. Saindo do quadro. São Paulo: A. Marcatto, 1996.
MINICUCCI, A. Técnicas do trabalho de grupo. São Paulo: Atlas, 1992.
YOZO, R. Y. 100 jogos para grupos: uma abordagem psicodramática para empresas, escolas e clínicas.
São Paulo: Ágora, 1996.
Partindo do pressuposto
que o objeto de estudo da
Didática é o que acontece na
aula, ou seja, “o ensino”,
analisaremos a relação didática.
O ponto de partida de toda
relação didática é a intenção
alimentada por alguém (em
geral, um professor) de
estabelecer as condições para que uma ou várias outra(s) pessoa(s) (em geral, alunos)
aprendam com êxito um conteúdo de aprendizagem (em geral conteúdos, sejam ou não
saberes, relativos a uma disciplina escolar).
outro): por exemplo, um procedimento matemático para calcular médias aritméticas, a fim
de organizar os dados do levantamento pluviométrico realizado por esses alunos durante
dois meses do ano escolar;
• As Interações entre os Alunos e o Conteúdo: por exemplo, uma série de
perguntas e de concepções desses alunos a propósito do conceito de “média” e do
“procedimento de cálculo da média aritmética”;
• As Interações entre o Professor e o Conteúdo: por exemplo, a construção pelo
professor, de situações que permitam aos alunos, com suas concepções, abordar
efetivamente o conceito de média e o procedimento de cálculo da média aritmética;
• As Interações entre o Professor e os Alunos Independentemente do
conteúdo: por exemplo, instruções para a organização do trabalho em equipes modo que
cada aluno tenha pelo menos uma tarefa a realizar no interior da equipe;
• As Interações Diretas entre o Professor e os Alunos a Propósito do
Conteúdo: por exemplo, discussões entre o professor e dois alunos a propósito dos
procedimentos que utilizam para tratar a situação que têm de enfrentar;
• As Interações Mediatizadas entre o Professor, os Alunos e o Conteúdo: por
exemplo, a utilização pelos alunos de fichas de manipulação preparadas pelo professor
para efetuar os cálculos de média;
• O Material Didático: por exemplo, um fichário realizado pelos alunos e contendo
as fórmulas aritméticas e exemplos de situações nas quais essas fórmulas são utilizadas;
• Um Tempo: por exemplo, o horário escolar dentro do qual o professor e os alunos
fixaram a duração de sua atividade;
• Um Espaço: por exemplo, um local de aula;
• Um Contrato Didático: por exemplo, a divisão de responsabilidades entre os
alunos sobre as tarefas a serem realizadas a propósito da descoberta de um
procedimento para calcular uma média aritmética, mas também as expectativas que
professores e alunos têm uns em relação aos outros a propósito dessa tarefa;
• O Acaso: por exemplo, a ausência do aluno que guardou o levantamento
pluviométrico dos cinco primeiros dias da última semana de observação; isso exigirá
calcular a média sobre uma base diária, ao invés de uma base semanal.
Em que consiste o Plano de Ensino?
Trata-se de um documento, normalmente exigido pelas instituições educacionais,
que contém todas as previsões das atividades que serão desenvolvidas com os alunos
num determinado período letivo, podendo, inclusive, ser referente a todo o ano letivo.
3.2 - O CONTEÚDO
O
conteúdo,
geralmente
denominado
saber, não pode
estar ausente de
uma relação
didática, pois é
ele que define sua identidade. Se o conteúdo é biológico, é uma questão da metodologia
da biologia, se o conteúdo é matemático, é uma questão da metodologia da matemática e
assim por diante. Mesmo que se vislumbre uma perspectiva interdisciplinar, só se pode
falar de interdisciplinaridade em presença de, pelo menos, duas disciplinas e da interação
entre seus conteúdos.
Sem isso, qualquer interdisciplinaridade é ilusória, pois o saber é indispensável. As
relações de cada componente da relação didática com esse saber determinam não
apenas a identidade da relação didática, mas também todo seu desenvolvimento. As
42
Pela importância do conceito, trataremos do contrato didático em tópico próprio.
43
O Aurélio também apresenta um verbete conhecimentos (no plural), cujo significado proposto é erudição,
instrução, saber.
3.3.1.1- CONSCIENCIALIZAÇÃO
3.3.1.2 - DESEQUILIBRAÇÃO
3.3.1.3 - FAMILIARIZAÇÃO
44
O termo descodificação é usado no sentido de enfatizar a conotação de reversibilidade, ao invés da de
tradução que normalmente é associada ao termo decodificação.
Processo de reestruturação,
no qual o aluno procede a uma
(re)organização consciente do
saber (Síntese Transformadora),
através de um diálogo entre o
obstáculo epistemológico e a sua
negação (Dialética da
Justaposição).
A síntese tem uma função
psicológica, pois ao restabelecer
certezas, restabelece a segurança que fora abalada no processo de desestruturação,
dando ao psiquismo uma sensação de progresso por retificação do que foi negado.
Há que se ter, nesta fase do processo de construção do conhecimento, uma
atenção ao ritmo a ele imprimido, preocupação esta de que, no querer dar conta de
“programas” pré-estabelecidos, a escola (os docentes) se descuida(m). Sabemos que o
lento e cuidado amadurecimento dos pensamentos de retrospecção, de inspeção e
prospecção é que vai preparar a racionalidade do tempo da PSICOSSÍNTESE.
Tal processo pressupõe os seguintes tempos lógicos.
3.3.2.1 - ABSTRAÇÃO
3.3.2.2 - DIALETIZAÇÃO
45
Partindo da ideia de que toda e qualquer sociedade estrutura-se como um sistema de relações de força
material entre grupos ou classes, como afirma Saviani (1983), os autores tentam demonstrar como a escola
pode se tornar um espaço de legitimação desse sistema de força, por meio de violência simbólica, ou seja,
por um mecanismo de dissimulação que produz e reproduz o reconhecimento da dominação no plano
simbólico, pela imposição arbitrária da cultura (também arbitrária) dos grupos ou classes dominantes aos
grupos ou classes dominados. (Saviani, 1983)
a conceder ou não um bem... e vice-versa; mas o contrato é também o ato que registra
oficialmente os termos dessa convenção.
Contrato: convenção estabelecida entre duas ou mais
pessoas após negociações. O contrato implica uma
adesão de diferentes parceiros do projeto. Supõe uma
obrigação de respeito a suas regras durante o desenrolar
deste e, consequentemente, o estabelecimento de
procedimentos de controle do seu seguimento.
(DANVERS, 1992, p.61 apud JONNAERT; BORGHT,
2002, p. 155)
46
O conceito de contrato pedagógico é inspirado nas experiências de Parkhurst (1923) em Dalton,
Massachussetts, EUA, que é encontrado hoje nos Manuais de Pedagogia sob o título de Plano Dalton. Foi
em uma escola de Ensino Fundamental rural, onde lecionava para 40 alunos, que Helen Parkhurst
amadureceu as tentativas de individualização esboçadas desde o final do século XIX. Ela substituiu a classe
passiva por laboratórios de aprendizagem, concebidos inicialmente para o grupo etário de 8 a 12 anos e
estendidos depois ao Ensino Médio. No início do ano escolar, o trabalho a cumprir era apresentado, depois
dividido em dez partes que os alunos se comprometiam em contrato a dominar, utilizando, livremente e sem
horário fixo, os recursos (manuais, fichas de trabalho, exercícios, material intuitivo) disponíveis em cada um
dos laboratórios destinados a uma parte específica e onde se encontrava o professor encarregado de
ensinar. O trabalho em pequenos grupos era encorajado. Trabalhos escritos, cujos temas eram definidos
em reuniões com o professor, constituíam uma parte importante da tarefa. De fato, todas as apresentações
e as produções dos alunos – composições, relatórios, exercícios – eram rigorosamente avaliados. Os
resultados eram registrados em fichas e a progressão do aluno, em cada uma das partes era representada
graficamente. A jornada se desenvolvia de acordo com um plano determinado. A manhã era consagrada ao
trabalho individual, referente às partes consideradas prioritárias (Língua Materna, Matemática, Ciências,
História, Geografia) e terminava com uma avaliação do trabalho cumprido e um encontro coletivo com os
professores. A tarde era dedicada a aprendizagens práticas e a atividades recreativas que reuniam toda a
turma. A flexibilidade permitida por esse sistema levou a inegáveis êxitos dos alunos fortemente motivados,
mas a muito menos resultados dos alunos lentos ou menos perseverantes em seus esforços. Parkhurst
também foi criticada por não ter suprimido os programas tradicionais, nem os manuais escolares
correspondentes e de, simplesmente, propor um método de trabalho que tornava mais participativo o ensino
magistral. Infelizmente, essa participação consistia, sobretudo, em redigir notas, em responder questionários
e em fazer exercícios, e o professor consagrava a maior parte de seu tempo para a correção deles, em vez
de interagir com os alunos.
O contrato didático tem uma parte dos componentes do contrato pedagógico, mas
os organiza de uma maneira não convencional e de forma muito diferente, acrescentando-
lhe novos elementos, contudo para compreendê-lo precisamos ter claro os conceitos de
contrato stricto sensu e de contrato pedagógico. O contrato didático surge a partir da
mesclagem dessas diferentes abordagens, de seu questionamento e de sua articulação
com a relação didática.
3.4.2.1 - CARACTERÍSTICAS
3.4.2.2 - FUNÇÕES
transformar todo implícito em explícito, mas estabelecer um equilíbrio entre ambos, a fim
de criar uma zona de troca entre os parceiros. Essas zonas de troca se tornarão, por
outro lado, lugares privilegiados de interações entre professor, alunos e saber;
• Estabelecer um vínculo entre os costumes da aula e o professor: criado o espaço
de diálogo, trata-se, então, de gerir o sistema de regras que asseguram o funcionamento
da relação didática. Esse sistema de regras que vão do implícito ao explícito. O sistema
de regras da sala de aula passa necessariamente pela boa compreensão por parte do
professor dos costumes da aula;
• Gerir um sistema de regras: o contrato didático organiza a limitação e a divisão de
responsabilidades entre professor e aluno, mas isso só pode ser feito com base em uma
série de regras que regem o próprio funcionamento da aula, tais regras podem ser:
- Regras explícitas e formuladas: são claras e expressas sem ambiguidades pelas
partes em questão;
- Regras tácitas, mas convencionais: não são formuladas, mas são evidentes e
aceitas por todos;
- Regras tácitas e não convencionais: regras com as quais, em princípio, nenhuma
das partes manifesta estar de acordo, instalam-se e gerem implicitamente uma parte das
interações da relação didática;
- Regras implícitas e inconscientes: modos de operar individuais, características da
personalidade de uns e de outros, fazem com que um dos parceiros da relação didática
adote uma atitude que é implícita e geralmente inconsciente.
• Pôr em interação: o contrato didático permite pôr em interação uma personalidade
singular (um professor e seu implícito) e uma personalidade plural (uma aula com seu
costume) a propósito de um objeto de ensino e aprendizagem, respeitando as
particularidades de cada parceiro.
3.4.2.3 - DINÂMICA
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ATIVIDADE AVALIATIVA 1
Aluno (a):
Curso:
Cidade:
Disciplina:
ATIVIDADE AVALIATIVA 2
Aluno (a):
Curso:
Cidade:
Disciplina:
1. De acordo com o conteúdo teórico desse material didático, qual é o objeto de estudo
da didática?
3.1 - Na história do Osho você percebeu o sentido e o significado da didática nos tempos
de hoje? Exemplifique com argumentos do texto.
“Não posso ser professor se não percebo cada vez melhor que, por não poder ser neutra,
minha pratica exige de mim uma definição. Uma tomada de decisão”. (“...) Assim não
posso ser professor sem me achar capacitado para ensinar certo e bem os conteúdos de
minha disciplina; não o posso por outro lado reduzir minha prática docente ao puro ensino
daqueles conteúdos”. (FREIRE, 1997).