1 RESUMO – PAY TO WIN E A JUSTIÇA NOS JOGOS ONLINE
Com o avanço das eras, principalmente tecnológicas, surgem formas de interação
variadas, inclusive os jogos on-line. Com isso surge também a hipótese de relações sociais de amizade e de conflito dentro deste âmbito. Antes de os jogos ganhar essa característica “on-line”, tinham a função social de diversão entre família e amigos e também tinham uma “jogabilidade simplificada”, que consistia em jogo solo ou multiplayer, onde não tinha essa questão de um atrapalhar o outro. Isso era facilitado também pelos “códigos” ou então para os não leigos, os famosos “cheats”. Os tempos passaram e as evoluções vieram, tanto na capacidade dos consoles e máquinas, quanto na banda larga e até mesmo nos gráficos. Passou a existir uma modalidade chamada “on-line” e “multiplayers”, ou seja, jogos conectados à internet e com diversos jogadores. Jogos como Call of Duty, League of Legends, PUBG, Free Fire, entre outros, fazem parte deste leque. As coisas não pararam por aí, porque as empresas relacionadas à esses jogos, perceberam que para não perderem números tinham que apresentar algo que fizesse os olhos dos jogadores brilharem, algo que facilitava ainda mais sua experiência e a rapidez para “upar” e ficar “mais forte”. O famoso “pay to win” (pagar para vencer). Neste ponto, onde o pagamento para se obter benefícios e vantagens existe, devemos nos questionar: Há justiça entre a comunidade? É justo para com os outros players, essa vantagem exacerbada, adquirida através de dinheiro? Quando entramos nas definições sobre justiça, encontramos diversos pensamentos e situações que resumem a ideia de que: A justiça é feita e baseada em regras estabelecidas socialmente (morais e legais), onde quem não seguir tais regras é considerado culpado. Durkheim define que a moralidade se define pela coação da sociedade para com seus membros. Já para Platão, a justiça é o que reserva a cada um sua parte, seu lugar e função, mantendo assim a harmonia hierarquizada como um todo. Com estudos conquistados por Piaget, chega-se a constatação de que: A moralidade acontece através das relações sociais e da maturação dos esquemas cognitivos envolvidos, fazendo com que assim, haja respeito das regras de uma forma autônoma e consciente, ponderando o que é certo ou errado. 4
Diante dessa reflexões, aparecem questionamentos: Até onde chega a
capacidade e moral dos sujeitos que estão obtendo tais vantagens? É possível que, assim como nos jogos on-line, o indivíduo leve esta ação para a vida real? Podemos refletir também sobre a influência da mídia, como o youtube, e também de sites de avaliação de jogos tem sobre os “players”. Sabemos que através desse favorecimento de alguns jogadores, que adquiriram essas melhorias, há um desequilíbrio entre quem não tem essas condições, afastando assim a diversão dos mesmos. E ai voltamos à reflexão de que: O sujeito pagante, age conscientemente dentro da justiça ou joga apenas por diversão? Os valores morais mudam a todo instante, então seria plausível o pensamento de que: Apesar de se obter vantagens adquiridas por meios capitalistas, é uma regra usar disso sempre? Por conta disso se gera injustiça em todos os âmbitos? Há também um outro lado da injustiça relacionada aos jogos, mas não ligada diretamente aos jogadores e sim às empresas que desenvolvem tais jogos. Essas empresas criam itens no jogo que só são possíveis de se obter através de pagamento, os conhecidos como “itens raros ou lendários”. Essa questão entra no âmbito dos valores morais. Estudos e reflexões criados, sugerem que os valores podem ser bens materiais ou concepções morais, e levando em conta a discussão sobre pagar para vencer, se encaixa nos dois. Conclui-se que: valores morais, são em sua grande maioria, tudo aquilo que julgamos como certo, coerente, correto. Por esse viés, fica claro que aquele que é mais desenvolvido moralmente, não tende a utilizar-se dessas táticas, tanto quanto quem é menos desenvolvido e tenha esses senso de consciência. O que nos leva ao pensamento de que os valores morais precisam ser desenvolvidos. Esse desenvolvimento da moralidade, é possível através de relações sociais e troca de experiências, que possibilitem o indivíduo exercer e aprender sobre esses valores. É óbvio que a injustiça incomoda a todos. É nítido que não há justiça em muitos jogos. Mas, cabe aos próprios jogadores assimilar que: Os jogos, além de tudo, são comunidades, são uma oportunidade de criar novas relações e se obter o sentimento de reciprocidade e respeito mútuo e embora o objetivo dos jogos seja sempre vencer, é possível se divertir perdendo e aproveitando o processo como um todo.
O Potencial Educativo Dos Massively Multiplayer Online Games: Um Estudo Exploratório Sobre Os Jogos Ikariam, OGame, Gladiatus e Metin2 e Seus Jogadores