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AULA CAP.

7 – CONFISSÃO DE FÉ – DO PACTO DE DEUS


COM O HOMEM

I. Tão grande é a distância entre Deus e a criatura, que,


embora as criaturas racionais lhe devam obediência como
ao seu Criador, nunca poderiam fruir nada dele como bem-
aventurança e recompensa, senão por alguma voluntária
condescendência da parte de Deus, a qual foi ele servido
significar por meio de um pacto.

→ Ref. Jó 9:32-33; Sal. 113:5-6; At. 17:24-25; Luc. 17: 10.

[Comentário] Embora sejamos feitos à imagem de Deus, há


uma grande diferença entre nós e ele, como esses autores
do antigo pacto enfatizam. Para ficar claro, a Confissão não
está falando aqui de diferenças éticas, mas de diferenças na
própria essência. Ela não está discutindo nossa natureza
caída e a santidade de Deus, mas nossa pequeneza e a
grandiosidade de Deus. Mas dito isso, podemos, de fato,
usar também as lentes do pecado para ver a grande
distância entre nós e Deus.

Deus é incomparavelmente grande e devemos obediência a


ele. Mas o fato é que dificilmente poderiamos ter um
relacionamento com ele, se ele, voluntariamente, não
condescendesse em vir onde estamos. O próprio Deus é a
mais bem-aventurada e alta recompensa que qualquer
pessoa poderia ter. No entanto, todo contato humano com
Deus seria infrutífero, se Deus não tivesse livremente
decidido vir a nós e estabelecer os termos por meio dos
quais poderiamos ter comunhão com ele. Uma aliança que
nós chamamos de pacto.

Toda vez que alguém percebe um acordo soberanamente


determinado e administrado entre Deus e o homem, com
penalidades e promessas, você tem um pacto.

II. O primeiro pacto feito com o homem era um pacto de


obras; nesse pacto foi a vida prometida a Adão e nele à sua
posteridade, sob a condição de perfeita obediência pessoal.
→ Ref. Gal. 3:12; Rom. 5: 12-14 e 10:5; Gen. 2:17; Gal. 3:
10.

Fica claro que em Gênesis 1-2 temos pelo menos isto: Deus
estabelece os termos, o homem deve obediência a ele.

Se um pacto comumente possui sanções e promessas, a


sanção no pacto com Adão é óbvia: a ameaça de morte (Gn
2.17).

Veja: Jó 9:32-33

Pense: Deus usa um pacto para se relacionar conosco


porque sabemos que os pactos vinculam os homens
legalmente. Portanto, quando o pacto é entre nós e Deus, o
qual é infinitamente bom, justo e misericordioso, sabemos
que o pacto será cumprido por Deus.

Relembrando: Na queda de Adão, toda a humanidade caiu


em pecado – era nosso representante. Esse acordo é
denominado de pacto de obras – havia uma
responsabilidade sobre o homem: cultivar e guardar o
jardim e não comer do fruto da árvore do conhecimento do
bem e do mal – sob qual pena e promessa? Morte ou vida à
Adão e sua posteridade, em caso de obediência.

Percebam que neste pacto, o pacto de obras, NÃO HÁ


SACRIFÍCIO – porque o homem ainda não havia pecado.
(BCW – 12)
Então para frisarmos, porque essa doutrina nos acompanha
na jornada, vocês perceberão isso...
O Catecismo Menor o chama de “pacto de vida” olhando
para a benção implícita prometida a Adão e, nele, à sua
posteridade caso obedecessem a Deus.
No parágrafo 2 desse capítulo o foco pactual é na
obediência, e a Assembléia de Westminster chama isso de
“pacto de obras”. Aqui a assembléia se concentra no
princípio pactual das obras: a ideia que a lei de Deus exige
obediência pessoal e perfeita.1 Aquele que faz o que é
exigido na lei viver ia por meio desses preceitos (Rm 10.5; Gl
3.12). Fazer era o verbo importante.
Mas não foi o que ocorreu, Adão não guardou uma lei
simples e quase elegante que foi explicitamente dada a ele.
Apesar do mandamento de Deus para evitar a árvore do
conhecimento do bem e do mal, Adão comeu o fruto dela.
Ao desobedecer a Deus, ele se colocou debaixo da
maldição da lei e da pena de morte (Gl 3.10; Gn 2.17).
III. O homem, tendo-se tornado pela sua queda incapaz de vida
por esse pacto, o Senhor dignou-se fazer um segundo pacto,
geralmente chamado o pacto da graça; nesse pacto ele
livremente oferece aos pecadores a vida e a salvação por Jesus
Cristo, exigindo deles a fé nele para que sejam salvos; e
prometendo dar a todos os que estão ordenados para a vida o
seu Santo Espírito, para dispô-los e habilitá-los a crer. Gal. 3:21;
Rom. 3:20-21 e 8:3; Isa. 42:6; Gen. 3:15; Mat. 28:18-20; João
3:16; Rom. 1:16-17 e 10:6-9; At. 13:48; Ezeq. 36:26-27; João
6:37, 44, 45; Luc. 11: 13; Gal. 3:14.
O primeiro pacto continha uma exigência justa e clara,
amparada pela força de uma ameaça. Mas à medida que
refletimos sobre o pacto e as ações de nossos primeiros
pais, podemos ver que a lei não concedia vida.
Novo pacto: É um pacto porque é um outro laço ordenado
por Deus, desta vez com pecadores. Ele é gracioso porque
contêm uma promessa gloriosa, totalmente não merecida.
Quando começamos a ler o Novo Testamento, descobrimos
que tudo isso é verdade, e que a promessa floresce
completamente. Ali lemos que “o que fora impossível à lei”
fazer, Deus fez “enviando o seu próprio Filho em
semelhança de carne pecaminosa” e “condenou Deus, na
carne, o pecado” que uma vez havia nos condenado (Rm
8.3).
Assim podemos ter confiança nesse pacto da graça, onde
Deus “livremente oferece aos pecadores a vida e a salvação”
para desfazer nossa morte e pecado. O primeiro pacto é
uma profunda expressão da disposição de Deus para ter
comunhão com meras criaturas. Já esse segundo pacto é
uma inacreditável demonstração da disposição de Deus em
perdoar e ter comunhão com aqueles que são indignos.
Podemos ter confiança nesse pacto porque nessa oferta
graciosa Deus dá seu próprio Filho. É no Novo Testamento
que claramente vemos que o próprio Cristo é o novo pacto;
ele é a promessa; ele é o pacto e laço de graça. Nada há de
abstrato ou fictício nesse evangelho. Ele é tão real quanto o
próprio Senhor Jesus Cristo, Filho do homem e Filho de
Deus.
Nesse evangelho encontramos “a justiça decorrente da fé”
em Cristo (Rm 10.6), quando cremos em nossos corações
que “Deus o ressuscitou dentre os mortos”. É assim que
somos salvos (Rm 10.9). Vivemos pela fé (G1 3.11), que é
confessar que realmente vivemos pelo poder e graça de
Cristo e não por nós mesmos.
Qual evangelho poderia ser mais generoso? Qual podería
ser mais completo, capaz de satisfazer a cada uma de
nossas necessidades e de responder às nossas dúvidas?
Pois nesse segundo pacto, o Pai, o Filho e o Espírito Santo
nos oferecem um relacionamento que jamais terá fim.
IV. Este pacto da graça é freqüentemente apresentado nas
Escrituras pelo nome de Testamento, em referência à morte
de Cristo, o testador, e à perdurável herança, com tudo o
que lhe pertence, legada neste pacto.
O termo “testamento” invoca linguagem e temas bíblicos.
Ele nos lembra que grandes dons são legados a nós. Ele
evoca a ideia de um “tes- tador”, em Jesus Cristo, e de uma
“herança eterna, com tudo o que lhe pertence”. Por um
lado, ao defender essa tese, os membros da Assembléia de
Westminster estão evitando contender sobre palavras, pois
todos nós sabemos que argumentos sobre palavras têm
sido uma babel na igreja cristã. O evangelho pode ser
descrito no dialeto da teologia pactuai, ou na linguagem de
um testamento.
Entretanto, esse quarto parágrafo também está nos
lembrando que embora haja formas dominantes pelas quais
a Palavra de Deus ensina a verdade cristã, somos sábios em
usar o repertório total de expressões bíblicas. Os versos
centrais de Hebreus 9, pelo menos, parecem ligar a
realidade da aliança com um conceito de “testamento”.
Resumindo, esses versos nos ensinam que a lei de Moisés
era repleta de sacrifícios e sangue para ensinar algo ao
povo de Deus: que alguém tinha de morrer antes que a
grande promessa pudesse “ser confirmada” (Hb 9.15-17).

Sob a lei tudo foi uma promessa ou um tipo - ou


mencionando ou retratando o que estava por vir. Mas “sob
o evangelho” encontramos o próprio Cristo, o Verbo feito
carne, apresentado ao mundo. Cristo, é claro, é a
“substância” de todas as antigas profecias e sacrifícios e ele
é a substância do pacto da graça. Ele próprio é o evangelho,
as boas-novas que proclamamos. Paulo resume isso
memoravelmente quando ele nos diz que todas as
ordenações do Antigo Testamento foram “sombra das
coisas que haviam de vir; porém o corpo”, a realidade que
remove as sombras do Antigo Testamento, sempre foi
Cristo (Cl 2.17).
Portanto, na era do evangelho, é adequado focar somente
no Cristo vivo que está conosco. Nós não celebramos os
antigos ritos que anunciavam que ele logo viria. Embora
preguemos esses tipos e promessas do Antigo Testamento,
é Cristo que vemos na “pregação da Palavra”. Embora
tenhamos os “Sacramentos do Batismo e da Ceia do
Senhor”, nós batizamos em nome daquele que, com seu Pai
e o Espírito, está sempre conosco “todos os dias até à
consumação do século” (Mt 28.19-20). Embora
compartilhemos de uma refeição espiritual de pão e vinho,
nós o fazemos em memória de Cristo (ICo 11.23-25).
[APLICAÇÃO]
Nós nos fortificamos na graça quando nos alimentamos da
palavra de Deus com fé (Hb 13.9; 2Tm 2.1-3). Com efeito, a
graça diária é para a alma o que o pão diário é para o
corpo. Sustenta. Alimenta. Satisfaz. Sem ela, não podemos
viver e não podemos cumprir os princípios da palavra de
Deus.
Afinal, o sangue de Cristo, o sangue que comprou a nova
aliança (1Co 11.25), o sangue do novo pacto, comprou para
nós perdão dos pecados e poder para cumprir a vontade de
Deus (Jr 31.33-34; Ex 36.26-27).
Efésios 2.5, 7 e 9,10
[1] Em primeiro lugar, ele nos aponta para A OBRA DE DEUS
nos versículos 4-6: transbordando de graça, Deus nos deu
vida juntamente com Cristo, salvou-nos, ressuscitou-nos
juntamente com Cristo e nos fez assentar com ele (o Pai)
nos lugares celestiais em Cristo Jesus. Receber vida, ser
salvo, ressuscitar juntamente com Cristo e assentar com
Deus nos lugares celestiais em Cristo Jesus é o que significa
a expressão “É pela graça que vocês são salvos!” (v. 5).
[2] Em segundo lugar, Paulo nos aponta para A
MOTIVAÇÃO DE DEUS. Por que Deus fez o morto reviver?
Não foi por causa de suas obras. Paulo diz, no versículo 9,
que não foram as obras que fizemos antes de nos
tornarmos cristãos, nem as obras que temos feito depois
que nos tornamos cristãos que motivaram a Deus. Caso
contrário, poderíamos ter motivo para “orgulhar” (v. 9). Em
vez disso, Paulo diz, Deus nos deu vida por causa de sua
“misericórdia”, de seu “grande amor com que nos amou” (v.
4). Com efeito, Paulo inclui no seu argumento que o próprio
amor e a misericórdia de Deus são a fonte da nossa
salvação. É somente pela graça, “não é uma recompensa
pela prática de boas obras, para que ninguém venha a se
orgulhar” (v. 9).
[3] Em terceiro lugar, Paulo nos aponta para O PROPÓSITO
DE DEUS. Com que propósito Deus fez o morto reviver?
Paulo diz no versículo 7 que foi para que exibíssemos em
nós mesmos a gloriosa obra de Deus – assim, “Deus poderá
apontar-nos como exemplos da riqueza insuperável de sua
graça, revelada na bondade que ele demonstrou por nós
em Cristo Jesus”. Como? Demonstrando, pela nossa vida, a
obra prima de nosso Criador e Redentor – afinal, “somos
obra-prima de Deus, criados em Cristo Jesus a fim de
realizar as boas obras que ele de antemão planejou para
nós” (v. 10).
Mediante o pacto da graça, entendemos:
A obra de eleição de Deus para a salvação do pecador
(eleger suas ovelhas antes da criação do mundo) foi
baseada somente na graça de Deus, e não em quaisquer
atos humanos, de qualquer natureza, previstos de antemão
por Deus (Rm 11.5-6; 9.11-12);
A obra expiatória de Deus para a salvação do pecador
(propiciar sua própria ira na morte de Cristo) foi baseada
somente na graça de Deus, e não em algum mérito
adicionado a Cristo (Rm 3.24);
A obra regeneradora de Deus para a salvação do pecador
(ressuscitar-nos da morte espiritual para a vida eterna) é
somente pela graça, a graça do novo nascimento, e não
quaisquer esforços de santidade, os quais, apesar de
indispensáveis, são todos dons da graça de Deus (1Co
15.10).

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