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PSICOLOGIA E CLINICA
MÓDULO III
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PSICOLOGIA E CLINICA
MÓDULO III
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Sumário

DEPRESSÃO...................................................................................................................................... 4
ANSIEDADE........................................................................................................................................ 9
TRANSTORNO BIPOLAR .............................................................................................................11
TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO (TOC) ...........................................................16
ESQUIZOFRENIA ............................................................................................................................20
HIPERATIVIDADE E DÉFICIT DE ATENÇÃO ........................................................................26
AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA ........................................................................................................32
Definição de entrevista psicológica .............................................................................................37
INTERVENÇÃO ................................................................................................................................57
EQUIPE MULTIPROFISSIONAL .................................................................................................64
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................76
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DEPRESSÃO

<http://escrevoapenas.blogs.sapo.pt/arquivo/depressao.jpg

Depressão é uma palavra frequentemente usada para descrever nossos


sentimentos. Todos se sentem angustiados de vez em quando, ou muito alegres às
vezes e tais sentimentos são normais. A depressão, enquanto evento psiquiátrico é
algo bastante diferente: é uma doença como outra qualquer que exige tratamento.
Muitas pessoas pensam estar ajudando um amigo deprimido ao incentivarem
ou mesmo cobrarem tentativas de reagir, distrair-se, de se divertir para superar os
sentimentos negativos. Os amigos que agem dessa forma fazem mais mal do que
bem, são incompreensivos e talvez até egoístas. O amigo que realmente quer ajudar
procura ouvir quem se sente deprimido e no máximo aconselhar ou procurar um
profissional quando percebe que o amigo deprimido não está só triste.
Uma boa comparação que podemos fazer para esclarecer as diferenças
conceituais entre a depressão psiquiátrica e a depressão normal seria comparar com
a diferença que há entre clima e tempo. O clima de uma região ordena como ela
prossegue ao longo do ano por anos a fio. O tempo é a pequena variação que
ocorre para o clima da região em questão.
O clima tropical exclui incidência de neve. O clima polar exclui dias propícios
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a banho de sol. Nos climas tropicais e polares haverá dias mais quentes, mais frios,
mais calmos ou com tempestades, mas tudo dentro de uma determinada faixa de
variação.
O clima é o estado de humor e o tempo as variações que existem dentro
dessa faixa. O paciente deprimido terá dias melhores ou piores, assim como o não
deprimido. Ambos terão suas tormentas e dias ensolarados, mas as tormentas de
um, não se comparam às tormentas do 105 outro, nem os dias de sol de um, se
comparam com os dias de sol do outro. Existem semelhanças, mas a manifestação
final é muito diferente. Uma pessoa no clima tropical ao ver uma foto de um dia de
sol no polo sul tem a impressão de que estava quente e que até se poderia tirar a
roupa para se bronzear.
Esse tipo de engano é o mesmo que uma pessoa comete ao comparar as
suas fases de baixo astral com a depressão psiquiátrica de um amigo. Ninguém
sabe o que um deprimido sente, só ele mesmo e talvez quem tenha passado por
isso. Nem o psiquiatra sabe: ele reconhece os sintomas e sabe tratar, mas isso não
faz com que ele conheça os sentimentos e o sofrimento do seu paciente.
Os sintomas da depressão são muito variados, indo desde as sensações de
tristeza, passando pelos pensamentos negativos até as alterações da sensação
corporal como dores e enjoos. Contudo, para se fazer o diagnóstico é necessário um
grupo de sintomas centrais:
• perda de energia ou interesse;
• humor deprimido;
• dificuldade de concentração;
• alterações do apetite e do sono;
• lentificação das atividades físicas e mentais;
• sentimento de pesar ou fracasso.

Os sintomas corporais mais comuns são sensação de desconforto no


batimento cardíaco, constipação, dores de cabeça, dificuldades digestivas. Períodos
de melhora e piora são comuns, o que cria a falsa impressão de que se está
melhorando sozinho, quando durante alguns dias o paciente sente-se bem.
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Geralmente tudo se passa gradualmente, não necessariamente com todos os


sintomas simultâneos, aliás, é difícil ver todos os sintomas juntos.
Até que se faça o diagnóstico, praticamente todas as pessoas possuem
explicações para o que está acontecendo com elas, julgando sempre ser um
problema passageiro.
Outros sintomas que podem vir associados aos sintomas centrais são:

 pessimismo;
 dificuldade de tomar decisões;
 dificuldade para começar a fazer suas tarefas;
 irritabilidade ou impaciência;
 inquietação;
 achar que não vale a pena viver, desejo de morrer;
 chorar à toa;
 dificuldade para chorar;
 sensação de que nunca vai melhorar, desesperança;
 dificuldade de terminar as coisas que começou;
 sentimento de pena de si mesmo;
 persistência de pensamentos negativos;
 queixas frequentes;
 sentimentos de culpa injustificáveis;
 boca ressecada, constipação, perda de peso e apetite, insônia, perda
do desejo sexual.

Basicamente, existem as depressões monopolares (esse não é um termo


usado oficialmente) e a depressão bipolar (esse termo é oficial). O transtorno afetivo
bipolar se caracteriza pela alternância de fases deprimidas com maníacas, de
exaltação, alegria ou irritação do humor. A depressão monopolar só tem fases
depressivas.
Os sintomas depressivos apesar de muito comuns são pouco detectados nos
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pacientes de atendimento em outras especialidades, o que permite o


desenvolvimento e prolongamento desse problema, comprometendo a qualidade de
vida do indivíduo e sua recuperação. Anteriormente, estudos associaram o fumo, a
vida sedentária, obesidade, ao maior risco de doença cardíaca. Agora, pelas
mesmas técnicas, associa-se sintoma depressivo com maior risco de desenvolver
doenças cardíacas. A doença cardíaca mais envolvida com os sintomas depressivos
é o infarto do miocárdio.
Também não se pode concluir apressadamente que depressão provoca
infarto, não é assim. Nem todo obeso, fumante ou sedentário enfarta. Essas
pessoas enfartam mais que as pessoas fora desse grupo, mas a incidência não é de
100%. Da mesma forma, a depressão aumenta o risco de infarto, mas em uma parte
dos pacientes. Está sendo investigado.
A depressão costuma atingir 15% a 25% dos pacientes com câncer. As
pessoas e os familiares que encaram um diagnóstico de câncer experimentarão uma
variedade de emoções, estresses e aborrecimentos. O medo da morte, a interrupção
dos planos de vida, perda da autoestima e mudanças da imagem corporal,
mudanças no estilo social e financeiro são questões fortes o bastante para
justificarem desânimo e tristeza.
O limite a partir do qual se devem usar antidepressivos não é claro,
dependerá da 107 experiência de cada psiquiatra. A princípio sempre que o paciente
apresente um conjunto de sintomas depressivos semelhante ao conjunto de
sintomas que os pacientes deprimidos sem câncer apresentam, deverá ser o ponto a
partir do qual se deve entrar com medicações. Existem alguns mitos sobre o câncer
e as pessoas que padecem dele, tais como “os portadores de câncer são
deprimidos”.
A depressão em quem tem câncer é normal, o tratamento da depressão no
paciente com câncer é ineficaz. A tristeza e o pesar são sentimentos normais para
uma pessoa que teve conhecimento da doença. Questões como a resposta ao
tratamento, o tempo de sobrevida e o índice de cura entre pacientes com câncer,
com ou sem depressão, estão sendo mais enfocadas do que a investigação das
melhores técnicas para tratamento da depressão.
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Normalmente a pessoa que fica sabendo que está com câncer torna-se
durante um curto espaço de tempo descrente, desesperada ou nega a doença. Essa
é uma resposta normal no espectro de emoções dessa fase, o que não significa que
sejam emoções insuperáveis. No decorrer do tempo o humor depressivo toma o
lugar das emoções iniciais. Agora o paciente pode ter dificuldade para dormir e
perda de apetite.
Nessa fase o paciente fica ansioso, não consegue parar de pensar no seu
novo problema e teme pelo futuro. As estatísticas mostram que aproximadamente
metade das pessoas conseguirá se adaptar a essa situação tão adversa. Com isso,
essas pessoas aceitam o tratamento e o novo estilo de vida imposto não fica tão
pesado.
Para se afirmar que o paciente está deprimido tem-se que afirmar que ele
sente-se triste a maior parte do dia, quase todos os dias, não tem tanto prazer ou
interesse pelas atividades nas quais apreciava. E não consegue ficar parado, pelo
contrário, movimenta-se mais lentamente que o habitual. Passa a ter sentimentos
inapropriados de desesperança desprezando-se como pessoa e até mesmo se
culpando pela doença ou pelo problema dos outros, sentindo-se um peso morto na
família. Com isso, apesar de ser uma doença potencialmente fatal, surgem
pensamentos de suicídio. Esse quadro deve durar pelo menos duas semanas para
que possamos dizer que o paciente está deprimido.
A causa exata da depressão permanece desconhecida. Eventos
desencadeantes são muito estudados e de fato encontra-se relação entre certos
acontecimentos estressantes na vida das pessoas e o início de um episódio
depressivo. Contudo, tais eventos não podem ser responsabilizados pela
manutenção da depressão. Na prática a maioria das pessoas que sofre um revés se
recupera com o tempo. Os eventos estressantes provavelmente disparam a
depressão nas pessoas predispostas, vulneráveis. Exemplos de eventos
estressantes são: perda de pessoa querida, perda de emprego, mudança de
habitação contra vontade, doença grave; pequenas contrariedades não são
consideradas como eventos fortes o suficiente para desencadear depressão.
O que torna as pessoas vulneráveis ainda é objeto de estudos. A influência
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genética como em toda medicina é muito estudada. Trabalhos recentes mostram


que mais do que a influência genética, o ambiente durante a infância pode predispor
mais as pessoas. O fator genético é fundamental uma vez que os gêmeos idênticos
ficam mais deprimidos do que os gêmeos não idênticos.

ANSIEDADE

http://www.brasilescola.com/imagens/ansiedade.jpg

A ansiedade é uma sensação ou sentimento decorrente da excessiva


excitação do Sistema Nervoso Central consequente à interpretação de uma situação
de perigo. Parente próximo do medo (muitas vezes onde a diferenciação não é
possível), é distinguida dele pelo fato de o medo ter um fator desencadeante real e
palpável, enquanto na ansiedade o fator de estímulo teria características mais
subjetivas.
A ansiedade é o grande sintoma de características psicológicas que mostra a
intersecção entre o físico e psíquico, uma vez que tem claros sintomas físicos como:
taquicardia (batedeira), sudorese, tremores, tensão muscular, aumento das
secreções (urinárias e fecais), aumento da motilidade intestinal, cefaleia (dor de
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cabeça). Quando recorrente e intensa também é chamada de síndrome do pânico


(crise ansiosa aguda). Toda essa excitação acontece decorrente de uma descarga
de um neurotransmissor chamado noradrenalina.
O nosso Sistema Nervoso Central e a nossa mente necessitam de uma
situação de conforto e de segurança para usufruir a sensação de repouso e de bem-
estar.
Quando a nossa percepção nos alerta para uma situação de perigo a essa
situação acontece o estado ansioso.
Evolutivamente, faz pouco que saímos dos tempos da caverna, quando os
perigos de vida e a necessidade de luta eram constantes. A excitação do Sistema
Nervoso Central vinha como uma forma de estimular o nosso corpo para a luta ou
para a fuga.
O que interpretamos como perigo hoje transcende e muito o perigo de vida
biológico. Perda de status, de conforto, de poder econômico, de afetos, amizades,
de privilégios, vantagens, de possibilidade de concretizar interesses, de vaidade, são
fatores mais do que suficientes, em muitos casos, para disparar o estado ansioso.
Em estados de desequilíbrio emocional, o simples contato com o novo, com
situações inesperadas e desconhecidas são o suficiente para disparar estados
ansiosos.
A principal característica psíquica do estado ansioso é uma excitação, uma
aceleração do pensamento, como se estivéssemos elaborando, planejando uma
maneira de nos livrar do perigo e da maneira mais rápida possível. Esse movimento
mental, na maioria das vezes acaba causando certa confusão mental, uma
ineficiência da ação, um aumento da sensação de perigo e de incapacidade de se
livrar do perigo, o que configura um círculo vicioso, pois essa sensação só faz
aumentar ainda mais o estado ansioso. “Mente acelerada é mente desequilibrada”.
Esse movimento impulsivo de a mente se acelerar, de precisar ter tudo sob
controle, para poder usufruir a sensação de repouso e conforto, faz com que ela se
excite; e se o problema não tiver uma solução mental imediata, como o que
acontece na maioria dos casos, terá a chamada ansiedade patológica, que tende a
se cronificar e piorar com os anos.
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A ansiedade poderia ter uma origem genética, ou seja, a pessoa herda de


seus ancestrais uma pré-disposição para ter esses sintomas. Nesses casos as
manifestações podem ser bastante precoces, sendo a pessoa desde cedo uma
criança agitada, às vezes, hiperativa, que chora com facilidade e às vezes até com
dificuldade de dormir.
A ansiedade precoce também pode se manifestar por meio da avidez de
mamar e em uma postura mais teimosa e possessiva ainda como criança. A
segunda é uma infância carente e problemática – em que as dificuldades dos pais,
mas principalmente da mãe de passar afeto e suprir as carências afetivas da
criança, vão fazendo com que ela vá se sentindo insegura e exposta. E vá gravando
e condicionando um sentimento de que coisas ruins e sensações negativas podem
acontecer a qualquer momento.
A terceira é a dificuldade de incorporar fatos e intercorrências novas ou
desconhecidas.
O velho ou conhecido sempre traz a sensação de segurança e controle. O
novo por sua vez tem a capacidade de potencializar a sensação de medo no sentido
de que algo ruim ou perigoso pode vir a acontecer.
É mais ou menos assim: “Tudo que vem de mim é seguro e tudo que vem de
fora e não está sob controle é perigoso”. É a clássica postura do pessimista, como
aquele personagem dos desenhos antigos de TV, a hiena Hardy, amiga do leão
Lippy, que sempre dizia: “Oh céus, oh vida, oh azar, não vai dar certo!”. Traumas de
infância, grandes sustos, perdas afetivas ou mesmo materiais, também podem
desencadear quadros ansiosos importantes, mas não chegariam a ser causas
específicas.

TRANSTORNO BIPOLAR

É uma enfermidade na qual ocorrem alterações do humor, caracterizando-se


por períodos de um quadro depressivo, que se alteram com períodos de quadros
opostos, isto é, a pessoa se sente eufórica (mania). Tanto o período de depressão,
quanto da mania podem durar semanas, meses ou anos.
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O termo mania não significa “repetição de hábitos”, mas sintomas de euforia.


O Transtorno do Humor pode ocorrer, ao longo da vida, dentro de um curso bipolar
ou unipolar. O curso unipolar refere-se a episódios somente de depressão e, no
bipolar, depressão e mania (euforia). O Transtorno Bipolar do Humor atinge de igual
maneira homens e mulheres em torno de 1% a 2% e, geralmente, entre os 15 e 30
anos de idade.
O Transtorno Bipolar também pode atingir as crianças, manifestando-se com
sintomas predominantes de humor ansioso e irritável. O humor da pessoa oscila de
muito eufórico (agitado) para muito triste (com desesperança, desmotivação e
desvalia).
Como em outras doenças, o Transtorno Bipolar do Humor afeta não só quem
o tem, como também, o cônjuge, familiares, amigos e empregadores. Se depressão
e mania forem acompanhadas de alucinações (ouvir, ver, sentir o que não existe) e
delírios (pensamentos irreais à realidade) trata-se do subtipo psicótico. As pessoas
que sofrem de Transtorno Bipolar levam, em média, oito anos antes de serem
diagnosticadas ou receberem tratamento adequado, o que pode causar grande
sofrimento e perdas.

Tipos de Transtorno Bipolar do Humor:


Existem quatro formas de Transtorno Bipolar do Humor:
• Transtorno Bipolar Tipo I – períodos de mania (euforia) com humor
elevado e expansivo grave o suficiente para causar prejuízo no trabalho, relações
sociais podendo necessitar de hospitalização contraposta por períodos de humor
deprimido, sentimentos de desvalia, desprazer, desmotivação, alterações do sono,
apetite, entre outros. Geralmente, o estado maníaco, dura dias ou pelo menos uma
semana, e períodos de depressão de semanas a meses;
• Transtorno Bipolar Tipo II – períodos de hipomania, em que também
ocorre estado de humor elevado e agressivo, mas de forma mais suave. Um
episódio de tipo hipomania, ao contrário da mania, não chega a ser suficientemente
grave para causar prejuízo em atividades de trabalho ou vida social;
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• Transtorno Bipolar Misto – períodos mistos, em que em mesmo dia


haveria alternâncias entre depressão e mania. Em poucas horas a pessoa pode
chorar, ficar triste, com sentimentos de desvalia e desprazer e, no momento
seguinte, estar eufórica, sentindo-se capaz de tudo, falante e agressiva;
• Transtornos Ciclotímicos – períodos em que haveria uma alteração
crônica e flutuante do humor marcada por numerosos períodos com sintomas
maníacos e numerosos sintomas depressivos que se alterariam. Contudo, não
seriam suficientemente graves nem ocorreriam em quantidade suficiente para se ter
certeza de se tratar de depressão e mania. Isto é, pode ser facilmente confundida
com o jeito de ser da pessoa, “de lua”.

Principais teorias etiológicas:


Apesar de se desconhecer a base causal, existe uma interação complexa
entre fatores biológicos, genéticos e psicossociais para tentar explicar o Transtorno:
• fatores biológicos – as teorias dos neurotransmissores, nos sistemas
noradrenérgico, seratonérgico e dopaminérgico, que têm características
semelhantes, pois todos se originam em núcleos localizados no tronco cerebral e se
projetam para amplas áreas do pró-encéfalo, têm sido admitidas na etiologia dos
Transtornos Bipolares. Além desses, outros neurotransmissores, incluindo o
glutemato, neuropeptídeos, como a colecistocinina e o hormônio liberado de
corticotrofina, têm sido implicados assim como anormalidades no eixo hipotalâmico –
pituitário – tireoide são comuns no Transtorno Bipolar;
• fatores genéticos – quando um dos pais apresenta Transtorno Bipolar,
existe de 25% a 50% de chance de o filho adquirir Transtorno Bipolar. Quanto maior
a distância de parentesco, menor a possibilidade de ter um Transtorno Bipolar. Os
estudos de gêmeos têm mostrado que a taxa de concordância em gêmeos
monozigóticos é de 33% a 90% e gêmeos dizigóticos cerca de 5% a 25%. As
associações entre o Transtorno Bipolar I e marcadores genéticos têm sido relatadas
para os cromossomas 5, 11 e x;
• fatores psicossociais – os acontecimentos vitais estressores precedem,
mais frequentemente, os primeiros episódios de Transtorno do Humor e poderiam
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provocar alterações nos estados funcionais de vários sistemas neurotransmissores e


sinalizadores intraneurais. Dificuldades financeiras, doença na família, perda de uma
pessoa importante, uso de drogas, entre outros, podem contribuir para o
desencadeamento da doença.

Achados clínicos – como identificar:


Mania
• humor “para cima”, excitado, exaltação, alegria exagerada e duradoura;
irritabilidade (impaciência, “pavio curto”);
• agitação, inquietação física e mental;
• aumento da energia, da produtividade ou começar muitas coisas e não
conseguir terminar;
• pensamentos acelerados, tagarelice;
• achar que possui dons ou poderes especiais de influência, grandeza e
poder;
• otimismo e autoconfiança exagerados;
• aumento dos gastos, endividamentos;
• distração fácil – tudo desvia a atenção;
• maior contato social e desinibição, comportamento inadequado e
provocativo, agressividade física e/ou verbal;
• erotização, aumento da atividade e necessidade sexuais;
• insônia, redução da necessidade de sono;
• quando grave, ocorrem delírios e/ou alucinações, estressores
precedem, mais frequentemente, os primeiros episódios de Transtorno do Humor e
poderiam provocar alterações nos estados funcionais de vários sistemas
neurotransmissores e sinalizadores intraneurais. Dificuldades financeiras, doença na
família, perda de uma pessoa importante, uso de drogas entre outros, podem
contribuir para o desencadeamento da doença.

Depressão
• humor “para baixo”, tristeza, angústia ou sensação de vazio;
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• irritabilidade, desespero;
• pouca ou nenhuma capacidade de sentir prazer e alegria na vida;
• cansaço mais fácil, desânimo, preguiça, falta de energia física e
mental;
• falta de concentração, lentidão do raciocínio, memória ruim;
• falta de vontade, falta de iniciativa e interesse, apatia;
• pensamentos negativos repetidos amplificados, pessimismo, ideias de
culpa, fracasso, inutilidade, falta de sentido na vida, doença, morte (suicídio);
• sentimentos de insegurança, baixa autoestima, medo;
• interpretação distorcida e negativa do presente, de fatos ocorridos no
passado e no futuro;
• redução da libido e vontade de ter sexo;
• perda ou aumento de apetite e/ou peso;
• insônia ou dormir demais, sem se sentir repousado;
• dores ou sintomas físicos difusos, sofridos, que não se explicam por
outras doenças – dor de cabeça, nas costas, no pescoço e nos ombros, sintomas
gastrointestinais, alterações menstruais, queda de cabelo, dentre outros; em
depressões graves, alucinações e/ou delírios.

Tratamento do Transtorno Bipolar:


O tratamento envolve manejo nas fases agudas e na terapia de manutenção.
Os quadros agudos demandam contenção imediata dos sintomas por meio da
farmacologia: estabilizadores do humor, antidepressivos (se necessário),
antipsicóticos (se necessário) e, muitas vezes, internação hospitalar para proteção
do paciente.
Os episódios de depressão aguda são tratados, preferencialmente, com
antidepressivos inibidores da recaptação da serotonina, pois são maiores indutores
de “virada” maníaca (eufórica) ou hipomaníaca, mais comuns com as ADTs
(tricíclicos).
As fases maníacas podem ser controladas com carbonato de lítio, ácido
valpróico, carbamazepina, lomotrigina, gebapentina e topiramato. Se sintomas
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psicóticos estiverem presentes, é necessário o uso de antipsicóticos ou


benzodiazepínicos. Muitas vezes, é necessária a combinação de drogas, isto é, mais
de um estabilizador do humor associado, antidepressivos, mesmo na fase de
manutenção.
Existem substâncias que propiciam a desestabilização do quadro do humor e
que devem ser identificadas (tricíclicos, esteroides, álcool e os estimulantes).

Psicoterapia:
Sabe-se que a terapia cognitiva pode contribuir na adesão do tratamento e na
prevenção das recaídas, tornando-se um valioso acessório para o tratamento
farmacológico. Como relatado anteriormente, o Transtorno Bipolar não se limita
meramente a um problema bioquímico, mas também, psicológico e social (envolve
dificuldades pessoais, familiares e sociais). Existem outros tipos de psicoterapias,
como individual, grupal, de família, conjugal, entre outros, mas, o que importa é se
está surtindo resultado na melhora do paciente e na sua qualidade de vida.

TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO (TOC)

Sou ou não sou um portador do TOC? Eis uma pergunta que você pode ter se
feito eventualmente. Provavelmente, ouviu em algum programa de rádio ou TV, leu
em alguma reportagem de jornal ou revista que lavar as mãos seguidamente, revisar
várias vezes as portas, janelas ou o gás antes de deitar, não gostar de segurar-se
no corrimão do ônibus. Evitar usar as toalhas de mão utilizadas pelos demais
membros da sua família, não conseguir tocar com a mão no trinco da porta de um
banheiro público, ter medo de passar perto de cemitérios ou entrar em uma
funerária, de deixar um chinelo virado. Assim como outros comportamentos
semelhantes, podem, na verdade, constituir sintomas do chamado Transtorno
Obsessivo-Compulsivo ou TOC.
E você deve ter ficado com dúvidas quanto a ser ou não um portador. Medos
e preocupações fazem parte do nosso dia a dia. Aprendemos a conviver com eles
tomando certos cuidados. Fechamos as portas antes de deitar, lavamos as mãos
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antes das refeições ou depois de usar o banheiro, desligamos o celular antes da


sessão de cinema ou verificamos periodicamente o saldo bancário de nossa conta.
Esses mesmos comportamentos e preocupações, entretanto, podem se
tornar claramente excessivos, quando repetidos inúmeras vezes em um curto
espaço de tempo e quando acompanhados de grande aflição.
É comum, ainda, pelo tempo que tomam, que comprometam as rotinas e o
desempenho no trabalho. Isso configura o que, de forma convencional, chamamos
de obsessões ou compulsões, sintomas característicos de um transtorno bem mais
comum do que se imagina, o TOC.
O TOC é um transtorno mental incluído pelo Manual Diagnóstico e Estatístico
de Transtornos Mentais da Associação Psiquiátrica Americana (DSM-IV) entre os
chamados transtornos de ansiedade. Manifesta-se sob a forma de alterações do
comportamento (rituais ou compulsões, repetições, evitações), dos pensamentos
(obsessões como dúvidas, preocupações excessivas) e das emoções (medo,
desconforto, aflição, culpa, depressão).
Sua característica principal é a presença de obsessões (pensamentos,
imagens ou impulsos que invadem a mente e que são acompanhados de ansiedade
ou desconforto) e das compulsões ou rituais (comportamentos ou atos mentais
voluntários e repetitivos, realizados para reduzir a aflição que acompanha as
obsessões).
Dentre as obsessões mais comuns estão à preocupação excessiva com
limpeza (obsessão) que é seguida de lavagens repetidas (compulsão). Outro
exemplo são as dúvidas (obsessão), que são seguidas de verificações (compulsão).
A obsessão está ligada aos pensamentos; já os atos ou comportamentos são
denominados de comportamentos compulsivos.

O que são obsessões?

Obsessões são pensamentos ou impulsos que invadem a mente de forma


repetitiva e persistente. Podem ainda ser imagens, palavras, frases, números,
músicas, etc. Sentidas como estranhas ou impróprias, as obsessões geralmente são
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acompanhadas de medo, angústia, culpa ou desprazer.


O indivíduo, no caso do TOC, mesmo desejando ou se esforçando, não
consegue afastá-las ou suprimi-las de sua mente. Apesar de serem consideradas
absurdas ou ilógicas, causam ansiedade, medo, aflição ou desconforto que a pessoa
tenta neutralizar realizando rituais, compulsões, ou por meio de evitações (não tocar,
evitar certos lugares).

As obsessões mais comuns envolvem:

• preocupação excessiva com sujeira, germes ou contaminação;


• dúvidas;
• preocupação com simetria, exatidão, ordem, sequência ou
alinhamento;
• pensamentos, imagens ou impulsos de ferir, insultar ou agredir outras
pessoas;
• pensamentos, cenas ou impulsos indesejáveis e impróprios,
relacionados a sexo
(comportamento sexual violento, abusar sexualmente de crianças, falar
obscenidades, etc.);
• preocupação em armazenar, poupar, guardar coisas inúteis ou
economizar;
• preocupações com doenças ou com o corpo;
• religião (pecado, culpa, escrupulosidade, sacrilégios ou blasfêmias);
• pensamentos supersticiosos – preocupação com números especiais,
cores de roupa, datas e horários (podem provocar desgraças);
• palavras, nomes, cenas ou músicas intrusivas e indesejáveis.

O que são compulsões ou rituais?

Compulsões ou rituais são comportamentos ou atos mentais voluntários e


repetitivos, executados em resposta a obsessões, ou em virtude de regras que
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devem ser seguidas rigidamente. Os exemplos mais comuns são lavar as mãos,
fazer verificações, contar, repetir frases ou números, alinhar, guardar ou armazenar
objetos sem utilidade, repetir perguntas, etc.
As compulsões aliviam momentaneamente a ansiedade associada às
obsessões, levando o indivíduo a executá-las toda vez que sua mente é invadida por
uma obsessão.
Por esse motivo se diz que as compulsões têm uma relação funcional (de
aliviar a aflição) com as obsessões. E, como são bem sucedidas, o indivíduo é
tentado a repeti-las, em vez de enfrentar seus medos, o que acaba por perpetuá-los,
tornando-se ao mesmo tempo prisioneiro dos seus rituais.
Nem sempre as compulsões têm uma conexão realística com o que desejam
prevenir (por exemplo, alinhar os chinelos ao lado da cama antes de deitar para que
não aconteça algo de ruim no dia seguinte; dar três batidas em uma pedra da
calçada ao sair de casa, para que a mãe não adoeça). Nesse caso, por trás desses
rituais existe um pensamento ou obsessão de conteúdo mágico, muito semelhante
ao que ocorre nas superstições.
Os dois termos (compulsões e rituais) são utilizados praticamente como
sinônimos, embora o termo “ritual” possa gerar alguma confusão, na medida em que
praticamente todas as religiões e diversos grupos culturais adotam comportamentos
ritualísticos e contagens nas suas práticas: ajoelhar-se três vezes, rezar seis ave-
marias, ladainhas, rezar três ou cinco vezes ao dia, benzer-se ao passar diante de
uma igreja. Existem rituais para batizados, casamentos, funerais, etc. 119

Além disso, certos costumes culturais, como a cerimônia do chá entre os


japoneses, o cachimbo da paz entre os índios, ou um funeral com honras militares,
envolvem ritos que lembram as compulsões do TOC. Por esse motivo, há certa
preferência para o termo “compulsão” quando se fala em TOC.

As compulsões mais comuns são:


• de lavagem ou limpeza;
• verificações ou controle;
• repetições ou confirmações;
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• contagens;
• ordem, simetria, sequência ou alinhamento;
• acumular, guardar ou colecionar coisas inúteis (colecionismo), poupar
ou economizar;
• compulsões mentais: rezar, repetir palavras, frases, números;
• diversas: tocar, olhar, bater de leve, confessar, estalar os dedos.

Compulsões mentais:
Algumas compulsões não são percebidas pelas demais pessoas, pois são
realizadas mentalmente e não mediante comportamentos motores, observáveis.
Elas têm a mesma finalidade: reduzir a aflição associada a um pensamento.
Alguns exemplos:
• repetir palavras especiais ou frases;
• rezar;
• relembrar cenas ou imagens;
• contar ou repetir números;
• fazer listas;
• marcar datas;
• tentar afastar pensamentos indesejáveis, substituindo-os por pensamentos
contrários.

ESQUIZOFRENIA

Esquizofrenia é uma doença mental que afeta a capacidade da pessoa


distinguir se as experiências vividas são ou não reais. Afeta ainda a capacidade de
pensar logicamente, sentir emoções e sentimentos, e comportar-se em situações
sociais.
Não há cura para a esquizofrenia, mas o tratamento controla os sintomas e
ajuda a pessoa a ter uma vida parecida com a de quem não sofre da doença. Ou
seja, pode trabalhar, namorar, ter amigos e divertir-se.
A esquizofrenia é uma doença que tem início no fim da adolescência e
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começo da vida adulta (15 a 25 anos). Embora a frequência seja igual entre os
sexos, pode começar mais tardiamente nas mulheres.
Em torno de 1% da população mundial tem Esquizofrenia.
Esquizofrenia é uma doença complexa, intrigante e sua causa ainda não é
conhecida.
Sabe-se que a hereditariedade é um fator importante – pessoas que têm um
familiar com esquizofrenia têm maior chance de desenvolver a doença –, mas ainda
não se sabe quais os genes envolvidos ou se a presença deles é suficiente para o
desenvolvimento da esquizofrenia.
Gêmeos idênticos têm 50% de chance de desenvolver a doença quando um
deles já desenvolveu.
Alguns pesquisadores acreditam que a esquizofrenia é resultado de uma
combinação de fatores genéticos e ambientais. Certas pessoas nascem com essa
tendência, mas o problema só aparece se expostas a determinados fatores
ambientais.
Não existe um consenso de quais seriam os fatores ambientais envolvidos,
mas estudos sugerem que infecções, má nutrição na gravidez e complicações no
parto podem contribuir posteriormente para o desenvolvimento da esquizofrenia.
Os sintomas são variados e podem aparecer subitamente, embora,
geralmente, a doença se manifeste em meses ou anos.
Inicialmente os sintomas podem não ser evidentes, e são confundidos com
alterações próprias da idade ou com de outras doenças psiquiátricas.
Os indivíduos começam a perceber que há algo estranho, mas muitas vezes
são incapazes de contar para seus familiares.
Podem relatar que estão mais tensos, tendo dificuldade de concentração ou
para dormir, começam a isolar-se das pessoas, não conseguem mais ficar com os
amigos e param de estudar ou trabalhar. Com a progressão da doença, aparecem
os sintomas mais característicos da psicose (perda da noção da realidade).
22

Mudanças na percepção do pensamento:


a) Delírios – são crenças não verdadeiras, baseadas em uma inferência
incorreta sobre a realidade exterior, apesar de provas e evidências contrárias. O
paciente pode sentir que seus pensamentos são influenciados, controlados,
inseridos ou transmitidos para fora da cabeça. Os eventos normais do dia a dia
passam a ter significado diferente. O indivíduo pode sentir-se perseguido ou
discriminado e achar que tem poderes ou atributos especiais. Pode sentir que seu
corpo está mudando ou que recebe influências de forças externas;
b) Alucinações – são falsas percepções na ausência de um estímulo
externo, mas com as qualidades de uma verdadeira percepção. Isto é, eles podem
ver, ouvir e sentir 1coisas que não estão realmente no local. As alucinações podem
ser auditivas, visuais, táteis, olfativas, gustativas ou uma combinação de todas:
• Auditivas – são as mais comuns em esquizofrenia e podem ocorrer na
forma de barulhos, músicas ou mais frequentemente como vozes. Essas vozes
podem ser sussurradas, ou claras e distintas, podem falar entre si ou ser uma única
voz. Podem comentar o comportamento da pessoa e, às vezes, podem dar ordens;
• Visuais – podem ser simples ou complexas, podendo envolver fachos
de luz, pessoas ou coisas;
• Olfativas e gustativas – ocorrem em geral juntas como cheiros ou
gostos ruins;
• Táteis – o paciente tem a sensação de ser tocado ou picado, ou ainda
sensações elétricas como se insetos estivessem rastejando sobre a pele.
c) Distúrbios formais do pensamento – os pensamentos mudam de
assunto completamente e esta alteração aparece na fala da pessoa.

Transtornos de comportamento e motor

Muitos pacientes apresentam diminuição de iniciativa, transtornos motores e


alterações no comportamento social. Um paciente pode ficar parado por um longo
período de tempo ou engajar-se em uma atividade repetitiva sem finalidade.
Os extremos podem incluir o estupor catatônico, situação na qual o paciente
23

fica imóvel por um período longo, ou o excitamento catatônico, quando o indivíduo


apresenta atividade motora incontrolável e sem objetivo.
Outras alterações motoras são estereotipias (movimentos repetidos sem
objetivo aparente) e maneirismos (atividades normais, mas fora de contexto).
Geralmente a deterioração do comportamento social ocorre junto com o
isolamento social. Os indivíduos podem negligenciar seus cuidados pessoais, vestir
roupas sujas ou inapropriadas, e suas coisas e ambientes permanecerem
descuidados e desarrumados.
Podem ainda desenvolver comportamentos que contrariam as convenções
sociais como falar obscenidades em público ou apresentar maneiras rudes à mesa.
Podem ser encontrados nas ruas marchando, falando alto e gesticulando. 123

Esse descuido com a higiene pessoal e comportamentos excêntricos podem


dificultar ainda mais a aproximação de familiares, amigos e estranhos. Essa situação
corrobora ainda mais a certeza, desses pacientes, de que as pessoas não gostam
deles.

Transtornos do afeto:
A diminuição da resposta emocional já foi considerada um sintoma
característico da esquizofrenia. Muitos pacientes são indiferentes ou apáticos,
evitam o contato com olhar, apresentam ausência na inflexão na voz, mudanças na
expressão facial e os movimentos espontâneos e os gestos expressivos podem
estar diminuídos. Com frequência perdem a capacidade de sentir prazer e podem
descrever-se como vazios de emoção.

Reações dos pacientes aos sintomas:


A pessoa com esquizofrenia altera seu entendimento do mundo na tentativa
de explicar as experiências vividas. Devido às experiências serem incomuns, as
explicações também são. É difícil explicar para alguém o fenômeno de ouvir vozes.
Pacientes mais crônicos, que já apresentam dificuldades de relacionamento social,
ficam isolados e muitas vezes envolvidos em suas próprias fantasias.
Podem imaginar que outras pessoas tentam prejudicá-los, não estão
24

interessadas nele ou querem criticá-lo.


Alternativamente, os pacientes podem experienciar reações negativas de
outras pessoas durante os episódios psicóticos, o que pode pesar ainda mais na sua
imaginação. Percebem ainda que não são mais competentes no trabalho. Ele pode
ter sido um bom estudante durante anos ou um trabalhador devotado e competente,
mas após a doença percebe que houve diminuição de sua performance.
A experiência de estar “louco” é uma das mais dolorosas e significativas.
Quando os pensamentos tornam-se desorganizados, quando as decisões estão
bloqueadas, quando as emoções inexplicadas e não esperadas aparecem, há uma
conscientização do clima de horror, de que mente está fazendo armadilhas e que foi
embora seu modo usual de agir.
A experiência da psicose faz com que o paciente mude o conceito a respeito
de sua própria mente. A experiência do distúrbio faz com que a pessoa desacredite
nos seus processos de pensamento, mesmo quando estes voltam ao normal.
O paciente perde a fé de que possa pensar propriamente. Após a psicose, ele
tem conhecimento de que alucinou e, por algum tempo ou para sempre, ele não será
capaz de reagir normalmente aos sons estranhos e ocasionais que podem ser
ouvidos em locais e horas não esperados.

Tratamento:
O tratamento da esquizofrenia envolve vários tipos de profissionais que
trabalham em equipe.
Os objetivos da equipe de saúde são:
• controlar os sintomas da doença tentando minimizar os efeitos
deletérios da medicação;
• prevenir riscos de suicídio e crise paranoide;
• evitar hospitalizações;
• desencorajar o paciente ao uso indiscriminado da emergência médica;
• cuidar da saúde geral do paciente;
• melhorar sua qualidade de vida e dar à família suporte emocional.
Talvez o fator mais importante para cumprir esses objetivos seja assegurar
25

que o paciente faça o tratamento. Devido ao isolamento social, ideias paranoides,


negação da doença e desconforto com os efeitos colaterais das drogas, muitos
pacientes abandonam o tratamento.

Tratamento farmacológico:
Antipsicóticos “típicos” ou clássicos são aquelas medicações que tendem a
produzir sintomas extrapiramidais (EPS). Esses agentes têm sido as principais
drogas na farmacoterapia da esquizofrenia por mais de um quarto de século.
Os sintomas que respondem melhor aos antipsicóticos típicos são os
chamados sintomas positivos, como delírios e alucinações. Já nos sintomas
negativos, além de não responderem tão bem, podem ser acentuados com seu uso.
A maioria dos autores divide o tratamento farmacológico da esquizofrenia em
duas fases: aguda e manutenção ou profilática.

Fase aguda
Envolvem a tentativa de aliviar os sinais e sintomas associados como delírios,
alucinações, alterações formais do pensamento e do comportamento. Apesar da
variação das 125 doses utilizadas na prática clínica, as doses recomendadas para a
fase aguda situam-se em 600-700 mg de clorpromazina ou equivalente/dia ou 5-20
mg/dia de haloperidol ou flufenazina.
A administração de altas doses de antipsicótico (neuroleptização rápida) no
tratamento de pacientes agudos não é indicada devido à falta de estudos
controlados, demonstrando que essa medida é mais eficaz no controle de sintomas
psicóticos. Após a remissão dos sintomas, diminui-se a dose e avalia-se a
necessidade de tratamento em longo prazo com antipsicóticos.
Se a medicação for suspensa, o médico deve estar atento a algum sinal de
recidiva e, em caso de nova crise psicótica, a medicação deve ser introduzida por
tempo indefinido.

Fase de manutenção ou profilática


Esquizofrenia é uma doença que dura a vida toda, como diabetes ou
26

hipertensão. A maioria das pessoas com esquizofrenia necessitará de cuidados


médicos e medicação pelo resto de suas vidas.
As medicações antipsicóticas não curam a esquizofrenia, somente controlam
os sintomas da doença. Ou seja, se o paciente deixar de tomar a medicação pode
sofrer uma recaída.
Algumas pessoas, mesmo tomando a medicação regularmente, podem ter
uma recaída dos sintomas psicóticos.
É muito importante que elas possam reconhecer que esses sintomas estão
voltando, e procurar ajuda imediatamente. Antes do aparecimento de sintomas como
delírios ou alucinações, é comum aparecerem sintomas menos específicos como
irritabilidade, insônia e depressão.
Os familiares devem estar atentos a mudanças sutis que possam ocorrer com
seu familiar doente, pois a intervenção médica precoce pode impedir a recaída.
Enquanto essa necessidade de tratamento por longo tempo é bem
reconhecida pelo médico, frequentemente não é bem aceita pelo paciente.
Muitos estudos mostram quão inconstantes e não confiáveis eles podem ser
em relação à medicação. Interrompem porque se sentem bem, e não entendem
porque devem continuar tomando o remédio; ou ainda, porque os efeitos colaterais
são muito desagradáveis.
A introdução dos antipsicóticos de ação prolongada, de uso injetável,
possibilitou uma maior adesão desses pacientes ao tratamento.

HIPERATIVIDADE E DÉFICIT DE ATENÇÃO

A hiperatividade, denominada também como desordem do déficit de atenção,


pode afetar crianças, adolescentes e até mesmo alguns adultos. Os sintomas variam
de brandos a graves e podem incluir problemas de linguagem, memória e
habilidades motoras.
Embora a criança hiperativa tenha muitas vezes uma inteligência normal ou
acima da média, o estado é caracterizado por problemas de aprendizado e
comportamento. Os professores e pais da criança hiperativa devem saber lidar com
27

a falta de atenção, impulsividade, instabilidade emocional e hiperativa incontrolável


da criança.
O comportamento hiperativo pode estar relacionado a uma perda da visão ou
audição, a um problema de comunicação, como a incapacidade de processar
adequadamente os símbolos e ideias que surgem, estresse emocional, convulsões
ou distúrbios do sono.
Também pode estar relacionado a paralisia cerebral, intoxicação por chumbo,
abuso de álcool ou drogas na gravidez, reação a certos medicamentos ou alimentos
e complicações de parto, como privação de oxigênio ou traumas durante o
nascimento.
Esses problemas devem ser descartados como causa do comportamento
antes de tratar a hiperatividade da criança.
O verdadeiro comportamento hiperativo interfere na vida familiar, escolar e
social da 127 criança. As crianças hiperativas têm dificuldade em prestar atenção e
aprender. Como são incapazes de filtrar estímulos, são facilmente distraídas. Essas
crianças podem falar muito, alto demais e em momentos inoportunos.
As crianças hiperativas estão sempre em movimento, sempre fazendo algo e
são incapazes de ficar quietas. São impulsivas. Não param para olhar ou ouvir.
Devido à sua energia, curiosidade e necessidade de explorar surpreendentes e,
aparentemente infinitas, são propensas a se machucar e a quebrar e danificar
coisas.
As crianças hiperativas toleram pouco, as frustrações. Elas discutem com os
pais, professores, adultos e amigos. Fazem birras e seu humor flutua rapidamente.
Essas crianças também tendem a ser muito agarradas às pessoas.
Precisam de muita atenção e tranquilização. É importante para os pais
perceberem
que as crianças hiperativas entenderam as regras, instruções e expectativas
sociais. O problema é que elas têm dificuldade em obedecê-las. Esses
comportamentos são acidentais e não propositais. Para a criança hiperativa e sua
família, uma ida a um parque de diversão ou supermercado pode ser desastrosa. Há
simplesmente muita coisa acontecendo – muito estímulo ao mesmo tempo.
28

Devido à sua incapacidade de concentrar-se e ao constante bombardeamento


de estímulos, a criança hiperativa pode ficar estressada.
A criança hiperativa pode ter muitos problemas. Apesar da “dificuldade de
aprendizado”, essa criança é geralmente muito inteligente. Sabe que determinados
comportamentos não são aceitáveis. Mas, apesar do desejo de agradar e de ser
educada e contida, a criança hiperativa não consegue se controlar. Pode ser
frustrada, desanimada e envergonhada.
Ela sabe que é inteligente, mas não consegue desacelerar o sistema nervoso,
a ponto de utilizar o potencial mental necessário para concluir uma tarefa.
A criança hiperativa muitas vezes se sente isolada e segregada dos colegas,
mas não entende por que é tão diferente.
Fica perturbada com suas próprias incapacidades. Sem conseguir concluir as
tarefas normais de uma criança na escola, no playground ou em casa, a criança
hiperativa pode sofrer de estresse, tristeza e baixa autoestima.
Um especialista em comportamento infantil pode ajudá-lo a distinguir entre a
criança normalmente ativa e enérgica e a criança realmente hiperativa. As crianças,
até mesmo as menores, podem correr, brincar e agitarem-se felizes durante horas
sem cochilar, dormir ou demonstrar qualquer cansaço.
Para garantir que a criança realmente hiperativa seja tratada adequadamente
– e evitar o tratamento inadequado de uma criança normalmente ativa – é
importante que seu filho receba um diagnóstico preciso.
Durante a primeira ou a segunda consulta médica, a criança hiperativa pode
se comportar de forma quieta e educada. Sabendo o que é esperado, pode se
transformar em uma criança “modelo”. Esteja preparado para descrever, de forma
precisa e objetiva, o comportamento do seu filho em casa e nas atividades sociais.
Se seu filho está encontrando dificuldade na escola, peça ao professor que converse
com o médico ou envie-lhe um relatório por escrito.
Podem precisar de várias consultas antes que o comportamento hiperativo
torne-se aparente. Não se preocupe. Um especialista em crianças, geralmente, pode
realizar um diagnóstico preciso.
Ao tratar da criança hiperativa, sua meta é ajudá-la a fazer o melhor possível,
29

em casa, na escola, e com os amigos. Lembre-se sempre de que seu filho está
lutando com todas as forças para superar uma deficiência do sistema nervoso.
Explique, se preciso for, mas não se sinta envergonhado ou culpado quando seu
filho não se comportar bem.
Os pais da criança hiperativa merecem muita consideração.
É preciso muita paciência – e vigor – para amar e apoiar a criança hiperativa
em todos os desafios e frustrações inerentes à doença. Os pais da criança hiperativa
estão sempre preocupados e atentos, sempre “em alerta”. Consequentemente, é
fácil sentirem-se cansados, abatidos e frustrados. É de importância vital para os pais
da criança hiperativa, serem bons consigo mesmos, descansar quando apropriado,
além de buscar e aceitar o apoio para eles e para o filho.

Tratamento convencional:
Antes de qualquer tratamento, um exame físico deve ser feito para descartar
outras causas para o comportamento do seu filho, tais como infecção crônica do
ouvido médio, sinusite, problemas visuais ou auditivos ou outros problemas
neurológicos.
O metilfenidato é o medicamento mais comumente receitado para
hiperatividade. É um estimulante que tem efeito paradoxal de acalmar o sistema
nervoso e aumentar a capacidade da 129 criança hiperativa de prestar atenção.
Contudo, não deixe de verificar com seu médico antes de parar de dar esse
medicamento a seu filho. A tioridazina é um tranquilizante ao qual se pode recorrer
se a criança for extremamente agressiva e, nesse caso, apenas nas situações mais
difíceis.
Na maioria das circunstâncias, o medicamento para a hiperatividade pode ser
interrompido durante o verão e retomado quando as aulas começarem novamente,
após as férias.
Essa conduta pode limitar alguns dos efeitos colaterais prolongados desses
medicamentos. Após um verão sem medicamento, talvez seja útil deixar que seu
filho frequente as primeiras semanas de aula sem qualquer medicação. Considere
esse período como um teste para determinar se seu filho pode passar sem o
30

medicamento (converse sempre com seu médico antes de descontinuar qualquer


tratamento, durante qualquer período de tempo).

Psicoterapia e Psicopedagogia:
Essas disciplinas ajudam a criança a entender o problema contra o qual está
lutando, a estabelecer metas e padrões e reconhecer e avaliar seu comportamento.
Podem ser de grande valia.
Esses programas ensinam controles internos que podem ser usados em
várias situações. Seu filho aprenderá a oferecer recompensas pelos seus feitos e
aprenderá a partir dos seus erros.
Coopere com seu médico ou terapeuta para desenvolver programas de
modificação comportamental. É importante que o programa seja claro, facilmente
entendido e executado por todos que dele participam – pela criança bem como pelos
adultos.
É essencial que essas intervenções sejam realizadas com cautela e boa
vontade, em um ambiente calmo e carinhoso. A criança deve participar com
disposição. Certifique-se de que os dois tenham entendido que esses programas
objetivam ajudar e não punir.
Desenvolva uma rotina estável em casa. Para diminuir a confusão e a
quantidade de estímulos diários, defina horários específicos para comer e dormir.
Experimente atribuir uma tarefa pequena e rápida e insista delicadamente
para que seja concluída. Em seguida, não deixe de agradecer e elogiar seu filho
quando a tarefa tiver sido concluída.
Faça com que a criança participe de projetos que ela goste para ajudá-la a
concentrar-se.
Aprender a concentrar-se alterará sua resposta ao mundo, gradativamente.
Lembre-se sempre de que, além de ter um desequilíbrio do sistema nervoso que
transforma em tortura o simples ato de permanecer sentado, a criança hiperativa e
inteligente entedia-se facilmente.
Cooperar com o hiperativo para ajudá-lo a realmente concluir um projeto.
Concluir um projeto oferecerá uma ideia de competência e maior autoestima. O
31

domínio e conclusão de uma tarefa requerem elogios.


Busque terapia para você e seu cônjuge. Para ajudar a diminuir os
sentimentos de frustração e isolamento, os pais da criança hiperativa precisam de
informação e apoio.
Busque auxílio; certamente encontrará. Você aprenderá a apoiar seu filho e a
ficar calmo e próximo, mesmo quando a situação parecer fora de controle. Você
também aprenderá que é importante que os pais tirem férias sem se sentirem
estressados ou culpados por deixarem uma criança “difícil” com outras pessoas
competentes. Nunca é demais enfatizar a necessidade dos pais terem uma folga.
Tire uma tarde, uma noite ou um fim de semana. Entre em contato com uma pessoa
que possa tomar conta do seu filho. Ligue para seus pais e amigos.
Se você não fizer isso para o seu próprio bem, faça por seu filho.
Provavelmente você voltará se sentindo renovado, mais calmo e carinhoso.

Atividades físicas:
São fundamentais, principalmente aquelas que mantêm a criança em contato
com a água, como a hidroginástica e a natação. É importante saber que a água
exerce um efeito calmante. Práticas como a yoga e o tai-chi-chuan também são
interessantes, pois treinam a mente para que fique quieta.

Alguns cuidados importantes:


Durante a gestação, mantenha a exposição a chumbo ambiental ao mínimo
possível e elimine álcool. Os dois têm sido relacionados à hiperatividade.
Não deixe que seu filho se exponha ao chumbo. As fontes mais comuns de
exposição ao chumbo são tinta à base de chumbo, água potável e cerâmica mal
esmaltada.

Alguns fatos sobre a hiperatividade:


Há um equívoco muito grande, principalmente nas escolas, em “diagnosticar”
crianças como sendo hiperativas. Embora muitos pais de crianças enérgicas
perguntem aos médicos sobre a hiperatividade, ela não é problema comum.
32

Agitação não é sinônimo de hiperatividade. Ansiedade também não. Tampouco


problemas de concentração. É fundamental procurar um psicólogo, de preferência
especialista em Psicopedagogia ou Psicologia Escolar.
De acordo com um artigo publicado no British Journal of Psychiatry, apenas
3% das crianças são realmente diagnosticadas com a desordem do déficit de
atenção. A hiperatividade é dez vezes mais comum nos meninos do que nas
meninas. A causa ou causas exatas da hiperatividade são desconhecidas.
Os profissionais de saúde teorizam que a desordem pode ser resultado de:
fatores genéticos; desequilíbrio químico; lesão ou doença na hora do parto ou depois
do parto; ou um defeito no cérebro ou sistema nervoso central, resultando no mau
funcionamento do mecanismo responsável pelo controle das capacidades de
atenção e filtragem de estímulos externos.
Metade das crianças hiperativas tem menos problemas comportamentais
quando seguem uma dieta livre de substâncias como flavorizantes, corantes,
conservantes, glutamato monossódico, cafeína, açúcar e chocolate e mantém
psicoterapia associada a atividades físicas, ou seja, o tratamento deve ser
multidisciplinar.

AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA

http://www.crpsp.org.br/a_acerv/jornal_crp/146/frames/orientacao.gif.
33

Muitas pessoas confundem a aplicação de testes com avaliação psicológica.


A avaliação psicológica pode envolver técnicas de dinâmica de grupo, entrevistas,
questionários, levantamento do histórico de vida e tudo o mais que tenha como
objetivo avaliar – no sentido de analisar, compreender, esclarecer – a dinâmica dos
processos psicológicos representativos de um indivíduo. Sendo, portanto, muito
mais complexa que a simples aplicação de testes psicológicos.
A depender dos objetivos da avaliação, que pode ser diagnóstica, de
emprego, demissional, ela pode durar várias sessões. Um grande engano cometido
por quem necessita de uma avaliação é que imagina que ela pode ser realizada em
15 minutos, por exemplo. Puro engano. Para se chegar a um diagnóstico mais
preciso, o psicólogo necessita realizar um levantamento minucioso.
A avaliação psicológica deve ser utilizada em todo e qualquer setor da
sociedade em que se necessite conhecer melhor o funcionamento da psique
humana, visando orientar ou tomar certas decisões relativas à pessoa em questão
(PELLINI, 2000).
Encontram-se referências precisas de que desde o século XIX já se realizava
avaliação psicológica em vários países e no Brasil, obviamente de forma diferente
dos modelos conhecidos atualmente. 133

No Brasil, a avaliação psicológica começou a ser praticada mais


sistematicamente nas décadas de 50 e 60, porém, já na década de 20 foram
realizados trabalhos acadêmicos e criados institutos para a realização de processos
de seleção de pessoal nos setores públicos e privados, destacando-se as empresas
do segmento de transporte coletivo.
Com a regulamentação da Psicologia na década de 60, houve um aumento
significativo de profissionais e de empresas interessadas em investir na área de
recrutamento e seleção, passando a compor setores e a contratar psicólogos que
realizassem avaliação psicológica em candidatos, tendo o intuito de aumentar as
probabilidades de “acerto”, isto é, de selecionarem “a pessoa certa para o lugar
certo”.
As décadas de 80 e 90 foram promissoras para a área. Entretanto, se por um
lado havia a utilização maciça de testes psicológicos nas avaliações para seleção de
34

pessoal, por outro, não se encontravam instrumentos adaptados ou criados


especificamente para esse fim.
Visualiza-se, atualmente, um panorama no qual houve uma redução
significativa da utilização dos testes psicológicos devido às rigorosas exigências de
qualidade dos instrumentos, trazendo maior segurança ao profissional que se
embasa em seus resultados para tomar decisões estratégicas e, não raramente, de
maneira decisiva no direcionamento da vida das pessoas.
Tanto no setor da Psicologia Clínica quanto no da Psicologia Organizacional,
onde se pode fazer uso da Avaliação Psicológica, contar com os resultados obtidos
a partir de testes é de grande importância, pois traz ao avaliador dados não
facilmente perceptíveis de outro modo a respeito do candidato, além de poder
confirmar aspectos percebidos durante a entrevista e dinâmica de grupo, se for o
caso. Praticada de modos diferentes de acordo com cada objetivo, a ferramenta
contribui de forma decisiva para o diagnóstico do candidato ou paciente.
A avaliação psicológica não se reduz à aplicação de testes. Além de testes, a
avaliação compreende técnicas de dinâmica de grupo, entrevistas, observação de
comportamento e uma anamnese bem-feita, ou seja, investigação da vida social,
familiar, física e emocional do paciente, com análise criteriosa do histórico de vida.

Na prática:

De maneira geral, uma avaliação psicológica se constitui por uma entrevista


individual, às vezes substituída ou acrescida de uma dinâmica de grupo, e um teste
para avaliação da personalidade. Outros testes, de habilidades ou aptidões
específicas, são acrescentados ao conjunto de técnicas de avaliação, conforme o
objetivo e a área de atuação do profissional.
O objetivo maior é o de diagnosticar cada pessoa, conhecer suas
competências individuais e, para isso, o teste psicológico ainda é o melhor
instrumento de que se dispõe, embora jamais único no processo, pois além de
resultar em dados confiáveis, já que suas características psicométricas são
comprovadas cientificamente. Ele permite que o psicólogo tenha uma visão total da
35

pessoa, que consiga definir quais são as suas competências ou características mais
vantajosas e quais aquelas em que precisaria investir um pouco mais.
Em um processo de seleção, por exemplo, tais informações permitem ao
psicólogo indicar com maior segurança pessoas para cargos específicos e orientar
as lideranças sobre como lidar com seus colaboradores e no que efetivamente
investir para obter maior desenvolvimento e melhores resultados.
Da mesma forma, em treinamento e desenvolvimento, uma avaliação
psicológica traz subsídios suficientes para que um programa seja encaminhado
considerando as especificidades individuais e grupais, podendo até, com isso, gerar
um redirecionamento das estratégias adotadas.
Há pouco tempo, algumas empresas procuravam premiar colaboradores
tecnicamente bons com uma promoção para cargos de chefia, sem outro critério
senão a satisfação com o desempenho desse funcionário, ou seja, sem uma
avaliação que pudesse assegurar que essa pessoa tivesse características
condizentes com posições de liderança, além de sua competência técnica.
O resultado final geralmente era desastroso para o colaborador e para a
empresa. Por não ser um líder e necessitar desenvolver as competências de
liderança, não se saía bem na nova função. Como nem sempre é possível a pessoa
retornar ao cargo anterior, a empresa contava com duas opções: mantê-lo no cargo
e arcar com consequências indesejáveis ou então demiti-lo. Prejuízo para ambos.
Para um planejamento de carreira, a realização de uma avaliação psicológica
também se torna decisiva, visto que norteará todo o programa a ser desenvolvido
com o profissional, especificando as características psicológicas a serem
desenvolvidas para que ele possa futuramente ascender em uma hierarquia com
sucesso.
No momento atual, o foco das empresas, seja qual for o seu negócio, é cada
vez mais seus recursos humanos e sabe-se que o sucesso da empresa deve-se ao
conhecimento e ao investimento em pessoas. A avaliação psicológica, científica e
ética, apoiada em instrumentos e testes fidedignos, contribui essencialmente para
essa finalidade.
Em se tratando da Psicologia Clínica, a avaliação psicológica é usada para
36

fins diagnósticos, ou seja, para avaliar a saúde emocional do paciente e verificar se


ele é portador de algum transtorno. Vale ressaltar que nem sempre a queixa inicial é
a responsável pelo sofrimento psíquico de uma pessoa, mas a constatação disso só
se verifica depois de uma avaliação psicológica.

Entrevista psicológica

Existem vários tipos de entrevistas e são vários os profissionais que dela se


utilizam. Com o psicólogo não é diferente. Ele utiliza esse instrumento para elaborar
diagnósticos, durante avaliações e em prognóstico, ou seja, quando, durante uma
entrevista devolutiva, por exemplo, mostra as probabilidades futuras de um quadro
psicológico atual.
É bem verdade que a entrevista psicológica sofreu algumas modificações no
início do século XIX, quando predominava o modelo médico. Naquela época,
Kraepelin usava a entrevista com o objetivo de detalhar o comportamento do
paciente, e, assim, poder identificar as síndromes e as doenças específicas que as
classificavam segundo a nosografia vigente. (SILVA, 2007).
Enquanto isso, Meyer, psiquiatra americano, se interessava pelo enfoque
psicobiológico (aspectos biológicos, históricos, psicológicos e sociais) do
entrevistado. A partir de Hartman e Anna Freud o interesse da entrevista se
deslocou para as defesas do paciente. Isto é, a Psicanálise teve sua influência na
investigação dos processos psicológicos, sem enfatizar o aspecto diagnóstico, antes
valorizado.
Nos anos 50, Deutsch e Murphy apresentaram sua técnica denominada
Análise Associativa que considerava importante registrar não somente o que o
paciente dizia, mas, também, em fornecer informações sobre ele. Desse modo,
desviou-se o foco sobre o comportamento psicopatológico para o comportamento
dinâmico. Ainda naquela década, Sullivan concebeu a entrevista como um fenômeno
sociológico, uma díade de interferência mútua.
Após esse período, a entrevista e o aconselhamento psicológicos se
deixaram influenciar, entre outros, por Carl Rogers, cuja abordagem consiste em
37

centrar no paciente. Ou seja, em procurar compreender, de acordo com o seu


referencial, significados e componentes emocionais, tendo como base a sua
aceitação incondicional por parte do entrevistador.

Definição de entrevista psicológica

http://www.institutouniao.com.br/imagens.

A entrevista psicológica é um processo bidirecional de interação, entre duas


ou mais pessoas com o propósito previamente fixado no qual uma delas, o
entrevistador, procura saber o que acontece com a outra, o entrevistado, procurando
agir conforme esse conhecimento (WIENS apud NUNES, in CUNHA, 1993).
Enquanto técnica, a entrevista tem seus próprios procedimentos empíricos
por meio dos quais não somente se amplia e se verifica, mas, também,
simultaneamente, absorve os conhecimentos científicos disponíveis. Nesse sentido,
Bleger (1960) define a entrevista psicológica como sendo “um campo de trabalho no
qual se investiga a conduta e a personalidade de seres humanos”.
Outra definição caracteriza a entrevista psicológica como sendo “uma forma
especial de conversão, um método sistemático para entrar na vida do outro, na sua
intimidade” (RIBEIRO, 1988, p. 154). Enfim, Gil (1999, p. 117) compreende a
entrevista como uma forma de diálogo assimétrico, em que uma das partes, busca
38

coletar dados e a outra se apresenta como fonte de informação.


A entrevista psicológica pode ser também um processo grupal, isto é, com um
ou mais entrevistadores e/ou entrevistados. No entanto, esse instrumento é sempre
em função da sua dinâmica, um fenômeno de grupo, mesmo que seja com a
participação de um entrevistado e de um entrevistador (SILVA, 2007).

Os objetivos da entrevista

Com base nos critérios que objetivaram a entrevista em saúde mental, pode-
se classificar a entrevista quanto aos seguintes objetivos:
a) diagnóstica – visa estabelecer o diagnóstico e o prognóstico do
paciente, bem como as indicações terapêuticas adequadas. Assim, faz-se
necessário uma coleta de dados sobre a história do paciente e sua motivação para o
tratamento. Quase sempre, a entrevista diagnóstica é parte de um processo mais
amplo de avaliação clínica que inclui testagem psicológica;
b) psicoterápica – procura colocar em prática estratégia de intervenção
psicológica nas diversas abordagens – rogeriana (C. Rogers), jungiana (C. Jung),
gestalt (F. Perls), 139 bioenergética (A. Lowen), logoterapia (V. Frankl) e outras –,
para acompanhar o paciente, esclarecer suas dificuldades, tentando ajudá-lo a
solucionar seus problemas;
c) de encaminhamento – logo no início da entrevista, deve ficar claro
para o entrevistado, que ela tem como objetivo indicar seu tratamento, e que este
não será conduzido pelo entrevistador. Devem-se obter informações suficientes para
se fazer uma indicação e, ao mesmo tempo, evitar que o entrevistado desenvolva
um vínculo forte, uma vez que pode dificultar o processo de encaminhar;
d) de seleção – o entrevistador deve ter um conhecimento prévio do
currículo do entrevistado, do perfil do cargo, deve fazer uma sondagem sobre as
informações que o candidato tem a respeito da empresa, e destacar os aspectos
mais significativos do examinando em relação à vaga pleiteada, etc.;
e) de desligamento – identifica os benefícios do tratamento por ocasião
da alta do paciente, examina junto com ele os planos da pós-alta ou a necessidade
39

de trabalhar algum problema ainda pendente. Essa entrevista também é utilizada


com o funcionário que está deixando a empresa, e tem como objetivo obter um
feedback sobre o ambiente de trabalho, para providências, intervenções do
psicólogo em caso, por exemplo, de alta rotatividade de demissão em um
determinado setor;
f) de pesquisa – investiga temas em áreas das mais diversas ciências,
somente se realiza a partir da assinatura do entrevistado ou paciente, do documento
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Resolução CNS no 196/96), no qual
estará explícita a garantia ao sigilo das suas informações e identificação, e liberdade
de continuar ou não no processo.

A sequência temporal das entrevistas diagnósticas:

http://www.corporal.com.br/segura/imagens_arquivos/quadrodefiguras.jpg.

Essa sequência pode ser subdividida em: entrevista inicial; entrevistas


subsequentes e entrevista de devolução, caracterizadas de forma diferente, e
mostrando objetivos distintos conforme o momento em que elas ocorram (GOLDER,
40

2000).

a) Entrevista inicial
É a primeira entrevista de um processo de psicodiagnóstico. Semidirigida,
durante a qual o sujeito fica livre para expor seus problemas. Segundo Fiorini (1987,
p. 63), o empenho do terapeuta nessa primeira entrevista pode ter uma influência
decisiva na continuidade ou no abandono do tratamento. Pinheiro (2004) salienta
que essa entrevista ocorre em um certo contexto de relação constantemente
negociada. O termo negociação se refere ao posicionamento definido como “um
processo discursivo, através do qual [...] são situados numa conversação como
participantes observáveis, subjetivamente coerentes em linhas de histórias
conjuntamente produzidas” (DAVIES; HARRÉ apud PINHEIRO, 2004, p.186).
Essa entrevista, geralmente, inicia-se com a chamada telefônica de outro
técnico, 141 encaminhando o entrevistado para a avaliação psicodiagnóstica, ou com
a chamada do próprio entrevistado. Tem como objetivos discutir expectativas,
clarear as metas do trabalho, e colher informações sobre o entrevistado, que não
poderiam ser obtidas de outras fontes (SILVA, 2007).
As primeiras impressões sobre o entrevistado, sua aparência, comportamento
durante a espera, são dados que serão analisados pelo entrevistador, e que podem
facilitar o processo de análise do caso. Para Gilliéron (1996), a primeira entrevista
deve permitir conhecer:
• o modo de chegada do paciente à consulta (por si mesmo, enviado por
alguém ou a conselho de alguém, etc.);
• o tipo de relação que o paciente procura estabelecer com o seu
terapeuta;
• as queixas iniciais verbalizadas pelo paciente, em particular a maneira
pela qual ele formula seu pedido de ajuda (ou sua ausência de pedido).
A partir dessas impressões e expectativas, entrevistador e entrevistado
constroem mutuamente suas transferências, contratransferências, e resistências que
foram ativadas bem antes de ocorrer o encontro propriamente dito.
Um clima de confiança proporcionado pelo entrevistador facilita que o
41

entrevistando revele seus pensamentos e sentimentos sem tanta defesa, portanto,


com menos distorções. No final dessa entrevista devem ficar esclarecidos os
seguintes pontos: horários, duração das sessões, honorários, formas de pagamento
(quando particular), condições para administrar instrumentos de testagem e para as
condições de consulta a terceiros.

b) Entrevistas subsequentes
Após a entrevista inicial, em que é obtida uma primeira impressão sobre a
pessoa do paciente, esclarecimentos sobre os motivos da procura, e realização do
contrato de trabalho de psicodiagnóstico, normalmente são necessários mais alguns
encontros. O objetivo das entrevistas subsequentes é a obtenção de mais dados
com riqueza de detalhes sobre a história do entrevistado, tais como: fases do seu
desenvolvimento, escolaridade, relações familiares, profissionais, sociais e outros.

c) Entrevista de devolução ou devolutiva


No término do psicodiagnóstico, o técnico tem algo a dizer ao entrevistado em
relação ao que fundamenta a indicação. Em 1991, Cunha, Freitas e Raymundo
(apud NUNES, in CUNHA, 1993), elaboraram algumas recomendações sobre a
entrevista de devolução:
 após a interpretação dos dados, o entrevistador vai comunicar-lhe em
que consiste o psicodiagnóstico, e indicar a terapêutica que julga mais adequada;
 o entrevistador retoma os motivos da consulta, e a maneira como o
processo de avaliação foi conduzido;
 a devolução inicia com os aspectos menos comprometidos do paciente,
ou seja, menos mobilizadores de ansiedade;
 deve-se evitar o uso de jargão técnico (expressões próprias da ciência
circulante entre os profissionais da área, em outras palavras “gíria profissional”), e
iniciar por sintoma ligado diretamente à queixa principal;
 a entrevista de devolução deve encerrar com a indicação terapêutica.

Diferença entre entrevista, consulta e anamnese:


42

A técnica da entrevista procede do campo da medicina, e inclui


procedimentos semelhantes que não devem ser confundidos e nem superpostos à
entrevista psicológica. Consulta não é sinônimo de entrevista. A consulta consiste
em uma assistência técnica ou profissional que pode ser realizada ou satisfeita,
entre as mais diversas modalidades, por meio da entrevista.
A entrevista não é uma anamnese. Esta implica em uma compilação de
dados preestabelecidos, que permitem fazer uma síntese, seja da situação presente,
ou da história de 1doença e de saúde do indivíduo. Embora, se faça a anamnese
com base na utilização correta dos princípios que regem a entrevista, porém, são
bem diferenciadas nas suas funções.
Na anamnese, o paciente é o mediador entre sua vida, sua enfermidade, e o
médico. Quando por razões estatísticas ou para cumprir obrigações regulamentares
de uma instituição, muitas vezes, ela é feita pelo pessoal de apoio ou auxiliar.
A anamnese trabalha com a suposição de que o paciente conhece sua vida e
está, portanto, capacitado para fornecer dados sobre ela. Enquanto que, a hipótese
da entrevista é de que cada ser humano tem organizado a história de sua vida, em
um esquema de seu presente. E, deste temos que deduzir o que ele não sabe. Ou
seja, “o que nos guia numa entrevista, do mesmo modo que em um tratamento, não
é a fenomenologia reconhecível, mas o ignorado, a surpresa” (GOLDER, 2000, p.
45).
Nessa perspectiva, Bleger (1980) compreende que, diferentemente da
consulta e da anamnese, a entrevista psicológica tenta o estudo e a utilização do
comportamento total do indivíduo em todo o curso da relação estabelecida com o
43

técnico, durante o tempo que essa relação durar (p. 12).


A entrevista psicológica funciona como uma situação onde se observa parte
da vida do paciente. Mas, nesse contexto não consegue emergir a totalidade do
repertório de sua personalidade. Uma vez que não pode substituir, e nem excluir
outros procedimentos de investigação mais extensos e profundos, a exemplo de um
tratamento psicoterápico ou psicanalítico, o qual demanda tempo, e favorece para
que possa emergir determinados núcleos da personalidade.
Esse tipo de assistência também não pode prescindir da entrevista. Esta que
apresenta lacunas, dissociações e contradições que levam alguns pesquisadores a
considerá-la um instrumento pouco confiável. Mas, como diz Bleger (1980), essas
dissociações e contradições são inerentes à condição humana, e a entrevista
oferece condições para que elas sejam refletidas e trabalhadas.

Tipos de entrevista:

Segundo Gil (1999), as entrevistas podem ser classificadas em: informal,


focalizada, por pautas e estruturada:
a) entrevista informal (livre ou não estruturada) – é o tipo menos
estruturado, e só se distingue da simples conversação porque tem como objetivo
básico a coleta de dados. O que se pretende é a obtenção de uma visão geral do
44

problema pesquisado, bem como a identificação de alguns aspectos da


personalidade do entrevistado;
b) entrevista focalizada (semiestruturada ou semidirigida) – é tão livre
quanto a informal, todavia, enfoca um tema bem específico. Permite ao entrevistado
falar livremente sobre o assunto, mas quando este se desvia do tema original o
entrevistador deve se esforçar para sua retomada;
c) entrevista por pautas (semiestruturada ou semidirigida) – apresenta
certo grau de estruturação, já que se guia por uma relação de pontos de interesses
que o entrevistador vai explorando ao longo do seu curso. As pautas devem ser
ordenadas e guardar certa relação entre si. O entrevistador faz poucas perguntas
diretas e deixa o entrevistado falar livremente à medida que se refere às pautas
assimiladas. Quando este, por ventura, se afasta, o entrevistador intervém de
maneira sutil, para preservar a espontaneidade da entrevista;
d) entrevista estruturada (fechada) – desenvolve-se a partir de uma
relação fixa de perguntas, cuja ordem e redação permanecem invariáveis para todos
os entrevistados, que geralmente são em grande número. Por possibilitar o
tratamento quantitativo dos dados, esse tipo de entrevista torna-se o mais adequado
para o desenvolvimento de levantamentos sociais.
45

A entrevista quanto ao seu referencial teórico

http://www.filmesraros.com/loja/images/mind.jpeg.

O processo de entrevista é orientado por seu referencial teórico. Aqui serão


vistas, em síntese, algumas das perspectivas:
a) Perspectiva Psicanalítica – tem como base os pressupostos dos
conteúdos inconscientes. O entrevistador busca avaliar a motivação inconsciente, o
funcionamento psíquico e a organização da personalidade do entrevistado. A
entrevista é orientada para a psicodinâmica da estrutura intrapsíquica ou das
relações objetais e funcionamento interpessoal;
b) Perspectiva Existencial-Humanista – não procura formular um
diagnóstico, e sim, verificar se o interesse do indivíduo está autorrealizado ou não.
Aqui não existe uma técnica específica de entrevista, essas são consideradas pelos
existencialistas como manipulação. O entrevistador reflete o que ouve, pergunta com
cuidado, e tenta reconhecer os sentimentos do entrevistado;
c) Perspectiva Fenomenológica – estuda a influência dos pressupostos
e dos preconceitos sobre a mente, e que os acionam ao estruturar a experiência e
atribuir-lhe um significado. Além de uma atitude aberta e receptiva, é necessário que
o entrevistador atue como observador participante, e que, assim, seja capaz de
46

avaliar criticamente, por meio de sua experiência clínica e conhecimento teórico, o


que está ocorrendo na entrevista.

A entrevista quanto ao seu método

http://www.usp.br/agen/bols/2000/Image217.gif.
Segundo Ribeiro (1988), a realização da entrevista psicológica segue
diferentes enfoques:
a) psicométrico – o entrevistador faz uso constante de uma série de
instrumentos: testes, pesquisas, controle estatístico, etc., predeterminados,
enquanto dispositivos para a aquisição de conhecimentos sobre o entrevistado.
Nessa situação, dificilmente o entrevistador conseguirá aprofundar a relação, o
encontro permanece mais em nível formal e informativo do que espontâneo criativo
e transformador. Isso não quer dizer que seja menos válida ou mais superficial;
b) psicodinâmico – a relação poderá ser mais aprofundada devido ao
fato de o entrevistador contar com maior disponibilidade de tempo para questionar o
entrevistado, e conduzir a situação de maneira “menos estruturada”. Sua atenção
não está no aqui e no agora, ela atende a uma dinâmica de causa-efeito na qual
submensagens poderão dificultar a comunicação;
c) antropológico – abrange a relação ambiente-organismo na
compreensão da comunicação. Qualquer dado será considerado, mas, nem sempre,
é possível dizer em que momento ele está e onde será utilizado. Esse tipo de
47

entrevista parece mais complexo, assim sendo, exige mais prática do entrevistador
para analisar as informações.

Técnicas de entrevista:

Um dos aspectos essenciais da entrevista está na investigação que se realiza


durante o seu transcurso. As observações são registradas em função das hipóteses
que o entrevistado emite. O entrevistador ordena na seguinte disposição:
observação, hipótese e verificação. Uma boa observação consiste, de algum modo,
em formular hipóteses que vão sendo reformuladas durante a entrevista em função
das observações subsequentes.
No entender de Bleger (1980), o trabalho do psicólogo somente adquire real
envergadura e transcendência quando coincidem a investigação e a tarefa
profissional, porque estas são as unidades de uma práxis que resguarda a tarefa
mais humana: compreender e ajudar os outros. Assim, indagação e atuação, teoria e
prática, devem ser manejadas como momentos e aspectos inseparáveis do mesmo
processo.
Segundo Bleger (1980), a entrevista se diferencia de acordo com o
beneficiário do resultado:
• a entrevista que se realiza em benefício do entrevistado, a exemplo da
consulta psicológica ou psiquiátrica;
• a entrevista cujo objetivo é a pesquisa, valorizando, apenas, o
resultado científico da mesma;
• a entrevista que se realiza para terceiro, neste caso, a serviço de uma
instituição.
Com exceção do primeiro tipo de entrevista, os demais exigem do
entrevistador que desperte interesse ou motive a participação do entrevistado.
Segundo Gil (1999), as entrevistas podem acontecer em duas modalidades:
Face a face e por telefone. A entrevista tradicional tem sido realizada face a face. No
entanto, nas últimas décadas, vem sendo desenvolvida a entrevista por telefone.
As principais vantagens da entrevista por telefone, em relação à entrevista
48

pessoal, são: custos mais baixos; facilidade na seleção da amostra; rapidez; maior
aceitação dos moradores das grandes cidades, que temem abrir suas portas para
estranhos; facilidade de agendar o momento mais apropriado para a realização da
entrevista.
São limitações da entrevista por telefone: interrupção da entrevista pelo
entrevistado; menor quantidade de informações; impossibilidade de descrever as
características do entrevistado ou as circunstâncias em que se realizou a entrevista;
parcela significativa da população que não dispõe de telefone ou não tem seu nome
na lista.
Segundo Erickson (apud SCHEEFFER, 1977), algumas recomendações
devem ser aplicáveis ao processo de entrevista psicológica:
• o entrevistador deve ter o cuidado para não transformar a entrevista em
uma conversa social. “Como posso ajudá-lo?”, é uma boa maneira de se iniciar uma
entrevista;
• o entrevistador não deve completar as frases do entrevistado. Devem-
se evitar perguntas que induzam respostas do tipo “sim” ou “não”. Não interromper o
fluxo do pensamento do entrevistado, a não ser que ele se perca em ideias que
fogem dos tópicos da entrevista;
• a atitude do entrevistador deve ser de aceitação completa das
vivências do entrevistado. Não deve haver discussão de pontos de vista;
• as pausas e silêncios são, quase sempre, embaraçosos para o
entrevistador. Nesses momentos, possivelmente, o entrevistado está revivendo
experiências que não consegue expressar verbalmente. Quando as pausas forem
longas, o entrevistador poderá retomar um tópico anterior que estava sendo
discutido;
• o tempo de entrevista deve ser marcado, e o entrevistado será
comunicado de quanto tempo dispõe. Se necessário, marca-se outra(s)
entrevista(s). Deve-se limitar o número de assuntos em cada sessão para não
confundir o entrevistado;
• é necessário trocar o pronome pessoal “eu”, pelo uso de expressões
mais vagas, tais como: “parece que ...”; “parece melhor ...”; etc.;
49

• recomenda-se fazer o resumo do que fora discutido em cada final de


entrevista. E que o entrevistador faça uma síntese para o entrevistado do que foi
abordado na sessão;
• o término da entrevista não deve transformar-se numa conversa social,
sem nenhuma relação com os problemas discutidos. Isto pode prejudicar o resultado
da entrevista.
Segundo Foddy (2002), é aconselhável o investigador ou entrevistador:
• adotar uma atitude comum e casual. Ex. “Por acaso você...”;
• empregar a técnica “Kinsey” de olhar os inquiridos bem nos olhos, e
colocar a pergunta sem rodeios de modo a que eles tenham dificuldade em mentir;
• adotar uma aproximação indireta de modo a que os inquiridos
forneçam a informação desejada sem terem consciência disso, a exemplo das
técnicas projetivas;
• colocar as perguntas perturbadoras na parte final do questionário ou da
entrevista de modo a que as respostas não sofram qualquer consequência desse
efeito.
Segundo Gilliéron (1996), podem-se estudar os comportamentos do paciente
praticamente em relação a dois eixos:
• a anamnese do sujeito que permite a observação dos comportamentos
repetitivos que dão uma ideia exata da sua personalidade: trata-se do ponto de vista
histórico;
• a observação do comportamento do paciente quando da primeira
entrevista também fornece indicações muito precisas sobre a organização da sua
personalidade.
50

Dinâmica da entrevista

O entrevistador, no seu papel de técnico, não deve expor suas reações e nem
sua história de vida. Não deve permitir em ser considerado como um amigo pelo
entrevistado e, nem entrar em relação comercial, de amizade ou de qualquer outro
benefício que não seja o pagamento dos seus honorários. Para Gilliéron (1996), a
investigação repousará:
• na análise do comportamento do paciente com relação ao enquadre;
• em um modelo preciso suscetível de evidenciar a dinâmica relacional
que se estabelece entre o paciente e o terapeuta; modelo de apoio objetal.

O entrevistado deve ser recebido com cordialidade, e não de forma efusiva.


Diante de informações prévias fornecidas por outra pessoa, se deixa claro que essas
não serão mantidas em reserva. Em função de não abalar a confiança do
entrevistado, estas lhe serão comunicadas.
A reação contratransferencial deve ser encarada como um dado de análise da
entrevista, não se deve atuar diante da rejeição, inveja ou qualquer outro sentimento
do entrevistado.
As atitudes do entrevistado não devem ser “domadas” ou subjugadas, não se
51

trata de querer triunfar e nem se impor perante ele. Compete ao entrevistador


averiguar como essas atitudes funcionam e como o afetam. O grau de repressão do
entrevistado, de certo modo, tem uma relação direta com o nível de repressão do
entrevistador.
Necessariamente, o entrevistado que fala muito não traz à tona aspectos
relevantes das suas dificuldades. A linguagem é um meio de transmitir informação,
mas poderá ser também uma maneira poderosa de se evitar uma verdadeira
comunicação (BLEGER, 1980). Nem sempre, uma carga emocional intensa significa
uma evolução no processo.
O silêncio é uma expressão não verbal que muitas vezes comunica bem mais
que as palavras. O silêncio é, geralmente, o fantasma do entrevistador iniciante. Ele
pode ser também uma tentativa de encobrir a faceta de um momento o qual o sujeito
não consegue enfrentar. Castilho (1995) cita uma série de tipos de silêncio que são
comuns nas dinâmicas de grupo, mas que também ocorrem, com bastante
frequência, no processo de entrevista, etc. Para ilustrar foram destacados alguns
tipos de silêncio:
• silêncio de tensão – é a expressão da ansiedade. Facilmente
observado pela postura corporal tensa ou inquieta do entrevistado, da sua
respiração ofegante, do tamborilar dos dedos, etc.;
• silêncio de medo – deixa o entrevistado petrificado, na sua tentativa de
fugir de uma situação psicologicamente ameaçadora. Esse silêncio suscita muita
tensão e, como consequência, forte descarga psicossomática;
• silêncio de reflexão – surge normalmente após a intervenção do
entrevistador, ou logo após um feedback, ou mesmo depois do entrevistador ter
passado por algum tipo de vivência. Nele, observa-se a ausência de tensão, há um
recolhimento introspectivo de elaboração mental;
• silêncio de desinteresse – o indivíduo perde o foco da atenção, camufla
resistência, se desinteressa pela situação externa porque interiormente ela o atinge.
52

A ansiedade na entrevista

A ansiedade é parte da existência humana, todas as pessoas a sentem em


grau variado, por vezes consiste em uma resposta adaptativa do organismo
(SIERRA, 2003). Para Bion (apud ALMEIDA; WETZEL, 2001, p. 272), se duas
pessoas estão em uma sala de análise sem angústia, não está havendo análise.
Calligaris (apud GOLDER, 2000, p.151) percebe que, em todo encontro, o
outro está imediatamente implicado enquanto “semelhante imaginário”, o que se
busca primeiro é uma tela, uma espécie de cumplicidade, na qual supõe um sentido
comum ao que estamos dizendo. Desse modo, a ansiedade é um indicativo do
desenvolvimento de uma entrevista, e deve ser controlada pelo entrevistador, a sua
própria, e a que aparece no entrevistado.
Durante a situação de entrevista, tanto a ansiedade quanto os mecanismos
de defesa do entrevistado podem aumentar, não somente devido a esse novo
contexto externo que ele enfrenta, mas também devido ao perigo, em potencial,
daquilo que desconhece em sua personalidade. O contato direto com seres
humanos coloca o técnico diante da sua própria vida, saúde ou doença, conflitos e
frustrações.
Considerando que o entrevistador é um agente ativo na investigação, sua
ansiedade torna-se um dos fatores mais difíceis de lidar. Em sua tarefa, o psicólogo
pode oscilar facilmente entre a ansiedade e o bloqueio, sem que isto o perturbe,
desde que possa resolver na medida em que surja.
Toda investigação implica a presença de ansiedade frente ao desconhecido,
e o investigador deve ter a capacidade para tolerá-la, assim, poderá manter o
controle da situação. Há casos em que o investigador, devido aos seus bloqueios e
limitações, se vê oprimido pela ansiedade, e recorre a mecanismos de defesa para
se sentir seguro, e assim, elimina a possibilidade de uma investigação eficaz, uma
vez que conduz a entrevista de maneira estereotipada. Outro problema frequente diz
respeito a certa compulsão do entrevistador focalizar seu interesse ou encontrar
perturbações exatamente na esfera que ele nega os seus próprios conflitos.
A manipulação técnica, de toda ansiedade, deve ser realizada com referência
53

à personalidade do entrevistado, e ao nível de timing (sincronização e ajustamento)


que se tenha estabelecido na relação. Toda interpretação fora desse contexto
implica em agressão ao paciente ou entrevistado. Cabe ao psicólogo saber calar, na
proporção inversa da sua vontade compulsiva de interferir. Nessa ótica, Almeida e
Wetzel (2001, p. 271) dizem que a interpretação algumas vezes vem de um desejo
de intervenção com a finalidade de eliminar angústias (perda de continência),
instados pela situação e autorizados pelo setting.
Segundo Piaget (apud GIL, 1999), o bom entrevistador deve reunir duas
qualidades: saber observar (não desviar nada, não esgotar nada); saber buscar
(algo de preciso, ter a cada instante uma hipótese de trabalho, uma teoria,
verdadeira ou falsa, para controlar).
Douglas (apud FODDY, 2002) corrobora essa ideia quando afirma que
entrevistar criativamente é ter determinação atendendo ao contexto, em vez de
negar, ou não conseguir compreender. O que se passa em uma situação de
entrevista é determinado pelo processo de perguntas e respostas, a entrevista
criativa agarra o imediato, a situação concreta, tenta perceber de que modo essa
afetação vai sendo comunicada e, ao compreender esses efeitos, modifica a
recepção do entrevistador, aumentando, assim, a descoberta das verdades.

Transferência e contratransferência:

www.rodrigues.psc.br.
54

Transferência:
Freud (1914-1969) entende que a transferência é “[...] apenas um fragmento
da repetição e que a repetição é uma transferência do passado esquecido [...] para
todos os aspectos da situação atual” (p.166). A transferência é designada pela
Psicanálise como um processo por meio do qual os desejos inconscientes se
atualizam sobre determinados objetos, em certo tipo de relação estabelecida,
eminentemente, no quadro da relação analítica. A repetição de protótipos infantis
vividos com um sentimento de atualidade acentuada. Classicamente a transferência
é reconhecida como o terreno em que se dá a problemática de um tratamento
psicanalítico, pois são a sua instalação, as suas modalidades, a sua interpretação e
a sua resolução que as caracterizam (LAPLANCHE; PONTALIS, 2004).
A transferência e a contratransferência são fenômenos que estão presentes
em toda relação interpessoal, inclusive na entrevista. Na transferência o entrevistado
atribui papéis ao entrevistador, e se comporta em função deles, transfere situações e
modelos para a realidade presente e desconhecida, e tende a configurar esta última
como situação já conhecida, repetitiva. No entender de Gori (2002, p. 78), repetindo
transferencialmente, evoca-se a lembrança e é somente por meio da lembrança que
temos acesso à história “[...] por meio da transferência é forjado num lugar
intermediário entre a vida real e um ensaio de vida, para que o drama humano possa
ter um desfecho”.
A articulação do conceito de “momento sensível” (grifo da autora) passa pelo
posicionamento do terapeuta. Esse instante preciso determina os mecanismos que
instalam a transferência. Com efeito, é o momento em que uma relação de trabalho
se torna possível. A abertura ao outro, a espera de ajuda vinda do exterior é forte e
expõe o paciente tanto ao melhor quanto ao pior dessa interação (GOLDER, 2000).
Nessa perspectiva, Gilliéron (1996, p. 14) diz que todos os pacientes
procuram obter alguma coisa do terapeuta. Eles não buscam apenas a cura de um
sintoma, mas também certa qualidade de relação. Os entrevistados revelam
aspectos irracionais ou imaturos de sua personalidade, seu grau de dependência,
sua onipotência e seu pensamento mágico.
As transferências negativas e positivas podem coexistir em um mesmo
55

processo, embora, quase sempre com predomínio relativo, estável ou alterado, de


uma delas. Segundo Sang (2001, p. 319-320), é a situação analítica e não a sua
pessoa o que levou a paciente a se apaixonar por ele, isto é, que o amor de
transferência é essencialmente impessoal: “[...] o analista não deve nem reprimir
nem satisfazer as pretensões amorosas da paciente”. Deve sim, tratá-las como algo
irreal. No que é confirmado por Yalom (2006, p. 175), quando diz que os
sentimentos que surgem na situação terapêutica. Geralmente pertencem mais ao
papel que à pessoa, é um equívoco tomar a adoração transferencial como um sinal
de sua atratividade ou charme pessoal irresistível.

Contratransferência:
Na contratransferência emerge do entrevistador reações que se originam do
campo psicológico em que se estrutura a entrevista. Porém, se constitui, quando
bem conduzida, em um indício de grande significação e valor para orientar o
entrevistador no estudo que realiza. Seu manejo requer preparação, experiência e
um alto grau de equilíbrio mental, para que possa ser utilizada com validade e
eficiência. Na contratransferência, salienta Gilliéron (1996), as emoções vividas pelo
analista são consideradas reativas às do paciente, vinculando-se, portanto, ao
passado deste último, e não dizendo respeito diretamente à pessoa do analista.
Manfredi (apud ZASLAVSKY; SANTOS, 2005, p. 296), distingue cinco tendências de
abordagens dessa questão:
1) a contratransferência não é mais considerada como uma criação
unicamente do paciente, por ignorar a transferência do analista;
2) é problemático diferenciar a contratransferência normal da patológica
(os dados à disposição do analista não permitem, quase sempre, uma
diferenciação);
3) a tolerância à contratransferência já seria suficiente, dada aqui, a
dificuldade da diferenciação dos sentimentos envolvidos na dupla;
4) devia-se, mais sábia e humildemente, fazer também a rota inversa:
procurar no paciente, e não só procurar no analista;
56

5) a questão do confessar ou não, ou confessar/revelar até


quando/quanto, os sentimentos contratransferências despertados.
Para que o instrumento Entrevista Psicológica, de fato, se efetive como
auxiliar no trabalho do psicólogo, não é o bastante a sua compreensão ou domínio
teórico e técnico que fundamenta e norteia sua prática, mas também de experiências
que são adquiridas em rollyplays por intermédio de estágio, supervisão; laboratório
ou oficinas de sensibilidade.
É preciso desenvolver a sensibilidade para entrevistar, aprender ser
empático, saber lidar com a própria subjetividade e com a subjetividade do outro
(entrevistando), facilitando assim que seu universo, um tanto livre das “ameaças”, se
descortine. O entrevistador precisa adquirir a habilidade da “dissociação
instrumental”, e ser capaz de adentrar esse universo, sem juízo de valor, sem
preconceito, para que assim possa estar com o Outro, conhecer, não temer, se
perder e se achar e, finalmente, voltar à realidade do contexto.
E agora, de posse de sua bagagem técnica tecer suas observações,
ponderações e considerações, de modo axiomático, considerado que a utópica da
neutralidade sempre deverá ser perseguida. Os princípios éticos serão avivados em
cada encontro, e nenhum instrumento poderá adquirir uma aura de prevalência
sobre a pessoa do entrevistado, que é mais importante e assim deve ser respeitado.
O que não significa ser “meloso”, por demais e muito menos autoritário.
O entrevistador deve habilitar-se em se inscrever na virtualidade da distância
e proximidades ótimas que o trabalho possa fluir. Ser a pessoa na figura do
profissional imbuído da intenção singular de realizar uma atividade sem perder sua
essência humana.
Nessa investida, é fundamental que o profissional se “conheça”, e que faça de
rotineiras as reflexões sobre suas atitudes, postura e comportamento, bem como de
que tenha também flexibilidade em reformulá-los, quando a necessidade aponte.
Muito do trabalho do 1psicólogo certamente vem em consequência do
“automergulho” que lhe dará a base na qual se apoiam a sua atuação e intervenção
com toda transparência.
57

INTERVENÇÃO

http://www.cuorecursos.org.br/img/cursos_psico.jpg

Abordagem sistêmica:
Parte da teoria geral dos sistemas e da teoria da comunicação de Watzlawick
é um paradigma que emerge das ciências exatas e fornece uma base teórica e
prática de compreensão dos sistemas humanos. Nos anos 40, Ludwig von
Bertalanffy publicava uma série de princípios válidos para vários sistemas
(biológicos, físico-químicos, sociais).
O sistema é um complexo organizado em múltiplos elementos que estão em
interação recíproca no seu interior e com o meio. Um sistema pode ser aberto (auto-
organizado) ou fechado (entropia).
A perspectiva sistêmica constitui um bom suporte teórico para a intervenção,
especialmente em terapia familiar. Põe em causa uma epistemologia linear,
unidirecional e contextualiza os problemas humanos, não em um único sentido, mas
em função dos contextos em que emergem os problemas. Alarga a perspectiva de
intervenção, centrada apenas em um sistema pessoal, para uma perspectiva que se
centra nos contextos de vida e nas redes de apoio dos sujeitos. Esses pressupostos
são aplicados, sobretudo, na terapia familiar.

Modelo cognitivo-comportamental: “O que perturba o ser humano não são


os fatos, mas a interpretação que ele faz dos fatos” (Epitectus - Século I)
Essa perspectiva teve origem nos trabalhos de Aaron Beck e Albert Ellis.
Sugere que as nossas crenças e atribuições desempenham um importante papel no
58

comportamento.
Essa abordagem é historicamente baseada nos princípios da aprendizagem e
da psicologia experimental. Centra-se no comportamento observável e não
observável.
Pensamentos adquiridos por meio da aprendizagem e do condicionamento no
ambiente social.
As terapias cognitivo-comportamentais compartilham alguns pressupostos
básicos, ainda que existam diferentes abordagens conceituais e estratégicas para os
diversos transtornos. Há algumas características essenciais no núcleo das terapias
cognitivocomportamentais (DOBSON, 2001):
• a atividade cognitiva influencia o comportamento;
• a atividade cognitiva pode ser monitorada e alterada;
• o comportamento desejado pode ser influenciado mediante a mudança
cognitiva.

Essa terapia baseia-se na premissa que uma inter-relação entre cognição,


emoção e comportamento é parte integrante do funcionamento psicológico normal.
Um acontecimento de vida pode acarretar inúmeras formas de agir, sentir e pensar,
mas não é o evento em si que gera as emoções e comportamentos, é o que nós
pensamos e interpretamos sobre esse evento.
Outra premissa é que as distorções cognitivas são muito frequentes em
diferentes transtornos.
Ao contrário do que acontece com o modelo psicanalista, o material trazido à
consulta não é interpretado pelo terapeuta, mas elaborado conjuntamente com o
cliente, com o objetivo de identificar, examinar e corrigir as distorções do
pensamento que causam sofrimento emocional ao indivíduo.
Albert Ellis centrou-se nas crenças irracionais para lidar com pensamentos e
comportamentos problemáticos. Pensamentos como “toda a gente deve me
apreciar”, “ninguém vai amar alguém tão feio como eu” vão inevitavelmente conduzir
à decepção.
Aaron Beck desenvolveu a terapia cognitiva para tratar a depressão e outros
59

problemas. Beck considera que durante o desenvolvimento, as pessoas formulam


regras sobre o funcionamento do mundo, tendendo serem simplistas, inflexíveis e
frequentemente baseadas em concepções errôneas.
As abordagens cognitivistas podem-se distinguir em duas tradições:
• cognitivismo substantivo racionalista – centra-se no conteúdo,
pensamento interno, mecanicista (Ellis, Beck, Meichenbaum, D’Zurilla, etc.);
• cognitivismo construtivista desenvolvimental – o construtivismo
prega que o conhecimento e a experiência humana implicam em uma pró-ação ativa
do sujeito, a importância das emoções e os problemas psicológicos refletem
diferenças entre as exigências do ambiente e a capacidade adaptativa do cliente.

Abordagem humanista:
Essa abordagem tem as suas origens na filosofia europeia e no trabalho
psicoterapêutico de Victor Frankl, Carl Rogers, Abraham Maslow, Rollo May,
Fritz Perls e outros. Rejeitando as premissas básicas das teorias psicodinâmicas e
comportamentalista, os humanistas assumem uma abordagem fenomenológica que
enfatiza a percepção individual e a experiência. Tendem a ver as pessoas como
ativas, pensadoras, criativas e orientadas para o crescimento. Consideram que as
pessoas são basicamente bem intencionadas e que naturalmente lutam pelo
crescimento, amor, criatividade e autoatualização. Em vez de se centrar na
influência do passado, os humanistas focam-se no “aqui e agora” ou presente.

Exemplos de conceitos e técnicas humanistas:


• empatia – capacidade de ver o mundo a partir da perspectiva da outra
pessoa. Transmite a sensação de ser ouvido e compreendido;
• aceitação incondicional – aceitar totalmente os sentimentos e
pensamentos do cliente;
• autoatualização – as pessoas tendem a procurar o crescimento e a
atingir o seu máximo potencial;
• congruência – o terapeuta manifesta sentimentos autênticos durante a
consulta. É uma harmonia entre os sentimentos e as ações.
60

A terapia centrada no cliente é a perspectiva de Carl Rogers e é um dos


exemplos mais clássicos da abordagem humanista. Usa técnicas não diretivas
(indutoras) como a escuta ativa, empatia, congruência e aceitação incondicional. A
empatia sincera é necessária para as pessoas se sentirem aceitas e compreendidas
e para permitir o crescimento.

Abordagem comportamentalista:

O expoente moderno mais importante do behaviorismo foi Skinner (1904-


1990), que considerava que o único objeto da Psicologia era o comportamento
manifesto (observável).
Nessa abordagem, pretende-se manipular e controlar o comportamento por
meio do reforço (quando as pessoas têm o comportamento desejado, aumentando a
hipótese da sua ocorrência) e por meio de castigos (quando as pessoas se
comportam de maneira indesejável).
A aprendizagem pode fazer-se por condicionamento clássico, em um
estímulo, até aí neutro, é associado com dado motivacionalmente significativo e
surge uma resposta.
Ex.: condicionamento clássico de Pavlov:

Pavlov reparou que os cães salivavam muitas vezes sem razão fisiológica
aparente, para que tal acontecesse. O cão aprende uma associação entre o
alimento e um sinal casual que precedia o alimento. Pavlov verificou que ao tocar a
campainha antes de dar comida ao cão, este começava a salivar quando ouvia a
campainha, após alguns ensaios de associação entre campainha e comida – o que
originava o reflexo condicionado.
Uma campainha começava a tocar e passado algum tempo, com a
campainha ainda a tocar, era fornecido ao animal comida. A sequência campainha-
comida foi repetida uma série de vezes. Aos poucos, a quantidade de saliva
produzida começou a aumentar logo após a campainha tocar. O cão salivava ao
61

ouvir a campainha, o que não sucedia no início da experiência.


A associação repetida entre o som da campainha (estímulo neutro) e a carne
transformaram o estímulo inicialmente neutro (campainha) em um estímulo
condicionado que agora provocava a salivação sob a forma de um reflexo
condicionado.
No condicionamento operante, há um aumento da probabilidade de
resposta em um determinado meio ambiente devido ao reforço da resposta.
Ex.: rato que carrega em uma alavanca para obter uma recompensa de
comida.
Vários autores duvidaram da capacidade desse “behaviorismo radical” para
explicar a complexidade do comportamento humano. As grandes diferenças de
personalidade indicam que não é só importante o que as pessoas fazem, mas
também o que pensam e esperam (expectativas). Isto levou a uma evolução do
comportamentalismo, aceitando conceitos como expectativa e crença.
Esses são os teóricos da aprendizagem social, como Albert Bandura e Walter
Mischel. Defendem que muitas das diferenças individuais são basicamente
cognitivas: são os modos diferentes de interpretar o mundo, de pensar e agir sobre
ele. Assim, os comportamentos podem ser aprendidos e desenvolvidos pela
observação do comportamento dos outros, em vez de ter de realizar esse
comportamento ou ser reforçado para um determinado comportamento.
Essa abordagem também valoriza o papel das expectativas no
desenvolvimento do comportamento. Por exemplo, alguém pode dedicar muito
tempo e dinheiro para obter uma licenciatura, porque espera que essa qualificação
vá originar uma carreira e vida satisfatória.

Abordagem psicodinâmica:
Foi fundada com o trabalho de Sigmund Freud. Muitos neofreudianos e outros
revisionistas fizeram uma grande adaptação, desenvolvimento e mudança na
abordagem básica de Freud. Essa abordagem ainda mantém certas concepções
sobre o comportamento humano e problemas psicológicos.
Defende que o comportamento humano é influenciado por desejos
62

intrapsíquicos, motivações, conflitos e impulsos. Os mecanismos de defesa do ego


(adaptativos ou não) são utilizados para lidar com conflitos, desejos, necessidades e
fantasias não resolvidas, que contribuem para o comportamento normal ou anormal.
As experiências precoces na infância desempenham um papel fundamental
no desenvolvimento psicológico e no comportamento adulto. A compreensão dessas
influências inconscientes e a sua discussão e integração nas experiências
quotidianas ajudam a melhorar o funcionamento psicológico. A relação de
transferência que se desenvolve entre o cliente e o terapeuta também ajuda a
melhorar o funcionamento psicológico.
Freud desenvolveu uma compreensão do comportamento humano baseada
em três estruturas mentais, que normalmente estão em conflito:
• o id, inato, funciona segundo o princípio do prazer e representa todos
os desejos e necessidades mais primitivas. O id não conhece juízos de valor, moral,
ou o bem ou o mal. O id procura a satisfação imediata sem considerar as
circunstâncias da vida real. A nossa energia psíquica básica (libido) está contida no
Id e exprime-se por meio da redução da tensão. Contudo, para a satisfação das
necessidades é preciso interagir com o mundo real. O ego, que é mediador entre o
id e o mundo exterior, ajuda nessa interação;
• o ego, que funciona segundo o princípio da realidade, mantém em
suspenso as exigências para o prazer que provêm do id, até que se encontre um
objeto apropriado para satisfazer a necessidade e reduzir a tensão. Desenvolve-se
por volta do primeiro ano de idade e representa os aspectos racionais e razoáveis da
nossa personalidade, ajudando-nos a adaptar a um mundo desafiante;
• o superego, que se desenvolve por volta dos cinco anos de idade,
quando são assimiladas as regras de comportamento ensinadas pelos pais, por
meio de um sistema de recompensas e castigos. Representa a internalização de
normas e regras sociais, culturais e familiares. O superego inclui o ego ideal (a
imagem perfeita do que somos e do que podemos ser) e a nossa consciência (as
regras de bons e maus pensamentos e comportamento).
Irá haver um conflito inevitável entre id, ego e superego para lidar com a
ansiedade e desconforto e a necessidade de utilizar mecanismos de defesa do ego.
63

O ego está em uma posição difícil, pois tem de lidar com forças opostas. Os
mecanismos de defesa são estratégias desenvolvidas pelo ego para proteger o
indivíduo desses conflitos internos e, em geral, inconscientes.
Eles ajudam a lidar adaptativamente, ou não, com a inevitável ansiedade de
ser humano. Há uma variedade de mecanismos de defesa, como a repressão
(manter pensamentos, desejos, sentimentos e conflitos desagradáveis fora da
consciência). Negação (negar que existem pensamentos ou sentimentos
problemáticos), sublimação (substituição de uma meta que não pode ser satisfeita
por outra socialmente aceitável), projeção (a origem da ansiedade é atribuída a outra
pessoa).
Freud também definiu vários estádios psicossexuais do desenvolvimento da
personalidade. No decorrer desses estádios, as crianças são autoeróticas ao obter
prazer erótico quando estimulam as zonas erógenas do corpo. Cada estádio tende a
estar localizado em uma determinada zona erógena. Estes incluem as fases: oral,
anal, fálica, latente e genital.
• o estádio oral vai desde o nascimento até ao segundo ano de vida. A
estimulação da boca (sugar, morder, etc.) é a fonte de satisfação erótica;
• no estádio anal, a satisfação vai da boca para o ânus e as crianças têm
prazer na zona anal. Nessa fase treinam a higiene pessoal e as crianças podem
reter ou expelir fezes;
• no estádio fálico, por volta do quarto ano de idade, a satisfação erótica
passa para zona genital, havendo manipulação e exibição dos órgãos genitais.
Nesse estádio há o desenvolvimento do Complexo de Édipo, em que o rapaz
desenvolve um desejo incestuoso e de morte, desejando unir-se à mãe e eliminar o
pai. Os medos de retaliação e de castração resultam na repressão desses impulsos
e na identificação com o pai.
O objetivo dessa abordagem é o insight-compreensão de fatores
inconscientes que levam a comportamentos e sentimentos problemáticos, por
intermédio de uma análise aprofundada e cuidadosa do papel de desejos, impulsos
e conflitos inconscientes na vida diária.
Técnicas como a associação livre (dizer tudo o que nos passa pela cabeça), a
64

análise dos sonhos e a interpretação são usadas para compreender e tratar vários
problemas.

EQUIPE MULTIPROFISSIONAL

http://www.qualitare.com.br/imagens/equipe.jpg.

O trabalho em equipe multidisciplinar consiste em uma forma especial de


organização, que visa, principalmente, a ajuda mútua entre profissionais de uma
mesma área, no caso da Psicologia, a área de Saúde. O trabalho em equipe deve
ser descrito como um conjunto ou grupo de pessoas que se dedicam a realizar uma
tarefa ou um determinado trabalho, visando um objetivo comum, nesse caso é a
pessoa atendida. A grande maioria dos transtornos psicológicos requer o auxílio de
um médico psiquiatra, um neurologista, um nutricionista, assistente social,
fonoaudiólogo ou profissional de Educação Física.
Percebe-se, nesse caso, que um bom profissional jamais deve ficar restrito à
sua área de atuação, mas estudar sobre tudo aquilo que poderá beneficiar o
paciente. Muitas vezes, por exemplo, a ajuda de um profissional do Direito é
imprescindível. São muitas as crianças abusadas sexualmente que chegam ao
consultório de Psicologia; também são bastante comuns casos de mulheres
violentadas e espancadas por seus companheiros.
65

Valorizando cada indivíduo e permitindo que todos façam parte de uma


mesma ação, seja no campo escolar, profissional ou, até mesmo, em atividades
cotidianas. O trabalho em equipe, além de possibilitar a troca de conhecimento é
determinante nas relações humanas, pois motiva o grupo a buscar de forma coesa
os objetivos traçados. Os estudos de caso devem fazer parte da rotina de
consultórios e policlínicas de Saúde.
Também uma boa supervisão e psicoterapia pessoal são suportes valiosos na
rotina de um bom profissional de Psicologia. É preciso ficar claro que não há
profissão melhor ou pior que a outra. O que deve existir é a consciência de que, em
se tratando de seres humanos, nenhum tipo de conhecimento é demais. Todo
conhecimento é válido e jamais se conhece sobre tudo. O trabalho em equipe é
necessário e fundamental.
Na visão do psicólogo Abraham Maslow (1908-1970), considerado por muitos
como o profissional que deu início à Psicologia Transpessoal (área da Psicologia
que estuda a consciência nos seus diferentes níveis e a sua relação com os
aspectos evolutivos do ser). O trabalho em equipe possibilita dar e receber, por parte
de cada um de seus membros, afeição, aceitação e sentimento de importância.
Para Maslow, “isto faz com que o indivíduo cresça, tornando o trabalho
determinante, pois o objetivo a ser alcançado depende, exclusivamente, da
satisfação psicológica do indivíduo bem como das relações humanas”.
A necessidade de desenvolvimento do trabalho em equipe passa por diversos
fatores de importância para a evolução profissional, como a definição de prioridades,
o ajuste de metas, otimismo e o “estar aberto” a mudanças. Todas essas qualidades,
quando são acrescidas ao ser individual (si próprio), pode significar o sucesso nas
relações pessoais, o que forma um círculo virtuoso, propiciando assim as tarefas
conjuntas.
É importante perceber que, quando se fala em trabalhar em equipe, fala-se
em maior volume de atividades, mais e maior responsabilidade, comprometimento,
flexibilidade, colaboração e esforço pessoal, detalhes que acabam sendo
descobertos a cada novo dia de trabalho. Entretanto, como benefício, um grupo
coeso aflora muitas características até então passadas despercebidas no individual,
66

como a criatividade, a participação, visão de futuro, questionamento de posições e


colocações e senso crítico.
Segundo a psicóloga Solange B. R. Cremasco, a motivação é um fator
substancial que deve estar ligado ao trabalho em equipe. De acordo com ela, esse
atributo individual do ser humano representa o comprometimento e a “chave para o
sucesso que está ao alcance de todos”. “Quanto maior for o grau de
responsabilidade, quanto maior for o universo de aprendizado e as perspectivas de
evolução, muito mais eles (os profissionais) se envolvem com as atividades que lhes
são atribuídas e, consequentemente, a motivação sempre se encontrará no topo”,
conclui.
Trabalhar em equipe significa compartilhar uma direção comum. Além disso,
atividades desenvolvidas em conjunto encorajam o grupo, o que aumenta o
desempenho na hora de realizar atividades, transmitindo autoconfiança, habilidade e
união, características primordiais para o sucesso. Isso também vale para os
profissionais de saúde, incluindo aí os profissionais de Psicologia.

PRESENTE E FUTURO DA PSICOLOGIA CLÍNICA

http://www.psiquiatriageral.com.br/terapia/imagens/indice_terapiaOcupacional
67

.jpg.

A Psicoterapia é um valioso recurso para lidar com as dificuldades da


existência em todas as formas que o sofrimento humano pode assumir como
transtornos psicopatológicos, crises pessoais, crises de relacionamentos, conflitos
conjugais e familiares, distúrbios psicossomáticos, dificuldades nas transições da
vida, crises profissionais, etc.
Também é um espaço favorável ao crescimento pessoal, um lugar, tempo,
modo privilegiado de criar intimidade consigo mesmo, de estabelecer diálogos
construtivos, abrir novos canais de comunicação, de transformar padrões
estereotipados de funcionamento, restabelecendo o processo formativo e criativo de
cada um.
Ela oferece uma oportunidade de compreender e mudar os padrões de
vínculo e relação interpessoal. Os problemas vinculares são fonte de incontáveis
sofrimentos e doenças.
A Psicoterapia ocupa hoje um lugar fundamental na área da Saúde, por trazer
uma visão integrada do homem, considerando as dimensões orgânicas, psíquicas e
sociais conjuntamente participantes na produção da existência humana e de seus
problemas.
Em alguns casos, a Psicoterapia cumpre também uma função de educação
para a vida. Essa é uma área pouco considerada em nossa cultura, porém evidente
quando as pessoas se veem inaptas para lidar com situações como crises conjugais,
desemprego ou envelhecimento, por exemplo.
A Psicoterapia é um espaço especial de atenção às dificuldades da vida e aos
caminhos internos para solucioná-los. Seus resultados demonstram uma grande
potência de transformação de vidas. Todos os últimos avanços na área da
Psicologia e Psicoterapia têm permitido alcançar resultados cada vez maiores e
mais significativos.
68

Os prazos variam com os objetivos:

http://wagbarart.files.wordpress.com/2007/02/59.jpg.

No geral, os prazos de tratamento são relativos aos objetivos almejados. Há


vários desenvolvimentos recentes em psicoterapias breves, que são focadas em
objetivos mais específicos.
Atualmente é possível atingir resultados significativos em períodos de 3 a 12
meses e há muitos processos terapêuticos profundos que se encerram
satisfatoriamente em prazos inferiores há três anos. Muitas pessoas obtêm
resultados significativos no início do tratamento, compensando os investimentos
realizados.
Há casos que demandam um trabalho terapêutico mais demorado,
geralmente com problemática psicopatológica mais severa, envolvendo traumas
precoces, desorganização psicológica, problemas vinculares sérios, etc. Esses
trabalhos podem demandar anos de trabalho árduo, compensados por ajudas
significativas que o trabalho psicológico pode trazer. 170
Algumas pessoas encontram na terapia um lugar fundamental de
acompanhamento de seu processo de vida, onde são trabalhadas transformações
mais profundas ao longo de vários anos. São situações em que o processo
terapêutico não tem um prazo definido e segue em comum acordo entre o
psicoterapeuta e o cliente.
Apesar de poder parecer, à primeira vista, um tratamento oneroso em termos
69

de tempo e dinheiro, a Psicoterapia tem se mostrado, na realidade, um modo


econômico de tratamento. Pesquisas indicam, por exemplo, que a Psicoterapia
diminui os índices de consumo de medicamentos e de internações hospitalares. A
Psicoterapia tem se mostrado também um tratamento economicamente
compensador por prevenir e tratar problemas psicológicos que, quando não tratados
adequadamente, trazem enormes prejuízos econômicos para as pessoas e para o
país.

As várias aplicações da Psicoterapia:

http://casadooriente.blogs.sapo.pt/arquivo/Terapia.jpg

Vários estados de sofrimento, crises, transtornos e doenças têm encontrado


uma solução e melhora apenas com o auxílio da Psicoterapia.
Não é possível hoje se falar em doenças sem uma consideração pela
dimensão psicológica e emocional. Cada vez está mais evidente a natureza
psicossomática de todas as experiências humanas. A saúde psicológica é pré-
condição e parte integrante da saúde global.
Cada ser psicossomático vive uma história de interações, encontros e
acontecimentos em que as doenças (orgânicas ou mentais) resultam também dos
desequilíbrios existenciais e de soluções inadequadas de vida.
70

A Psicoterapia é um processo que permite transformações profundas da


personalidade, com resultados evidentes em diversas situações como:
• tratamento de vários transtornos como pânico, fobias, depressão,
anorexia, bulimia, frigidez, impotência, etc.;
• resolução de conflitos pessoais, interpessoais, conjugais, familiares,
profissionais etc.;
• crises existenciais, transições difíceis (luto, crises profissionais, etc.) e
mudanças de fases de vida (puberdade, adolescência, vida adulta, menopausa,
envelhecimento, etc.);
• aprendizado do autogerenciamento da capacidade de lidar com o
estresse,
• dialogando com os estados afetivos internos e os efeitos dos desafios e
problemas da vida;
• descoberta de novos modos de conduzir a própria vida;
• aquisição de autoconhecimento, autonomia e amadurecimento pessoal.

Os tipos de Psicoterapia

Existem alguns tipos de Psicoterapia, conforme as necessidades e a


configuração dos problemas. Os principais tipos são:
• Psicoterapia Individual para crianças, adolescentes, adultos e idosos;
• Psicoterapia de Grupo;
• Psicoterapia de Casal;
• Psicoterapia de Família;
• Atendimento Emergencial.
71

O processo terapêutico mais profundo:

http://www.orizamartins.com/sld_hdr.gif.

O processo terapêutico é como atravessar um túnel. Nesse túnel você vai


rever muitas cenas da história da sua vida de um ângulo completamente novo,
fazendo conexões inusitadas entre os eventos e percebendo a potência do passado
para moldar quem você é hoje.
Na travessia desse túnel você aprenderá a reconhecer os seus padrões de
comportamento, que levam você a se comportar de modo parecido em situações
diferentes, inclusive repetindo os mesmos erros.
Você aprenderá a reconhecer o “como” do seu comportamento: como você
age, como se relaciona, como pensa, sente. E aprenderá caminhos para poder
influenciar e transformar esses padrões.
Essa é uma travessia acompanhada de alguém que pode ajudar você a se
compreender. Alguém que pode lhe ajudar a transformar o seu jeito de ser, a mudar
e a se conhecer profundamente. Essa travessia pode mudar completamente a sua
vida.
72

O vínculo na Psicoterapia:

http://www.centrinho.usp.br.

A base de uma boa terapia está na relação terapêutica. A boa terapia se


desenrola em um enquadre clínico (ambiente pré-definido) com um clima terapêutico
favorável. Aí está um dos segredos dessa arte: criar um ambiente que permita a
revelação dos mundos internos e favoreça o desenvolvimento do processo singular
de cada um. Nesse clima é possível que o ser mais oculto e amedrontado se mostre,
seja ouvido, transforme-se, que o processo formativo possa prosseguir formando
vida.
O ser humano nasce, cresce e vive em ambientes vinculares. Desses
ambientes emocionais depende seu bem-estar e suas realizações na vida. Os
problemas vinculares – da primeira infância à terceira idade – afetam profundamente
a capacidade que as pessoas têm de amar, trabalhar e viver. A Psicoterapia é um
espaço para se esclarecer e transformar essas dificuldades vinculares. E esse
processo ocorre por meio de uma relação saudável com um profissional eticamente
comprometido e tecnicamente qualificado.

Por que a Psicoterapia funciona?

É comum a desconfiança nos processos terapêuticos. Pela própria história da


Ciência, exigindo uma quantificação, para que se legitime, fica mais difícil acreditar
73

em um saber profissional que lide com a subjetividade. No entanto, as pesquisas, de


caráter científico ou não, têm demonstrado uma grande eficácia da Psicoterapia.
Mesmo as recentes tecnologias de mapeamento cerebral têm permitido demonstrar
como o tratamento psicológico age, transformando o funcionamento cerebral. A
eficácia que vinha se demonstrando há muitos anos tem sido corroborada
recentemente pelos novos conhecimentos das neurociências.
Pela complexidade do tema existem centenas de livros e pesquisas
explorando e explicando porque a Psicoterapia funciona. Mesmo assim, como
simples exercício de compreensão, vamos listar alguns motivos para explicar a
efetividade da Psicoterapia, dos mais simples aos mais complexos.
No início da lista, como em um continuum, temos aqueles motivos que são
comuns a outras relações de ajuda, mesmo não profissionais, como uma conversa
íntima com um amigo, uma conversa sobre um problema pessoal com um professor,
um médico, etc. Avançando na lista vamos chegando aos motivos que são mais
comuns na Psicoterapia até aqueles que são exclusivos da Psicoterapia – possíveis
pelo cuidadoso treinamento teórico e técnico adquirido pelo psicólogo em sua
trajetória de formação profissional. Eis o continuum com alguns motivos pelos quais
a Psicoterapia funciona:
1) é fundamental ter alguém em quem confiar e com quem se possa
dividir o peso do problema que se vivencia. Compartilhar auxilia sobremaneira a
aliviar a carga emocional e consequentemente se sofre menos. Além disso, terá ao
lado um profissional capaz de escutar e de guardar sigilo, além de não alimentar
preconceitos e cobranças muitas vezes moralistas;
2) provavelmente formarão um vínculo afetivo e o próprio vínculo tem um
poder de cura. É mais fácil superar muitas dores por meio de uma relação autêntica
de respeito mútuo do que sozinho. A relação terapêutica é uma relação de ajuda, de
compreensão e apoio;
3) a psicoterapia é um ponto obrigatório para se parar e pensar na própria
vida. Ao parar para um momento de reflexão, são revistos valores e projetos futuros.
Parar, observar e refletir permite muitas mudanças de orientação, sentido, rumo e
74

aprofundamento da experiência de vida. A vida não consiste apenas em produzir,


mas em ser feliz. Este deve ser o verdadeiro sentido da vida;
4) o psicólogo clínico (psicoterapeuta) é outro, com o olhar e a
perspectiva de um outro, o que lhe ajudará ver a sua vida de um modo diferente, lhe
fazer perguntas diferentes, ajudá-lo a perceber as coisas de um ângulo que você
não tinha visto antes e nem suspeitava ser possível;
5) o psicoterapeuta conhece teorias psicológicas que ajudam na
compreensão do que ocorre com o ser humano, auxiliam na identificação do que
pode estar errado em sua vida, a direção na qual você está seguindo e as mudanças
de rumo necessárias. A partir de seu conhecimento o psicólogo pode apontar: O que
olhar? Como olhar? O que fazer com o que se descobre? Para que essas
descobertas possam ser construtivas em sua vida;
6) o psicoterapeuta conhece métodos de investigação que tornam
possível descobrir aspectos da sua personalidade que seriam inacessíveis a uma
observação não treinada. Há um amplo repertório de técnicas de investigação da
personalidade que permitem esclarecer problemas de modo extremamente eficaz;
7) o psicoterapeuta domina técnicas terapêuticas que permitem realizar
mudanças profundas na existência;
8) o psicoterapeuta está preparado para compreender você a partir do
vínculo que você estabelece com ele, das respostas emocionais que você suscita
nele. Em seu treinamento ele afinou a si mesmo como instrumento de trabalho para
reconhecer pequenas nuances do que você mostra na relação com ele (e
consequentemente com os outros) e assim poder compreender seus modos de
vinculação e suas dificuldades em relacionamentos;
9) o psicoterapeuta é capaz de oferecer uma presença autêntica no
vínculo com você. Essa relação funciona como catalisadora de processos de
mudança necessários em sua vida, incluindo a superação dos efeitos de traumas de
relacionamentos anteriores;
10) o psicoterapeuta passou por todos esses passos anteriores, tendo
estado em todos os papéis, como cliente, como profissional e como observador. O
que o habilita a “sentir-se em casa” em situações difíceis e poder caminhar por
75

terrenos inóspitos, cheios de sofrimento e problemas emocionais e saber o melhor


caminho a seguir.
Certamente essa lista poderia ser estendida, mas o que se pretende é apenas
oferecer uma ideia do trabalho da Psicologia Clínica em uma linguagem diferente
daquela do universo teórico, técnico e científico habitual na Psicologia.
76

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