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Samba de roda - manifestação cultural afro brasileira

Localização:

- O samba de roda ocorre em todo o Estado da Bahia. Apresenta inúmeras


variações que parecem estar relacionadas com aspectos ecológicos,
históricos e socioeconômicos das diferentes regiões do Estado. Mas é no
Recôncavo Baiano que o samba de roda tem suas raízes.

A faixa de terra que contorna a baía de Todos os Santos, formada por mangues, baixas e
tabuleiros, é conhecida como a Região do Recôncavo

Contudo, a depender do ponto de vista que se adote, ou seja, geográfico, econômico ou


cultural, as definições e delimitações do Recôncavo são muito variáveis. Quanto aos
municípios que compõem a região, por exemplo, o número vai de 17 até 96

. Na definição de Kátia Mattoso, “o Recôncavo é, antes de tudo, uma terra oceânica”


(Mattoso, 1992:54). Delimitá-lo, no entanto, não é uma tarefa fácil, ainda que se use o
oceano como fronteira. Mesmo porque, quando se diz Recôncavo baiano, está se falando
muito mais de um “conceito histórico [do] que de uma unidade fisiográfica” (Santos,
1998:62).

regi;ão muito explorada pelos colonizadores- cana de açucar e fumo ( massapé)

Não há ocasiões exclusivas para a realização do samba de roda, mas há aquelas nas quais
ele é indispensável.
- tradições religiosas afro-brasileiras e no catolicismo popular
- Festa dos Ibejis, Caruru de Cosme.
- Culto aos Caboclos ( viola)
- Após as festas de candomblé de rito nagô ou angola
- Nossa Senhora da Boa Morte (Cachoeira)

Samba de chula
chula (pergunta e resposta)

roda, viola, pandeiro, prato,


Geralmente uma pessoa dança na roda e dá a umbigada com a pessoa que irá substituíla
na roda.

O samba de roda, desde antigos relatos, traz como suporte determinante tradições culturais
transmitidas por africanos escravizados no Estado da Bahia.

“O que eu sei é que partiu mais dos escravos, né? Que os primeiros habitantes da nossa
terra foram os escravos, e geralmente nos engenhos a minha mãe contava que se fazia
muito samba. De noite, quando eles terminavam o trabalho, quando iam descansar, noite de
lua, sentavam no terreiro e daí surgiam os sambas” (Maria Ana do Rosário, Saubara).

marginalização:
umas das primeiras menções a palavra samba- 1844, em Salvador, e está num relato feito
em janeiro daquele ano pelo carcereiro da prisão municipal, Joaquim José dos Santos
Vieira, ao Chefe de Polícia: : “Ontem quase 9 horas da noite, depois das prisões fechadas,
ouvi um alarme, que não podia perceber se era samba de africanos, ou de nacionais (...)
vim à guarda informar-me aonde era aquele estrondo, quando vi que era na 4a prisão desta
cadeia (...) imediatamente disse ao sargento mandasse a sentinela conter a ordem naquela
prisão: cessou o samba (...)” (Reis, 2002:130).

vinte anos após, temos a descrição de um samba no mesmo jornal. (sobre a presença das
mulheres):

“A creoula Herculana Uma chula entoou Rosa do peixe, Lourença A toada acompanhou
Caiu na roda Olegária Puxou mui bem a fieira E foi dar uma umbigada No rapaz Bastos
Pereira Este depois dum corrido Deu na creoula Clotildes A qual fez o seu peão E foi bater
na Matildes, Depois de um miudinho Que fez Antonia Dengosa Dançou Maria Libânia E
depois Maria Rosa…” O poema, aliás, segue enumerando o nome de mais 19 mulheres que
na ocasião ainda sambaram uma depois da outra.

Há inúmeras modalidades de samba de roda no Recôncavo. Porém há duas


grandes modalidades mais conhecidas:

Samba corrido ; dança e canto acontecem simultaneamente. Uma ou mais


pessoas sambam na roda.

Samba chula, samba de viola: Dança e canto nunca acontecem ao mesmo


tempo. Apenas uma pessoa de cada vez samba na roda.

instrumentos: Viola de machete( cada vez mais rara, pois o último artesão
conhecido de violas de samba, Clarindo dos Santos, morreu em 1980. )-
instrumento de origem portuguesa, atualmente muitas vezes substituído por
violão e cavaquinho. pandeiro, atabaque, tamborim, instrumentos de
marcação: prato e faca (tocado majoritariamente por mulheres- ligação com a
cozinha.reco reco, palmas, pares de taubuinhas

chula - é a principal parte cantada


(exemplos de cada samba em vídeo?)

passo característico: o miudinho - rápido e leve pisoteado com os pés


paralelos e solas plantadas no chão. O resto do corpo se mexe apartir dos
pés. Há um deslocamento na roda com requebrado, em algum momento, a
sambadeira vai em direção aos músicos e samba bem próximo deles. Tem
uma questão do respeito e também exibicionista. Além disso é uma troca
entre corpo e instrumento, o som ajuda o corpo a requebrar e o requebro
auxilia o tempo do instrumento.

“correr a roda”
Dilma Santana, de Teodoro Sampaio, por exemplo, diz que “é obrigação da
mulher, quando ela samba mesmo, correr a roda”. A sambadeira argumenta
que “esse negócio de chegar no meio da roda, pular, pular e sair não é
samba”. Dilma lamenta que “a juventude de hoje” não esteja sambando mais
“pra correr a roda”, pois muitos estão misturando e dançando pagode como
se fosse samba de roda. Ela explica que algumas sambadeiras “chegam
assim no meio da roda, se sacodem todas no pagode e vão saindo”, o que,
no seu entendimento, está errado, sambadeira do samba da capela, de
conceição do almeida, pois no samba de roda a sambadeira “tem que correr a
roda”

A indumentária Não há uma regra fixa na indumentária dos participantes do


samba de roda, simplesmente se dança com a roupa que está no corpo. Mas
nota-se que para as sambadeiras a saia ampla, comprida, franzida na cintura
e rodada, é boa para a expressão corporal. Esse tipo de saia proporciona ao
remexer dos quadris mais mobilidade, e aos movimentos, amplitude,
principalmente quando elas giram e sambam no passo do miudinho

motivos para o desaparecimento:


- decadência econômica do Recôncavo
- a supervalorização da cultura de massa e do que é tido como
“moderno”-
- O desaparecimento do instrumento principal: a viola machete.
- As difíceis condições sociais que vivem seus praticantes (obs: em
situação econômica precária pois vivem de agricultura de subsistência, da pesca ou
de aposentadorias irrisórias, eles não se apresentam, para a maior parte da
juventude da região, como modelos a imitar, mas antes como a personificação de
um estado do qual se quer escapar.)
“Hoje em dia nós não temos a viola principal como era antigamente: era o
machete, era a viola pequenininha de pau. Ela era necessária pra esse
samba da gente. Hoje em dia tem aquela viola [paulista] que não vai dar a
mesma tonalidade que vai dar aquela viola antiga. E se quiser uma daquela
tem que encomendar no Maranhão ou em outro lugar. É como o pandeiro de
tarraxa: nós toca, mas era [de] couro de cobra, prego, como João ainda tem,
Babau tem. O samba nativo é esse, e a viola natural não é essa que nós toca
não, é o machete. E essa nós temos que desencavar de onde tiver, pra botar
o samba nativo mesmo como era.” (Augusto Lopes, São Braz).

Formas de preservação da cultura:

- Associação de Sambadores e Sambadeiras do Estado da Bahia.


- Registros, documentações sobre a cultura local
- Revitalização dos instrumentos típicos da manifestação
- Difusão dos saberes
- investimento econômicos nos locais onde predominam os sambas de
roda
- A inserção do samba de roda
- Apoio financeiro aos mestres e grupos tradicionais

Dona Dalva:
“Estou com as pernas travadas de reumatismo, a pressão circulando, a
coluna também. Mas quando toca o pinicado do samba eu acho que eu fico
boa. Eu sambo, pareço uma menina de 15 anos”.

Dalva pai sapateiro


Mãe charuteiro
Dalva trabalhou na fábrica.
Sambas do cosmo, dos candombles. Filha de obaluae
Obs: A história do jiló que ela canta é muito boa.
Uma música:

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