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1 Anamnese
Outros pontos que devem ser analisados na anamnese com o paciente são questões
clínicas relacionadas a nutrição (evacuação, função do trato gastrointestinal, uso de bebidas
alcóolicas ou outras drogas – essas questões podem interferir nos resultados do paciente e
por isso deve ser dialogado), recordatório alimentar, disponibilidade e preferencias de realizar
as refeições, horário de maior fome, utilização de suplementos e limitações financeiras
(obviamente você não irá prescrever filé mignon e salmão todo dia para alguém que não
apresente condição financeira de compra-los).
Percebam que podemos avaliar diversas questões na primeira consulta com o paciente,
objetivando o conhecer melhor para elaborar a estratégia dietética que se enquadre a sua
rotina e que gere adesão. Logo, anamnese vai muito além de perguntar nome, peso e altura,
é necessário compreender diversas variáveis que irão nos levar a um padrão dietético
assertivo ao seu objetivo.
2 Composição Corporal
A fórmula de Cunningham e Tinsley pode ser utilizada para calcular a TMB de atletas,
fisioculturistas ou pessoas que apresentam uma quantidade expressiva de massa muscular. A
fórmula de Cunningham calcula a TMB a partir da massa magra, portanto, é necessário realizar
as dobras cutâneas, bioimpedância ou DEXA para utilizá-la. A fórmula de Tinsley utiliza tanto
a massa magra quanto o peso total.
Na opção 1, o gasto calórico total fica maior devido ao maior fator atividade e a opção
3 o gasto calórico total fica menor devido ao menor fator atividade. Os valores mostrados
abaixo (3440, 3120 e 2500) são as calorias necessárias para manter o peso da paciente, logo,
se quisermos que ela aumente ou diminua de peso, devemos adicionar ou diminuir as calorias,
respectivamente.
Uma outra forma de calcular o gasto calórico total é realizar uma média do fator
atividade. Segunda, quarta e sexta o fator atividade é 2,2. Terça, quinta e sábado é 2 e
domingo é 1,7. Após somar todos esses valores, divide-se por 7 (pois são 7 dias da semana),
resultando em uma média semanal de calorias.
Caso você notar que no recordatório alimentar o paciente consome uma quantidade
calórico muito menor, ou maior, que o gasto calórico calculado pelas fórmulas, é recomendado
fazer um aumento ou uma redução gradativa. Por exemplo, o gasto calórico do paciente foi de
3000Kcal e o recordatório de 1800Kcal. Neste caso é mais indicado subir em torno de 20%
das calorias calculadas pelo recordatório do que subir diretamente para 3000Kcal.
5 Planejamento da dieta
Após compreender com quem eu estou trabalhando e qual a demanda do meu paciente,
é necessário planejar a dieta. Primeiro, é necessário organizar os horários das refeições, por
exemplo, em qual horário este paciente treina? Realiza mais de um treino ao longo do dia? Se
sim, qual é o intervalo entre um treino e outro? A refeição entre esses treinos precisa ser liquida
ou pastosa? Qual horário do dia ele sente mais ou menos fome? Percebam como é importante
ter conhecimento de rotina e da organização da vida do seu paciente para conseguir elaborar
estratégias que possam ser executadas da melhor maneira. Segundo, como será a
periodização dietética? Será realiza ciclo de carboidratos e/ou de calorias? A dieta será
elaborada de acordo com os treinos? É necessário alterar a composição corporal do paciente?
(ganho ou perda de peso? Dieta hipo, normo ou hipercalórica?). Terceiro, qual a quantidade
calórica prescrita? Qual a proporção dos macronutrientes? Como que esses macronutrientes
serão distribuídas? Quarto, há alguma deficiência de micronutrientes ou condição clínica que
devemos nos preocupar (vitamina B12, ferro, vitamina D)? Será utilizado algum suplemento?
(por exemplo, prescrever creatina para um maratonista não é interessante, pois irá aumentar
o seu peso e prejudicar a performance).
6 Bioenergética
Reparem que a hidrólise do ATP resulta em íons H+, logo, quando há uma quebra
substancial de ATP em conjunto com uma ressíntese lenta, pode haver aumento da fadiga
causado pelos íons H+, causando acidose muscular. A suplementação de creatina auxilia na
ressíntese de ATP, contribuindo para retardar a fadiga em exercícios de alta intensidade e
curta duração.
Reparem na imagem abaixo que à medida que aumenta a demanda do treino e se reduz
os estoques de glicogênio muscular, aumenta-se a relação de fadiga. Quando isso ocorre, o
músculo precisa captar glicose da circulação, a qual foi advinda da degradação do glicogênio
muscular ou do processo de gliconeogênese. O problema é que com isso o cérebro recebe
menos glicose, uma vez que a glicose está sendo direcionada ao musculo esquelético. Esse
fato pode levar a uma percepção de fadiga antecipada em relação ao exercício (é como se o
cérebro falasse “vamos dar uma segurada, tem pouca glicose aqui”).
O carboidrato é mais vantajoso que o lipídeo para geração de energia no exercício de
alta intensidade, porque gera maior ATP no mesmo espaço de tempo (embora a gordura gere
mais ATP por molécula, a velocidade de geração de ATP é lenta).
Não há um limite para absorção de proteínas, o que há é um limite para sua utilização.
Portanto, ao ingerir uma grande quantidade de proteína, essa proteína é absorvida, mas
grande parte pode ser catabolizada ao invés de ser utilizada para síntese proteica. O estudo
abaixo ilustra que a ingestão de 40g de whey estimula mais a síntese proteica do que 20g de
whey, entretanto, consumir uma quantidade muito acima desta não trará benefícios pensando
em hipertrofia (a depender do peso do paciente), uma vez que a síntese proteica se estabiliza.
A recomendação é de 0,3-0,6g/Kg de proteína por refeição.
O estudo abaixo compara 40g x 70g de proteína e foi observado que a ingestão de 70g
apresentou maior balanço nitrogenado positivo quando comparado a 40g, embora boa parte
dessa proteína (70g) tenha sido utilizada para geração de energia e não para síntese proteica.
Entretanto, precisamos olhar com cuidado para esses resultados e não os extrapolar para
todos os pacientes (“ingerir 70g é melhor do que 40g”). Esse resultado pode ter sido devido a
um déficit calórico muito agressivo, contribuindo para que essas 70g de proteínas favoreça
uma síntese maior do que 40g. Caso o indivíduo estivesse em uma dieta normo ou
hipercalórica e com uma boa quantidade de carboidratos, provavelmente a síntese se manteria
estável entre 40 e 70g.
8.2 Janela anabólica
A imagem abaixo ilustra as recomendações proteicas. Para pacientes que realizam uma
dieta hipercalórica ou isocalórica, as recomendações são de 1,6-2,2g/kg/dia de proteína, e
para pacientes em dieta hipocalórica, as recomendações são de 2,3-3,1g/Kg a depender do
déficit e do percentual de gordura do paciente (a gordura apresenta efeito protetivo sobre a
massa muscular). O ideal é realizar no mínimo 3-4 refeições por dia contendo proteínas, sendo
que cada uma delas deve apresentar em média 0,3-0,6g/kg de proteína.
9 Lipídeos
À medida que você consome um\ quantidade maior de ácidos graxos saturados, há
maior prejuízo no perfil lipídico e piora na sensibilidade a insulina. Por outro lado, ácidos graxos
insaturados (seja mono ou poli), favorecem a sensibilidade a insulina e melhoram o perfil
lipídico. O ômega 6 é um ácido graxo insaturado e ao contrário do que muitas pessoas
acreditam, ele não é prejudicial ou inflamatório ao nosso organismo. Foi mostrado redução de
eventos cardiovasculares à medida que se substitui gordura saturada por ômega 6.
Foi mostrado que o LDL é mais sensível a gordura trans e saturada, enquanto o HDL
responde a saturada e a poliinsaturada, conforme ilustrado no estudo abaixo .
O estudo abaixo mostra uma dieta cetogênica a base de gordura saturada ou de gordura
insaturada. Foi demonstrado que a dieta cetogênica a base de gordura insaturada foi
clinicamente mais saudável, diminuindo LDL, triglicerídeos e colesterol total, além de melhora
na sensibilidade a insulina.
A imagem abaixo ilustra algumas fontes de gorduras. Devemos priorizar o consumo de
ômega 9 (abacate, canola, azeite), ômega 6 (óleos vegetais), ômega 3 (peixes, linhaça, canola,
algas), e evitar, ou reduzir, o consumo de saturada. O ideal é uma proporção de 3:1 de
poli:saturada.
13 Creatina
14 Nitrato
A beterraba é o alimento que apresenta o maior teor de nitrato, podendo ter um efeito
ergogênico interessante pelo seu efeito vasodilatador (proporcionando maior oxigenação e
maior fluxo de nutrientes para o tecido muscular). Alimentos ricos em vitamina C podem ter
uma sinergia com a beterraba no processo de absorção de nitrato. Modalidades de média a
longa duração, como endurance, sua utilização o pode ser interessante. É indicado 310-560mg
2-3h antes do treino, sendo efeito agudo.
15 Beta alanina e bicarbonato