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Saúde Ocupacional e Ética

Profissional
Linalva Maria de Barros

Técnico em
Tradução e
Interpretação de Libras
Saúde Ocupacional e Ética
Profissional
Linalva Maria de Barros

Curso Técnico em
Tradução e Interpretação de Libras

Escola Técnica Estadual Professor Antônio Carlos Gomes da Costa

Educação a Distância

Recife

1.ed. | Outubro 2023


Professor Autor Coordenação Executiva (Secretaria de Educação e
Linalva Maria de Barros Esportes de Pernambuco | SEE)
Ana Cristina Cerqueira Dias
Revisão
Ana Pernambuco de Souza
Linalva Maria de Barros

Coordenação de Curso Coordenação Geral (ETEPAC)


Bruna Nascimento da Silva Arnaldo Luiz da Silva Junior
Gustavo Henrique Tavares
Coordenação Design Educacional Maria do Rosário Costa Cordouro de Vasconcelos
Deisiane Gomes Bazante Paulo Euzébio Bispo

Design Educacional
Ana Cristina do Amaral e Silva Jaeger Secretaria Executiva de
Helisangela Maria Andrade Ferreira Educação Integral e Profissional
Jailson Miranda
Roberto de Freitas Morais Sobrinho Escola Técnica Estadual
Professor Antônio Carlos Gomes da Costa
Diagramação
Jailson Miranda
Gerência de Educação a distância
Catalogação e Normalização
Hugo Cavalcanti (Crb-4 2129)
Sumário
Introdução ................................................................................................................................... 5

UNIDADE 01 | A HISTÓRIA DO TRADUTOR INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS NO BRASIL E NO


MUNDO ....................................................................................................................................... 6

1.1 Contexto histórico .......................................................................................................................................7


1.2 Marco histórico: os primeiros países e intérpretes ....................................................................................8
1.3 Impactos e importância do reconhecimento da Lei de Libras para intérprete de Libras ........................ 14
1.4 Lei 11.686 de outubro de 1999 ................................................................................................................ 15
1.5 A luta dos intérpretes para garantir a Lei - As dificuldades enfrentadas até a Lei - A importância da
conquista da Lei. ............................................................................................................................................ 17
UNIDADE 02 | O REGULAMENTO E A FORMAÇÃO PARA O TRABALHO DO PROFISSIONAL TRADUTOR
INTÉRPRETE DE LIBRAS ............................................................................................................... 20

2.1 Cursos e formação acadêmica ................................................................................................................. 22


2.2 Curso de idioma ...................................................................................................................................... 23
2.3 Curso de formação em nível médio ........................................................................................................ 23
2.4 Curso técnico de tradução e interpretação em Libras ............................................................................. 24
2.5 Curso superior em Letras/ Libras ........................................................................................................... 25
2.6 Formação Superior em Tradução e Interpretação em Libras/Língua Portuguesa ................................... 26
UNIDADE 03 | O CÓDIGO DE ÉTICA E A SUA APLICABILIDADE NOS DIVERSOS CONTEXTOS DE
ATUAÇÃO DO TRADUTOR INTÉRPRETE DE LIBRAS ....................................................................... 30

UNIDADE 04 | A IMPORTÂNCIA DA SAÚDE OCUPACIONAL PARA O PROFISSIONAL TRADUTOR


INTÉRPRETE DE LIBRAS ............................................................................................................... 45

4.1 Contexto histórico ergonomia ................................................................................................................. 46


4.2 Norma Regulamentadora - NR- Segurança e Medicina do Trabalho ....................................................... 47
4.2 A importância da prática de exercícios de alongamento para o profissional intérprete de Libras ......... 53
4.3 Nota Técnica da FEBRAPILS- Parâmetros e Procedimentos e atuação do Tradutor intérprete de Libras 54
CONCLUSÃO ............................................................................................................................... 58

REFERÊNCIAS.............................................................................................................................. 59

MINICURRÍCULO DO PROFESSOR ................................................................................................ 62


Introdução
Olá, estudante! Tudo bem com você?
Seja bem-vindo(a) à disciplina Saúde Ocupacional e Ética Profissional que faz parte do
currículo do curso de Tradução e Interpretação em Libras. Educação à Distância - EaD. Você irá
aprender, e entender que a ética profissional não está dissociada da Saúde Ocupacional, pois é
imprescindível para otradutor intérprete de Libras estar saudável em detrimento do trabalho
realizado, visto que, a Libras é sinalizada com as mãos. A eficiência da sua atuação no mercado de
trabalho está intrinsecamente ligada ao seu bem estar físico e mental e você irá aprender sobre esse
assunto na unidade quatro do seu e-book, que está dividido em quatro unidades, e nelas você irá
saber a história do profissional tradutor intérprete de Libras no Brasil e no mundo, a regulamentação
da profissão e sua formação profissional, e os procedimentos adequados à sua conduta, pois, o
intérprete, entre outras atribuições é a ferramenta comunicacional entre o surdo e as pessoas
ouvintes. No decorrer do e-book, estudante , você irá conhecer melhor o código de ética , que é o
norteador de toda sua atividade profissional e como aplicá-lo em diversos contextos. Na última
unidade, como já mencionado, você vai entender a importância da saúde ocupacional para o tradutor
intérprete de Libras.
Para uma melhor compreensão do conteúdo, você irá conhecer quem é o intérprete de
Libras, sua trajetória e os percalços que ele enfrentou até a institucionalização e reconhecimento da
profissão no Brasil e no mundo. Você irá perceber que o processo e o reconhecimento do profissional,
ocorreu de forma diferente em outros países até chegar ao Brasil. Pois, até alcançar a visibilidade
dos dias atuais, o tradutor intérprete de Libras, trilhou um caminho extenso que foi construído desde
o voluntariado em contextos religiosos até a legalização da profissão, e posteriormente a criação de
cursos voltados à sua formação e aperfeiçoamento. E agora você irá entender melhor como o
profissional fez para trilhar esse caminho, você irá, através do e-book, refazer a extensa jornada
desse profissional, e como foi organizado a regulamentação para sua atuação como tradutor
intérprete de Língua de sinais e principalmente a aplicabilidade do código de ética do tradutor
intérprete de Libras, um documento indispensável, um guia completo, para sanar as dúvidas que
surgirem no percurso e também na prática cotidiana.
Espero que você goste do e-book.
Bons estudos!

5
UNIDADE 01 | A HISTÓRIA DO TRADUTOR INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE
SINAIS NO BRASIL E NO MUNDO
Olá, estudante! Você sabe quem é o intérprete? E o tradutor intérprete de Libras, são as
mesmas pessoas? É o que você irá descobrir a seguir:

De acordo com Quadros.


Intérprete - Pessoa que interpreta de uma língua (língua fonte) para outra (língua
alvo) o que foi dito. Intérprete de língua de sinais Pessoa que interpreta de uma dada
língua de sinais para outra língua, ou desta outra língua para uma determinada língua
de sinais (QUADROS, 2004, p. 7 e 11)
Tradutor - é uma pessoa que traduz de uma língua para outra. Tecnicamente, a
tradução refere-se ao processo envolvendo pelo menos uma língua escrita. Assim,
tradutor é aquele que traduz um texto escrito de uma língua para a outra.
(QUADROS, 2004, p. 7 e 11)

Nas citações acima, a autora Quadros, define separadamente tradutor intérprete e


tradutor. E para que você possa assimilar melhor a diferenciação, atente-se para as explicações a
seguir para que você não fique na dúvida. Como foi citado anteriormente, o profissional tradutor
intérprete de Libras é a ferramenta comunicacional do surdo, ou seja, ele tem a responsabilidade de
interceder nas relações entre pessoas que possuem línguas diferentes. Mas aí, estudante, você pode
estar se perguntando: e tradução e interpretação também tem diferença? A resposta para sua
pergunta, é sim. A diferença entre a tradução e a interpretação está justamente na modalidade da
escrita, da seguinte forma: o escrito trata-se de tradução e a interpretação trata -se da tradução
de uma língua falada para outra e vice-versa. É importante frisar que: a interpretação é o termo
mais adequado quando se refere às línguas de sinais, salvo quando estes estiverem escritos. O
intérprete de línguas de sinais deve executar a ação, sem contudo, perder o sentido original do que
está sendo interpretado.
Ex.: O professor está apresentando o conteúdo de uma disciplina em língua Portuguesa,
em uma sala de aula mista com estudantes ouvintes e surdos, o profissional tradutor intérprete
traduz em tempo real para Libras.
Em outro contexto, em uma entrevista de emprego, ou em uma reunião, por exemplo, e
o surdo fizer uma pergunta, o profissional interpreta em português o que o surdo está sinalizando em
Libras.

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A mesma autora ainda pontua que:
[...]”A interpretação sempre envolve as línguas faladas/sinalizadas, ou seja nas
modalidades orais-auditivas e visuais-espaciais.Assim, poder-se-á ter a interpretação
da língua de sinais para língua falada e vice-versa( QUADROS, 2002, p.9).

Feita a diferenciação entre tradutor e tradutor intérprete de Libras, você vai viajar agora
na linha do tempo e entender a história desse profissional, sua trajetória no Brasil e no mundo.
Cronologicamente, começou na Suécia. Mas antes de ir para esse país, convido você, estudante a ler
um pouco mais sobre tradução e interpretação e ampliar seus conhecimentos.
Tradução: de acordo com o dicionário HOUAISS,é a transposição de uma língua para
outra( HOUAISS,2002,p.726).

1.1 Contexto histórico

De acordo com pesquisadores, a tradução simultânea está relacionada aos movimentos


pós-guerra, no entanto, historicamente a modalidade de tradução e interpretação era praticada
desde o Egito Antigo e no Império Romano, por utilizarem as línguas orais. Os documentos datam
três mil anos antes de Cristo e nesses documentos, já eram feitas referências à figura do supervisor
intérprete. As práticas de tradução e interpretação, ocorriam em mosteiros, concílios e sinagogas,
por abrigarem pessoas que vinham de outras partes do mundo em busca de formação teológica. As
práticas de tradução e interpretação eram bastante favoráveis às relações de comércio internacional,
atividades diplomáticas e as de cunho militar, em detrimento dos países que estavam vivenciando o
pós-guerra. Nesse período, o tradutor intérprete era inexistente e quando necessário, utilizava-se a
mímica para estabelecer a comunicação, quando a língua oral era inoperante. Vale salientar que, por
conta dessas situações, ou seja, o tradutor já configurava como um personagem necessário, mas
ainda sem formação alguma, ele realizava a tarefa de forma voluntária e o pré requisito era conhecer
a técnica.
Pereira, Define tradução como:
“(…) tradução é o termo geral que se refere a transformar um texto a partir de uma
língua fonte, por meio de vocalização, escrita ou sinalização, em outra língua meta.
A diferenciação é feita, em um nível posterior de especialização, quando se considera
a modalidade da língua para qual está sendo transformado o texto. Se a língua meta

7
estiver na modalidade escrita trata-se de uma tradução; se estiver na modalidade
vocal (também chamada de oral) ou sinalizada (presenciais ou de interação
imediata), o termo utilizado é interpretação.( Pereira, 2008, p. 136).

Como explicado nos parágrafos e citações acima, a tradução consiste em transformar um


texto de uma língua para outra. E sobre intérpretes, leia com atenção a citação abaixo, para fixar
melhor a sua compreensão sobre o contexto histórico.
A mais antiga referência a um intérprete parece ser um hieróglifo egípcio do terceiro
milênio antes de Cristo. Há registros de intérpretes na antiga Grécia e no Império
Romano. Na Bíblia, o Apóstolo Paulo faz a seguinte admoestação em sua Epístola aos
Coríntios: “E se alguém falar em língua desconhecida, faça-se isso por dois, ou
quando muito três, e por sua vez, e haja intérprete” (I Coríntios 14:28). A atuação de
intérpretes também está documentada na Idade Média, seja nas Cruzadas ou em
encontros diplomáticos. No Novo Mundo, sabe-se que Colombo trouxe intérpretes
em sua expedição, ainda que das línguas erradas: hebraico, caldeu e árabe. Mais
conhecido e mais bem documentado é o caso de Doña Marina, famosa intérprete de
Cortez em sua conquista do México (cf.: Hogg, 1997, apud Pagura, 2003, p. 13).

Agora, estudante, convido você a continuar sua leitura para conhecer a história do
tradutor intérprete. Preparado ?. Você vai viajar para alguns países para saber como tudo começou.
Observe a linha do tempo:

Figura 1 - Linha do tempo


Fonte: Elaborado pela autora.
Descrição da figura: Linha do tempo da esquerda para direita,no primeiro quadro está escrito: Suécia 1875,no quadro
abaixo; cargos conselheiros. Nos quadros seguintes,Estados Unidos 1964, abaixo a sigla RID,Brasil 1980 e logo abaixo a
sigla FENEIS.

1.2 Marco histórico: os primeiros países e intérpretes

Existem tradutores intérpretes em vários países e sua história começou a partir de


atividades voluntárias que foram intensificando -se e alcançando notoriedade na medida em que os

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surdos buscam por seus direitos para exercer a cidadania, e a participação deles nas
discussões,repercute de forma muito positiva para a profissionalização do tradutor intérprete. A
atividade laboral e voluntária dos intérpretes, na sua maioria era requisitada por familiares de surdos
ou advinda de pessoas que tinham interesse em aprender Libras, para atuar como intérpretes
“(...) A história da constituição deste profissional se deu a partir de atividades
voluntárias que foram sendo valorizadas enquanto atividade laboral na medida em
que os surdos foram conquistando o seu exercício de cidadania. A participação de
surdos nas discussões sociais representou e representa a chave para a
profissionalização dos tradutores e intérpretes de língua de sinais. Outro elemento
fundamental neste processo é o reconhecimento da língua de sinais em cada país. À
medida em que a língua de sinais do país passou a ser reconhecida enquanto língua
de fato, os surdos passaram a ter garantias de acesso a ela enquanto direito
linguístico (...)”. (Quadros, 2007, p. 13).

A história e a constituição desse profissional, como já visto anteriormente, tem início a


partir da realização de atividades voluntárias que, na sua maioria , eram exercidas por parentes e
amigos inseridos em comunidades religiosas.
Neste sentido, essas pessoas tiveram que aprender a língua de sinais em contato com
o surdo e ir estabelecendo, ao longo deste contato e da prática, um conjunto de
conhecimentos e estratégias – linguísticas, culturais, sociais, tradutórias etc. – o que
lhes permitiu viver e exercer o papel de intérprete de libras. (RODRIGUES; VALENTE,
2012, p. 16).

A história e o reconhecimento deste profissional foi construído ao longo dos anos ao


redor do mundo. Por isso é muito importante que você conheça fatos relevantes, as entidades que
foram instituídas para atender melhor a comunidade surda, e sobretudo, os países que foram
fundamentais para que o tradutor intérprete tivesse o reconhecimento que tem nos dias de hoje.
Agora você irá conhecer qual foi o primeiro país e como o tradutor intérprete atuava e os locais.
Suécia, nesse país, de acordo com a autora Quadros (2007, p. 13-15),”já havia intérpretes
atuando em contextos religiosos desde 1875”. em atividades religiosas. No entanto, para atender a
demanda da comunidade surda, em 1938 o parlamento sueco se viu na obrigação de criar cinco
cargos de conselheiro para surdo. E nove anos depois haviam mais 20 pessoas exercendo a função
de intérprete. No ano de 1968, este mesmo parlamento propicia aos surdos acesso ao profissional
intérprete livre de encargos, atendendo às reivindicações da Associação Nacional dos Surdos. E diante
deste cenário cria também o primeiro curso de treinamento de intérpretes na Suécia. Mais adiante,

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no ano de 1981 , foi determinado que cada conselho municipal deveria ter uma unidade com
intérpretes.
Estados Unidos, em 1815 com a chegada de Laurent Clerc( surdo francês), que tinha
Thomas Gallaudet como seu intérprete e era responsável pela educação dos surdos no país. Com o
passar dos anos, as pessoas passaram a intermediar a comunicação com os surdos de maneira
voluntária e restrita, pois era feita por amigos, religiosos, vizinhos, etc.. Mais adiante, a organização
dos profissionais intérpretes ocorreu de fato nos Estados Unidos no ano de 1964 e na ocasião, um
grupo de intérpretes que usavam a língua sinalizada, fizeram o registro de intérpretes surdos( a atual
RID) e dessa forma tomando para si a responsabilidade de formação, treinamento e avaliação, bem
como o código de comportamento ético. Em 1972, o RID, realiza a seleção de intérpretes e os registra,
mediante uma avaliação. nos dias atuais, o referido órgão é responsável por selecionar os intérpretes,
certificar os intérpretes qualificados; manter um registro; promover o código de ética; e oferecer
informações sobre formação e aperfeiçoamento de intérpretes.
Caro estudante, no parágrafo acima, você leu sobre o Registry of Interpreters for the Deaf
- RID, órgão responsável pelo registro dos intérpretes nos Estados Unidos - EUA em 1972. E sobre o
referido órgão, leia abaixo as categorias de intérpretes constantes no RID, na pesquisa de SANDER:
Segundo a Associação Americana dos intérpretes de língua de sinais, chamada de RID
(Registry of Interpreters for the Deaf), os tradutores/intérpretes podem ser
classificados em três categorias principais:
Os tradutores/intérpretes educacionais que atuam no âmbito educacional e em
todos os níveis de ensino, bem como em eventos como conferências, palestras,
reuniões, grupos de pesquisa, etc.
Os tradutores/intérpretes comunitários que atuam no âmbito social, como em
atendimentos hospitalares e consultas médicas, nas repartições públicas como
delegacias de polícia, rodoviárias, aeroportos, etc. onde a acessibilidade pública é de
direito a todos.
Os tradutores/intérpretes legais ou também reconhecidos como legais, pois atuam
especificamente com questões jurídicas, questões cíveis e penais, varas judiciais e de
família, fórum, julgamentos, etc. Tratam de atuar nas questões específicas na área
legal. Cada vez mais esta profissão exige uma formação acadêmica específica para a
própria atuação do futuro profissional, bem como da área em que este profissional
irá atuar. Em muitos países já se exigem duas formações acadêmicas do
tradutor/intérprete, como é o caso dos Estados Unidos e países da Escandinávia. (
Sander, 2013,p.02)

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Como você leu no parágrafo acima, foi mencionado o nome de Thomas Gallaudet, que
era intérprete de Laurent Clerc. Lhe convido a ler um pouco mais sobre ele, pois suas pesquisas foram
bastante significativas para a história do profissional tradutor intérprete de Libras.Em suas pesquisas,
Gallaudet descobriu algo muito importante;que a França e a Inglaterra estavam bastante evoluídos
nas metodologias de ensino para os surdos. De posse dessa descoberta, ele resolve viajar para esses
países para aprofundar suas pesquisas e conhecer detalhadamente as metodologias utilizadas por
eles. Além de avançar nas pesquisas, o estudioso tinha a pretensão de construir a primeira escola dos
Estados Unidos que fosse prioritariamente voltada para o ensino dos surdos. O ponto de partida de
sua viagem foi a Inglaterra, porém , os ingleses não facilitaram a vida de Gallaudet e impuseram uma
série de condições para a divulgação do método, e por isso não foi viável a observação e realização
dos estudos. Thomas Hopkins Gallaudet volta à América trazendo o professor surdo Laurent Clerc,
melhor aluno do “Instituto Nacional para Surdos Mudos”, de Paris. Durante a longa viagem que
fizeram juntos, de volta ao Estados Unidos, Clerc ensinou a língua de sinais para Gallaudet, que por
sua vez lhe ensinou o inglês.
E aí, estudante, veja quantas ações importantes foram realizadas por esses países no
intuito de promover a atuação do intérprete de Libras e sobretudo, atender às reivindicações da
comunidade surda. Mas, você deve estar curioso para saber como esse processo ocorreu no Brasil,
não é mesmo?. É o que você vai ficar sabendo agora.
Brasil - Você estudou que a presença do profissional intérprete de Libras ocorreu em
contextos religiosos, nos países acima mencionados, mas saiba que no seu país , o Brasil, não foi
diferente. Nos anos 80, já era possível identificar a atuação de intérprete de Libras nestes contextos
, porque mesmo com a criação Instituto dos Surdos-Mudos em 1857 pelo imperador Dom Pedro II ,
não houve ainda o reconhecimento desse profissional nesse período, isso aconteceria muitos anos
depois. Passados alguns anos , em 1980, é que surge o intérprete atuando como voluntário, e essa
ação era realizada por familiares de sujeitos surdos ou por pessoas que se interessaram em aprender
a Libras e desenvolver ações de interpretação. Mais adiante, tem -se uma mudança de cenário. Em
1988 realizou-se o I Encontro Nacional de Intérpretes de Língua de Sinais organizado pela Federação
Nacional de Educação e Integração dos Surdos - FENEIS na cidade do Rio de Janeiro. Um marco histórico
muito importante, pois, proporcionou pela primeira vez, o intercâmbio entre alguns intérpretes do
Brasil e a avaliação sobre a ética do profissional intérprete. Em 1992 a FENEIS promoveu o II encontro

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que foi muito importante, pois promoveu o intercâmbio entre as diferentes experiências dos
intérpretes no país, discussões e votação do regimento interno do Departamento Nacional de
Intérpretes, fundado mediante a aprovação do mesmo. Daí em diante, foram realizados encontros
estaduais por mais dois anos consecutivos. E nesse intervalo de tempo, algumas ações importantes
foram realizadas: foram estabelecidas unidades de intérpretes ligadas aos escritórios regionais da
FENEIS. Em 2002, a FENEIS sedia escritórios em São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte, Teófilo Otoni,
Brasília e Recife, além da matriz no Rio de Janeiro.

Figura 2 - FENEIS
Fonte: https://www.libras.com.br/feneis
Descrição da figura: desenho, fundo branco. Do lado esquerdo desenho de um mapa em dimensão maior na cor azul, a
frente em dimensão menor mãos erguidas entrelaçando os dedos polegar e indicador formando um elo. No centro em
dimensão maior, a palavra feneis escrita na cor azul, abaixo em dimensão menor as palavras federação nacional de
educação e integração dos surdos. Fim da descrição.

Estudante, você observou nas informações acima a relevância da Feneis para a integração
dos intérpretes, em detrimento dos encontros realizados e as resoluções que foram tomadas. Agora,
conheça um pouco sobre esse órgão:

O que é FENEIS?
A Feneis – Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos, fundada em 16 de
maio de 1987, é uma entidade filantrópica, sem fins lucrativos, que tem por finalidade a defesa de
políticas linguísticas, educação, cultura, emprego, saúde e assistência social, em favor da comunidade
surda brasileira, bem como a defesa de seus direitos.
É filiada à Federação Mundial dos Surdos, conta com uma rede de seis Administrações
Regionais, e, face à importância, suas atividades foram reconhecidas como de utilidade pública
federal, estadual e municipal. Uma de suas principais bandeiras é o reconhecimento da cultura surda,
através da propagação da Língua de Sinais, especialmente através de sua inserção no mercado de
trabalho. (https://feneis.org.br/o-que-e/)

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Então estudante, você gostaria de saber curiosidades sobre o tradutor
intérprete de Libras? Massa! vou lhe contar umas coisas bem legais. Quer saber
quando? Faça um breve intervalo e corre lá para ouvir o podcast que te conto
tudinho!.

Você estudou até agora sobre a história do tradutor intérprete de Libras na Suécia , nos
Estados Unidos e finalmente no Brasil,bem como os locais de atuação desse profissional em solo
brasileiro, sobretudo, sobre as ações implementadas para a valorização e reconhecimento dos
intérpretes. Então, lhe convido para estudar um pouco mais e saber quais serão os próximos passos
após os encontros promovidos pela Feneis.
Na década de 1990, os intérpretes, adquiriam habilidades na interpretação, devido ao
contato com os surdo, pois a tanto a Libras quanto a profissão de tradutor intérprete não havia sido
legalizado e tampouco reconhecida. No ano 2000, é promulgada a Lei nº 10.098, de 19 de dezembro
de 2000, a lei da acessibilidade que em seu artigo 18 já garante a implantação de programas de
formação de intérpretes de Libras.
Art. 18. O Poder Público implementará a formação de profissionais intérpretes de
escrita em braile, linguagem de sinais e de guias-intérpretes, para facilitar qualquer
tipo de comunicação direta à pessoa portadora de deficiência sensorial e com
dificuldade de comunicação. ( BRASIL, 2000)

Dois anos após a promulgação da Lei Nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000, Lei de


acessibilidade, acontece algo muito importante, e que vai causar profundos impactos na história do
profissional tradutor intérprete de Libras que é o reconhecimento da Língua Brasileira de Sinais -
Libras que aconteceu em 2002.
A Libras foi legitimada por meio da Lei n° 10.436, no dia 24 de abril como natural da
comunidade surda brasileira, caracterizada por ser uma forma de expressão e
comunicação, com sistema linguístico de natureza visual-motora, com estrutura
gramatical própria, constituindo um sistema linguístico de transmissão de ideias e
fatos. (Brasil, 2002)

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1.3 Impactos e importância do reconhecimento da Lei de Libras para intérprete de
Libras

O reconhecimento da Libras é muito importante para a comunidade surda e também


impacta o profissional tradutor intérprete de Libras, por ter seu histórico atrelado às lutas dos surdos
para garantir seu direito à cidadania, e essa luta começou lá na Suécia, está lembrado?. Se não estiver,
peço que volte ao início dessa unidade, lá você encontrará essa e outras informações. Agora veja o
que diz a autora QUADROS sobre a atuação dos surdos:
Os movimentos sociais alavancados pelos surdos estabeleceram como uma de suas
prioridades o reconhecimento da língua de sinais [...]. Foram várias as estratégias
adotadas para tornar pública a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). Entre elas,
citamos os projetos de lei encaminhados em diferentes instâncias governamentais
[...]. Instaurou-se em várias unidades da Federação a discussão sobre a “língua de
sinais dos surdos”, determinando o reconhecimento, por meio da legislação, dessa
língua como meio de comunicação legítimo dos surdos. Esse movimento foi bastante
eficiente, pois gerou uma série de iniciativas para disseminar e transformar em lei a
língua de sinais brasileira, culminando na lei federal 10.436, 24/04/2002, que a
reconhece no país.( QUADROS, 2006, p.14)

Após a sanção da lei que reconhece a Libras, foi criado o Decreto n° 5.626, de 22 de
dezembro de 2005 que regulamenta a citada lei. Além de regulamentar este artigo, estabelece a
obrigatoriedade da presença do tradutor intérprete de Libras nas instituições de ensino, em todos os
níveis em que houvesse alunos surdos matriculados.
Art. 14. As instituições federais de ensino devem garantir, obrigatoriamente, às
pessoas surdas acesso à comunicação, à informação e à educação nos processos
seletivos, nas atividades e nos conteúdos curriculares desenvolvidos em todos os
níveis, etapas e modalidades de educação, desde a educação infantil até à superior
(Brasil, 2005)

O decreto possui 31 artigo e versa sobre:


• A inclusão da Libras como disciplina
• Formação de professores instrutores de Libras
• Difusão da Libras e acesso dos surdos
• Formação do tradutor intérprete de Libras
• Garantia à educação do surdo
• Garantia à saúde

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• O papel do poder público
No artigo 14°, você estudou sobre a obrigatoriedade e a garantia comunicacional dos
surdos. Saiba que essa obrigatoriedade também tramita nas esfera estadual. O estado de
Pernambuco, através da lei 11.686 de outubro de 1999, reconhece a Libras como língua oficial. A lei
possui 8 artigos e versa sobre a importância da garantia de acesso à educação bilíngue para o surdo
e da atuação do intérprete de Língua de sinais nas repartições públicas, entre outros. É muito
importante que você conheça um pouco mais sobre esta lei, ou seja, a contribuição do seu estado em
detrimento da oficialização da Língua de Sinais.

1.4 Lei 11.686 de outubro de 1999

Art. 1º Fica reconhecida, oficialmente pelo estado de Pernambuco, a linguagem gestual


codificada na Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS, e outros recursos de expressão a ela associados,

como meio de comunicação objetiva e de uso corrente.


Parágrafo único. Compreende-se, como Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS, o meio de
comunicação de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria, oriunda de comunidades
de pessoas surdas, constituindo a forma de expressão da pessoa surda e a sua língua natural.
Art. 2º A Rede Pública de ensino, através da Secretaria de Educação e Esportes do Estado
de Pernambuco, deverá garantir acesso à educação bilíngüe (LIBRAS e Língua Portuguesa) no
processo ensino-aprendizagem, desde a educação infantil até os níveis mais elevados do sistema
educacional a todos os alunos portadores de surdez.
Art. 3º A Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS - deverá ser incluída como conceito
obrigatório nos cursos de formação na área de surdez, em nível do 1º, 2º e 3º Graus.
Parágrafo único. Fica incluída a Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS no currículo da Rede
Pública de ensino e dos Cursos de Magistério, de formação superior, nas áreas de Ciências Humanas,
Médicas e Educacionais.
Art. 4º A Administração Pública direta, indireta e fundacional, através da Secretaria de
Educação e de Esportes, manterá, em seus quadros funcionais, profissionais portadores de surdez
bem como intérpretes da Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS, no processo ensino-aprendizagem,

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desde a educação infantil até os níveis mais elevados de ensino em suas instituições, garantindo
inclusive o material didático porventura necessário a essa aprendizagem.
Art. 5º A Administração Pública do Estado de Pernambuco, através da sua Secretaria de
Educação e de Esportes e seus órgãos, oferecerá através das entidades públicas diretas, indiretas e
fundacionais, cursos para formação de intérpretes da Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS.
Art. 6º A Administração Pública do Estado de Pernambuco, através da sua Secretaria de
Educação e de Esportes e seus órgãos a essa Secretaria ligados, oferecerá cursos periódicos de Língua
Brasileira de Sinais - LIBRAS, em diferentes níveis, para portadores de surdez e seus familiares,
professores do ensino regular e comunidade em geral.
Art. 8º Esta lei entrará em vigor na data de sua publicação.
Com a criação do decreto, n° 5.626, de 22 de dezembro de 2005 que regulamenta a Lei
nº 10.436, de 24 de abril de 2002 que reconhece a Libras, surge um novo cenário, outras perspectivas
para o profissional intérprete , porque o surdo sai das escolas especiais e vai estudar nas comuns,
porque podem contar o com o apoio deste profissional. Contudo, muitos movimentos ainda
precisaram ser feitos com o objetivo de regulamentar a profissão. Em 2008, os tradutores intérpretes
começaram a organizar-se em associações regionais e desses encontros foi fundada a Federação
Nacional, a Federação Brasileira das Associações dos Profissionais Tradutores, Intérpretes e Guias
Intérpretes de Língua de Sinais (FEBRAPILS).

Figura 3 - Logo da Febrapils


Fonte: https://blog.febrapils.org.br/
Descrição da figura: Bandeira do Brasil, apresentada pela metade na posição vertical.
Abaixo a sigla FEBRAPILS.

Federação Brasileira das Associações dos Profissionais Tradutores e Intérpretes e Guia-


Intérpretes de Língua de Sinais – Febrapils é uma entidade profissional autônoma, sem fins lucrativos
ou econômicos, fundada em 22 de setembro de 2008, de duração indeterminada, com personalidade

16
jurídica de direito privado, qualificável como de interesse público e pertencente ao território
brasileiro.
Essa entidade tem a função de orientar, apoiar e consolidar as Associações de Tradutores,
Intérpretes e Guia-intérpretes de Língua de Sinais (APILS), buscando realizar um trabalho de parceria
em defesa dos interesses da categoria de tradutores, intérpretes e guia-intérpretes de língua de sinais
(TILS). ( https://febrapils.org.br/sobre-a-febrapils/)

1.5 A luta dos intérpretes para garantir a Lei - As dificuldades enfrentadas até a Lei -
A importância da conquista da Lei.

Estudante, sob o aspecto legal, você estudou nesta unidade o reconhecimento da Libras
através da lei 10.436 de abril de 2002, que foi regulamentada pelo decreto 5.626 de dezembro de
2005. Essas leis dizem respeito à Libras e até então ainda não havia sido reconhecida legalmente a
profissão do tradutor intérprete de Língua de sinais,ou seja , o profissional , que por sua atuação é
fundamental como ferramenta comunicacional do surdo. Você também estudou sobre as ações
propostas pela FENEIS - Federação Nacional de Educação de Surdos e da FEBRAPILS - Federação
Brasileira das Associações dos Profissionais Tradutores e Intérprete e Guia-intérpretes de Língua de
Sinais. Entretanto, até a legalização da profissão foram decorridos cinco anos, e neste período
ocorreu até mesmo o reconhecimento internacional da profissão em 23 de Julho de 2003 durante o
14º Congresso Mundial da Federação Mundial de Surdos em Montreal no Canadá, onde foi criada
a WASLI – World Association of Sign Language Interpreters (Associação Mundial de Intérpretes de
Língua de Sinais). Então neste sentido, é visível a participação dos intérpretes de Língua de Sinais nas
questões políticas e de engajamento visando a normatização da profissão. Sobre este aspecto, leia a
citação abaixo:
Outro elemento fundamental neste processo é o reconhecimento da língua de sinais
em cada país. À medida que a língua de sinais do país passou a ser reconhecida
enquanto língua de fato, os surdos passaram a ter garantias de acesso a ela enquanto
direito linguístico. Assim, consequentemente, as instituições se viram obrigadas a
garantir acessibilidade por meio do profissional intérprete de língua de sinais.
MEC/SEESP,2004 p.12).
No processo comunicacional do surdo, a participação do tradutor intérprete é
fundamental, interpretar é um processo complexo que exige altas habilidades linguísticas, cognitivas
e conhecimento técnico. E a regulamentação da profissão é fundamental para que o intérprete

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busque meios para realizar seu trabalho com excelência. Mas para isso , ele precisa também do
aparato legal.
Estudante, até agora você estudou sobre a história do tradutor intérprete, onde ele
começou a atuar, o engajamento das comunidades surdas, as medidas sancionadas pelo parlamento
sueco, o registro dos profissionais que foi elaborado pelos Estados Unidos até chegar ao Brasil, onde
foi fundado o Instituto dos Surdos-Mudos em 1857, as ações da Feneis e Febrapils.
Pois é, estudante você está quase concluindo a primeira unidade do seu e-book, mas não
precisa ficar triste pois você ainda tem muito para estudar e explorar sobre o profissional tradutor
intérprete de Libras: A regulamentação, os procedimentos éticos para atuação no campo profissional,
o código de ética e sua aplicabilidade e principalmente a as normas essenciais para os cuidados com
a saúde ocupacional. Ficou interessado? Que bom! Continue estudando, o seu ebook está” recheado
“ de informações valiosas e essenciais para você em seu futuro como tradutor intérprete.

E por falar em conteúdo, peço que faça uma parada, para refrescar a mente
(depois de tanta informação) , E lhe espero na videoaula. Lá te falo um pouco
mais sobre “essa história" do tradutor intérprete de Libras. Estou lhe
esperando!!!

Você estudou nesta unidade, sobre a luta e o engajamento do surdo com o


objetivo de garantir seus direitos e usufruir da cidadania que lhe é de direito. O
que você opina sobre essa movimentação dos surdos? Eles deveriam aguardar
que o intérprete lutasse por isso. Quero saber a sua opinião. Te espero lá no
fórum.

Caro estudante, você chegou ao término da primeira unidade do seu e-book, onde foi
descrito a história do tradutor intérprete de Libras no Brasil e no mundo, o engajamento e
contribuições significativas dos países precursores; a Suécia propiciando atendimento profissional
aos surdo e ofertando curso de treinamento para os intérpretes. Por sua vez, os Estados Unidos
realiza o registro dos intérpretes através do RID e no Brasil é criado o Instituto dos Surdos Mudos,

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ainda não havia regulamentação para os intérpretes de Libras, e as atividades interpretativas eram
realizadas em contextos familiar e religioso. Estudou também sobre o reconhecimento da Libras e os
impactos desses acontecimentos para o surdo. Você leu também sobre as ações organizadas pela
FENEIS e FEBRAPILS. Mas aí, você deve estar se perguntando: Como fica a situação profissional do
intérprete? dele? Pode ficar sossegado, que o profissional também teve o merecido reconhecimento.
E você irá estudar detalhadamente sobre este aspecto na próxima unidade do seu e-book.
Te espero lá!!!

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UNIDADE 02 | O REGULAMENTO E A FORMAÇÃO PARA O TRABALHO DO
PROFISSIONAL TRADUTOR INTÉRPRETE DE LIBRAS
Estudante, seja bem-vindo à unidade 2 do seu e-book, aqui você irá estudar sobre a
formação e o trabalho do profissional tradutor intérprete. E já começa seus estudos com a
regulamentação, ou seja, a sanção da lei para a atuação do profissional. Ufa !!! até que enfim!!!.
Em 1° de setembro de 2010, foi sancionada a lei 12.319 , que regulamenta o exercício da
profissão de Tradutor e Intérprete da Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS. Agora o tradutor intérprete
de Libras está oficialmente reconhecido e legalizado. leia a lei com bastante atenção, pois na próxima
unidade você irá revê-la para assimilar melhor o conteúdo que será exposto.
Art. 1o Esta Lei regulamenta o exercício da profissão de Tradutor e Intérprete da Língua
Brasileira de Sinais - LIBRAS.
Art. 2o O tradutor e intérprete terá competência para realizar interpretação das 2 (duas)
línguas de maneira simultânea ou consecutiva e proficiência em tradução e interpretação da Libras e
da Língua Portuguesa.
Art. 4o A formação profissional do tradutor e intérprete de Libras - Língua Portuguesa,
em nível médio, deve ser realizada por meio de:
I - cursos de educação profissional reconhecidos pelo Sistema que os credenciou;
II - cursos de extensão universitária; e
III - cursos de formação continuada promovidos por instituições de ensino superior e
instituições credenciadas por Secretarias de Educação.
Parágrafo único. A formação de tradutor e intérprete de Libras pode ser realizada por
organizações da sociedade civil representativas da comunidade surda, desde que o certificado seja
convalidado por uma das instituições referidas no inciso III.
Art. 5o Até o dia 22 de dezembro de 2015, a União, diretamente ou por intermédio de
credenciadas, promoverá, anualmente, exame nacional de proficiência em Tradução e Interpretação
de Libras - Língua Portuguesa.
Parágrafo único. O exame de proficiência em Tradução e Interpretação de Libras - Língua
Portuguesa deve ser realizado por banca examinadora de amplo conhecimento dessa função,

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constituída por docentes surdos, linguistas e tradutores e intérpretes de Libras de instituições de
educação superior.
Art. 6o São atribuições do tradutor e intérprete, no exercício de suas competências:
I - efetuar comunicação entre surdos e ouvintes, surdos e surdos, surdos e surdos-cegos,
surdos-cegos e ouvintes, por meio da Libras para a língua oral e vice-versa;
II - interpretar, em Língua Brasileira de Sinais - Língua Portuguesa, as atividades didático-
pedagógicas e culturais desenvolvidas nas instituições de ensino nos níveis fundamental, médio e
superior, de forma a viabilizar o acesso aos conteúdos curriculares;
III - atuar nos processos seletivos para cursos na instituição de ensino e nos concursos
públicos;
IV - atuar no apoio à acessibilidade aos serviços e às atividades-fim das instituições de
ensino e repartições públicas; e
V - prestar seus serviços em depoimentos em juízo, em órgãos administrativos ou
policiais.
Art. 7o O intérprete deve exercer sua profissão com rigor técnico, zelando pelos valores
éticos a ela inerentes, pelo respeito à pessoa humana e à cultura do surdo e, em especial:
I - pela honestidade e discrição, protegendo o direito de sigilo da informação recebida;
II - pela atuação livre de preconceito de origem, raça, credo religioso, idade, sexo ou
orientação sexual ou gênero;
III - pela imparcialidade e fidelidade aos conteúdos que lhe couber traduzir;
IV - pelas postura e conduta adequadas aos ambientes que frequentar por causa do
exercício profissional;
V - pela solidariedade e consciência de que o direito de expressão é um direito social,
independentemente da condição social e econômica daqueles que dele necessitem;
VI - pelo conhecimento das especificidades da comunidade surda.

Agora legalizado, o profissional passa a seguir o regulamento, para que sua prática e
atividade laboral seja realizada com excelência.

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Como você vê, a lei trata de questões muito importantes para que a sua prática
profissional seja muito bem direcionada e assertiva, pois discorre sobre a ética que você, estudante,
como futuro tradutor intérprete de Libras deve trilhar, o cuidado e o zelo pelos valores éticos, o
respeito à cultura surda. Fala também da importância da discrição, honestidade. E principalmente
sobre a imparcialidade e fidelidade que são requisitos fundamentais e que devem ser aplicados e
adequados aos ambientes em que você estiver traduzindo. De ser solidário e entender que o direito
de expressão e comunicação é também um direito social e acima de tudo que essa prática, pautada
na ética e esteja dissociada da condição social ou econômica daqueles que necessitem e por entender
que a comunidade surda tem suas próprias especificidades.
Além de garantir maior visibilidade e reconhecimento para o profissional tradutor de
Libras, a lei é fundamental para assegurar acessibilidade para as pessoas surdas. Perceba a
importância dos preceitos legais para a sua conduta profissional que vai lhe garantir um futuro
promissor na sua área de atuação. Ao longo dos últimos anos, pode-se traçar um caminho que
vislumbra os desdobramentos que impulsionam novas formas de enxergar o exercício e a profissão
do tradutor e intérprete de Libras no país. Mas conhecer a legislação não é o suficiente , a formação
acadêmica é indispensável , não são para orientar quanto a aplicabilidade da lei, mas, sobretudo para
atender as demandas do mercado de trabalho.

2.1 Cursos e formação acadêmica

Sobre a formação desse profissional, o decreto 5.626/2005 prevê a formação em cursos


de nível superior em tradução e interpretação, com habilitação em Libras – Língua portuguesa, e na
ausência dessa titulação, os profissionais devem possuir nível superior (em área distinta da citada
anteriormente) ou nível médio, competência e fluência em ambas as línguas, comprovadas por meio
de exame de proficiência, promovidos pelo Ministério da Educação. Estes exames seriam realizados
pelos próximos dez anos a partir da data de publicação do decreto que o instituiu, onde seria
promovida uma banca com profissionais surdos e ouvintes, avaliando a competência e fluência
linguística do indivíduo, aprovando ou não estes sujeitos ao exercício desta profissão (BRASIL, 2005).

22
Como visto, a atuação do tradutor intérprete de Libras era feita em instituições religiosas
e em caráter voluntário e na maioria das vezes eram os amigos ou familiares os responsáveis por
mediar a comunicação entre os surdos e ouvintes.
No entanto, para que o TILS realize um bom trabalho seja um profissional competente,
além dos requisitos previstos na lei que regulamenta a profissão é importante ter uma formação
adequada, principalmente, porque a sua função não se resume apenas a tradução e interpretação,
mas sobretudo, como mediador da comunicação e figura importante na promoção do acesso do
estudante surdo ao conhecimento como também no processo de ensino aprendizagem que se dá
muito mais eficiente com a participação do tradutor intérprete, principalmente na área educacional.
Você irá ver quais foram os movimentos iniciais em prol da formação do tradutor intérprete de Libras.

2.2 Curso de idioma

Estudante, você sabe a diferença entre curso de idioma e curso técnico? Será que estudar
e aprender Libras como idioma é o mesmo que ser tradutor intérprete de Libras? Não, aprender
Libras, ser fluente, conhecer uma infinidade de sinais, o torna bilíngue, mas não interprete, pois para
ser tradutor intérprete de Libras, é preciso fazer o curso técnico. para esclarecer, reveja abaixo o
que diz o artigo 4º da lei que regulamenta a profissão de tradutor intérprete.

2.3 Curso de formação em nível médio

Art. 4o A formação profissional do tradutor e intérprete de Libras - Língua Portuguesa,


em nível médio, deve ser realizada por meio de:
I - cursos de educação profissional reconhecidos pelo Sistema que os credenciou;
II - cursos de extensão universitária; e
III - cursos de formação continuada promovidos por instituições de ensino superior e
instituições credenciadas por Secretarias de Educação.

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Caro estudante, como visto acima existem boas opções para cursar o curso técnico de
tradução e interpretação em Libras e Letras/Libras ( nível superior), todavia, além de formação é,
importante que você saiba que se você optar por exercer trabalhar ou experienciar realizar trabalho
de interpretação em educação básica, leia atentamente às exigências contidas na legislação
específica, descritas abaixo: Agora veja o que diz a Lei no 13.146/2015. Lei Brasileira de Inclusão da
Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência).
No artigo 28, à exigência de formação para atuação nos diferentes níveis de ensino.
§ 2º Na disponibilização de tradutores e intérpretes da Libras a que se refere o inciso XI
do caput deste artigo, deve-se observar o seguinte: I - os tradutores e intérpretes da Libras atuantes
na educação básica devem, no mínimo, possuir ensino médio completo e certificado de proficiência
na Libras;
II - os tradutores e intérpretes da Libras, quando direcionados à tarefa de interpretar
nas salas de aula dos cursos de graduação e pós-graduação, devem possuir nível
superior, com habilitação, prioritariamente, em Tradução e Interpretação em Libras
(Brasil,2015,p.4.).

2.4 Curso técnico de tradução e interpretação em Libras

Caro estudante, você está cursando o técnico em tradução e interpretação em Libras,


objetivando a sua profissionalização, mas como em qualquer profissão, é natural ocorrer dúvidas tais
como salário, carga horária, campo de atuação, entre outros. O campo de atuação do profissional
técnico em tradução e interpretação em Libras, é muito vasto. O intérprete de Libras pode atuar em
vários segmentos, como jurídico, de saúde, artístico, em mídias,eventos diversos e produção
audiovisual, entre outros.
Para se tornar um intérprete de Libras é preciso, ao menos, o Ensino Médio, juntamente
com a realização de cursos técnicos, como esse que você cursa agora, e formações continuadas que
são oferecidas pelas Secretarias de Educação e instituições de Ensino Superior. Para ser um
profissional regulamentado, é preciso ter uma formação reconhecida na área. Em Pernambuco, o
curso técnico de Tradução e Interpretação em Libras presencial, foi criado em 2006 , o curso técnico
da Secretaria de Educação e Esportes de Pernambuco (SEE) é o pioneiro no Brasil. Ofertado na
modalidade subsequente e presencial (para quem já concluiu o Ensino Médio), ele já formou mais de

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2000 intérpretes no Estado. E a partir de 2021 passou a contar com a modalidade EAD, ofertando o
curso e formando intérpretes de Libras em todo o estado de Pernambuco.

2.5 Curso superior em Letras/ Libras

No final dos anos 90, começam a surgir cursos de tradutor intérprete de Libras em todo
país, graças às ações da FENEIS, em implementar filiais em vários estados e dessa forma, promover
qualificação para esses profissionais, ofertando cursos de curta duração e oferecendo formação
básica em Libras. Em 1997, a Feneis em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul -
UFRGS, ofertam o primeiro curso de formação de intérprete, que foi extremamente importante, pois
além de espaço disponível para realização do curso, abriu portas para a troca de experiências entre
professores ligados diretamente ao trabalho educacional com surdos e a formação profissional do
tradutor intérprete.
Em 2008, na Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC foi criado o curso de
bacharelado em Letras/Libras, EAD, inicialmente com 450 vagas e 15 polos pelo país. Em 2009, a
UFSC passou a ofertar o curso na modalidade presencial para os ingressos por meio de vestibular ou
SISU ofertados pela instituição. O curso dura em média quatro anos ( 8 semestres) para Bacharelado
e quatro anos e meio (9 semestres) para Licenciatura.
Russo e Pereira(2008)destacam que:
[...] ter uma formação de qualidade nos permite adquirir subsídios para tomar
decisões embasadas em conhecimentos teóricos e em experiências vivenciadas
anteriormente pelos ILS. Estas decisões que o intérprete faz, durante o exercício de
sua profissão, devem estar relacionadas com os conhecimentos linguísticos,
interpessoais, além do contexto cultural e os aspectos discursivos acumulados pelo
mesmo.(Russo: Pereira,2008,P.16).
Difere

No estado de Pernambuco, a Universidade Federal de Pernambuco- UFPE, oferta o curso


de Letras Libras desde 2014. O curso tem duração mínima de 8 semestres e máximo de 14
semestres.O curso está em consonância com as exigências O Decreto 5.626 de 22 de dezembro de
2005, que regulamenta a Lei 10.436, de 2002, estabelece o papel das Instituições de Ensino Superior.
O curso de Licenciatura Letras-Libras, visa formar profissionais competentes, para atuar no ensino da

25
Língua Brasileira de Sinais (Libras), como primeira ou segunda língua, no Ensino Fundamental e Ensino
Médio.
No parágrafo acima, em relação à formação superior em tradução e interpretação em
Libras, você estudou que existem duas modalidades : Bacharelado e Licenciatura,ou seja, o estudante
opta por ter sua formação em Licenciatura em Letras Libras ou cursar apenas o Bacharelado. Vale
salientar que ao concluir o curso, sua formação será em Letrólogo que é o profissional formado em
Letras e com a habilitação em Libras.

2.6 Formação Superior em Tradução e Interpretação em Libras/Língua Portuguesa

Para ter a formação superior em Tradução e Interpretação em Libras, você precisa fazer
o curso específico dessa modalidade. A universidade que oferece este curso é a Universidade Federal
de São Carlos - UFSCar. O curso foi regulamentado em dezembro de 2017 com duração de 8
semestres- 4 anos, na modalidade presencial e integral, manhã e tarde. A carga horária é de 2940
horas e foram ofertadas 30 vagas e o diploma conferido após a conclusão do curso é Bacharel(a) em
Tradução e Interpretação em Língua Brasileira de Sinais (Libras)/Língua Portuguesa.

E você estudante sabe a diferença entre bacharelado e licenciatura?

Os cursos de Bacharelado são voltados para atuação na prática da profissão escolhida,


ou seja,uma pessoa com formação de bacharel em Letras/ Libras, vai focar a atuação na tradução e
interpretação da Língua Brasileira de Sinais, nas diversas áreas , como órgãos públicos ou quaisquer
instituições nas quais haja necessidade de alguém que trabalhe com a Libras.
Os cursos de Licenciatura, já tem um outro enfoque que é preparar os profissionais para
atuarem como professores das áreas nas quais se formam.Então ao fazer o curso de Letras/Libras
licenciatura ,você estará apto a ensinar a Língua Brasileira de Sinais, nas escolas, por exemplo.
Vale salientar que tanto o bacharelado quanto a licenciatura são equivalentes para o
ensino superior.

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Guia-intérprete
De acordo com o Ministério da Educação -MEC, A Surdocegueira é uma deficiência que
compromete, em diferentes graus, os sentidos da visão e audição. A privação dos dois canais
responsáveis pela recepção de informações a distância afeta o desenvolvimento da comunicação e
linguagem, a mobilidade, a autonomia, o aprendizado etc. O indivíduo surdocegueira necessita de
um atendimento educacional especializado diferente daquele destinado ao cego ou ao surdo, por se
tratar de uma deficiência única com características específicas principalmente no que se refere à
comunicação, à informação e à mobilidade.
O termo surdocego e surdocegueira sem hífen foi proposta por Salvatori Lagati em
1991, que defendeu na IX Conferência Mundial em OREBRO Suécia, a necessidade do
reconhecimento da surdocegueira como deficiência única. Para (Lagati, 1995) a
terminologia Surdocego sem hífen se deve a condição de que ser surdocego não é
somente a somatória da deficiência visual e da deficiência auditiva e sim de uma
condição única que leva a pessoa a ter necessidades específicas para desenvolver
comunicação, orientação e mobilidade e de acessar informações sobre o mundo para
conquistar a autonomia pessoal e inserir-se no mundo. Assim, ao aceitar esta
terminologia temos que levar em consideração as necessidades reais da criança,
jovem ou adulto com surdocegueira (MAIA, 2008, p. 11).

O guia-intérprete é o profissional que utiliza diversas formas de comunicação com as


pessoas com surdocegueira, podendo fazer interpretação ou transliteração. A transliteração ocorre
quando o guia-intérprete recebe a mensagem em uma determinada língua e transmite à pessoa
surdocega, por exemplo: o guia-intérprete ouve a mensagem em língua portuguesa e transmite em
Braille. Interpretação é quando o guia-intérprete recebe a mensagem em uma língua e deve
transmiti-la em outra língua; por exemplo, o guia-intérprete ouve a mensagem em língua portuguesa
e transmite em Libras tátil, Tadoma.
A lei 12.319 de setembro de 2010 , especifica as atribuições para este profissional:
Art. 6o São atribuições do tradutor e intérprete, no exercício de suas competências:
I - efetuar comunicação entre surdos e ouvintes, surdos e surdos, surdos e surdos-cegos,
surdos-cegos e ouvintes, por meio da Libras para a língua oral e vice-versa;
Para se tornar um especialista para atuar com surdocegos é pré-requisito ter domínio da
Libras, do Sistema Braille e de Orientação e Mobilidade.

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Curso de Tiflologia
o curso de tifologia que propicia ao profissional aprender a utilizar o sistema de escrita
tátil, o Braille, bem como noções de orientação e mobilidade.
O braille é um sistema de escrita e leitura tátil para as pessoas cegas do sistema braille.
Ele foi desenvolvido pelo francês Louis Braille e a versão mais conhecida data de 1837. No Brasil, o
sistema braille foi oficialmente adotado em 1854, quando foi criado o Imperial Instituto de Meninos
Cegos, atualmente Instituto Benjamin Constant.
Algumas instituições ofertam o curso de Tiflologia (Braille). ASSOBECER - Associação
Beneficente de Cegos do Recife, Instituto Antônio Pessôa de Queiroz (IAPQ).

Estudante, muita informação né? Leis, decretos, ufa!!! mas calma aí, vamos
destrinchar para você. Então, que tal dar uma paradinha e assistir a
videoaula? Tá bem legal! você vai gostar. Te aguardo por lá!

Você sabia que além das leis federais e estaduais sobre o reconhecimento da
Libras e do profissional tradutor intérprete existe lei ordinária e municipal?.
Pois é, é a lei 16.918/2003 da cidade do Recife que não só reconhece a Libras,
mas determina a presença do tradutor intérprete de Libras em diversos
espaços e estabelecimentos. Acesse o link
https://leismunicipais.com.br/a/pe/r/recife/lei-
ordinaria/2003/1689/16881/lei-ordinaria-n-16881-2003-dispoe-sobre-o-
plano-de-cargos-e-salarios-dos-servidores.

E por falar em lei ordinária e municipal, você tem conhecimento sobre projeto
de lei visando promover o reconhecimento da Libras na sua cidade? Quero
saber a sua resposta, te aguardo no fórum da unidade.

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Cada vez mais a profissão de tradutor intérprete de Libras exige uma formação acadêmica
específica para a própria atuação do futuro profissional, bem como da área em que este profissional
irá atuar.
Estudante, você está concluindo a 2ª unidade do seu ebook, mas ainda tem algo muito
importante que você precisa estudar: A ética Profissional. Você já estudou sobre as leis, a formação
necessária para ingresso na profissão, os locais de atuação, mas e os procedimentos? É
imprescindível para a sua prática profissional a utilização dos preceitos e condutas éticas, pois você
não irá interpretar de qualquer jeito, e sim de forma ética na condução do seu trabalho.
Te aguardo na próxima unidade!

29
UNIDADE 03 | O CÓDIGO DE ÉTICA E A SUA APLICABILIDADE NOS
DIVERSOS CONTEXTOS DE ATUAÇÃO DO TRADUTOR INTÉRPRETE DE
LIBRAS
E sobre a ética, leia na citação, o que o autor Cortella fala a respeito.

Segundo Cortella (2009, p. 102), “ética é o que marca a fronteira da nossa


convivência. [...] é aquela perspectiva para olharmos os nossos princípios e os nossos
valores para existirmos juntos [...] é o conjunto de seus princípios e valores que
orientam a minha conduta”
Ética
Etimologicamente, a palavra ética vem do grego ethos e significa caráter. E quando
falamos sobre ética profissional, estamos falando sobre ser um bom profissional, honesto, imparcial,
ter conhecimento e habilidades para lidar com as adversidades, estabelecer boas relações com os
colegas de trabalho , etc.

No parágrafo anterior, definiu-se a ética, mas para você estudante, a Moral está
junto ou separada da ética? Que tal discutirmos essa questão no fórum? Te
aguardo por lá.

Mas antes , a definição de Moral:


Celso Pedro Luft , em seu dicionário define Moral:Relativo aos princípios do bem e do
mal. Bom; virtuoso.(Luft,2001.p.466)
A Moral é o conjunto de normas para ações específicas e concretas e é formada de
valores e preceitos ligados aos grupos inseridos na sociedade e que pertencem a diferentes culturas.
Estudante, na primeira unidade você estudou a história do tradutor intérprete , os
caminhos que ele trilhou, até conquistar o reconhecimento não só da comunidade surda, mas o
respaldo da lei que legitima sua profissão. E essa conquista não aconteceu de uma hora para outra,
algumas ações foram decisivas, por exemplo , os encontros de intérpretes promovidos pela Feneis. A
partir do momento em que se expande a constituição da prática e a sua importância, a atividade
profissional é cada vez mais necessária no país, e são incentivadas, entre outros, pelas ações da

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federação que cadastra e avalia tradutores e intérpretes de Libras, e dessa forma vai consolidando a
atividade que vai sendo exercida em diferentes espaços públicos e privados para atender as
demandas sociais dos surdos. No início da unidade,você estudou sobre a Federação Brasileira das
Associações dos Profissionais Tradutores e Intérpretes e Guia-Intérpretes de Língua de Sinais
FEBRAPILS. Em abril de 2014, a federação instituiu o Código de Conduta Ética, um
documento importante para regulamentar o trabalho do tradutor intérprete e do guia intérprete.
Abaixo estão os artigos relacionados à atuação do tradutor intérprete de Libras.
Art. 1º - Para os fins deste CCE, considera-se: I. TILS – Tradutor e Intérprete de Língua de
Sinais: profissional que traduz e/ou interpreta de uma dada língua de sinais para outra língua de sinais
ou para língua oral, ou vice-versa, em quaisquer modalidades que se apresentar.
III. Solicitante: pessoa física ou jurídica responsável pela solicitação dos serviços de
tradução e/ou interpretação e/ou guia-interpretação.
IV. Solicitado: pessoa física ou jurídica responsável pela prestação dos serviços de
tradução e/ou interpretação e/ou guia-interpretação.
V. Beneficiário: Indivíduo que utiliza os serviços de tradução e/ou interpretação e/ou guia-
interpretação.
Art. 2º - Este CCE aplica-se a todas as situações de tradução e/ou interpretação e/ou guia-
interpretação.
Art. 3º - O TILS e o GI devem exercer sua atividade de forma digna e consciente, com o
propósito de valorizar a sua categoria profissional.
Art. 4º - O TILS e o GI devem prover os serviços sem distinção de raça, cor, etnia, gênero,
religião, idade, deficiência, orientação sexual ou qualquer outra condição.
Art. 5º - O CCE da Febrapils tem como princípios definidores para a conduta profissional
do TILS e GI: I. Confidencialidade. II. Competência Tradutória. III. Respeito aos envolvidos na profissão.
IV. Compromisso pelo desenvolvimento profissional.

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O Código de Conduta Ética, elaborado pela Febrapils, possui 4 capítulos e 14
artigos. Abaixo consta o link do código para que você o leia na íntegra e amplie
seus conhecimentos.
https://febrapils.org.br/wp-content/uploads/2022/01/Codigo-de-Conduta-e-
Etica.pdf

Você estudou na unidade 2 do seu e-book que a profissão de tradutor intérprete de libras
só foi regulamentada em 2010. Lei nº 12.319, de 1º de setembro de 2010, no entanto, dois anos
antes, a FEBRAPILS cria o referido código de conduta ética para orientar o profissional sobre sua
conduta e também das responsabilidades do profissional e sobretudo da pessoa(solicitante)que
solicita os serviços do tradutor e do guia intérprete.

Código de ética do Tradutor Intérprete de Libras FENEIS


Como já foi abordado nas unidade anterior,um dos primeiros códigos de ética na área foi
aprovado no II Encontro Nacional de Intérpretes, em 1992, com base no RID (Registro dos Intérpretes
para Surdos), de 1965, dos Estados Unidos E sua adaptação no Brasil foi aprovada no II Encontro
Nacional de intérpretes que aconteceu no Rio de Janeiro em 1992. O principal objetivo da criação do
código de ética do tradutor intérprete de Libras é justamente orientar o profissional na sua atuação,
e sobretudo na sua conduta perante as pessoas para as quais ele estará desenvolvendo as atividades
de interpretação, no processo interativo, intermediando a comunicação. Desse modo, o intérprete
tem responsabilidades, ou seja, ser fiel e imparcial ao repassar as informações, por isso o código de
ética é um instrumento essencial para orientá-lo na condução do seu trabalho.
Estudante, no parágrafo anterior você leu sobre a importância da organização e registro
do primeiro código de ética e da participação da FENEIS. Começou pelos Estados Unidos, no entanto,
em alguns estados brasileiro surgiu a necessidade de regulamentar a atuação do profissional
intérprete de língua de sinais. O estado do Rio Grande do Sul, foi o pioneiro e iniciou a capacitação
de seus profissionais intérpretes em 1997 através da oferta de cursos certificados pela FENEIS/RS e
pela UFRGS. No entanto, desde 1988, eles realizam encontros sistemáticos com a finalidade de
discutir sobre a qualidade da interpretação e sobre os princípios éticos. Portanto, o estado do Rio

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Grande do Sul apresenta um histórico bastante interessante no sentido de organização deste
profissional. E diante disso, ao longo da atuação dos intérpretes no estado do Rio Grande do Sul - RS,
surgiu a necessidade de uma regulamentação para atuação dos intérpretes, visto que, algumas
restrições, que surgiam com frequência, deveriam ser consideradas. Então foi criado o regulamento
para a atuação como tradutor e intérprete de língua de sinais elaborado pelos intérpretes de língua
de sinais do estado do Rio Grande do Sul. O instituto desses profissionais era prestar uma contribuição
para outros intérpretes, em outros estados que não dispunham de nenhum tipo de regulamentação.
Veja logo abaixo, o registro dos Intérpretes para Surdos - em 28-29 de janeiro de 1965, Washington,
EUA) Tradução do original Interpreting for Deaf People, Stephen (ed.) USA por Ricardo Sander.
Adaptação dos Representantes dos Estados Brasileiros - Aprovado por ocasião do II Encontro Nacional
de Intérpretes - Rio de Janeiro/RJ/Brasil - 1992,

Código de Ética do Intérprete CAPÍTULO 1 Princípios fundamentais


Artigo 1 São deveres fundamentais do intérprete: 1°. O intérprete deve ser uma pessoa
de alto caráter moral, honesto, consciente, confidente e de equilíbrio emocional. Ele guardará
informações 25 confidenciais e não poderá trair confidências, as quais foram confiadas a ele;
Artigo 2 O intérprete deve manter uma atitude imparcial durante o transcurso da
interpretação, evitando interferências e opiniões próprias, a menos que seja requerido pelo grupo a
fazê-lo;
Artigo 3 O intérprete deve interpretar fielmente e com o melhor da sua habilidade,
sempre transmitindo o pensamento, a intenção e o espírito do palestrante. Ele deve lembrar dos
limites de sua função e não ir além de a responsabilidade;
Artigo 4 O intérprete deve reconhecer seu próprio nível de competência e ser prudente
em aceitar tarefas, procurando assistência de outros intérpretes e/ou profissionais, quando
necessário, especialmente em palestras técnicas;
Artigo 5 O intérprete deve adotar uma conduta adequada de se vestir, sem adereços,
mantendo a dignidade da profissão e não chamando atenção indevida sobre si mesmo, durante o
exercício da função.

CAPÍTULO II

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Relações com o contratante do serviço
Artigo 6 O intérprete deve ser remunerado por serviços prestados e se dispor a
providenciar serviços de interpretação, em situações onde fundos não são possíveis; 26
Artigo 7 Acordos em níveis profissionais devem ter remuneração de acordo com a tabela
de cada estado, aprovada pela FENEIS.
CAPÍTULO III Responsabilidade Profissional
Artigo 8 O intérprete jamais deve encorajar pessoas surdas a buscarem decisões legais ou
outras em seu favor;
Artigo 9 O intérprete deve considerar os diversos níveis da Língua Brasileira de Sinais bem
como da Língua Portuguesa;
Artigo 10 Em casos legais, o intérprete deve informar à autoridade qual o nível de
comunicação da pessoa envolvida, informando quando a interpretação literal não é possível e o
intérprete, então terá que parafrasear de modo claro o que está sendo dito à pessoa surda e o que
ela está dizendo à autoridade;
Artigo 11 O intérprete deve procurar manter a dignidade, o respeito e a pureza das línguas
envolvidas. Ele também deve estar pronto para aprender e aceitar novos sinais, se isso for necessário
para o entendimento;
Artigo 12 O intérprete deve esforçar-se para reconhecer os vários tipos de assistência ao
surdo e fazer o melhor para atender às suas necessidades particulares.
CAPÍTULO IV Relações com os colegas
Artigo 13 Reconhecendo a necessidade para o seu desenvolvimento profissional, o
intérprete deve agrupar-se com colegas profissionais com o propósito de dividir novos
conhecimentos de vida e desenvolver suas capacidades expressivas e receptivas em interpretação e
tradução.
Parágrafo único. O intérprete deve esclarecer o público no que diz respeito ao surdo
sempre que possível, reconhecendo que muitos equívocos (má informação) têm surgido devido à
falta de conhecimento do público sobre a área da surdez e a comunicação com o surdo.
Estudante, você observe que foi apresentado no seu e-book dois códigos, que são
essenciais para o profissional tradutor intérprete, principalmente por conterem informações

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relevantes.Dentre elas, a atuação e responsabilidades do guia-intérprete, bem como a definição de
solicitante e beneficiário(FEBRAPILS). E sobre responsabilidade,atribuições e remuneração(FENEIS).

Eita!!! muita coisa né? artigo que não acaba mais! Então, para um pouquinho,
respire e escute o podcast, tá bem legal!

Estudante, o conhecimento sobre a conduta ética do profissional tradutor intérprete de


Libras é imprescindível para a sua atuação e formação, como também para direcionar suas ações em
detrimento do contexto em que você estiver atuando. Agora que você leu o código de ética, peço sua
atenção para as situações que serão colocadas abaixo, são exemplos para sua análise e entendimento
e que podem acontecer na sua prática.
Agora observe o que preconiza o artigo 1º: FENEIS ( Brasília : MEC ; SEESP, 2004. 94 p.
: il)
1°. O intérprete deve ser uma pessoa de alto caráter moral, honesto, consciente,
confidente e de equilíbrio emocional. Ele guardará informações confidenciais e não poderá trair
confidências, as quais foram confiadas a ele;
O primeiro artigo, acima descrito apresenta as principais características que o profissional
deve ter para que seu trabalho seja feito dentro da ética e do profissionalismo. É imprescindível que
o intérprete seja discreto e confiável, pois ele media a comunicação entre o surdo e os ouvintes, é
preciso ser imparcial e transferir a comunicação sem interferência de sua opinião pessoal. Perceba a
palavra moral em negrito, representa uma característica que não pode faltar para que o profissional
alcance êxito em seu desempenho, na sua prática.
Agora leia o artigo 2º, que também apresenta uma boa reflexão:
Artigo 2º. O intérprete deve manter uma atitude imparcial durante o transcurso da
interpretação, evitando interferências e opiniões próprias, a menos que seja requerido pelo grupo a
fazê-lo;
Estudante, no artigo 2º fala entre outras características, da imparcialidade, que significa
equidade, pessoa que age com neutralidade, sem envolvimento algum E você deve estar se
perguntando se isso é possível, porque o profissional é ético, mas é um ser humano e manter esse

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comportamento não é algo fácil, principalmente em situações adversas e que vão contra os seus
princípios e sua visão de mundo e manter-se inflexível, imune é praticamente impossível. Ficar
estático, não esboçar nenhuma reação, não expor a opinião.
O profissional tradutor intérprete tem sua identidade e crenças, no entanto não lhes é
permitido interferir em situações relacionadas ao seu trabalho. É primordial para o desempenho de
suas funções de interpretação, um comportamento neutro, porque se em algum momento ocorrer
algum tipo de interferência, pode comprometer o repasse das informações de forma correta e
precisa.
Caro estudante, você estudou o que tradutor intérprete de LIbras tem um vasto campo
de atuação: palestras, eventos, reuniões, audiências, etc. Veja agora mais um exemplo, e em seguida
o artigo para sua análise e compreensão.
Ex.: Você está interpretando em uma reunião, e um dos participantes fala que é
desnecessário conceder folga para os funcionários da empresa, que eles deveriam trabalhar de
domingo a domingo. E você discorda totalmente dele. O que fazer? Expor sua opinião pessoal, discutir
com o empresário, ou apenas interpretar o que foi dito? Complicado não é? Mas veja o que orienta
o artigo a seguir:
3º O intérprete deve interpretar fielmente e com o melhor da sua habilidade, sempre
transmitindo o pensamento, a intenção e o espírito do palestrante. Ele deve lembrar dos limites de
sua função e não ir além de sua responsabilidade.
O artigo 3º fala dos limites e também da responsabilidade do intérprete principalmente
por ser a ponte, a ferramenta comunicacional entre o surdo e os ouvintes. Sua responsabilidade é
repassar o conteúdo, transmitir da melhor maneira possível e, sobretudo, não ultrapassar os limites
e agir de acordo com os preceitos éticos, ou seja, sua opinião pessoal é irrelevante dentro desse
contexto.
Caro estudante, você fez a leitura e análise de alguns artigos do código de ética do
tradutor intérprete de Libras. Agora, leia com atenção as proposições a seguir, pois são situações e
contextos diferenciados em que você irá aprender como o profissional deverá agir utilizando o código
de ética para direcionar as suas ações, quando estiver exercendo a atividade de interpretação. Vale
salientar que o agir de forma ética contribui no âmbito profissional e até mesmo na vida pessoal e
estar atento aos preceitos éticos constantes no código é fundamental para o trabalho tradutor

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intérprete de Libras, para que ele realize um bom trabalho, intermediando a comunicação para o seu
público, a comunidade surda.
Você estudou sobre a importância do código de ética, um guia completo, que norteia os
princípios para o desenvolvimento do profissional tradutor intérprete de Libras. Agora, continue com
a leitura e atente para os princípios éticos listados abaixo que devem fazer parte da sua prática como
ferramenta para torná-la uma atuação de excelência.
A autora QUADROS, aponta quatro requisitos que são imprescindíveis para que o profissional
obtenha um bom desempenho de suas atividades:
Confiabilidade: (sigilo profissional);
Discrição: (o intérprete deve estabelecer limites no seu envolvimento durante a
atuação);
Distância profissional: (o profissional intérprete e sua vida profissional são
separados);
Fidelidade (a interpretação deve ser fiel, o intérprete não pode alterar a informação
por querer ajudar ou ter opiniões a respeito de algum assunto, o objetivo da
interpretação é passar o que realmente foi dito. (QUADROS, 2004:p28)

A confiabilidade: (confidencialidade), o profissional precisa ter confiança no seu trabalho


e sobretudo passar confiabilidade para o surdo, pois como mediador da comunicação ele deve atuar
com profissionalismo e respeito. Sobre esse item, a autora LACERDA, explica:
..."O surdo depende deste profissional para várias situações sociais nas quais ele terá
de se expor (médicos, advogados, entre outros) e precisa confiar na atuação do TILS,
já que questões pessoais estão envolvidas. (LACERDA, 2009.p.139)

Estudante, agora imagine a que você está interpretando para um surdo em um inquérito
policial, e o seu cliente está dando um depoimento importante. Então, para estar ali com seu cliente
neste momento específico, a confiança mútua é algo imprescindível, pois o intérprete é o mediador
da comunicação e para esta situação específica, a confidencialidade e confiabilidade é primordial, a
chave para um bom trabalho, na medida em que você repasse com verdade as informações que o
seu cliente precisa transmitir.
Discrição: estudante, você estudou na unidade 01, a história do tradutor intérprete de
Libras que antes de ser reconhecido profissionalmente, a atuação do intérprete ocorria de forma
voluntária, em contextos religiosos e, muitas vezes, por familiares do surdo. Mas, familiaridade não
significa que o intérprete teria liberdade para sair contando sobre problemas pessoais que o surdo
lhes confiou, mesmo você sendo próximo a ele por grau de parentesco ou amizade. Após a

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regulamentação do profissional, tradutor intérprete, esse preceito continua valendo, pois a atuação
deste profissional deve estar sempre pautada nos preceitos éticos.

Estudante, como você pode ver, a atuação do intérprete deve ser sempre guiada por uma
conduta ética, E sobre os requisitos listados acima. Na unidade anterior, você estudou que a atuação
do profissional tradutor intérprete de Libras é muito vasta, e isso é muito bom para a sua inserção no
mercado de trabalho, entretanto é essencial que esse profissional aja corretamente e de acordo com
o contexto em que estiver atuando. A seguir, você verá situações pelas quais você, como futuro
profissional intérprete, poderá experienciar e as adequações necessárias para realizar um bom
trabalho. Sempre seguindo as diretrizes do código de ética. Você irá perceber as mudanças que
ocorreram na conduta profissional dos tradutores intérpretes, o dia a dia, a aplicabilidade dos
ensinamentos éticos. A atuação desse profissional é de extrema relevância, principalmente no
cenário atual onde identificamos que há muito mais visibilidade graças à implementação legal, e às
exigências para o cumprimento do direito à acessibilidade nos diversos espaços frequentados pelo
surdo. Mesmo com todo o aparato legal, é muito importante refletir sobre a formação desse
profissional, como ele reconhece e utiliza o código de ética na sua prática. Leia a citação abaixo:
A postura ética do tradutor, nesta sua tarefa de dar a conhecer o que “pensam”
outras culturas e de defender a diversidade, condição de avanço do mundo, é um
elemento fundamental no processo de tradução. Essa postura envolve
aprimoramento constante, auto respeito profissional, a recusa de aceitar tarefas
acima da capacidade pessoal, a dedicação permanente aos estudos – inclusive
teorias da interpretação (SOBRAL, 2008, p. 125)

E então, percebeu? A postura ética não é apenas seguir à risca os preceitos do código,
mas sobretudo, compreender que os indivíduos são diversos e possuem culturas diferentes. Como
diz o dito popular” cada cabeça uma sentença”. Pois é , o mundo está em constante mudança e cada
pessoa as absorve de um jeito, e para você, estudante, como futuro profissional tradutor intérprete
de Libras, é fundamental estar sempre bem informado, fazer pesquisas, estudar aprofundar seus
conhecimentos, manter-se atualizado. Você irá experienciar situações, da sua prática profissional,
onde a aplicabilidade do código de ética tem um papel relevante para lhes dar o suporte necessário
e esclarecer dúvidas como proceder.
Reflita e analise a ilustração abaixo:

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Figura 4 – Dúvida
Fonte: https://br.freepik.com/vetores/pessoa-indecisa/15
Descrição da Figura: Quadrado com fundo branco, da esquerda para direita figura masculina apontando para esquerda,
ao centro figura com mãos espalmadas e do lado direito, figura apontando para o lado direito. Fim da descrição.

E aí, estudante, analisou?


Na figura acima, o indivíduo está indeciso sobre o que decidir, em suas mãos, o símbolo
verde faz alusão ao que é certo e o vermelho ao errado, ou que você está indeciso(a) entre um e o
outro, o que você acha? Mas é assim que funciona, uma constante indecisão? Como você, estudante,
analisa essa questão, no contexto profissional de interpretação, o que fazer quando você estiver em
dúvida sobre qual atitude tomar entre ser ético e moral? Vamos conversar sobre isso, partindo do
conhecimento adquirido até aqui. Te espero lá no fórum da unidade 3 da disciplina.
Observe agora outra imagem:

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Figura 5 - sala de aula
Fonte: http://aeticadocuidar.blogspot.com/2013/05/blog-post_155.html
Descrição da figura: Desenho ilustrado, mostra a figura de uma mulher sentada escrevendo em uma folha de papel, a
sua frente um garoto lhe entrega uma folha de papel contendo a sua redação.

Veja a figura acima, por incrível que pareça, nos dias atuais, é comum nos deparamos com
cenas assim, total ausência de ética. Não faz parte do senso comum o cuidado em ter uma conduta
pautada na ética. Burlar a lei e dar o famoso “jeitinho brasileiro” ainda é uma prática muito comum.
Muitas vezes o que “se dar bem”, prevalece, esteja certo ou errado, seja no âmbito social ou
financeiro. Mas trazendo a questão da ética para o contexto da tradução e interpretação em Libras.

Situação de atuação 01
Você está interpretando para um cliente surdo que está em uma palestra sobre
inteligência artificial e o palestrante fala termos técnicos, que também são do conhecimento do
surdo, que faz um curso da área, e no entanto para algumas terminologias você faz o sinal errado e o
intérprete o corrige. Como você, estudante, reagiria diante de uma situação como essa? Que decisão
tomar? Como tradutor intérprete de Libras, sua função é também mediar a comunicação, ou seja,
repassar as informações que estão sendo comunicadas naquele contexto. Reveja agora o artigo 11º
do código de ética do tradutor intérprete de Libras para esclarecer essa dúvida.
Artigo 11° “. O intérprete deve procurar manter a dignidade, o respeito e a pureza
das línguas envolvidas. Ele também deve estar pronto para aprender e aceitar novos
sinais, se isso for necessário para o entendimento;

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Estudante você leu o artigo acima, a frase em destaque fala sobre estar pronto para
aprender novos sinais, quando o objetivo for promover um melhor entendimento e sobretudo denota
um comportamento ético.

Situação de atuação 02
Agora peço a sua atenção para observar a próxima imagem:

Figura 6 - Intérprete
Fonte: https://tix.life/inclusao-escolar/a-inclusao-de-surdos-no-sistema-de-ensino-regular/
Descrição da figura: Fotografia, no fundo da sala um quadro verde, a frente dele duas mulheres, uma está gesticulando
e a outra está interpretando sinais em libras. Na frente delas algumas carteiras com estudantes sentadas. Fim da
descrição.

Na figura acima, identificamos a presença do intérprete de Libras em sala de aula, observe


sua postura. A professora está de pé e o profissional também, concentrado em realizar seu trabalho
de interpretação e repassar o conteúdo, fazendo a mediação entre professor e aluno. Perceba que,
neste contexto, o intérprete está sempre muito próximo dos alunos, e muitas vezes essa proximidade
pode criar laços afetivos mesmo que o profissional mantenha um distanciamento profissional. O
artigo 2º do código de ética, preconiza que o intérprete deve ser imparcial e neutro. O referido código,
ainda apresenta a seguinte situação, relacionada à atuação do tradutor intérprete em sala de aula
Nos níveis mais iniciais, o intérprete estará diante de crianças. Há uma série de
implicações geradas a partir disso. Crianças têm dificuldades em compreender a
função do intérprete puramente como uma pessoa mediadora da relação entre o

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professor e o aluno. A criança surda tende a estabelecer o vínculo com quem lhe
dirige o olhar. No caso, o intérprete é aquele que estabelece essa relação. Além disso,
o intérprete deve ter afinidade para trabalhar com crianças.( BRASIL, 2004.p.62)

Situação de atuação 03
Imagine que você está interpretando em sala de aula , e o professor faz uma pergunta, o
surdo dá a resposta errada, mas o surdo pede para você informar ao professor que ele respondeu
corretamente porque é um exercício valendo nota e ele não quer perder. Eticamente, o que você
faria? Para te ajudar a sair dessa “saia justa”, leia o artigo 12º: .
Artigo 12º O intérprete deve esforçar-se para reconhecer os vários tipos de
assistência ao surdo e fazer o melhor para atender às suas necessidades particulares.

Ter dúvidas é algo saudável, que faz parte do seu aprendizado e lhe motiva a buscar
informações, esclarecimentos, e enriquecer seus conhecimentos. Por isso, a importância de estudar
e aplicar o código de ética como norteador na condução das atividades. Tá muito complexo, não é?
A seguir. Vou apresentar algumas situações, exemplos para que você fixe melhor o conteúdo, ou seja,
vou “clarear” a sua mente.
Estudante, no início desta unidade, você estudou sobre os requisitos básicos para um bom
desempenho. Dentre eles, a confiabilidade. Está lembrado? Se não estiver, peço que volte aos
primeiros parágrafos e depois volte para este e continue com as análises.

Situação de atuação 04
Se um amigo ou parente de um cliente pergunta a você conhecedor da Libras, sobre a
tradução e interpretação realizada por outro profissional, perguntando se fez corretamente, qual
seria a postura apropriada diante deste fato?.Para uma melhor compreensão dessa situação, peço
que releia o código, pois a conduta do tradutor intérprete de libras é sempre pautada no código de
ética que regulamenta à sua prática sobre qual decisão tomar diante de situações como esta que foi
citada acima. , depois volte nesse parágrafo para continuar seus estudos.
Agora veja o que diz o artigo 13º
13°. Reconhecendo a necessidade para o seu desenvolvimento profissional, o
intérprete deve agrupar-se com colegas profissionais com o propósito de dividir
novos conhecimentos de vida e desenvolver suas capacidades expressivas e
receptivas em interpretação e tradução

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Faz parte do comportamento humano e das relações que se estabelecem entre si, ou seja,
a ética também trata dos princípios de conduta dos indivíduos. Estudante, na sua prática como futuro
tradutor intérprete, você irá trabalhar com outros colegas da mesma profissão, poderá dividir o
mesmo espaço de interpretação, é primordial o coleguismo e o respeito mútuo, a troca de saberes,
o fortalecimento profissional e um bom suporte, porque quando você não souber um determinado
sinal, você poderá compartilhar sua dúvida com o colega de profissão.
Ufa!!! Quanta informação! Tenha calma, você está quase concluindo a unidade 3. Ainda tem
informações importantes para você por aqui.

O intérprete é a ponte, o mediador para promover a comunicação com o surdo


e, portanto as atenções devem estar voltadas para a sinalização e não para
adereços inadequados que por ventura o profissional estiver usando. E por falar
nisso, na sua opinião o intérprete só pode usar camisa na cor preta para
interpretar, ou ele pode usar outras cores e estampas? Quero saber a sua
opinião, te aguardo lá no fórum da unidade 3.

O código de ética descreve e direciona condutas e chama a sua atenção para questões
indispensáveis ao trabalho de tradução e interpretação, em todos os artigos, ou seja, é um
documento padrão e, portanto, um manual prático e pré-requisito indispensável para o exercício da
função de tradutor intérprete de Libras. Sempre que estiver em dúvida sobre qual atitude tomar em
situações que possam ocorrer na sua prática interpretativa, consulte o código de ética e você irá sanar
sua dúvida, e garantir um bom desempenho.

Eita! Muitas situações para analisar, né? Quase que não acaba mais!! Você deve
estar com a mente “cheia de ideias e dúvidas também”, e isso é um bom sinal.
Que tal fixar o conteúdo da unidade e organizar as ideias? Corre lá para assistir
a vídeoaula.

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E então, estudante, o que você achou das situações e das reflexões feitas na sua Unidade
03? Você viu, no decorrer das unidade que o profissional tradutor intérprete de Libras deve estar
sempre atualizando-se, porque a língua de sinais é dinâmica, sempre surgem sinais novos,e o
profissional intérprete precisa atualizar seus conhecimentos acerca da Língua de Sinais e as mudanças
no contextos em que ele vai atuar, porque o intérprete é responsável por mediar a comunicação
entre o surdo e os ouvintes, mas é importante para seu desenvolvimento estar interagindo com
colegas de de profissão para trocar saberes e estar preparado para lidar da melhor maneira com
situações inusitadas que por ventura venham ocorrer. Assim peço, que você estudante reflita sobre
essas situações e como ter uma postura adequada e condizente com a ética.
Caro estudante, espero que tenha gostado desta unidade, leia com bastante atenção,
aproprie-se do conteúdo, faça reflexões, pesquisas e consulte o código de ética. Espero por você na
unidade 4.

44
UNIDADE 04 | A IMPORTÂNCIA DA SAÚDE OCUPACIONAL PARA O
PROFISSIONAL TRADUTOR INTÉRPRETE DE LIBRAS
Estudante, você chegou a 4ª Unidade do seu ebook e nela irá aprender sobre a
importância da saúde ocupacional para o profissional tradutor intérprete de Libras, os cuidados e
procedimentos preventivos no ambiente laboral.
Nas unidades anteriores, você estudou sobre a história do tradutor intérprete, o código
de ética e sua aplicabilidade. Mas para ser um profissional completo, cuidar da saúde é fundamental.
E nesta unidade, você irá aprender sobre saúde ocupacional, na perspectiva da atuação desse
profissional. Estudante, o seu aprendizado nessa unidade é sobre o conceito de Saúde Ocupacional,
Ergonomia, normas regulamentadoras, orientações e cuidados que preserve e ofereça garantias para
uma qualidade de vida para o profissional tradutor intérprete de Libras em sua ocupação.
A saúde ocupacional está intrinsecamente ligada à Ergonomia, E você já deve estar se
perguntando, como assim? Para responder a sua pergunta, entenda a etimologia da palavra, o
conceito e a ligação da ergonomia com a saúde ocupacional .

A Organização mundial da Saúde, define:


Saúde:"um estado de completo estado físico , o bem-estar mental e social e não apenas
a ausência de doença ou enfermidade
Saúde Ocupacional: "a saúde ocupacional lida com todos os aspectos da saúde e
segurança no local de trabalho e tem um forte enfoque na prevenção primária de perigos".
Sendo assim, a saúde ocupacional se ocupa em criar dinâmicas para evitar a ocorrência
de doenças relacionadas ao trabalho através de implementação de condições laborais adequadas que
garantam a manutenção da qualidade do trabalho realizado e ao mesmo tempo garanta a saúde e o
bem estar do trabalhador, seja ele físico ou psicológico.
Ergonomia (do grego ergon = trabalho + nomos = regras, leis naturais) para designar a
nova área de aplicações do conhecimento.” Bauk (2008, p.24)

45
4.1 Contexto histórico ergonomia

Historicamente, as primeiras menções sobre ergonomia foram identificadas na


antiguidade, onde o homem já buscava adaptar seu trabalho às suas características físicas. De acordo
com Moraes & Mont’alvão (2003).
“Exemplos de empenhaduras de foices, datadas de séculos atrás que demonstram a
preocupação em adequar a forma de pega às características da mão humana, de modo a propiciar
mais conforto durante sua utilização”. Essas adaptações eram feitas, no intuito de facilitar o trabalho
com a caça e a pesca e, sobretudo, o melhor aproveitamento do tempo e também era uma forma de
autodefesa, pois naquele tempo não havia a preocupação e tampouco conhecimento das doenças e
dos riscos causados por atividades laborais.
No Brasil, com o advento da II Revolução Industrial, que ocorreu no século XIX e ganhou
força a partir de 1930 com aberturas de indústrias e consequentemente desenvolvimento
tecnológico, grandes transformações e o recrutamento de mão de obra. Os trabalhadores eram
submetidos a péssimas condições de trabalho com carga horária exaustivas.
De acordo com SILVA:
“Frente às condições de exploração laboral durante a Revolução Industrial, os
primeiros objetivos de autodefesa coletiva dos trabalhadores foram a limitação do
trabalho dos meninos e a redução da jornada de trabalho”( SILVA,1999.p.9)

Em setembro de 1949 foi criada a Ergonomic Research Society em Oxford, e expandiu


rapidamente por outros países. Em solo brasileiro,passou a ser utilizada na década de 80 com a
fundação da Sociedade Brasileira de Ergonomia.
A segunda Guerra Mundial foi o marco inicial das discussões acerca do bem estar dos
trabalhadores e desse período em diante as relações de patrão e empregado, passaram a ser
orientadas pelas leis, e, em 1978, a Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho, cria através da
Portaria no 3.214/78, trinta e quatro Normas Regulamentadoras – NRs, relativas à segurança e
medicina do trabalho.

46
4.2 Norma Regulamentadora - NR- Segurança e Medicina do Trabalho

A NR-7, institui que: compete ao Programa Médico de Saúde Ocupacional, ponderar as


questões incidentes sobre o indivíduo e a coletividade de trabalhadores.
A NR-17, que trata da Ergonomia, traz inúmeras questões, dentre elas: , destacam-se o
parágrafo 17.6.3
Para trabalho manual, os planos de trabalho devem proporcionar ao trabalhador
condições de boa postura, visualização e operação e devem atender aos seguintes requisitos
mínimos:
a) características dimensionais que possibilitem posicionamento e movimentação dos
segmentos corporais de forma a não comprometer a saúde e não ocasionar amplitudes articulares
excessivas ou posturas nocivas de trabalho;
b) altura e características da superfície de trabalho compatíveis com o tipo de atividade,
com a distância requerida dos olhos ao campo de trabalho e com a altura do assento;
c) área de trabalho dentro da zona de alcance manual e de fácil visualização pelo
trabalhador; d) para o trabalho sentado, espaço suficiente para pernas e pés na base do plano de
trabalho, para permitir que o trabalhador se aproxime o máximo possível do ponto de operação e
possa posicionar completamente a região plantar, podendo utilizar apoio para os pés.
e) para o trabalho em pé, espaço suficiente para os pés na base do plano de trabalho,
para permitir que o trabalhador se aproxime o máximo possível do ponto de operação e possa
posicionar completamente a região plantar.

Estudante, você estudou que o profissional tradutor intérprete de Libras, atua em


diversos espaços, ou seja, quaisquer locais onde a comunicação para o surdo seja necessária. Para o
estudo da Saúde ocupacional e Ergonomia, não é diferente, e você vai estudar quais são os
direcionamentos e cuidados com este profissional nos diversos espaços em que ele atua.
O trabalho do tradutor intérprete de Libras, como já dito anteriormente, é realizado em
diversos espaços e cada um com suas especificidades e jornada de trabalho diversificada E essa
dinâmica se deve à legalização da profissão e a lei que reconhece a Libras. E os espaços de atuação,
interferem no comportamento do profissional que está atuando, em detrimento das condições
oferecidas. Os intérpretes devem realizar suas atividades mediante revezamento em duplas em

47
qualquer contexto de atuação, visto que, a atividade realizada de forma individual, pode causar lesões
aos membros envolvidos
Ex.: movimentar os braços,permanecer sentado ou em pé por muito tempo, movimentar
punhos, ombros, etc no ato de interpretar.

BAUK pontua:
“Além de fadiga e dores musculares, os esforços estáticos repetidos e prolongados
podem levar a inflamações, bainhas, e inserções tendíneas, bem como originar
sintomas de degeneração articular crônica e problema discais” (BAUK, 2008, p.115).

O revezamento entre os intérpretes (as duplas) é de 20 minutos, esse tempo deve ser
respeitado, pois ultrapassar esse tempo pode acarretar cansaço e em decorrência disso, o profissional
pode apresentar dificuldades para realizar sua atividade laboral por causa de fadiga muscular.
Uma manifestação aguda e dolorosa, localizada em músculos excessivamente
solicitados, acompanhada de acúmulo de resíduos metabólicos, como ácido lático e
o dióxido de carbono. Sob estimulação intensa e repetida, o músculo perde força,
sua contração e relaxamento tornam-se mais lentos e o período de latência (intervalo
entre estímulo e início da contração) torna-se mais longo. Isso acarreta distúrbios de
coordenação, aumentando a probabilidade de erros e acidentes (BAUK, p.199. 2008).

Figura 7 – LER e DORT


Fonte: https://clinicasantateresinha.com.br/blog-2/145-dia-mundial-de-combate-a-ler-dort-faca-parte-dessa-causa
Descrição da figura: quadrado com fundo azul e as siglas LER e DORT grafadas na cor preta.

Além da fadiga muscular, o profissional está passível de contrair sérios danos de saúde a
que pode se submeter, tais como Lesão por esforço repetitivo - LER e Doença Osteomuscular
Relacionada ao Trabalho - DORT. E sobre estas lesões, observe a legislação descrita abaixo:
Normativa INSS/DC n° 98/2003 classifica como:
Uma síndrome relacionada ao trabalho, caracterizada pela ocorrência de vários

48
sintomas concomitantes ou não, tais como: dor, parestesia, sensação de peso, fadiga,
de aparecimento insidioso, geralmente nos membros superiores, mas podendo
acometer membros inferiores. Entidades neuro-ortopédicas definidas como
tenossinovites, sinovites, compressões de nervos periféricos, síndromes miofasciais,
que podem ser identificadas ou não. Freqüentemente são causa de incapacidade
laboral temporária ou permanente. São resultado da combinação da sobrecarga das
estruturas anatômicas do sistema osteomuscular com a falta de tempo para sua
recuperação. A sobrecarga pode ocorrer seja pela utilização excessiva de
determinados grupos musculares em movimentos repetitivos com ou sem exigência
de esforço localizado, seja pela permanência de segmentos do corpo em
determinadas posições por tempo prolongado, particularmente quando essas
posições exigem esforço ou resistência das estruturas músculo-esqueléticas contra a
gravidade. A necessidade de concentração e atenção do trabalhador para realizar
suas atividades e a tensão imposta pela organização do trabalho, são fatores que
interferem de forma significativa para a ocorrência das LER/DORT (BRASIL, 2003).

Caro estudante, perceba o quanto o cuidado com a saúde é importante para o profissional
tradutor intérprete de Libras, pois seu instrumento de trabalho imediato são as mãos, sinalizando
para promover a comunicação com o surdo. Mas aí você pode estar se perguntando: apenas
sinalizando o intérprete pode ser acometido por essas doenças tão sérias? Para sanar sua dúvida,
peço que volte ao parágrafo anterior, sobre a NR17 e, em seguida observe atentamente as figuras a
seguir:

49
Figura 8 - Movimentos humanos: Métodos de sistema de planos e eixos.
Fonte https://www.researchgate.net/figure/Figura-8-Terminologia-dos-movimentos-articulares_fig6_333731412
Descrição da figura: figura disposta em três colunas com desenhos representando as partes do corpo humano. Da
esquerda para direita respectivamente: plano sagital, plano frontal e plano transverso.

Nas figuras representadas nas imagens acima, observe os movimentos realizados, e a


amplitude que eles alcançam. Quando o intérprete está sinalizando, o movimento maior é realizado
pelas mãos, entretanto não são movimentos estáticos e os outros membros como: cotovelo, braço,
ombro pescoço, participam conjuntamente.
Agora observe esta outra figura:

50
Figura 9 - Parâmetros da Língua de Sinais
Fonte: http://www.letras.ufmg.br/padrao_cms/documentos/eventos/dialogosdeinclusao/Parametros_da_Libras.pdf
Descrição da figura: figura de uma mulher sentada, com um círculo envolvendo sua cabeça até o quadril. Final da
descrição.

Como visto na figura acima, os principais Parâmetros da Língua de Sinais são: a


Configuração da Mão, o Movimento, as Expressões Faciais, a Orientação da Mão e o Ponto de
Articulação, observe que o desenho geométrico mostrado na figura, que todo o corpo trabalha no
momento da interpretação, não só as mãos.
Exemplo de uma lesão causada por esforço repetitivo:

51
Figura: 10 – Mão
Fonte: https://sintrajufe.org.br/28-de-fevereiro-dia-de-combate-a-ler-dort/
Descrição da figura: quadrado cor azul ao fundo e uma mão segurando o punho e mostrando detalhes dos tendões.

“O desenvolvimento da LER é multicausal, sendo importante analisar os fatores de


risco que podem concorrer para o seu surgimento, principalmente os existentes no
ambiente de trabalho, como a repetitividade de movimentos, manutenção de
posturas inadequadas por tempo prolongado, mobiliário e equipamentos não
adaptados, esforço físico, invariabilidade das tarefas, pressão mecânica sobre
determinados segmentos do corpo, trabalho muscular estático, choques e impactos,
vibração, frio, exigência de maior produtividade, ritmo intenso e autoritarismo das
chefias […].”( BRAGA e TRINDADE, 2007,p.14)

Confira na próxima figura, uma série de alongamentos

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Figura 10 - série de alongamentos
Fonte: https://bancariosma.org.br/paginas/noticias.asp?p=13951
Descrição da figura: Quadrado com fundo branco e figuras realizando exercícios de alongamento.

4.2 A importância da prática de exercícios de alongamento para o profissional


intérprete de Libras

O alongamento é muito importante, pois será o seu verdadeiro aliado, que nos ajuda a
diminuir riscos de doenças relacionadas a má postura e atividades repetitivas e deve ser visto como
um ferramenta de prevenção.
Estudante nesta unidade você estudou sobre as famosas Lesão por Esforço Repetitivo-
L.E.R e Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho - D.O.R.T, infelizmente, essas doenças
estão cada vez mais comuns na sociedade e principalmente no ambiente de trabalho , e essas
ocorrências são causadas pela má postura, esforço excessivo e repetitivo e até mesmo do estresse. E
para lidar com esses problemas, a ginástica laboral promove muitos benefícios tais como: maior
produtividade, diminuição da ansiedade, estresse, da pressão do dia a dia, relaxa músculos e a mente.

Prática de exercícios, realizada coletivamente, durante a jornada de trabalho,


prescrita de acordo com a função exercida pelo trabalhador, tendo como finalidade
a prevenção de doenças ocupacionais, promovendo o bem-estar individual, por

53
intermédio da consciência corporal: conhecer, respeitar, amar e estimular o seu
próprio corpo. (Lima, 2004; p. 16)

Perceba o quanto a prática de exercícios, como por exemplo o alongamento ajuda a


organizar as ideias, o tempo de trabalho, as atividades laborais como um todo, Ressaltando que esse
momento de ginástica laboral para os intérpretes de Libras, deverá ser feito pela dupla que estiver
atuando nos diversos espaços.

Mas será que o intérprete tem que fazer esses exercícios todos? o que você
acha? Quero saber a sua opinião. Te encontro lá no fórum.

Ah, e não esquece, tem um conteúdo muito legal na videoaula, vai lá e dá uma
conferida, tá muito massa!

4.3 Nota Técnica da FEBRAPILS- Parâmetros e Procedimentos e atuação do Tradutor


intérprete de Libras

Estudante, você estudou na unidade 2, sobre a FEBRAPILS- Federação Brasileira das


Associações dos Profissionais Tradutores e Intérpretes e Guia-Intérpretes de Língua de Sinais, e o
código de ética. Esta mesma Federação instituiu em 2017, uma nota técnica sobre o trabalho do
tradutor intérprete, o revezamento e carga horária permitida.

1. Introdução
A Federação Brasileira das Associações dos Profissionais Tradutores e Intérpretes e Guias-
intérpretes de Língua de Sinais – FEBRAPILS, é uma entidade civil, profissional autônoma, sem fins
lucrativos ou econômicos, qualificável como de interesse público, de direito privado, com o objetivo
de promover, intensificar e consolidar ações em prol da categoria de tradutores, intérpretes e guia-
intérpretes de língua de sinais (TILS).

54
A presente Nota Técnica sistematiza parâmetros e procedimentos adotados para a
organização de equipes de trabalhos na realização de atividades de interpretação e guia-
interpretação de Libras para Língua Portuguesa e vice-versa.
O intérprete e guia-intérprete são profissionais bilíngues com competência para
executar a interpretação e guia-interpretação do par linguístico língua brasileira de sinais (Libras),
língua portuguesa. A atuação desses profissionais faz a mediação linguística e cultural entre surdos,
surdocegos e ouvintes nos mais variados espaços.

2. Equipe de intérpretes de Libras


Entende-se que uma interpretação e/ou guia-interpretação em equipe ocorre quando
dois ou mais intérpretes e/ou guias-intérpretes estão responsáveis pela atividade Página 2 de 4
comunicativa entre pessoas que desconhecem uma das línguas. Os membros da equipe alternam-se
nas funções durante o ato interpretativo, isto é, enquanto um está no turno da interpretação o
outro está na função de intérprete de apoio se mobilizando para oferecer suporte ao colega.
A atuação do intérprete e do guia-intérprete na interpretação simultânea e consecutiva
por longos períodos de tempo o expõe a sobrecarga de trabalho, podendo resultar em lesões físicas
por esforço repetitivo. A Norma Regulamentadora – Ergonomia publicada pelo Ministério do
Trabalho (NR17–Ergonomia) em 1990, que visa regulamentar e estabelecer parâmetros que
permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos
trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente,
estabelece no item 17.6.3 que devem ser incluídas pausas, “nas atividades que exijam sobrecarga
muscular estática ou dinâmica do pescoço, ombros, dorso e membros superiores e inferiores”. Esse
intervalo deve ocorrer quando os intérpretes atuam em equipe e realizam o revezamento na
produção da interpretação. (OLIVEIRA, ROSA E SANTIAGO 2009), (BRAGA E TRINDADE, 2007) e
(GABRIAN, WILLIAMS 2009).
O trabalho de interpretação e guia-interpretação quando realizado por apenas uma
pessoa durante longos períodos prejudica a qualidade na interpretação, uma vez
que, devido ao intenso esforço cognitivo maior número de omissões podem ocorrer
e o profissional perde a capacidade de se auto monitorar em sua produção. (GILE,
1995), (QUADROS, 2004).

55
Nesse sentido, as pesquisas que vêm sendo desenvolvidas com esses profissionais
recomendam a troca entre as funções de uma equipe de intérpretes num período de 20 até 30
minutos. Estudos indicam que esse período é o tempo adequado para a concentração do intérprete,
depois desse tempo (20m-30m), inicia-se um processo de fadiga mental que afeta a produção da
mensagem. Quanto mais longa a interpretação, mais erros e omissões podem ocorrer. Essa troca é
fundamental para garantir permanentemente um nível elevado na qualidade da produção na língua-
alvo. (MARCER, KUNZIL E KORAC 1998).

3. Fatores que contribuem para a necessidade de atuação de uma equipe de intérpretes.


Complexidade da demanda de interpretação e guia-interpretação: quando a atuação do
intérprete e do guia-intérprete são demandas em situações de comunicação demandam trabalho em
equipe pelas características da interação estabelecida como as posições hierárquicas dos sujeitos
envolvidos e alguns tipos de textos mobilizados. Abaixo, algumas dessas situações:
• Aulas prolongadas;
• Cursos, grandes conferências, seminários, discussões, debates, grandes reuniões
coletivas e audiências e consultas jurídicas;
• Situações que envolvam comunicação e/ou atendimento à pessoas surdocegas;
Situações que envolvam pessoas com dificuldades cognitivas e/ou emocionais;
• Situações que envolvam pessoas com diferentes níveis de fluência em Libras e em
Língua Portuguesa;
• Situações em que a capacidade de ver e/ou ouvir a interpretação é limitada,
sobretudo quando os intérpretes estão posicionados em locais para atender as
necessidades de um público mais amplo;
• Em unidades e instituições que demandem atendimento psiquiátrico e
psicoterápico;

Considerações Finais:
Conscientes de que há, por parte dos empregadores e contratantes, instituições
particulares e órgãos públicos, resistência em compreender e reconhecer que a norma NR 17 do
Ministério do Trabalho que trata da ergonomia do trabalhador, que claramente se adequa à atuação

56
do intérprete e guia-intérprete, a FEBRAPILS vem à público expor que, argumentações como a falta
de legislação específica para implementação da atuação de equipes de intérpretes e guias-intérpretes
na prestação de quaisquer serviços não procedem uma vez que, há uma regulamentação do
Ministério Página 4 de 4 do trabalho e pesquisas científicas que comprovam e demandam o
reconhecimento da atuação em equipe por intérpretes e guia-intérpretes. Por fim, a FEBRAPILS
compreende que todo e qualquer trabalho de interpretação e guia-interpretação deve ser avaliado
pelo profissional solicitado e uma equipe deve ser formada, prevendo tempo de preparação e estudo
prévio, atuação em conjunto e posterior avaliação da atuação. Qualquer atuação fora dessas
condições compromete a qualidade na entrega do serviço de interpretação e nas condições de
trabalho dos profissionais.
Prezado estudante, nesta unidade você estudou sobre a importância da saúde
ocupacional para o profissional tradutor intérprete de Libras, diferenciou saúde e saúde ocupacional.
Apropriou-se do conceito de ergonomia. O surgimento da ergonomia no Brasil e os avanços
tecnológicos advindos da II guerra mundial. A importância dos exercícios e alongamentos na
prevenção de lesões causadas por esforço repetitivo- LER e DORT. E as notas técnicas, parâmetros,
procedimentos e as normas regulamentadoras.

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CONCLUSÃO
Parabéns, estudante! Você chegou ao final das unidades do seu ebook e foi da história
com o empenho da comunidade surda para o reconhecimento da Libras, da regulamentação do
profissional tradutor intérprete, conheceu o código de ética, e os caminho que este profissional
trilhou e trilha para realizar seu trabalho da melhor maneira possível, e sobretudo pela
responsabilidade comunicacional com o surdo. Você estudou também sobre as ofertas de formação
técnica e acadêmica e condições dignas de trabalho e os cuidados com a saúde. Chegamos à
finalização do nosso e-book e espero ter contribuído para o SEU desenvolvimento. Para mim, produzir
o e-book foi um prazer, pois sei da importância de participar do processo de ensino aprendizagem,
em detrimento da sua formação profissional. Até a próxima disciplina
Abraços!

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REFERÊNCIAS

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MINICURRÍCULO DO PROFESSOR

Linalva Maria de Barros


Olá, estudante eu sou Linalva Maria de Barros, Bacharel também licenciada em Ciências
Sociais pela Universidade Federal Rural de Pernambuco, minha segunda graduação é Licenciatura
Plena em Pedagogia também pala UFRPE e finalizando o curso de Letras- Espanhol pela Universidade
Federa de Pernambuco - UFPE. Fiz o curso Técnico de Tradução e Interpretação em Libras na Escola
Técnica Estadual Almirante Soares Dutra- ETEASD. Trabalhei como interprete de Libras no Serviço
Nacional de Aprendizagem Comercial- SENAC. Atualmente sou professora do curso Técnico de
Tradução e Interpretação de Libras pela Escola Técnica Estadual Professor Antônio Carlos Gomes da
Costa – ETEPAC.

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