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Humour noir
As posições controversas em ciência não são meras opiniões pessoais e precisam estar
apoiadas e justificadas por métodos científicos universalmente aceitos e serem disputadas e
válidas em uma determinada época. Exemplos de divergências que se enquadram na
definição acima são: a teoria corpuscular/ondulatória da luz de Newton/Huyghens no
século 18, a de Pasteur/Pouchet sobre heterogenia ou geração espontânea em 1860 e a de
Snow/Farr sobre a epidemia do cólera em Londres de 1853, todas posteriormente
esclarecidas por conhecimentos e demonstrações validadas e aceitas pela comunidade
científica deixando, portanto de serem posições controversas.
(“O que não ensinamos na Medicina” Carta Aberta dos Professores da Escola Paulista de
Medicina – Unifesp.
(http://jcnoticias.jornaldaciencia.org.br/category/edicoes/6840-19-de-janeiro-de-2022/) / 2)
Faz parte do âmbito e da natureza das ciências humanas/sociais que teorias distintas ou
antagônicas e formas de interpretação dos fenômenos do meio social coexistam e perdurem
como legítimas. Por exemplo, usar uma abordagem marxista, fenomenológica ou bourdiana
para interpretar uma determinada situação ou fenômeno social atual. Mas isto não ocorre,
nem é possível nas ciências naturais e muito dos problemas que enfrentamos atualmente
com a atual pandemia de COVID é resultado desta confusão filosófica, histórica e
epistemológica que amalgama de forma ingênua ou deliberada os campos de
conhecimentos, seus fundamentos, modos de trabalho e formas de validação e justificação.
Nas ciências naturais há, sim, o certo e o errado, o científico e o anticientífico, não se
admitindo relativismos, que são adubo e munição para os negacionistas que se expressam
atualmente através de comunicados oficiais e redes sociais.
Para uma discussão mais extensa, sugiro consultar os verbetes fake news, guerras
científicas e negacionismo científico no Dicionário dos negacionismos no Brasil. (Szwako,
J. e J.L. Ratton, org., CEPE, 2022).