Você está na página 1de 14

O que é a Filosofia?

➔ É uma atividade conceptual e crítica:


Porque é uma disciplina que examina as crenças essenciais sobre a
realidade e os conceitos em que elas se baseiam.
➔ A filosofia pode encontrar-se em diferentes situações e motivações:
Espanto e Admiração perante o mundo
Dúvida face àquilo que tomamos por certo e garantido
Consciência da nossa fragilidade e do sofrimento
Vontade de estabelecer uma comunidade autêntica com os outros
➔ Disciplina distinta das ciências:
Pelo objeto de estudo -
O objeto de estudo da filosofia é o real como um todo
O objeto de estudo das ciências é uma parcela delimitada do real
Pelo método -
O método utilizado pela filosofia é a reflexão crítica e argumentação
racional.
O método utilizado pelas ciências é o método experimental de
observação e medição empírica.

Como se caracterizam as questões da Filosofia?


➔ São relativas às nossas crenças fundamentais. Geram discussão e
controvérsia.
➔ Interessam a toda a humanidade. Não são empíricas (que se pauta ou
resulta da experiência).

Como trabalha a filosofia?


➔ Análise de conceitos
➔ Formulação de teses
➔ Construção e avaliação de argumentos
Disciplinas Filosóficas
➔ Ética ou Filosofia Moral
Ocupa-se dos valores morais ou éticos
➔ Filosofia Social e Política
Formas de organização comunitária
➔ Filosofia da Religião
Questiona a relação do ser-humano com o sagrado
➔ Lógica
Dedica-se ao estudo dos aspetos relevantes para a argumentação correta
➔ Estética ou Filosofia da arte
Temas relacionados com a sensibilidade humana e experiência do belo
➔ Filosofia do Conhecimento
Ocupa-se dos problemas fundamentais do conhecimento
➔ Metafísica
Ocupa-se dos problemas acerca da natureza da realidade.

Conceitos, Teses e Proposições


➔ Conceito
Constitui o elemento básico do pensamento. Trata-se da representação
intelectual de determinada realidade.
Classe de Objetos - “flor”; “caderno”; “Guerra”
Realidade Singular - “Joana”; “Ponte D.Luís”; “Lua”
O mesmo conceito pode ser expresso por termos diferentes, exemplo:
"domicilio" e “residencia”.
O mesmo vocabulário pode exprimir diferentes conceitos, exemplo: "nota''
enquanto apontamento e “nota” enquanto dinheiro a isto, do ponto de
vista lógico, dá-se o nome de termos distintos.
➔ Tese
É uma ideia que se quer defender a propósito de um dado problema.
➔ Proposições
É o pensamento ou conteúdo, verdadeiro ou falso (ou seja, possui valor de
verdade), expresso por uma frase declarativa.
Exemplo: O gelo é a água em estado sólido.
Quadrado da Oposição

Tipo de Proposições: Forma Lógica Exemplo:

Tipo A Universal Afirmativa Todo o S é P Todos os desportos são


saudáveis.

Tipo E Universal Negativa Nenhum S é P Nenhum desporto é


saudável.

Tipo I Particular Afirmativa Algum S é P Alguns desportos são


saudáveis.

Tipo O Particular Negativa Algum S não é P Alguns desportos não são


saudáveis.

A Contrárias E

Subalterna Contraditórias Subalterna

I Subcontrárias O
➔ Regras da Oposição

Tipos de Proposição Proposição Inicial Negação da Tipos de


proposição Inicial Proposição

Universal Afirmativa Todos os Alguns medicamentos Particular Negativa


medicamentos têm não têm efeitos
efeitos secundários. secundários.

Universal Negativa Nenhum crime é Alguns crimes são Particular Afirmativa


passional. passionais.

Particular Afirmativa Alguns países são Nenhum país é rico. Universal Negativa
ricos.

Particular Negativa Algumas regras não Todas as regras são Universal Afirmativa
são justas. justas.

Argumentos
➔ A defesa de uma tese ou teoria implica a construção de bons argumentos.
Um argumento é um conjunto de premissas devidamente articuladas - a
conclusão e as premissas. A conclusão também se chama tese.
Exemplo de uma premissa:
As bebidas alcoólicas são proibidas a menores. - Premissa
A cerveja é uma bebida alcoólica. - Premissa
Logo, a cerveja é proibida a menores. - Conclusão
➔ Não se enquadram na categoria de “argumentos” conjuntos de
proposições sem qualquer conexão lógica entre si.
➔ Há argumentos, em que uma ou mais proposições não são formuladas ou
são omitidas, encontrando-se ocultas e subentendidas - pode, inclusive,
omitir-se a conclusão - designa-se por entimema.
Verdade, Validade e Solidez
➔ Verdade
Dizemos que um argumento é verdadeiro quando este está de acordo
com a realidade.
➔ As premissas oferecem apoio à conclusão?

Argumentos Dedutivos Argumentos Não-Dedutivos

Um argumento dedutivo é um Um argumento não-dedutivo é


argumento em que se pretende um argumento em que se
que as premissas forneçam um pretende que as premissas
apoio decisivo ou uma garantia forneçam um apoio provável -
para a conclusão mas não decisivo - para a
conclusão

Todo o animal que voa tem asas. Todo o animal até hoje observado
Todo o animal que tem asas é ave. é composto de células.
Logo, todo o animal que voa é Logo, o próximo animal que
ave. observarmos será composto de
células.
➔ Validade

Argumentos Dedutivos

Argumento Válido Argumento Inválido

Argumento em que as premissas Argumento em que as premissas


fornecem um apoio decisivo ou não apoiam a conclusão, no
uma garantia para a conclusão, sentido em que não a garantem,
sendo impossível que as sendo possível que as premissas
premissas sejam verdadeiras e a sejam verdadeiras e a conclusão
conclusão falsa. falsa.
Um argumento válido preserva a
verdade.

Todas as baleias são mamíferos. Todos os grandes futebolistas têm


Todos os cachalotes são baleias. salários elevados.
Logo, todos os cachalotes são Cristiano Ronaldo têm um salário
mamíferos. elevado.
Logo, Cristiano Ronaldo é um
grande futebolista.

Argumentos Não-Dedutivos

Argumento Forte Argumento Fraco

Argumento em que as premissas, Argumento cujas premissas não


não sendo razões conclusivas, têm força suficiente para apoiar a
oferecem apoio à conclusão. conclusão.
Num argumento forte é Por isso, é improvável que a
improvável, mas não impossível, conclusão seja verdadeira mesmo
haver premissas verdadeiras e que as premissas sejam
conclusão falsa. verdadeiras.

Até hoje, todos os cães nasceram Algumas pessoas gostam de ir a


quadrúpedes. discotecas.
Logo, o próximo cão a nascer Logo, todas as pessoas gostam de
também nascerá quadrúpede. ir a discotecas.
O que é um bom argumento?
➔ Um bom argumento dedutivo é, antes de mais, um argumento sólido. Os
argumentos sólidos são argumentos válidos constituídos por premissas
verdadeiras. Nesse sentido, a solidez pressupõe a validade e a verdade.
➔ Porém, a solidez pode não garantir que o argumento seja bom. Embora o
argumento seja constituído por premissas verdadeiras, e apesar de ter
uma forma válida, as suas premissas podem não ser mais plausíveis:
Exemplo:
A filosofia dedica-se à tarefa de analisar criticamente certas noções
essenciais.
Logo, a filosofia analisa, de forma crítica, alguns conceitos fundamentais.
➔ Um argumento dedutivo bom é, portanto, um argumento válido,
constituído por premissas verdadeiras e que são mais plausíveis do que a
conclusão.
Exemplo:
Todos os portugueses são europeus.
José Saramago é português.
Logo, José Saramago é europeu.
➔ Por sua vez, os argumentos não-dedutivos são bons se, e apenas se,
forem cogentes. Um argumento cogente é um argumento forte que
possui premissas verdadeiras e mais plausíveis do que a conclusão.
➔ Ver esquema da página 34.
O que é um mau argumento?
➔ Se um argumento (dedutivo ou não-dedutivo) não cumpre algum dos
requisitos referidos anteriormente, então trata-se de um mau argumento.
Muitos maus argumentos são considerados falácias.
➔ Falácias é, assim, um argumento que parece correto ou adequado, do
ponto de vista formal ou informal, mas que na realidade não é correto
nem adequado.

Falácias Resultam exclusivamente da forma lógica ou da


Formais estrutura dos argumentos, sendo, por isso, cometidas
ao nível dos argumentos dedutivos.

Falácias Resultam de aspectos informais - aspectos que


Informais ultrapassam a forma lógica -, ou seja, resultam do
conteúdo, sendo cometidas tanto ao nível dos
argumentos dedutivos como ao nível dos argumentos
não-dedutivos.
Proposições e operadores proposicionais

Proposições Simples Proposições Compostas

São proposições em que não estão São proposições em que está


presentes quaisquer operadores presente um operador proposicional
proposicionais, não se podendo ou mais do que um, podendo
decompor noutras proposições decompor-se noutras proposições.

Exemplos: Exemplos:
Teresa é cantora. Teresa é cantora ou Joana é jornalista.
Joana é jornalista. Rui é contabilista e Paulo é
Rui é contabilista. engenheiro.
Paulo é engenheiro. Se a teoria do Big Bang está correta,
A teoria do Big Bang está correta. então o mundo teve início no tempo.
O mundo teve início no tempo. Aristóteles não contribuiu para o
Aristóteles contribuiu para o desenvolvimento da matemática.
desenvolvimento da matemática. Mariana acredita que a igualdade é
A igualdade é um valor a promover. um valor é promover.

➔ Às palavras ou sequências de palavras como “x pensa que”; “x acredita


que”; “x imagina que”; “mas”; “embora”; “se…então”, etc chamamos de
operadores de formação de frases ou operadores proposicionais.
➔ Tendo o frase: “Acácio acredita que Manuel aprecia música clássica.
Se a proposição expressa pela frase “Manuel aprecia música clássica” for
verdadeira, não há forma de determinar o valor de verdade da
proposição expressa no exemplo anterior.
Há, assim, dois tipos de operadores proposicionais: os verofuncionais e
os não-funcionais.
Verofuncionais Não-verofincionais

Operadores que, uma vez Operadores que, usados na


conhecidos os valores de verdade formação de proposições
das proposições simples, dá para complexas, não nos permite
determinar o valor de da determinar o valor de verdade
proposição complexa resultante. dessas proposições resultantes.

Operadoradores Proposicionais Verofuncionais

Designação Símbolo Leitura Exemplo

Negação “não”-P A vida não é


misteriosa.

Conjunção ^ PeQ A vida é


misteriosa e o
mundo é finito.

Disjunção V P ou Q A vida é
Inclusiva misteriosa ou o
mundo é finito

Disjunção V ou P ou Q Ou a vida é
Exclusiva misteriosa ou o
mundo é finito

Condicional → se P, então Q Se a vida é


misteriosa, então
o mundo é finito

Bicondicional ↔ P se, e só se Q A vida é


misteriosa se, e
só se, o mundo
finito.
Negação

P Não -P

V F

F V

A negação de uma proposição P é uma proposição com a forma de “Não -P”. Se


P é verdadeira, não -P é falsa; se P é falsa, não -p é verdadeira.

Conjunção

P Q P^Q

V V V

V F F

F V F

F F F

A conjunção de duas proposições (P e Q) é uma proposição com a forma “P e Q”,


formalizando-se por P ^ Q, a qual é verdadeira se, e só se, ambas a proposição
conectadas - que também se chamam “proposições conjuntas” - forem
verdadeiras, sendo falsas se pelo menos uma dessas proposições for falsa.
Disjunção Inclusiva

P Q PvQ

V V V

V F V

F V V

F F F

A disjunção inclusiva de duas proposições (P e Q) é uma proposição com forma


“P ou Q”, formalizando-se por PvQ, a qual é sempre verdadeira, exceto quando P
e Q são proposições simultaneamente falsas.

Disjunção Exclusiva

P Q PvQ

V V F

V F V

F V V

F F F

A disjunção exclusiva de duas proposições (P e Q) é uma proposição com a


forma “ou P ou Q” (mas não ambas), formalizando-se por P V Q, a qual é
verdadeira quando P e Q possuem valores de verdade distintos e falsa quando
P e Q possuem o mesmo valor de verdade.
Tipo de Disjunção Exemplo de Proposições

Disjunção Inclusiva O carro do Pedro é azul ou a casa da


Maria é branca.
Há nuvens ou chove.
Ou Plotino ou Orígenes eram filósofos
És escritor ou jogador de futebol, ou
ambas as coisas.

Disjunção Exclusiva António tem três anos ou tem cinco.


Miguel nasceu na Madeira ou nos
Açores.
Faustino ou Franklin será eleito Papa.
Pablo é adepto do Barcelona ou do
Real, mas não de ambos

Condicional
Antecedente - É uma condição suficiente para o consequente
Consequente - É uma condição necessária para o antecedente

P Q P→Q

V V V

V F F

F V V

F F V

A condicional ou implicação material de duas proposições (P e Q) é uma


proposição com a forma “Se P, então Q”, formalizando-se por P → Q, a qual só é
falsa se P - o antecedente - for verdadeira e Q - o consequente - for falsa. Nas
restantes situações, a nova proposição é verdadeira.
Bicondicional

P Q P↔Q

V V V

V F F

F V F

F F V

A bicondicional ou equivalência material de duas proposições (P e Q) é uma


proposição com a forma “P se, e só se Q”, formalizando-se por P ↔ Q, a qual é
verdadeira se as proposições conectadas tiverem o mesmo valor de verdade e
falsa se essas proposições tiverem valores de verdade distintos.

Você também pode gostar