SISTEMATIZAÇAO DA ASSISTENCIA DE ENFERMAGEM EM PACIENTES
COM FARINGITE
ARTIGO DE REVISÃO DE LITERATURA – ENFERMAGEM MEDICA
1 estreptococo beta-hemolítico tipo (A). A faringite é
Alcides Kriss Bonga
Antonia Ranguisse 2, Ana
da Conceição3, Esmeralda
A. Araujo4, Agira
Ibraimo5, Márcia Charifo6,
Mariamo Aiuba 7, Alima
Luis8.
1,2,3,4,5,6,7,8
, Estudantes do
curso de licenciatura em
enfermagem, 2º ano –
Faculdade de Ciências de
Saúde, Universidade Lúrio
-Nampula.
Resumo: A faringite também chamada de
faringoamigdalite, é definida como sendo uma
infecção das vias aéreas superiores, causada
comumente por adenovírus, vírus Epstein-Barr,
,
uma condição comum, que pode afetar pessoas de
todas as idades e que pode apresentar diversos
sintomas, como dor de garganta, febre, mal-estar e
dificuldade para engolir. Embora muitas vezes seja
uma condição autolimitada e de fácil tratamento, a
faringite pode levar a complicações em casos mais
graves. Ainda que esse sintoma também ocorra em
diversas doenças não infecciosas, a grande maioria
dos pacientes com dor de garganta de início recente
apresenta faringite de etiologia viral ou bacteriana. O
diagnóstico da faringite é baseado em uma
combinação de sinais e sintomas, além de exame
físico e, se necessário, testes laboratoriais. exame de
cultura de garganta ou teste rápido de antígeno
estreptocócico (TRE) para determinar se a faringite é
causada por uma infecção bacteriana. O tratamento da
faringite depende da causa subjacente, no caso de
infecções virais, geralmente é recomendado repouso,
hidratação adequada, analgésicos e medidas de
suporte, como gargarejos com o soro fisiológico e no
caso de infecções bacterianas comprovadas, pode ser
necessário o uso de antibióticos.
Palavras chaves: Infecções de vias aéreas superiores,
faringite Streptococcus pyogenes, assistencia de
enfermagem.
[1]
INTRODUÇÃO OBJECTIVOS ESPECÍFICOS
✓ Conceituar e descrever os
A faringite é uma condição caracterizada
mecanismos que desencadeiam a
pela inflamação da faringe, que é a
faringite;
região localizada na parte posterior da
✓ Classificar e identificar os sinais
garganta. Essa inflamação pode ser
e sintomas da faringite;
causada por diversos fatores, como
✓ Identificar os factores de risco,
infecções virais ou infecções
diagnosticar e tratar a faringite;
bacterianas, como a infecção por
✓ Descrever os cuidados de
estreptococos. Geralmente os sintomas
enfermagem.
mais comuns da faringite incluem dor de
garganta, rouquidão e irritação na METODOLOGIA
garganta. Além disso, em alguns casos,
Trata-se de uma pesquisa de revisão
pode haver febre, tosse e mal-estar geral.
bibliográfica, do tipo exploratória, em
Cerca de 15 milhões de atendimentos
que foram consultados artigos
ambulatoriais foram atribuídos à
disponíveis nas bases Scientific
faringite em 2007. Dor de garganta é
Eletronic Library Online (SciELO),
ainda responsável por aproximadamente
Google académico. Outras publicações
1% a 2% de todas as visitas ao
relacionadas também foram utilizadas,
consultório médico e por 6% de todas as
como livros, revistas científicas, artigos
visitas aos pediatras e médicos de
de jornais e dissertações relacionados
família. Apenas 5-15% dos casos de
com a faringite. Foi utilizada a língua
faringite são secundários a estreptococo,
Portuguesa como idioma padrão
que é a principal causa bacteriana; ainda
limitador da pesquisa. O critério de
assim, cerca de dois terços dos pacientes
selecção compreende todos artigos
com essa queixa acabam recebendo
relacionados com o tema publicados no
antibióticos para seu tratamento.
intervalo compreendido entre 2002-
OBJECTIVOS 2022.

OBJECTIVO GERAL
✓ Descrever a apresentação típica
da faringite

[2]
 1. Faringite
A faringite é um processo inflamatório
na faringe, definida clinicamente pelo
desconforto ou dor na garganta e
podendo ocorrer devido a causas
infecciosas e não infecciosas. A faringite
é uma das razões mais comuns para
visitas ao médico entre adultos e crianças
(1).
Em condições normais, a faringe está
protegida de infeções através de um
conjunto de mecanismos de defesa, entre
os quais se destacam as secreções (muco)
ricas em substâncias antimicrobianas,
produzidas pelas glândulas existentes na
faringe, e a presença de gânglios
linfáticos (como por exemplo, as
amígdalas palatinas), que são
responsáveis por identificar e destruir os
microrganismos invasores (1).
A faringite viral pode ser provocada por
uma enorme variedade de vírus. Pode
fazer parte de uma infeção generalizada
das vias aéreas superiores, como a
constipação ou a gripe, ou pode ser
apenas uma infeção localizada. A
faringite viral é o tipo de faringite mais
frequente.
A faringite bacteriana é habitualmente
provocada por um tipo particular de
bactéria (estreptococos - Streptococcus
pyogenes), sendo menos frequente que a
faringite viral. Existem ainda casos, mais
[3]
raros, de faringite fúngica (provocada
por fungos). No entanto, esta condição
surge geralmente em situações de
imunossupressão, ou seja, em pessoas
cujo sistema imunitário está seriamente
debilitado, como, por exemplo, nas
pessoas portadoras de vírus da
imunodeficiência humana (VIH) (1) (2).
2. Etiologia
A faringite surge habitualmente quando
há uma falha nestes mecanismos de
defesa. Algumas circunstâncias que
facilitam o aparecimento de faringite são
o tabaco, a diabetes mal controlada, o
frio, a secura ambiental e alterações
bruscas de temperatura (dificultam a
produção de muco).
Dentre os vírus que mais estão associado
à faringite incluem vírus respiratórios
como rinovírus e adenovírus, além de
coronavírus, influenza, parainfluenza e
vírus sincicial respiratório. Outros vírus
importantes incluem EpsteinBarr,
coxsackie, HIV primário e herpes
simples. Entre as etiologias bacterianas,
a principal são os estreptococos beta-
hemolíticos do grupo A, mas podem ser
citados ainda Arcanobacterium
(Corynebacterium) haemolyticum,
Corynebacterium diphtheriae, Neisseria
gonorrhoeae, Chlamydia pneumoniae,
tularemia, Mycoplasma pneumoniae e
Fusobacterium necrophorum. As causas
não infecciosas incluem alergia e fatores
ambientais, principalmente (2).
3. Fatores de risco
Os factores de risco para faringite variam
de acordo com a causa subjacente.
Tabagismo (ou exposição – tabagismo
passivo) e história de rinite alérgica são
associados a maior risco
desenvolvimento de
Variabilidade sazonal também é comum
em causas alérgicas de faringite e em
muitas causas infecciosas, tais como
vírus respiratórios e os estreptococos do
grupo A beta-hemolítico, que são mais
comuns no inverno e no início da
primavera. Como essas infecções são
comumente transmissíveis,
próximo com alguém que tenha faringite
ou exposição ao frio também aumentam
o risco de contraí-las.
4. Manifestações clínicas
Os sintomas e sinais são relativamente
semelhantes, quer se trate de uma
faringite viral ou de uma faringite
bacteriana. Os mais frequentes são dor
de garganta, garganta vermelha e
tumefacta (inchada) e inflamada,
dificuldade em engolir, existência de
pontos ou placas esbranquiçadas
(normalmente mais frequente
faringite bacteriana), presença
gânglios linfáticos do
(geralmente por baixo e por trás da
mandíbula) aumentados e dolorosos à
palpação, febre, que é normalmente mais
alta na faringite bacteriana (pode chegar
aos 39º C) e mais baixa na faringite viral
(atinge normalmente os 38º C) e mal-
estar geral. O quadro começa
normalmente de forma súbita e tende a
regredir de forma espontânea passados 7
de
ou 10 dias (1) (3).
faringite.
5. Classificação
A faringite é classificada em:
Faringite aguda refere-se a uma
inflamação dolorosa e súbita da faringe,
a parte posterior da garganta que inclui o
terço posterior da língua, o palato mole e
as tonsilas. É comumente designada
contacto
como dor de garganta. Devido à
exposição ambiental a agentes virais e
aos cômodos pouco ventilados, a
incidência de faringite viral atinge um
pico durante o inverno e início da
primavera em regiões que apresentam
um verão quente e inverno frio. A
faringite viral dissemina-se facilmente
nas gotículas de tosse e espirros e mãos
sujas que foram expostas a líquidos
contaminados.
Faringite crônica que é uma inflamação
persistente da faringe. É comum em
na
adultos que trabalham em ambientes
de
empoeirados, que usam a voz em
pescoço
excesso, sofrem de tosse crônica ou
[4]
fazem uso habitual de álcool e tabaco. rápidos (como por exemplo: o teste do
Existem três tipos de faringite crônica: antígeno estreptocócico rápido).
Entretanto, a acurácia dos testes
Hipertrófica: caracterizada por
antigênicos rápidos para a detecção de
espessamento e congestão generalizados
faringite em amostras de faringe varia
da mucosa faríngea;
amplamente, dependendo do indivíduo
Atrófica: constitui, provavelmente, um que realiza o teste. Quando o TAER é
estágio tardio do primeiro tipo (a realizado de maneira correta e usado
membrana é fina, esbranquiçada, juntamente com avaliação clínica
brilhante e, por vezes, enrugada); profissional, é considerado um teste

Granuloso crônica (faringite do padre), válido para o diagnóstico de faringite (1)

(4)
caracterizada por numerosos folículos .
linfáticos inchados na parede da faringe 7. Tratamento clínico
(3)
. A faringite viral é tratada com medidas

6. Diagnóstico de suporte, visto que os antibióticos não

O diagnóstico acurado de faringite é têm nenhum efeito sobre o

essencial para determinar a causa (viral microrganismo etiológico. A faringite

ou bacteriana) e iniciar precocemente o viral é uma infeção benigna que cura

tratamento. Uma vez estabelecido o espontaneamente, sem tratamento, em

diagnóstico definitivo de faringite, a poucos dias. A faringite bacteriana é

administração de antibióticos tratada com uma variedade de agentes

apropriados acelera a resolução dos antimicrobianos.

sintomas e reduz a transmissão da Se a causa da faringite for bacteriana, a

doença. O método de exame mais
confiável baseia-se na obtenção de
amostras com swab da parte posterior da
faringe e tonsilas, de acordo com as
recomendações da Infectious Diseases
Society of America. Os swabs devem
tocar tanto os pilares tonsilares quanto a
parede faríngea posterior, porém a língua
não deve ser incluída. Há exames
complementares mais recentes e mais
penicilina constitui habitualmente o
tratamento de escolha. A penicilina V
potássica administrada durante 5 dias
constitui o esquema de escolha. Para os
pacientes que são alérgicos à penicilina
ou que apresentam microrganismos
resistentes à eritromicina, podem-se
utilizar as cefalosporinas e os
macrolídios (claritromicina e
azitromicina). A azitromicina 1 vez/dia

[5]
pode ser administrada apenas por 3 dias, 9. Cuidados de enfermagem em
em virtude de sua meia-vida longa. pacientes com faringite
Pode-se prescrever um ciclo de O cuidado de enfermagem para pacientes
cefalosporina de 5 ou 10 dias. A com faringite concentra-se no tratamento
administração de cefodoxima e sintomático. Para pacientes que
cefuroxima durante 5 dias também tem demonstram sinais de faringite
sido bem-sucedida na produção de cura estreptocócica e que apresentam história
bacteriológica. As faringites intensas de febre reumática, que parecem
também podem ser aliviadas por toxêmicos, que apresentam escarlatina
analgésicos, conforme prescrição. Por clínica ou que exibem sintomas
exemplo, o ácido acetilsalicílico ou o sugestivos de abscesso peritonsilar, o
paracetamol podem ser administrados a cuidado de enfermagem concentra-se:
intervalos de 4 a 6 h; quando necessário,
✓ Monitoramento dos sinais vitais
o paracetamol com codeína pode ser do paciente, incluindo
fornecido 3 ou 4 vezes/dia. Para alguns temperatura corporal, frequência
cardíaca e respiratória;
pacientes, o gargarejo com água salgada
é calmante. Nos casos graves, os ✓ Administração correta da
gargarejos com benzocaína podem antibioticoterapia prescrita;
aliviar os sintomas (3).
✓ Promover à hidratação do
8. Complicações paciente, por meio da oferta de
água e outros líquidos, para evitar
As consequências da faringite podem
a desidratação e aliviar a irritação
variar dependendo da gravidade da da garganta;
infecção e do tratamento adequado. Em
✓ Manter um ambiente húmido e
geral, a maioria dos casos de faringite se
confortável para o paciente, os
resolve sem complicações. No entanto,
lenços usados devem ser
se a faringite não for tratada
descartados de modo apropriado
corretamente ou se houver recorrência
para evitar a disseminação da
frequente, podem ocorrer complicações
infecção.
como amigdalite, sinusite, otite média,
abscesso peritonsilar ou febre reumática. ✓ Utilizar o soro fisiológico morno
para gargarejos ou irrigação da
garganta, a irrigação da garganta
pode reduzir o espasmo dos

[6]
 músculos faríngeos e aliviar a dor limitada, porém, se caracteriza por ter
de garganta detecção rápida de antígenos
estreptocócitos.
✓ Instruir o paciente sobre as
medidas preventivas, incluindo
não compartilhar utensílios de BIBLIOGRAFIA
alimentação, copos, 1. Studart A. Medicina de emergência :
guardanapos, alimentos ou abordagem prática. 16th ed. Manole:
toalhas, utilizar lenço para tossir Eliane Usui; 2022.
ou espirrar, descartar
apropriadamente os lenços 2. Suddarth’s B&. Tratado de

usados; e evitar a exposição ao enfermagem médico-cirúrgica. 12th

tabaco e fumaça de cigarro (3). ed. Rio de Janeiro: Guanabara

Koogan; 2014.
CONCLUSÃO
A faringite, como já foi citado 3. Suddarth B&. Tratado de
anteriormente, é caracterizada por ser enfermagem médico-cirúrgica. 13th
uma doença que causa inúmeros ed. Rio de Janeiro: Guanabara
sintomas, dessa maneira, é necessário Koogan; 2016.
realizar exames complementares para
4. Queiroz C. Como fazer todos os
diagnosticar de forma rápida e eficaz,
diagnósticos (um guia de emergencia
afim de tratar o paciente com
e clinica medica).
medicamentos corretos e reverter o
quadro clínico do indivíduo. Assim
sendo, quando se quer confirmar a
hipótese diagnóstica de faringite
bacteriana, deve-se pedir a cultura de
orofaringe (swab) é um teste de alta
sensibilidade e especificidade para a
Streptococcus pyogenes. Apesar do
swab de orofaringe ser considerado
padrão ouro, o resultado é demorado, por
esse motivo, foi desenvolvido outro teste
que é chamado de strep test, possui
elevada especificidade, sensibilidade

[7]