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Resumo:
Introdução
O gênero Phaseolus pertence a família Fabaceae, é originário das Américas possuindo em torno de
150 espécies. Entre essas espécies, o feijão comum (Phaseolus vulgaris) e o feijão-fava
(Phaseolus lunatus) são as mais importantes economicamente e cultivadas no Brasil (MERCADO-
RUARO; DELGADO SALINAS, 2000). Sua importância econômica e social, está relacionada
principalmente a sua rusticidade em regiões semiáridas do Nordeste brasileiro, podendo prolongar
a colheita em tempo seco e por ser cultivada tradicionalmente por pequenos agricultores.
(AZEVEDO et al., 2003; CARMO et al., 2015). A baixa produção do feijão, pode estar relacionada
com um grande número de microrganismos fitopatogênicos como fungos, bactérias, vírus e
nematoides (MELGAREJO et al., 2007). Dentre as doenças que acometem a cultura, as viroses se
destacam ocasionando quedas na produtividade e redução do valor comercial do grão (FARIA et
al., 2014). Os vírus pertencentes a família Germiniviridae, são importantes patógenos das
leguminosas, entre elas, as espécies de Phaseolus são comumente afetadas. Esses vírus são
caracterizados por possuir partículas icosaédricas geminadas e componentes genômicos de DNA
fita simples (ssDNA, single strand DNA) monopartido ou bipartido (sendo que as espécies de
genoma bipartido possuem componentes de DNA-A e DNA-B) circulares, com aproximadamente
2.5 a 5.2kb nucleotídeos de comprimento (ZHANG et al., 2012). O Comitê Internacional de
Taxonomia de Vírus (ICTV) divide a família Germiniviridae em quatorze gêneros (Becurtovirus,
Begomovirus, Capulavirus, Citlodavirus, Curtovirus, Eragrovirus, Grablovirus, Maldovirus,
Mastrevirus, Mulcrilevirus, Opunvirus, Topilevirus, Topocuvirus, Turncurtovirus) usando como
critérios de demarcação a gama de hospedeiros, o inseto vetor, organização e identidade pareada
do genoma completo e relações filogenéticas (ZERBINI et al. 2017). Os sintomas observados nas
plantas são: nanismo, enrolamento foliar, ondulação, distorção, mosaico/mosqueado,
amarelecimento internerval e clorose (INOUE-NAGATA et al. 2016). O gênero Begomovirus
causam problemas fitossanitários em muitas culturas agrícolas em todo o mundo, sendo um dos
mais importantes grupos de vírus. Atualmente, possui 424 espécies aceitas, cujos isolados
infectam plantas dicotiledôneas e são transmitidas por mosca branca, Bemisia tabaci (ICTV,
2020). As culturas mais afetadas por esses vírus são o feijoeiro e o tomateiro, sendo sua
incidência um fator limitante para a produtividade dessas culturas (ZERBINI et al., 2005). Vários
estudos já foram realizados no país para investigar a infecção de plantas invasoras por
begomovirus, principalmente em plantas que estão associadas aos cultivos de feijão e tomate, e
foi possível observar que existe uma alta diversidade genética entre os isolados de begomovirus
que infectam essas plantas (AMBROZEVICIUS et al., 2002; CALEGARIO, 2004; CASTILLO-
URQUIZA, 2008). O conhecimento da diversidade genética e da gama de hospedeiros desses vírus
torna-se ferramentas importantes para o manejo do inseto vetor, além de fornecer informações
úteis para os programas de melhoramento genético de espécies cultivadas, que poderão ser
utilizadas para a conservação da diversidade genética e em estudos filogenéticos. O manejo eficaz
dessas fitoviroses é um grande desafio, tendo em vista grandes surtos e a infecção de plantas não
cultivadas que acabam se tornando uma fonte de inóculo em campo (MELGAREJO et al., 2007).
Com isso, o objetivo geral foi caracterizar os isolados de geminivírus associados as diferentes
espécies de plantas da Família Fabaceae, e os objetivos específicos foram clonagem e
sequenciamento os genomas completos de geminivírus a partir de amostras de plantas da Família
Fabaceae; e estudos filogenéticos das espécies encontradas.
Metodologia
Resultado
Foram submetidas 42 amostras dos municípios de Maceió – AL, União dos Palmares – AL,
Matriz de Camaragibe – AL e Lagarto – SE para a amplificação de genomas completos utilizando
amplificação de círculo rolante (RCA) (Inoue-Nagata et., al 2004). Foi possível obter com sucesso
a clivagem das amostras utilizando as enzimas de restrição ApaI, HindIII, ClaI, PstI e KpnI. Se
obteve 42 clones correlacionados ao componente genômico DNA-A e DNA-B, sendo dos os isolados
virais LA-4, LA-6, LA-9 (Lagarto – SE); 3MCC6P, 5MCC9P, 14MCC9P, 14MCC10P, 15MCC8P,
16MCC15P (Maceió – AL); 1MC1P, 3MC2P, 3MC5P, 11MC4P, 11MC7P, 12MC2P, 16MC3P, 16MC5P,
18MC10P, 18MC11P (Matriz de Camaragibe – AL); e 1UPC9, 2UPC2K, 2UPC3, 2UPC3K, 2UPC5K,
3UPC1P, 3UPC7P, 3UPC8, 3UPC15, 3UPC23, 4UPC3P, 4UPC5P, 6UPC4, 6UPC5P, 6UPC7P, 8UPC3P,
9UPC1P, 9UPC2P, 10UPC6K, 11UPC8P, 13UPC6, 13UPC12, 14UPC9 (União dos Palmares – AL).
Analisando os resultados do sequenciamento do DNA-A e DNA-B comparando o seguimento
pareado dos nucleotídeos e seguindo os critérios adotados para o estabelecimento de espécies do
gênero Begomovirus (BROWM et al., 2015), foi constatado que todos os isolados pertencem a
espécie Macroptilium yellow vein virus (MaYVV). Os isolados foram segregados em quatro grupos
distintos. O Grupo I, formado pelos isolados de Palmeira dos Índios, obtidos do artigo de Ramos-
sobrinho et al. 2014, são os mais proximamente relacionados entre si, apresentando identidades
de sequências variando entre 99,7-100%. O Grupo II abrange isolados de União dos Palmares e
Maceió, e apresentou identidades de sequências variando entre 97,6-99,8%. O Grupo III, que
engloba os demais isolados de União dos Palmares apresentou identidades de sequências variando
entre 96,4-100%. O Grupo IV, formado pelos isolados de Matriz do Camaragibe, foi o que
apresentou maior variação das identidades de sequências, apresentando entre 93,9-100%.
Quando comparados isolados presentes nesses quatro grupos, foi observado que as identidades de
sequência variaram entre 93,9-97,4%.
A árvore filogenética do DNA-A apresentou quatro clados bem sustentados dos isolados de
MaYVV. Sendo assim, o Clado I englobou com grande predominância os isolados de MaYVV
originados do município de Matriz do Camaragibe. Prosseguindo com o Clado II, que abrigou os
isolados de Palmeira dos Índios. No Clado III houve uma divisão para a formação de dois
subgrupos, com a primeira subdivisão agrupando os isolados de União dos Palmares e na segunda
os isolados de Maceió. No Clado IV foram introduzidos os isolados restantes de União dos
Palmares. A árvore filogenética avigora com o que já foi observado nas análises de comparações
de sequências pareadas (SDT) e sugerem a existência de estruturação das populações por região
geográfica.
Discussão
Conclusão
Referencia
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