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ATIVIDADE AVALIATIVA

Hobbes e Locke
INTRODUÇÃO ÀS CIÊNCIAS SOCIAIS
Prof. Rodrigo Augusto Prando
TURMA: 01E
NOME: Érica Santos Gomes TIA: 42181781
NOME: Mariah R. A. Coroa TIA: 32217021
NOME: Thiago Fiorato C. de CastroTIA: 32248822

REDAÇÃO
Apesar de já terem suas opiniões sobre o assunto de porte e posse de armas formada, os
integrantes do grupo ainda pesquisaram e se aprofundaram mais no assunto, o que os
deu uma base maior para defenderem seu posicionamento anterior: não favoráveis a
liberalização e flexibilização dos armamentos no Brasil.
O pensador John Locke (1632-1704), defende primordialmente que o Estado deve
preservar as 3 propriedades básicas e naturais da população: a vida, a liberdade e os
bens. Com isso em mente, o grupo percebeu que há um “dilema de Locke” na questão
de posse e porte de armas. A dubiedade do assunto existe porque de um lado tem o
ponto de que o homem deve ter a liberdade de ter a arma para a proteção de sua vida e
de seus bens. Entretanto, o segundo ponto é a análise de que o Estado deve garantir
segurança aos cidadãos, a liberalização dificultaria esse dever, colocando a propriedade
vida em risco, além disso, todo o homem deve ser dotado da liberdade de ir e vir sem
medo, com segurança - algo que seria completamente aniquilado com a flexibilização
para o adquirimento bélico.
Atualmente, o Brasil tem como presidente o eleito Jair Bolsonaro desde 2018, o qual
defende abertamente tanto a posse quanto o porte de armas. Um dos exemplos foi
quando em uma entrevista no ano de 2021, o presidente disse: "quanto mais armado
estiver o povo, melhor é para todo mundo. A imprensa de novo fazendo matéria essa
semana que tem dobrado ano a ano o número de armas no Brasil. Eu quero que
quintuplique.” Além de declarações como essa, o maior poder executivo brasileiro
acabou flexibilizando, durante o mandato, a posse de armas. Isso causou insatisfação em
73% dos entrevistados pelo Ibope sobre o tópico em 2019. Além desses, a pesquisa
expõe que 51% dos brasileiros não acreditam que armas tornem o país mais seguro.
Outro paradigma do pensador Locke é que o desejo da maioria é o que tem poder na
sociedade, portanto, o fato supracitado se aproxima da tirania mencionada pelo filósofo,
tendo em vista que o Estado foi contra o interesse majoritário.
O artigo 3 da Declaração Universal dos Direitos Humanos diz que todo indivíduo tem
direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal, esses 3 mais os bens são ameaçados
quando há um maior nível de pessoas armadas dentro da nação. Uma análise para
comprovar esse fato é que para se manejar uma arma, é necessário muito conhecimento
e prática, o economista David Hemenway, argumenta que, para se usar uma arma, é
necessário treinamento contínuo. "Você precisa ser muito bem treinado. Mesmo
policiais, que são treinados, muitas vezes usam suas armas de maneira inapropriada",
diz. Isso prova-se pelo número extremamente elevado de balas perdidas em operações e
enganos policiais. Logo, se um grupo treinado por anos em como saber utilizar
armamentos de forma correta é responsável por tantos falecimentos por conta de erros,
colocar esse instrumento na mão de civis é um perigo a todos, incluindo os portadores,
já que de acordo com o UOL, o civil armado tem entre 60 e 70% mais chances de
morrer na rua em caso de conflito
As tomadas de decisões humanas, como expressas no Artigo acadêmico (OLIVA, A. O.;
OTTA, E.; RIBEIRO, F. L. et al., p. 8) dependem tanto de mecanismos racionais quanto
emocionais. Por mais que seja implementado um processo psicotécnico para o porte
armamentista, nada justificará a ação de um indivíduo que se torna vítima da
criminalidade urbana e resolve se “autodefender” ou fazer justiça por si só. Isso, por si
só, expressa o estado natural hobbesiano, onde o “homem é o lobo do homem”, onde ele
é egoísta e sem pensamento no conjunto.
O mês de janeiro de 2022 já proveu dados suficientes para que os Cartórios registrassem
e contabilizassem que o número de mortes por causas violentas cresceu cerca de 81% no
Brasil esse ano. Uma pesquisa realizada em 2017 pelo National Bureau of Economic
Research, ligado ao governo dos Estados Unidos, declara que crimes violentos
aumentaram em uma proporção entre 13% e 15% maior nos estados que adotaram
regras que facilitavam que a população portasse armas, do que ocorreria sem as
mudanças. Isto posto, é inegável que o Brasil, já possuidor de alta criminalidade, se
tornaria ainda mais violento e perigoso.
Ademais, armar a população para que essa defenda-se é um ato de irresponsabilidade
governamental, tendo em vista que o governo estaria “lavando as mãos” de parte da
violência nas ruas, considerando que quem quisesse se proteger deveria pegar em armas.
Isso além de ser algo inadmissível na teoria de Locke, já que tira um dever fundamental
do Estado escolhido, é também o causador de uma constante tensão social e de
convivência, podendo provocara mais desastres como a do tiroteio em uma das Escolas
Estaduais de Suzano em 2019.
Conclui-se então que considerando parte das ideias do Locke, é possível posicionar-se
tanto a favor quanto contra da posse e do porte de armamentos no Brasil, por
conseguinte, é necessário colocar as duas análises na balança. Após fazer essa
comparação, o grupo chegou ao entendimento que a liberdade de alguém de ter uma
arma, não é maior que o direito do próximo à sua vida e segurança, outrossim, a
preservação das propriedades humanas deve ser feita pelo Estado e não pelos próprios
homens.
BIBLIOGRAFIA
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