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Curso de exportação

A decisão de exportar e os primeiros passos

Por que exportar?


A internacionalização das empresas é uma forma de um negócio expandir o horizonte de seus
negócios, trazendo benefício para a própria organização como também para o país.
Do ponto de vista governamental, as exportações são importantes para um país obter recursos
(divisas) para o pagamento de importações, isso ocorre pela manutenção das reservas
internacionais, fundamental para manter o equilíbrio da balança comercial. A obtenção de
recursos em moedas estrangeiras também é necessária para que o país pague os empréstimos
contraídos no exterior. Ao honrar esse compromisso, o país torna-se mais seguro (ou confiável)
para atrair capital de investidores estrangeiros. O aumento das exportações amplia o superávit na
balança comercial.
Pela ótica empresarial, a empresa reduz os riscos dos seus negócios, já que eles não ficam
condicionados apenas à economia brasileira e às suas flutuações e sazonalidades, garantindo
maior segurança na tomada de decisões e garantindo maior receita em uma moeda mais forte do
que a nacional. As exportações conduzem ao incremento da produtividade da indústria nacional,
de modo que a empresa deve aumentar a sua capacidade produtiva. Como consequência, uma
série de benefícios são concedidos ao negócio, como a redução dos custos de produção, a
ampliação sua carteira de clientes, a melhora na qualidade dos produtos, já que é preciso adaptá-
los às exigências do mercado internacional, gerando, dessa forma, acesso a novas tecnologias
Normalmente o mercado externo é mais exigente que o nacional. Então para que os produtos
produzidos internamente tenham visibilidade no mercado externo, estes devem apresentar
qualidade elevada.
Todos esses fatores contribuem para que a empresa exportadora tenha sua marca valorizada
nacionalmente, de modo que os consumidores passam a adquirir esses produtos com maior
segurança. Logo, o ato de exportar eleva a imagem da empresa exportadora no mercado interno.
Quais são os cuidados necessários ao exportar?
Em alguns casos, haverá necessidade de adaptação do produto para que o mesmo seja aceito em
território estrangeiro. Isso ocorre em função da embalagem apropriada, religião, hábitos culturais,
costumes, atendimento às normas técnicas locais, etc. Nesse caso, o exportador deve:

1. Verificar se o produto atende às necessidades do mercado e às necessidades específicas


(especificações técnicas) – isso é feito mediante pesquisa de mercado;
2. Verificar se o produto apresenta vantagens para o mercado alvo. O produto deve oferecer um
componente adicional em seu produto, a ausência de um atributo adicional pode inviabilizar o
comércio.
3. Verificar se o produto é compatível com o clima, costumes e hábitos religiosos.
4. Verificar se o sistema de pesos e medidas nacional atende às exigências do mercado
internacional, além de verificar se o idioma da embalagem do produto é o do mercado local ou
se o produto poderá ser comercializado com rótulos em português. Há muitos produtos com
rótulos em vários idiomas, isso ocorre justamente para atender a todos mercados e não ter um
custo adicional elaborando embalagens com um idioma, especificamente.
5. Checar se a embalagem é apropriada para o trânsito dentro do país de origem até a fronteira e
da fronteira até a chegada ao destino.

Para quem exportar?


Para decidir os mercados nos quais o exportador deve ampliar seu mercado, alguns aspectos
devem ser considerados. A seguir são listados algumas iniciativas tomadas pelo exportador ao
eleger um mercado para vender seus produtos.

1. Avaliar os riscos comerciais, tais quais as exigências de qualidade, distância, facilidade de


transporte, custo de transporte, aspectos burocráticos, entre outros;
2. Avaliar os riscos políticos e econômicos, uma vez que países com instabilidade econômica
apresentam maior risco de inadimplência.
3. Analisar a balança comercial do país (verificar se há problemas rotineiros) e o balanço
patrimonial da empresa envolvida nas transações comerciais. Recomenda-se, nesse caso,
estabelecer seguro de crédito à exportação. Se o país apresenta razoável estabilidade
econômica e/ou é um cliente tradicional, a operação não deve oferecer grandes riscos.
4. Verificar algumas questões conjunturais do país envolvido na negociação, por exemplo, qual é a
política cambial adotada? Conhecer o câmbio é uma sinalização de que o país apresenta
dificuldades na balança de pagamentos. Se o câmbio é de controle do governo (fixo), maior a
possibilidade de haver riscos políticos, pois se o cliente paga em moeda estrangeira, o Banco
Central pode não autorizar a conversão e a remessa de divisas. Outro exemplo, é averiguar se
o país apresenta uma economia protecionista (economia fechada), pois nesse caso há uma
prática recorrente de emissão de barreiras não tarifárias, que são impasses que dificultam ou
impedem o comércio.

Como exportar?
Para efetivar as vendas no mercado internacional, o primeiro para a empresa é a Habilitação para
atuar no Comércio Exterior junto à Receita Federal. Essa habilitação ocorre por meio do Sistema
Ambiente de Registro e Rastreamento da Atuação dos Intervenientes Aduaneiros – conhecido por
RADAR, sendo definido pela RFB como um sistema que objetiva disponibilizar, em tempo real,
informações de natureza aduaneira, contábil e fiscal da empresa, de modo que a própria RFB
fiscaliza e identifica o comportamento da empresa frente às suas obrigações como atuante no
comércio exterior. A partir desse sistema é possível inferir o perfil de risco das diversas empresas
que comercializam com o resto do mundo.
De forma simplificada, o RADAR concentra, em uma única plataforma, todas as informações das
empresas com atuação no mercado internacional, tornando-o uma ferramenta fundamental no
combate às fraudes, permitindo a RFB identificar infrações contra a legislação aduaneira e
tributária
O próprio empresário pode reunir a documentação e apresenta-la à Receita Federal, por meio de
um dossiê eletrônico, ou seja, a apresentação da documentação não precisa ser presencial, mas na
forma digital. De posse da documentação, o empresário solicita o registro de sua habilitação no
RADAR através do portal SISCOMEX. Esse processo de habilitação é chamado de “Habilitação
Radar” ou “Habilitação SISCOMEX” e está definida na Instrução Normativa nº 1.984/20, a qual é a
legislação base atual sobre o assunto.
Para solicitar o registro a empresa necessita ter acesso a um certificado digital. Esse certificado é
como um reconhecimento perante algum órgão público de que as informações fornecidas para a
assinatura de contratos digitais ou emissão de notas fiscais são verídicas.
Após estar habilitado, a pessoa física ou jurídica poderá cadastrar um Despachante Aduaneiro para
realizar os procedimentos necessários para a venda ou compra internacional.
É possível exportar sem estar habilitado?
Em algumas operações a pessoa jurídica é dispensada da prévia habilitação no SISCOMEX, é o caso
de operações

1. que não se sujeitem a registro nos sistemas de comércio exterior;


2. formalizadas por meio de declaração simplificada;
3. efetuadas por intermédio da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) ou de empresa
de transporte expresso internacional; e
4. utilizarem os sistemas de comércio exterior tão somente para retificar ou consultar declaração,
caso tenham operado no comércio exterior e estejam na condição de desabilitado ou sob os
efeitos das suspensão e de cancelamento da habilitação, inclusive no caso de sucessão,
hipótese em que é vedada a prática de outras operações.

No caso de a pessoa jurídica realizar apenas operações que sejam formalizadas por meio de
declaração simplificada ou desejar apenas retificar ou consultar declaração, caso tenha operado no
comércio exterior, o credenciamento e o descredenciamento de representantes poderão ser
requeridos por qualquer de seus responsáveis mediante requerimento formalizado em dossiê
digital de atendimento e dirigido à unidade da RFB de jurisdição aduaneira do seu domicílio fiscal.
O requerimento deverá ser instruído com documentação que comprove, para cada pessoa física a
ser credenciada na condição de representante, o cumprimento dos requisitos de sua condição.
Estão também dispensados do procedimento de habilitação:

1. os depositários, os agentes marítimos, as empresas de transporte expresso internacional, a


ECT, os transportadores, os consolidadores e os desconsolidadores de carga, bem como outros
intervenientes do comércio exterior, quando realizarem operações, nos sistemas de comércio
exterior, relativas às suas atividades-fim. No entanto, esses intervenientes estarão sujeitos às
regras gerais de habilitação quando operarem em comércio exterior na condição de
importadores, exportadores ou internadores da Zona Franca de Manaus em seus próprios
nomes; e
2. os órgãos da administração pública direta ou autárquica, federal, estadual ou municipal, as
missões diplomáticas ou repartições consulares de país estrangeiro ou as representações de
órgãos internacionais. Neste caso, o credenciamento e o descredenciamento de cadastrador
sócio dirigente ou de cadastrador delegado deverão ser solicitados pelo responsável do
declarante de mercadorias, mediante requerimento formalizado em dossiê digital de
atendimento e dirigido à unidade da RFB de jurisdição aduaneira do seu domicílio fiscal.

Como conduzir negociações internacionais


O volume II de nosso ebook sobre exportação explica como conduzir negociações internacionais.

Para começar, é importante estar preparado. Nessa fase prévia, siga esses três passos:

I. Liste os objetivos da sua cooperativa, dividindo-os em três grupos: ideal, realista e mínimo
aceitável.
II. Depois, responda: por que este objetivo é importante? Qual necessidade será atendida se ele
for conquistado?
III. Faça o exercício de tentar antecipar os objetivos do seu cliente. Para isso, refaça os passos
anteriores a partir do ponto de vista hipotético do seu interlocutor. Com as respostas em
mente, busque alternativas para que os objetivos de ambos convirjam.

Fases de negociação
Com os preparativos prontos, é hora de se encontrar com o potencial cliente internacional. Neste
momento, o objetivo é conseguir o melhor negócio possível que atenda aos objetivos mútuos. Com
essa finalidade, confira as cinco fases da negociação:
 Fase 1: pergunte quais são os objetivos do seu interlocutor. Caso não tenha compreendido o
que ele almeja, indague novamente e peça esclarecimentos. O importante é entender tudo.
Por isso, não siga em frente na negociação até que tenha compreendido as metas e
motivações do potencial parceiro.
 Fase 2: ofereça alternativas que supram tanto as necessidades do cliente quanto as da sua
cooperativa.
 Fase 3: se for necessário, utilize padrões objetivos (como normas, índices, taxas, princípios e
regras gerais). Dessa forma, a sua coop demonstra boa-vontade na busca por soluções diante
de potenciais conflitos nas condições propostas.
 Fase 4: é perfeitamente esperado que a cooperativa tenha de fazer concessões em relação
aos objetivos prévios. Esteja ciente tanto daquilo que você pode abrir mão quanto das
condições inegociáveis para a viabilidade do negócio.
 Fase 5: esteja preparado tanto para fechar um acordo quanto para recusar as propostas. Caso
não seja possível atender os objetivos mínimos definidos pela cooperativa, agradeça pela
oportunidade, mas não feche o negócio.

Contratos e normas para negociações internacionais


Os contratos dão garantia à lisura do acordo e consolidam as cláusulas que foram acordadas durante
a negociação. Por esse motivo, é importante que todos os quesitos discutidos entre a cooperativa e
os compradores internacionais estejam previstos no contrato assinado pelas partes.

Via de regra, contratos internacionais são estabelecidos com base em normas sistematizadas e
uniformizadas por organizações internacionais que se dedicam à promoção da integração no
comércio global.

Dessa forma, um contrato comercial internacional se define como a manifestação expressa da


vontade dos envolvidos, localizados em diferentes países, sobre seus interesses, direitos e
obrigações. Tudo isso é estabelecido com base em normas internacionalmente reconhecidas e
aceitas por meio da assinatura do contrato.

Elementos estabelecidos em contratos internacionais


Um dos princípios da negociação é a utilização de critérios objetivos comumente reconhecidos e
aceitos. Como consequência, o contrato internacional deve estabelecer:

 Condições de pagamento
 Prazo de entrega
 Qualidade
 Responsabilidade
 Métodos de solução de conflitos
Legislação do comércio internacional
O conjunto de normas que rege o comércio internacional recebe o nome de lex mercatoria (Lei do
Comércio). Ela é dinâmica e segue sendo desenvolvida com o passar do tempo. Para estabelecer seus
critérios há a contribuição de uma série de organizações internacionais, como, por exemplo:

 Organização Mundial do Comércio (OMC): regula o relacionamento comercial entre os


países, servindo de foro de negociações e fiscalização das boas práticas comerciais.
 International Chamber of Commerce (ICC): oferece normas unificadas para a execução das
atividades do comércio internacional e meios de solução de conflitos internacionais relativos
aos relacionamentos privados.
 United Nations Conference on Trade and Development (UNCTAD): propõe estudos e
propostas visando o desenvolvimento dos países para a aceleração do processo de integração
comercial mundial.
 United Nations Conference on International Trade Law (UNCITRAL): proporciona princípios
de direito comercial internacional para a regulamentação das diversas atividades comerciais
internacionais.
 World Customs Organization (WCO): estabelece padrões procedimentais para as alfândegas
espalhadas pelo mundo.

Principal norma para negociar com compradores internacionais


A principal norma em uso no comércio internacional, em relação à elaboração de contratos, é a é a
Convenção das Nações Unidas sobre os Contratos de Venda Internacional de Mercadorias. Essa
regulamentação também é conhecida como Convenção de Viena de 1980 e foi promulgada no Brasil
pelo Decreto nº 8.327/14.

A norma reúne os princípios elaborados por todos os organismos internacionais citados. Com isso,
ela cria uma estrutura reguladora flexível e amplamente adequada ao ambiente global. Por isso, a
norma serve de base não apenas para o contrato de compra e venda, mas também para todos os
demais contratos comerciais em voga.

Contrato de compra e venda internacional


O contrato de compra e venda internacional é o mais utilizado dos contratos no âmbito mercantil
internacional. Ele está presente no cotidiano das organizações exportadoras, apesar de muitas não
terem consciência disso. Seu objetivo é determinar os direitos e obrigações mútuas entre
compradores e vendedores internacionais – ou seja, importadores e exportadores.

Há três elementos fundamentais para os contratos de compra e venda internacional. São eles:

I. Objeto: mercadoria comercializada.


II. Preço: valor a ser pago pelo importador ao exportador.
III. Condições: todas as obrigações e direitos mútuos estabelecidos entre o comprador e o
vendedor.

Negociando pagamentos com compradores internacionais


Outro ponto focal nas negociações com compradores internacionais diz respeito às formas de
pagamento adotadas para fechar negócio.

Pagamentos internacionais são mais complexos do que pagamentos domésticos, uma vez que
precisa se submeter a regulamentações de ambos os países. Além disso, há ainda a questão cambial.

Portanto, é importante conhecer as principais modalidades de pagamento utilizadas em vendas


internacionais. Dessa forma, sua cooperativa poderá entender os benefícios e riscos de cada uma
delas. Confira:

Pagamento antecipado
Trata-se do procedimento que melhor protege a cooperativa que está exportando. Nesse caso, o
comprador paga antecipadamente pelo negócio realizado, antes mesmo de receber o produto
adquirido.

 Qual é o risco? O grande revés desse modelo de pagamento fica por conta do comprador,
que fica sujeito à possibilidade de atrasos na entrega ou sob o risco de que o produto não
atenda aos requisitos combinados. A cooperativa que receber pagamento antecipado,
entretanto, deve evitar quaisquer problemas na entrega, a fim de fidelizar o cliente e evitar
processos.

Cartas de crédito
Esse é o procedimento mais comum. Consiste em um documento emitido e garantido pelo banco do
comprador. Após sua emissão, essas cartas de crédito são transmitidas a uma instituição financeira
do país do vendedor, contendo os termos e as condições do negócio.

A liberação do pagamento só é efetivada após o cumprimento dos termos acordados . Ou seja: o


vendedor deve reunir documentos solicitados na carta de crédito e apresentá-los ao banco
recebedor. A instituição, por sua vez, vai conferir a documentação para liberar o dinheiro.

 Qual é o risco? Caso o vendedor, nesse processo também chamado de beneficiário, não
observe integralmente os termos da carta de crédito, toda a garantia concedida por ele será
invalidada.

Cobrança internacional
É realizada após o embarque da mercadoria para o exterior. Uma vez concretizado o embarque, o
vendedor juntará a fatura comercial, a lista de embalagens, o conhecimento de transporte e
o certificado de origem.

Nessa ocasião, uma Letra de Câmbio, similar em forma e efeitos a uma nota promissória, será
emitida. Os documentos serão entregues à instituição financeira definida para operar o câmbio,
juntamente com uma carta de instruções que detalha a forma como a cobrança deverá ser
conduzida.

 Qual é o risco? Nesta modalidade, a cooperativa precisa embarcar a mercadoria antes de


receber por ela. Por isso, ao optar pela cobrança internacional, leve em conta a
documentação necessária para a retirada da mercadoria da alfândega de destino.
Confiança (open account)
Nessa condição de pagamento, o vendedor embarca a mercadoria, envia os documentos originais
para o comprador por meio de serviço courier. Em seguida, emite uma nota de débito contra o
comprador e aguarda o pagamento.

 Qual é o risco? Essa modalidade beneficia integralmente os compradores internacionais.


Portanto, é importante que a cooperativa esteja segura de que o parceiro de negócios seja
digno de confiança.

INCOTERMS: definindo responsabilidades com compradores internacionais


O termo INCOTERMS vem do inglês International Commercial Terms (Condições Comerciais
Internacionais, em português). Esse conceito tem o objetivo de estabelecer uma série de condições
relativas às negociações internacionais. Por exemplo:

 O exato momento da transferência de propriedade da mercadoria.


 A ocasião da transferência da responsabilidade sobre a mercadoria.
 A responsabilidade sobre a contratação do transporte e do seguro.

Em suma, o INCOTERM define onde começa e termina a responsabilidade do vendedor (exportador)


e do comprador (importador). Tudo isso em referência ao processo de transporte da mercadoria
entre a fábrica ou armazém do exportador e o armazém do importador.

Para saber mais sobre os INCOTERMS e seus principais tipos, confira o terceiro e-book da nossa
série sobre exportação para cooperativas .

Conclusão
A compreensão das negociações internacionais, suas peculiaridades e características vai ajudar a sua
cooperativa na jornada de exportação. Por isso, é fundamental entender os meandros de uma
negociação com compradores externos.

Ao estar por dentro das principais particularidades do ambiente de negócios em um mundo


globalizado, a sua cooperativa estará melhor preparada para exportar. Portanto, quando o objetivo
for expandir os negócios, é sempre recomendável entender como se comunicar e negociar com
compradores internacionais.

Conheça as 4 principais formas de pagamentos internacionais para facilitar sua exportação


Atualizado: 6 de mai. de 2021
Como a forma de pagamento influencia o seu negócio? Veja as principais formas e como escolher a
modalidade mais adequada para a sua empresa

Você quer alavancar o seu negócio para o mundo internacional mas não possui experiência prévia
com o comércio exterior? Ou ainda, já realizou processos de exportação mas não se sente seguro com
os trâmites exigidos? Sabemos que, muitas vezes, o comércio exterior pode parecer complexo e difícil
de entender, no entanto, com o mundo globalizado é necessário se arriscar para conseguir se
consolidar, tanto no mercado nacional, quanto internacional.
Pensando nisso, formulamos nesse artigo alguns passos que você precisa considerar na hora de
realizar uma exportação, como a escolha da forma de pagamento internacional. Levando em conta as
transações nacionais, pode parecer que a modalidade de pagamento limita-se somente ao “a vista ou
a prazo?” ou “débito ou crédito?”. No entanto, em transações de exportação, há muito mais fatores a
serem considerados.
Considerando isso, abordaremos nesse artigo as seguintes questões:
1. Porque a forma de pagamento é fundamental em negociações internacionais
2. O que são INCOTERMS e quais as suas consequências nos custos de exportação
3. Quais são as principais formas de pagamento que você precisa conhecer e como elas
influenciam o seu negócio

1. Por que a forma de pagamento é fundamental em negociações internacionais?

Dentro do comércio exterior, a forma de pagamento influencia não somente como o dinheiro será
repassado, como também implica diretamente nos custos, riscos e responsabilidades entre o
exportador e o importador. Como será feito o transporte das mercadorias? Quais são os riscos de
perda? Quais são as responsabilidades que estarei assumindo? Quais são as garantias? Essas são
questões que envolvem o processo da escolha de pagamento e que, por sua vez, devem ser
estipuladas no momento da negociação.

Há 4 diferentes modalidades de pagamento internacional, de modo que algumas oferecem custos


mais baixos e, por isso, podem apresentar riscos mais elevados; assim como há outras mais seguras,
mas que demandam maiores gastos. Nesse sentido, a comunicação dentro de uma negociação
internacional é crucial para que ambas as partes estejam devidamente cientes dos riscos e custos que
estão concordando. Esse é o momento em que você precisa ser um bom negociador e entender as
características do seu parceiro comercial!

Quando tratamos de processos de exportação, estamos lidando também com diferentes culturas e
costumes e, portanto, devemos conhecer determinadas características, como qual a importância da
validação contratual verbal, escrita e/ou gestual para o tratante? Meu parceiro comercial faz parte de
uma instituição confiável? Eu preciso de um banco terceiro para formalizar a exportação? As rotas de
transporte são seguras?

As respostas para tais questões são o que determinam a escolha da forma de pagamento, pois quando
existe maior confiança entre as partes, você também sente-se confortável em assumir mais riscos e,
assim, gastar menos com bancos terceiros e instituições que garantam a sua venda. Da mesma
maneira, quando há pouca credibilidade, vale a pena investir um pouco mais e ter mais segurança
durante a exportação. Vale ressaltar que a forma de pagamento está diretamente relacionada com a
escolha de INCOTERMS e vamos explicar o por quê!

2. O que são INCOTERMS e quais as suas consequências nos custos de exportação


Derivado do termo em inglês International Commercial Terms, INCOTERMS significa Termos
Internacionais do Comércio. Apesar do nome grande, eles nada mais são do que termos padrões de
venda em que se estabelece como será feito o transporte internacional de cargas, estipulando as
responsabilidades e os riscos, tanto para o importador, quanto para o exportador. O INCOTERMS
originou-se em 1936, sendo formulado pela Câmara Internacional do Comércio (ICC) e é atualizado
periodicamente, de modo que a versão mais atual é a de 2020.

Assim, o principal papel do INCOTERMS é deixar claro para as partes quem será o responsável pelo
pagamento e contratação do frete internacional e do seguro, onde a mercadoria será entregue, com
quem fica o encargo dos despachos aduaneiros e quaisquer despesas, danos ou perdas e, portanto, há
a definição dos riscos que o comprador e o vendedor estarão tomando. Ao total são 11 INCOTERMS,
os quais são organizados pelos grupos F, C e D, com exceção do EXW, o qual possui uma categoria
própria. Assim sendo, aqui vai uma tabela resumida:

Tabela resumida dos INCOTERMS 2020

3. Quais são as principais formas de pagamento que você precisa conhecer e como elas influenciam
o seu negócio

Assim como já destacamos, a escolha da forma de pagamento dependerá de uma boa negociação
com o importador, pois deve ser estabelecida de forma que o negócio seja benéfico para os dois lados.
Pensando nisso, os principais aspectos que você deve levar em consideração são o grau de confiança
entre as partes (se você aceita assumir mais ou menos riscos), as condições de mercado (valores e
mudanças cambiais podem interferir no preço final a ser pago), as possibilidades de financiamento e
os controles que o governo oferece (se há bancos/instituições que garantirão a venda).
Para que você escolha a melhor modalidade de pagamento para o seu negócio, aqui vai uma
explicação das principais formas:

1. Pagamento Antecipado:

Como o nome já deixa claro, a modalidade de pagamento antecipado prevê que o importador realize
o pagamento antes do envio da mercadoria. Desse modo, essa é uma das modalidades de pagamento
mais vantajosas para o exportador, uma vez que ele só realiza o embarque da mercadoria a partir do
recebimento da remessa de dinheiro, o qual ainda conservará a taxa de câmbio do dia. Por outro lado,
cabe ao importador assumir os riscos de possíveis atrasos ou mesmo de não envio da mercadoria e,
mais uma vez, essa é a importância de estabelecer uma negociação baseada em confiança e
credibilidade.

Dessa maneira, o pagamento antecipado é acordado na negociação e ocorre da seguinte forma: assim
que o importador realiza o pagamento através de um banco em seu país, o exportador vai a sua
respectiva instituição bancária e recebe essa remessa, ficando responsável pelo contrato de câmbio.
Nisso, o exportador receberá o pagamento em reais de acordo com a taxa de câmbio do dia e, depois,
encarrega-se do despacho da mercadoria para a exportação e pelas documentações necessárias. Tais
documentos são recebidos pelo importador e utilizados para o desembaraço aduaneiro para
importação. Apesar desse método ser extremamente benéfico para o exportador, nem sempre o
importador aceita tais termos, tendo em vista os altos riscos que precisa assumir.

2. Remessa direta de documentos (Sem saque):

Essa é uma modalidade para quem quer agilidade no processo de exportação e não quer lidar com
tanta burocracia. A remessa direta de documentos (ou sem saque) funciona como o próprio nome diz:
o exportador realiza o envio da mercadoria e das documentações necessárias para o importador antes
de receber o pagamento.
É como um processo inverso ao do pagamento antecipado, mas que não conta com a intermediação
de bancos terceiros e, por tal motivo, é uma das modalidades que mais oferece riscos ao exportador.
Nesse caso, o exportador não possui nenhuma garantia de pagamento do importador, uma vez que
ele manda a mercadoria e todos os documentos necessários para o desembaraço de importação
apenas com o compromisso de pagamento estabelecido na negociação.

Esse tipo de operação só utiliza bancos terceiros na hora em que o importador envia a remessa de
dinheiro ao exportador. Tal característica garante maior agilidade no processo de exportação e
inclusive menores custos. No entanto, vale lembrar da importância de obter uma relação de extrema
confiança com quem pretende fechar negócio, uma vez que na posição de exportador há muitos riscos
envolvidos.

3. Cobrança documentária:

A modalidade de cobrança documentária, além de ser mais segura tanto para o importador quanto
para o exportador, também é mais complexa em termos burocráticos e, portanto, mais demorada.
Nessa forma de pagamento, o exportador primeiro embarca as mercadorias e envia a documentação
de embarque e de despacho aduaneiro por um banco intermediário. Esse irá analisar e conferir esses
documentos para, depois, enviá-los ao banco do importador. Por fim, o banco do importador também
realiza o mesmo processo de análise e só então repassa ao comprador final.

Nesse momento, vale ressaltar que o importador só pode ter acesso aos documentos disponibilizados
pelo exportador mediante pagamento da fatura comercial, que é acertada no momento da
negociação internacional. Sendo o pagamento à vista ou a prazo, o importador acerta a compensação
e então recebe a documentação necessária para o despacho aduaneiro de importação e recebimento
da mercadoria.

O envolvimento de bancos terceiros oferece maior formalidade, custos e segurança para ambos lados
da negociação. No entanto, é importante lembrar que, mesmo com o importador comparecendo ao
banco para assinar o saque e retirar os documentos, sempre há o risco de que ele não cumpra com os
prazos estipulados de pagamento e ainda retire a mercadoria. Essa situação pode ser extremamente
prejudicial ao exportador.

Além disso, como o exportador primeiramente envia as mercadorias, também assume o risco de que o
importador sequer apareça para cumprir sua dívida ou retirar as importações. Portanto, a Cobrança
Documentária possui um grau intermediário de segurança, por envolver outras instituições, mas
também riscos consideráveis ao exportador.

4. Carta de crédito (Letter of credit ou L/C):

Dentre as modalidades de pagamento, a carta de crédito é uma opção intermediária, que garante
segurança tanto para o importador quanto para o exportador e, por isso, é uma das formas mais
utilizadas no comércio internacional. A carta de crédito é emitida por um banco emissor, a pedido do
importador, em que se estabelece todas as condições estipuladas na negociação, como o valor da
compra, quem é o beneficiário (o exportador), prazos de validade e de pagamento, pontos de destino
e de embarque, descrição da mercadoria, faturas, certificados e toda a documentação que envolve o
processo de exportação.
A partir disso, a carta de crédito é uma garantia de que o importador realizará o pagamento, pois
assume esse compromisso com seu banco e, do mesmo modo, é uma garantia de que o exportador
cumprirá todas as obrigações e termos estipulados na negociação e na própria carta de crédito. Dessa
maneira, o importador pede a emissão da carta em crédito para seu banco, o qual notifica a um banco
avisador sobre a existência dela. A partir desse momento, o banco avisador informa sobre a carta de
crédito ao exportador e o mesmo envia a mercadoria e os documentos necessários para o despacho
aduaneiro de importação, com o cuidado de seguir à risca as combinações da carta de crédito.
Somente com todas as documentações verificadas pelos bancos do importador (emissor) e do
exportador (negociador), o importador recebe os documentos e realiza o pagamento das mercadorias.

Apesar de ser uma forma de pagamento mais segura e benéfica para ambas as partes, é importante
salientar que é um processo bastante burocrático e demorado, contando com maiores gastos em
relação às outras modalidades de pagamento. Portanto, o valor elevado da operação pode se tornar
pouco atrativa para empresas de menor porte.

Conclusão

A partir desses conceitos, você pode perceber que a escolha da forma de pagamento não é uma
escolha isolada e parte, primeiramente, de uma boa negociação com o importador. Seja ele um
parceiro novo ou de longa data, é preciso construir confiança mútua e credibilidade. A análise de qual
forma de pagamento é a mais adequada e vantajosa para você está interligada ao tipo de INCOTERMS
escolhido e ao quanto você pode gastar, quais os riscos que está disposto a assumir e o quão rápido é
necessário que a exportação ocorra. Partindo desses pressupostos, você está pronto para atingir ainda
mais sucesso no seu negócio!

Pagamentos internacionais
Escrito por Equipe Comex Blog
Publicado: 18 Dezembro 2020
Última Atualização: 18 Fevereiro 2021

Os fluxos financeiros em operações de comércio exterior ocorrem sob diferentes modalidades de


pagamento entre o importador e exportador. Esse fluxo deve ocorrer em uma moeda conversível
e aceitável, como o dólar, por exemplo, sendo submetida a uma operação de câmbio. Entre as
principais modalidades de pagamento, destacam-se o pagamento antecipado; a remessa sem
saque; cobrança (pagamento contra documentos) e a carta de crédito.
A diferença entre as modalidades reside no risco: o vendedor assume o de inadimplência e o
comprador o de receber mercadorias em más condições. O sucesso de uma transação comercial
está no equilíbrio entre os custos e os riscos envolvidos nas formas de pagamento. Para ilustrar o
grau de risco enfrentado por ambos os agentes, basta observar a figura abaixo.

Pagamento antecipado: não é conveniente para o importador pois indica falta de credibilidade à
empresa que adquire os produtos, mas é a modalidade mais atraente e segura para o exportador.
Isso porque o importador remete previamente o valor da transação e, após ter recebido o
dinheiro, o exportador providencia o embarque da mercadoria e envia ao importador a devida
documentação.
O importador paga e depois recebe a mercadoria → riscos para o importador. Nesse caso é
firmado um acordo que confere ao importador ações judiciais necessárias caso o exportador não
envie a mercadoria ou a envia sob condições não satisfatórias. Além disso, a empresa importadora
pode se prevenir contra uma possível variação no câmbio que desfavoreça a ação comercial, bem
como futuros aumentos no preço do produto. Outrossim, como o pagamento é antecipado, o
importador pode solicitar algum desconto.
As razões para escolha dessa modalidade podem ser: financiar o exportador para a produção da
mercadoria, principalmente na venda de produtos sob encomenda, pois representa uma garantia
contra o cancelamento do pedido. Por exemplo, a aquisição de máquinas e equipamentos
construídos especialmente para o comprador; usual em compras de pequeno valor, como livros,
assinaturas de publicações, medicamentos, etc.; transações com países importadores de elevado
risco, sem estabilidade política, econômica e financeira.
Remessa sem saque (oposto do pagamento antecipado): é uma modalidade de pagamento que
elimina alguns processos e burocracias (documentação, comprovações, contratação de instituições
financeiras, etc) e torna a transação mais rápida para as duas partes.
O exportador envia à empresa importadora uma fatura proforma ou comercial com as
informações sobre a exportação e a forma de pagamento por remessa sem saque. Na sequência,
embarca a mercadoria e emite todos os documentos de exportação e remete ao importador, por
meio de um serviço postal internacional. O importador, ao receber os documentos, promove o
desembaraço da mercadoria na alfândega e, posteriormente, providencia a remessa das divisas
para pagamento da operação. Quando o pagamento for identificado pelo banco brasileiro, o
exportador será comunicado e deverá promover uma operação de câmbio.
Nesse caso, o risco para o importador é nulo, pois o pagamento somente é efetuado depois de
recebida a mercadoria. Já o exportador assume um alto risco de inadimplência, visto que não
haverá título de crédito para promover protesto ou uma ação judicial contra o importador. Por
isso, é um recurso mais utilizado quando há uma relação de confiança entre as duas partes, sendo
utilizada entre clientes tradicionais ou empresas interligadas (filiais e suas matrizes).
Entre as vantagens, é a maneira mais rápida da documentação chegar às mãos do importador, pois
vai diretamente do exportador ao importador, sem a intermediação bancária. É uma modalidade
importante para mercadorias perecíveis, pois a espera pela documentação poderia estragar os
produtos na alfândega. Por fim, as despesas bancárias são inferiores às da cobrança e às cartas de
crédito.
Cobrança documentária (Pagamento contra documentos): nesse tipo de cobrança, toda a
responsabilidade pela cobrança passa a ser das instituições bancárias, pois os bancos fazem a
intermediação entre a empresa exportadora e a empresa importadora, recebendo o pagamento
do exterior e enviando para o destinatário da mercadoria. O processo de cobrança é realizado por
meio do envio de documentos de embarque do banco de origem que envia a documentação para
o banco do importador para que a mercadoria possa ser paga e retirada.
Supondo que a empresa exportadora seja brasileira e a importadora americana. Neste caso, a
empresa brasileira deverá procurar por um banco no Brasil que realize esse tipo de serviço. Após o
embarque da mercadoria, os documentos relativos à exportação são encaminhados a um banco no
exterior por meio de um banco no Brasil. Entre os documentos, está a letra de câmbio, também
denominada "saque" ou "cambial", emitida pela empresa brasileira ao importador.
Passo a passo de uma cobrança de exportação:

1 - 2: Importador contata o exportador e fecha o negócio.


2 - 3: Exportador embarca a mercadoria. Após, dispõe dos documentos básicos (fatura,
conhecimento de embarque, saque – é a letra de câmbio[1], e apólice de seguro)
3 - 4: Exportador entrega os documentos a um banco (Banco do Exportador).
4 - 5: O Banco Exportador remete os documentos em cobrança para um correspondente seu,
situado na praça do importador (Banco do Importador).
5 - 6: O Banco Importador registra os documentos e avisa ao importador para retirá-los mediante
pagamento (cobrança a vista) ou mediante aceite do saque (cobrança a prazo).
6 - 7: O importador vai ao banco retirar os documentos.
7 - 7a: Se a cobrança for a vista, o importador paga ao banco o valor da importação e retira os
documentos. Com a posse dos documentos, vai à alfândega e retira a mercadoria.
7 – 7a: Se for a prazo, o importador vai ao banco e retira os documentos mediante aceite do
saque.
7 - 8: Quando o importador efetuar o pagamento, o banco importador fecha o câmbio e efetua a
remessa de divisas para o banco exportador.
8 - 9: O banco do exportador paga ao exportador o produto da cobrança. Nesse momento, termina
a operação.
O pagamento pode ser à vista ou a prazo, conforme negociado. Na cobrança à vista, a mercadoria
só pode ser retirada pelo importador após a remessa das divisas. No caso da cobrança a prazo, o
importador retira os documentos para desembaraço e a cambial lhe será apresentada para
pagamento na época oportuna.
O exportador pode enviar os documentos direto ao importador (semelhante à remessa sem saque)
e fazer uma ordem de pagamento através de um banco. Isso ocorre quando o importador
necessita retirar a mercadoria com urgência na alfândega. A esse tipo de cobrança dá-se o nome
“clean draft” ou “saque limpo”, na gíria bancária é o “saque careca”.
Entre as vantagens de se utilizar essa modalidade de pagamentos, está o fato de que a empresa
exportadora terá a seu dispor uma estrutura internacional, mas facilita a resolução de possíveis
problemas administrativos relacionados à cobrança. Por outro lado, é imprescindível ter em mente
que as instituições bancárias são apenas prestadoras de serviço na cobrança documentária. A
opção de fazer esse tipo de cobrança não é garantia de pagamento pela mercadoria já embarcada.
Portanto, caberá a cada empresa traçar as melhores estratégias comerciais.
Carta de crédito ou crédito documentário: é a modalidade de pagamento mais usual no comércio
exterior, pois oferece maiores garantias tanto para o exportador quanto para o importador, uma
vez que as entidades bancárias assumem responsabilidades perante as partes. As instituições
financeiras são acionadas a concederem a garantia bancária mediante a entrega dos documentos.
No documento da Carta de Crédito estão descritos o valor da transação e os bens ou serviços
negociados, além das informações das empresas envolvidas, intermediadas por bancos escolhidos
pelas partes. Dessa forma, a carta de crédito, atua como um compromisso de pagamento, pois
garante ao exportador que, ao cumprir os quesitos especificados no documento, receberá o valor
acertado com o importador pelos itens acordados. De tal modo, a carta de crédito é uma ordem
de pagamento condicionada, ou seja, o exportador só terá direito ao recebimento se atender a
todas as exigências por ela convencionadas. Verificada a conformidade estabelecida, o banco
emissor abrirá a carta de crédito e a enviará ao beneficiário por meio de outro banco (“banco
avisador”). Após receber o compromisso de pagamento do banco emissor, o exportador embarca
as mercadorias.
O importador pagará o valor acordado ao beneficiário assim que este lhe apresente os
documentos que evidenciem as exportações indicadas na respectiva carta de crédito.
Novamente, supondo que a empresa exportadora seja sediada no Brasil e a importadora nos EUA,
segue o passo a passo das transações sob a modalidade de pagamento da carta de crédito:
1 - 2: O exportador (Brasil Exportadora S.A.) e o importador (America Import Co.) entram em
contato e estabelecem as condições de compra e venda
2 - 3: O importador dirige-se ao seu banco (City Bank, New York) para abrir a carta de crédito
3 - 4: O City Bank pede ao Banco do Brasil para avisar ao exportador a emissão da carta de crédito
4 - 5: O Banco do Brasil avisa ao exportador o recebimento da carta de crédito
5 - 6: O exportador embarca a mercadoria
6 - 7: O exportador brasileiro entrega todos os documentos exigidos ao Banco do Brasil, que
examina para verificar se todas aa exigências da importadora americana foram cumpridas
7 - 7a: Nessa ocasião, o exportador recebe do Banco do Brasil o valor da exportação
7 - 8: O Banco do Brasil remete os documentos ao City Bank
8 - 9: O City Bank também examina os documentos para verificar se todas as exigências do
importador foram cumpridas. Após isso, entrega à importadora os documentos (fatura,
conhecimento de embarque, apólice de seguros e outros documentos exigidos pelo crédito
documentário)
9 – 10: De posse dos documentos, o importador retira a mercadoria na alfândega
10 – 11: O Banco do importador (City Bank) paga ao banco do importador o valor da exportação.
A carta de crédito é uma alternativa para o exportador que não quer assumir os riscos comerciais
de uma operação, pois ela confere ao banco a responsabilidade pelo pagamento, mediante o
cumprimento dos termos e condições do crédito. Os riscos políticos também podem ser
eliminados ou reduzidos, se utilizada uma carta de crédito confirmada. Neste tipo de crédito, um
outro banco, geralmente fora do país do importador, confirma a garantia dada pelo banqueiro
emissor do crédito. Na prática, se o banqueiro emissor não puder pagar por qualquer motivo,
inclusive político (moratória), o banqueiro confirmador pagará em seu nome.
A Carta de Crédito (Letter of Credit - L/C) pode ser emitida para pagamento à vista ou a prazo. Por
se constituir em uma garantia bancária, acarreta custos adicionais para o importador, que paga
taxas e comissões para abertura do crédito, além de contragarantias exigidas pelo banqueiro
emissor.
Mesmo após a emissão, a carta de crédito pode sofrer alterações, chamadas de emendas, que
somente terão validade se forem aceitas por todas as partes intervenientes no crédito: banqueiro
emissor, banqueiro confirmador, tomador do crédito e beneficiário.
Intervenientes (mediadores) em uma carta de crédito de exportação:
- Banco emissor ou instituidor (issuing bank): responsável pela abertura do crédito no exterior em
favor do exportador e pela condução da operação, ou seja, é o banco que emite a carta de crédito
a pedido da importadora (no exemplo seria o City Bank, New York);
- Banco avisador (advising bank): banqueiro da praça do exportador, a quem cabe comunicar a
abertura do crédito ao exportador, mediante verificação preliminar da autenticidade do crédito
sob aviso, ou seja, o banco que avisa ao exportador a chegada da carta de crédito (no exemplo
seria o Banco do Brasil, Brasília);
- Importador (applicant): tomador do crédito (no exemplo seria a firma America Import Co.);
- Exportador (beneficiary): beneficiário da carta de crédito (no exemplo seria a firma Brasil
Exportadora S.A.);
- Banco negociador (negotiating bank): banqueiro responsável pelo pagamento ao exportador, ou
seja, é o banco que negocia a carta de crédito e paga ao exportador (no exemplo o Banco do Brasil
é avisador e negociador[2]);
Outros intervenientes:
- Banqueiro confirmador (confirming bank): banco que assume o compromisso de pagamento ao
beneficiário, incondicionalmente;
- Banqueiro reembolsador (reimbursement bank): banco responsável pelo pagamento do crédito
ao banqueiro negociador.
Informações importante: quando o importador solicita a emissão da carta de crédito, ele paga ao
banco instituidor, o custo total dela, que refere-se ao valor da importação e todas as despesas
bancárias. O banco instituidor poderá financiar o importador, que não pagará nada na abertura.
Neste caso, o banco instituidor realiza uma operação normal de financiamento bancário, exigindo
do importador as garantias usuais[3].
Em resumo, essa modalidade de pagamento pode ser definida como uma ordem de pagamento
condicional, emitida por um banco – a pedido do importador – em favor de um exportador, que
somente faz jus ao recebimento das divisas referentes a uma venda externa se cumprir todas as
exigências estipuladas na carta de crédito. Assim, o exportador tem o recebimento da venda
garantido por dois ou mais bancos e o importador a certeza de que só haverá o pagamento se suas
exigências forem cumpridas.
Equipe: Michelle Marcia Viana Martins, Tobias Moreira Ramos, Gabrielle Silva Cruz e Lívia Madeira
Triaca.

[1] O sacador (quem emite o título), expede uma ordem de pagamento ao sacado (pessoa que
deverá paga-la), que fica obrigado, havendo aceite, a pagar ao tomador (um credor específico), o
valor determinado no título.
[2] O Banco do Brasil foi avisador e negociador, no exemplo, porque ele recebeu a carta de crédito
e comunicou ao exportador a existência desse documento. Negociador porque a exportadora
(Brasil Exportadora S.A.) negoiou com ele a liquidação da carta de crédito. Porém, a exportadora
poderia negociar a carta de crédito com qualquer outro banco (Ex: Banco Itaú). Assim, o banco
avisador seria o Banco o Brasil, pois ele apenas comunica a chegada da carta de crédito e a entrega
ao banco negociador, indicado pelo exportador, que é o Banco Itaú, que recebe a carta de crédito
do Banco do Brasil e paga ao exportador depois de conferir toda a documentação.
[3] O banco cobrará os juros sobre o saldo devedor e as despesas bancárias.

Trânsito aduaneiro
Escrito por Equipe Comex Blog
Publicado: 10 Dezembro 2020
Última Atualização: 18 Fevereiro 2021

Imaginemos que você é dono de uma distribuidora de eletrodomésticos situada em Belo Horizonte
e que seus produtos (geladeiras, fogões, micro-ondas...) sejam importados. Esses equipamentos
entram no Brasil pelo Porto de Santos, que é o porto mais próximo de BH. Para proceder ao
despacho aduaneiro desses bens, você terá duas opções: i) fazer o despacho aduaneiro no próprio
Porto de Santos ou; ii) fazer o despacho aduaneiro em um porto seco [1] (que pode ser em BH).
Por razões logísticas, pode ser mais interessante que você realize o despacho aduaneiro em um
porto seco localizado mais próximo. Trazer as mercadorias para perto permitirá maior agilidade no
desembaraço aduaneiro, além disso, os custos de armazenagem de mercadorias em portos e
aeroportos (enquanto se espera o desembaraço aduaneiro) são mais elevados do que os custos de
armazenagem em um porto seco.
Para isso, é necessário, então, submetê-los ao regime aduaneiro especial de trânsito aduaneiro.
Assim, os bens serão transportados do Porto de Santos até o porto seco em Belo Horizonte, com
suspensão dos tributos incidentes sobre a operação de trânsito. Os tributos somente serão
recolhidos por ocasião do despacho para consumo, que será realizado no porto seco em BH.
O regime aduaneiro especial de trânsito aduaneiro permite o transporte de mercadoria, sob
controle aduaneiro, de um ponto a outro do território nacional, com suspensão do pagamento de
tributos. Para entender o regime de trânsito aduaneiro, é importante ter conhecimento de alguns
conceitos específicos: i) local de origem; ii) local de destino; iii) unidade de origem e; iv) unidade de
destino.
Voltando ao exemplo anterior, os eletrodomésticos chegaram ao Porto de Santos e lá foram
descarregados. Eles serão, então, transportados até o porto seco de BH. Nessa situação, o local de
origem do trânsito, isto é, o ponto inicial do itinerário, será o Porto de Santos. O local de destino
(ponto final do itinerário) será o porto seco de BH. A unidade de origem será a Unidade da Receita
Federal (URF) que possui jurisdição sobre o local de origem do trânsito. A unidade de destino será
a URF que jurisdiciona o local de destino do trânsito.
O regime de trânsito aduaneiro subsiste do local de origem ao local de destino e desde o momento
do desembaraço para trânsito aduaneiro pela unidade de origem até o momento em que a
unidade de destino conclui o trânsito aduaneiro. Em outras palavras, quando a mercadoria é
desembaraçada para trânsito pela unidade de origem, tem início o trânsito aduaneiro; a unidade
de destino, por sua vez, será responsável pela conclusão do trânsito aduaneiro. Vale ressaltar que
a regra da legislação aduaneira é a cobrança dos tributos incidentes no ato de importação, a
circulação em território nacional é livre. Logo, pelo conceito do regime especial de trânsito
aduaneiro, os impostos incidentes sobre a operação serão recolhidos no território aduaneiro de
destino.
Existem sete modalidades para o regime de trânsito aduaneiro, quais sejam:

1. Modalidade trânsito de importação: O transporte de mercadoria procedente do exterior, do


ponto de descarga no território aduaneiro até o ponto onde deva ocorrer outro despacho. A
mercadoria estrangeira é descarregada no Porto de Santos, sendo transportada de lá até um
porto seco em BH (onde ocorrerá o despacho);
2. Modalidade trânsito de exportação: O transporte de mercadoria nacional ou nacionalizada,
verificada ou despachada para exportação, do local de origem ao local de destino, para
embarque ou para armazenamento em área alfandegada para posterior embarque. A
mercadoria nacional ou nacionalizada é transportada a partir de um porto seco em BH (onde
sofreu despacho para exportação) até o Porto de Santos (onde embarcará para o exterior). O
trânsito de exportação poderá também ter início no próprio estabelecimento da empresa
exportadora, o que seria, logisticamente, a melhor situação.
3. Modalidade trânsito de reexportação: O transporte de mercadoria estrangeira despachada
para reexportação, do local de origem ao local de destino, para embarque ou armazenamento
em área alfandegada para posterior embarque. Aqui também temos um caso de “trânsito de
exportação”. A única diferença é que, nessa hipótese, a mercadoria é estrangeira (ela está no
Brasil, mas não foi nacionalizada). Logo, não cabe falar em “exportação”, mas sim em
“reexportação”.
4. Modalidade trânsito interno: O transporte de mercadoria estrangeira de um recinto
alfandegado situado na zona secundária a outro. A mercadoria estrangeira é transportada de
um porto seco (recinto alfandegado de zona secundária) para outro porto seco. Ex: mercadoria
transportada do porto seco de BH para o porto seco de Campinas.
5. Modalidade trânsito internacional: A passagem, pelo território aduaneiro, de mercadoria
procedente do exterior e a ele destinada. Seria o caso, por exemplo, em que uma mercadoria
procedente da Alemanha chega ao Porto de Santos, tendo como destino a Argentina. O
trânsito na modalidade de passagem só poderá ser aplicado à mercadoria declarada para
trânsito no conhecimento de carga correspondente, ou no manifesto ou declaração de efeito
equivalente do veículo que a transportou até o local de origem. Em outras palavras, só se
aplica o trânsito internacional quando no conhecimento de carga (documento que materializa
o contrato de frete) já estava previsto que a mercadoria se destinaria a outro país, isto é, que
só passaria pelo Brasil.
6. O transporte, pelo território aduaneiro, de mercadoria procedente do exterior, conduzida em
veículo em viagem internacional até o ponto em que se verificar a descarga. Aqui também
temos um caso de “trânsito de importação”. Nessa situação, um veículo procedente do
Uruguai leva mercadorias até um porto seco situado em Uberlândia, onde será feita a descarga
e o despacho aduaneiro.
7. O transporte, pelo território aduaneiro, de mercadoria estrangeira, nacional ou nacionalizada,
verificada ou despachada para reexportação ou para exportação e conduzida em veículo com
destino ao exterior. Aqui temos um “trânsito de exportação”. Nessa situação, um veículo parte
de Uberlândia com destino ao Uruguai levando mercadorias já despachadas para exportação
(mercadorias nacionais ou nacionalizadas) ou para reexportação (mercadorias estrangeiras).

Os beneficiários do trânsito aduaneiro, ou seja, as pessoas que podem solicitar o regime especial e
registrar a Declaração de Trânsito Aduaneiro (DTA), são:

1. no trânsito de importação: o importador


2. no trânsito de exportação: o exportador
3. no trânsito interno: o depositante da carga
4. no trânsito internacional: o representante, no País, de exportador estrangeiro ou importador
estrangeiro domiciliado no exterior.
5. em qualquer caso: i) o permissionário ou concessionário de recinto alfandegado (exceto no
trânsito internacional); ii) o operador de transporte multimodal (OTM), iii) o transportador e;
iv) o agente credenciado a efetuar operações de unitização ou desunitização de cargas em
recintos alfandegados.

Para que uma empresa possa transportar mercadorias em trânsito aduaneiro, é necessária sua
prévia habilitação perante a Receita Federal do Brasil. Assim, em regra, não é qualquer um que
poderá operar o regime de trânsito aduaneiro. somente aquelas credenciadas pela RFB. As
empresas interessadas nesse tipo de serviço precisarão habilitar-se na unidade de fiscalização
aduaneira, solicitando o cadastramento no sistema e apresentando o Termo de Responsabilidade
para Trânsito Aduaneiro (TRTA). A concessão da habilitação pela RFB é feita em caráter temporário
(por tempo determinado). Para a concessão ou renovação da habilitação, serão considerados
fatores direta ou indiretamente relacionados com os aspectos fiscais, a conveniência
administrativa, a situação econômico-financeira e a tradição da empresa transportadora.
Cabe destacar que algumas pessoas jurídicas não necessitam de habilitação prévia para operar o
regime de trânsito aduaneiro, por serem consideradas idôneas por natureza. São elas: i) empresas
públicas e sociedades de economia mista que explorem serviços de transporte e; ii) os outros
beneficiários do regime (habilitados no SISCOMEX), quando não sendo empresas transportadoras,
utilizarem veículos próprios. A RFB possui competência, ainda, para estabelecer outras hipóteses
de dispensa de habilitação prévia.
Quando uma carga chega no Porto de Santos e o importador quer levá-la a um porto seco
localizado em BH (onde será feito o desembaraço aduaneiro), ele deverá solicitar o regime de
trânsito aduaneiro. Mas como é feita a solicitação do regime de trânsito aduaneiro? A solicitação
da aplicação do regime é feita mediante requerimento à autoridade aduaneira competente
da unidade de origem (Unidade da Receita Federal do porto de Santos). Tal requerimento é
realizado por meio do SISCOMEX-Trânsito. O despacho para trânsito aduaneiro é, assim,
processado por meio de uma declaração para trânsito aduaneiro. O tipo de declaração a ser
utilizado dependerá de situações individuais e poderá ser:
- Declaração de Trânsito Aduaneiro (DTA);
- Manifesto Internacional de Carga (MIC);
- Manifesto Internacional de Carga - Declaração de Trânsito Aduaneiro (MIC-DTA);
- Conhecimento-Carta de Porte Internacional - Declaração de Trânsito Aduaneiro (TIF-DTA);
- Declaração de Trânsito de Transferência (DTT);
- Declaração de Trânsito de Contêiner (DTC).
A declaração de trânsito aduaneiro é a forma pela qual o interessado requer a concessão e a
aplicação do regime de trânsito aduaneiro à autoridade aduaneira. O registro da declaração para
trânsito aduaneiro no SISCOMEX caracteriza o início do despacho de trânsito aduaneiro e, ao
mesmo tempo, o fim da espontaneidade do beneficiário relativamente às informações prestadas.
Não é necessária a aplicação do regime de trânsito aduaneiro para a remoção de mercadorias de
uma área ou recinto para outro, situado na mesma zona primária. Se a mercadoria for deslocada
de um recinto alfandegado situado no Porto de Santos para outro recinto alfandegado também
localizado no Porto de Santos, não haverá necessidade de que se proceda ao despacho para
trânsito. Isso não quer dizer, todavia, que não podem existir controles especiais determinados pela
RFB em relação a essa carga.
Ao conceder o regime de trânsito aduaneiro, a autoridade aduaneira sob cuja jurisdição se
encontrar a mercadoria a ser transportada estabelecerá a rota a ser cumprida, fixará os prazos
para execução da operação e para comprovação da chegada da mercadoria ao destino e adotará
as cautelas julgadas necessárias à segurança fiscal. Quanto ao estabelecimento de rota e prazo
para conclusão do aduaneiro, estes poderão ser objeto de proposta do transportador ou do
beneficiário. Se essa proposta não for aceita pela unidade de origem dentro de 15 dias, ela será
automaticamente cancelada. Destaque-se que, mesmo havendo rota legal preestabelecida, poderá
ser aceita rota alternativa proposta por beneficiário. O trânsito por via rodoviária será feito
preferencialmente pelas vias principais, onde houver melhores condições de segurança e
policiamento, utilizando-se, sempre que possível, o percurso mais direto. Todos esses
procedimentos têm como objetivo promover a segurança fiscal, já que, durante todo o trajeto do
trânsito aduaneiro, os tributos estarão com a exigibilidade suspensa.
Para garantir a segurança da carga outras cautelas fiscais podem ser adotadas, entre elas, a
lacração (colocação de lacres), a sinetagem (colocação de símbolos nos lacres), a cintagem
(colocação de cintas nos volumes), a marcação (colocação de marcas nos volumes) e o
acompanhamento fiscal (designação de um veículo para acompanhar o trânsito aduaneiro).
Ressalte-se que o acompanhamento fiscal somente será realizado em casos excepcionais, em que,
por exemplo, o transportador seja reincidente em infrações à legislação aduaneira. Ainda sobre as
cautelas fiscais, cabe destacar que os dispositivos de segurança somente poderão ser rompidos ou
suprimidos na presença da fiscalização, salvo disposição normativa em contrário.
O ato final do despacho para trânsito é o desembaraço, que é quando a unidade da RFB de origem
efetivamente concede o regime de trânsito aduaneiro ao beneficiário. Nesse momento, em que se
encerra o despacho para trânsito, tem início o regime de trânsito aduaneiro. Após o AFRFB
registrar no Sistema a aplicação dos dispositivos de segurança, ocorrerá automaticamente o
desembaraço. Quando os dispositivos de segurança tiverem sido dispensados, o desembaraço
ocorrerá após o carregamento do veículo pelo transportador. No caso de transporte multimodal
de carga, na importação ou na exportação, quando o desembaraço não for realizado nos pontos
de entrada ou de saída do País, a concessão do regime de trânsito aduaneiro será considerada
válida para todos os percursos no território aduaneiro, independentemente de novas concessões.
Isso significa que, em se tratando de transporte multimodal, se for concedido o regime de trânsito
aduaneiro em um porto seco em BH, o regime será válido para qualquer tipo de percurso no
território aduaneiro.
Uma vez que as obrigações fiscais ficam suspensas em virtude da aplicação do regime , é
necessário que seja estabelecido um Termo de Responsabilidade, firmado na data do registro da
declaração de admissão no regime, que assegure sua eventual liquidação e cobrança. A
responsabilidade pelo cumprimento das obrigações fiscais suspensas em decorrência da aplicação
do regime de trânsito aduaneiro será formalizada em Termo de Responsabilidade para Trânsito
Aduaneiro (TRTA), com validade de três anos, firmado pelo transportador. Junto do Termo de
Responsabilidade, é necessária a prestação de garantia das obrigações fiscais suspensas. A garantia
poderá ser prestada na forma de depósito em dinheiro, fiança idônea ou seguro aduaneiro, a
critério do transportador. Há alguns casos especiais em que não se exige a prestação de garantia
como, por exemplo, quando o transportador possui patrimônio líquido superior a R$ 2.000.000,00
(dois milhões de reais).
O trânsito aduaneiro foi concedido pela RFB, os tributos suspensos ficaram consignados no Termo
de Responsabilidade e, ainda, foi apresentada uma garantia. Mas e se acontecer alguma coisa no
trajeto? De quem é a responsabilidade pelas mercadorias em trânsito aduaneiro? Nesse caso, o
transportador de mercadoria submetida ao regime possui responsabilidade exclusiva pelas
mercadorias em trânsito aduaneiro. Caso ocorra avaria, extravio ou alteração de mercadoria, a
RFB exigirá dele os tributos e multas cabíveis.
Se durante o trajeto referente ao trânsito aduaneiro, ocorrer outras situações possíveis, como a
chegada do veículo fora do prazo fixado pela RFB, violação de dispositivo de segurança, desvio da
rota autorizada, substituição do veículo transportador sem autorização da RFB. Cada uma das
infrações possíveis possui uma pontuação (como se fosse carteira de motorista). Ao atingir 20
pontos, o transportador sofrerá advertência; ao somar ou ultrapassar 40 pontos, o transportador
terá sua habilitação suspensa. Se o transportador não apresentar a mercadoria no local de destino,
na forma e no prazo previsto, ele ficará sujeito ao cumprimento das obrigações assumidas no
Termo de Responsabilidade.
E se no meio do trajeto o veículo que transportava a carga se envolver em um acidente de
trânsito? Nesse caso, ocorrerá a interrupção do trânsito aduaneiro, em razão da ocorrência de um
evento que impede o prosseguimento do trânsito e, ainda, que, muito provavelmente, provocou
avarias nas mercadorias transportadas. E o que deve fazer o transportador em caso da interrupção
do trânsito aduaneiro? Nesse caso, ele deverá comunicar o fato à unidade aduaneira que
jurisdiciona o local onde se encontrar o veículo, para que esta possa adotar as providências
cabíveis.
Em resumo, a utilização deste regime visa, basicamente, à facilitação da circulação de mercadorias
estrangeiras ou nacionais, destinadas à importação ou exportação, com o benefício da suspensão
do pagamento de tributos. O regime permite ao importador/exportador circular com bens
estrangeiros dentro do território brasileiro sem pagar impostos a mais por isso. É a opção de
deslocar-se com mercadorias de uma alfândega, por exemplo, um porto alfandegado para um
porto seco, onde o custo de armazenagem é menor e os serviços mais eficientes. A busca de locais
mais próximos das empresas importadoras com serviços à altura das necessidades do mercado e
por menores custos é uma livre decisão do operador do comércio internacional. O Estado somente
poderá vetar a operação se motivado por algum interesse público.
Equipe: Michelle Marcia Viana Martins, Tobias Moreira Ramos, Gabrielle Silva Cruz e Lívia Madeira
Triaca.
[1] Porto Seco é um recinto alfandegado de uso público situado, em regra, na zona secundária.
Recorde-se que existem os portos secos de fronteira, os quais estão situados em zona primária.

 Desembaraço e Despacho aduaneiro - Você sabe a diferença?



 Escrito por Equipe Comex Blog
 Publicado: 03 Dezembro 2020
 Última Atualização: 18 Fevereiro 2021

 Dois conceitos intrínsecos aos processos comerciais de fronteira dizem respeito ao despacho
aduaneiro e desembaraço aduaneiro. Ambos são frequentemente empregados como
sinônimos, mas trata-se de dois processos diferentes. Você sabe a diferença entre eles?
 Despacho de importação antecede o desembaraço. É o procedimento mediante o qual é
verificada a exatidão dos dados declarados pelo importador em relação à mercadoria
importada, aos documentos apresentados e à legislação específica, para, então, dar início ao
processo de desembaraço aduaneiro. O despacho aduaneiro de importação é processado com
base na Declaração de Importação (DI) processada no Siscomex. No entanto, existem exceções,
em razão da natureza da mercadoria, da operação e da qualidade do importador, em que o
despacho de importação é processado sem registro no Siscomex por meio de Declaração
Simplificada de Importação (DSI formulário).
 O despacho de importação poderá ser efetuado em zona primária ou em zona secundária.
Tem-se por iniciado o despacho de importação na data do registro da declaração de
importação. O registro da declaração de importação consiste em sua numeração pela RFB, por
meio do SISCOMEX.
 Após finalizada a conferência aduaneira, que inclui a verificação das informações comerciais,
financeiros, fiscais e cambiais, inicia-se o processo de desembaraço aduaneiro, que é o registro
da conclusão da conferência todas as etapas do despacho. Consiste em fazer a liberação dos
produtos junto à Receita Federal, por meio das alfândegas.
 Em suma, no ato da importação, todo produto que chega ao Brasil deve passar pelo processo
de desembaraço aduaneiro, que consiste no encerramento da verificação de regularidade da
mercadoria e sua liberação para ingressar em território nacional. Esses procedimentos
procedem do despacho aduaneiro, que consiste na verificação da concordância entre os dados
reportados pelo importador no Siscomex e os bens importados. O Despacho Aduaneiro é o
trabalho do despachante. Ou seja, é todo o trâmite burocrático de conferência dos produtos e
mercadorias. Um processo de conferência física e documental. O desembaraço é a liberação
literal dessa carga na alfândega, na fronteira.
 Outro equívoco conceitual ocorre quando a expressão “despacho para consumo” é usada como
sinônomo de “nacionalização da mercadoria”. A mercadoria a ser submetida a despacho para
consumo deve estar previamente nacionalizada, já que nacionalizar não é despachar para
consumo. Nacionalizar é transferir propriedade do exportador no exterior para o importador
no Brasil. No despacho para consumo o bem já está em propriedade do importador, satisfeitas
todas as exigências legais, estando ponto para o uso e consumo. O erro está em: despachar
para consumo para depois nacionalizar. O procedimento é o oposto, nacionalizar e depois
disponibilizar para consumo.
Regimes aduaneiros especiais - Drawback e admissão temporária

Escrito por Equipe Comex Blog


Publicado: 26 Novembro 2020
Última Atualização: 18 Fevereiro 2021

As mercadorias submetidas ao regime comum de importação são aquelas que entram a título
definitivo no país, ou seja, são nacionalizadas. Para tanto, haverá recolhimento tributário integral,
sendo as mercadorias despachadas para consumo. Seria o caso, por exemplo, de automóveis
importados por uma empresa que irá revendê-los no país.
Desse modo, quando uma mercadoria é comercializada no comércio exterior, a regra geral é que
deverá ocorrer a incidência tributária e a cobrança dos tributos devidos. No entanto, em algumas
situações especiais, por razões de ordem econômica, logística ou mesmo facilitação de comércio,
as mercadorias importadas ou exportadas podem fugir à regra geral, por serem isentas (ou
suspensas, no caso do drawback suspensão) do recolhimento tributário. Esses bens são
submetidos aos regimes aduaneiros especiais.
Importância econômica dos regimes aduaneiros especiais:

1. Desoneração de impostos na importação de bens estrangeiros destinados a industrialização de


produtos a serem exportados (maior competitividade do produto nacional no mercado
internacional);
2. O armazenamento de mercadorias estrangeiras, por prazo determinado, manutenção de
estoques estratégicos do importador e o pagamento de tributos por ocasião do despacho para
consumo (folga no fluxo de caixa do importador);
3. Realização de feiras e exposições comerciais;
4. Transporte de mercadorias estrangeiras com suspensão de impostos, entre locais sob controle
aduaneiro;
5. Permite a realização de eventos de natureza cultural, esportiva e científica, com a utilização de
bens estrangeiros (promovendo maior integração do País com o exterior).

Regimes Aduaneiros Especiais


Admissão Temporária Repetro Programa OEA (Antiga Linha Azul)
Exportação Temporária Reporto Depósito Especial
Trânsito aduaneiro Repex Depósito Afiançado
Loja Franca (Free Shop) Recof e Recof Sped Depósito Alfandegado Certificado
Entreposto Aduaneiro Drawback Depósito Franco
Na sequência, serão apresentados dois regimes aduaneiros especiais, sendo um dos mais usuais
na fronteira aduaneira Chui (BR) Chuy (UY).
Admissão Temporária
Vocês se lembram das Olimpíadas do Rio em 2016? Várias delegações se instalaram no Brasil
durante o período de realização dos jogos e trouxeram uma enorme parafernália, envolvendo
materiais esportivos e bagagem de atletas e técnicos. Lembram-se também do último show do
Roger Waters no Brasil? Para realizar o show, o cantor trouxe grande quantidade de material ao
país, como equipamentos de som e iluminação, estrutura e equipamentos de efeitos especiais.
Será que houve recolhimento tributário sobre os bens trazidos pelas delegações estrangeiras por
ocasião das Olimpíadas em 2016? E em relação ao material destinado ao show do Roger Waters?
Não! Nos dois casos, os bens foram submetidos ao regime de admissão temporária. Eles
permaneceram no Brasil durante um prazo determinado, com suspensão de tributos, regressando
obrigatoriamente ao exterior. Em ambos os casos as importações foram submetidas no regime
aduaneiro especial de Admissão Temporária, um dos regimes especiais com maior aplicação.
O objetivo do regime é favorecer a importação temporária de bens para atender interesses
nacionais (de ordem econômica, social, cultural, técnica, etc.) sem custos fiscais ou com baixos
custos, elevando o bem-estar social e/ou promover ganhos de natureza econômica.
- Importação para finalidade econômica: ocorre se o bem estrangeiro importado temporariamente
produzir bens ou for aplicado na prestação de serviços de atividades consideradas econômicas, ou
seja, tem-se à disposição do importador o ingresso de um bem estrangeiro que irá agregar algum
tipo de resultado econômico. Seria o caso, por exemplo, da admissão temporária de máquinas que
ingressam no País para serem utilizadas na prestação de um serviço de construção civil.
Os bens admitidos temporariamente para dar suporte a alguma atividade econômica estão
sujeitos aos pagamentos parciais dos tributos federais incidentes na importação, que será
proporcional ao tempo de permanência no território. O cálculo da proporcionalidade é feito
aplicando-se 1% ao mês sobre o montante dos tributos originalmente devidos, em conformidade
com o prazo de permanência do bem no país, com limite mínimo de seis (6) meses e máximo de
cem (100) meses. O exemplo abaixo apresenta o cálculo pelo aluguel de um bem importado pelo
regime de admissão temporária no período de seis meses.
Exemplo: Impostos a serem pagos no regime de Admissão Temporária
Valor dos tributos Pagamento proporcional Tributos
Tributos Federais
devidos (6%) suspensos
Imposto de Importação 14.000,00 840,00 13.160,00
IPI 8.000,00 480,00 7.520,00
PIS/PASEP - Importação 1.650,000 99,00 1.551,00
Cofins – Importação 7.600,00 456,00 7.144,00
Total 31.250,000 1.875,00 29.375,00
Em uma importação normal, seria desembolsado o valor total de R$31.250,00, mas com o regime
especial de admissão temporária na modalidade econômica seria pago proporcionalmente o
montante de R$1.875,00. A diferença de R$29.375,00 será discriminada no termo de
responsabilidade firmado na declaração de importação. A única condição básica legal é que o
Estado irá cobrar somente parte dos tributos a que teria direito se houvesse a importação
definitiva do bem estrangeiro. Se, futuramente, o beneficiário decidir ficar em caráter definitivo
com a mercadoria, ele poderá proceder ao despacho para consumo, efetuando a nacionalização.
Nesse caso, os tributos originalmente devidos deverão ser recolhidos deduzido o montante já
pago, ou seja, será necessário o pagamento de apenas R$29.375,00.
- Importação para finalidade não econômica: quando solicitada a importação de bens sob regime
de admissão temporária para práticas esportivas, culturais, artísticas, feiras comerciais, entre
outras formas de entretenimento; bens estrangeiros destinados a utilização em alguns serviços
específicos ou mesmo bens que servem como embalagens de produtos a serem exportados em
transportes internacionais. A suspensão dos tributos é total, a importação do bem beneficiará não
apenas o importador, mas a sociedade.
Admissão temporária para aperfeiçoamento passivo: Importação temporária no País de matéria-
prima ou do bem nacional que será beneficiado no exterior, com suspensão do pagamento de
tributos, de mercadorias estrangeiras ou desnacionalizadas, destinadas a operações de
aperfeiçoamento ativo e posterior reexportação.
As operações de aperfeiçoamento ativo incluem:

1. Operações de industrialização relativas ao beneficiamento, à montagem, à renovação, ao


recondicionamento, ao acondicionamento ou ao reacondicionamento aplicadas ao próprio
bem e;
2. Conserto, reparo ou restauração de bens estrangeiros, que devam retornar, modificados, ao
país de origem.

O Regulamento do IPI conceitua as operações de industrialização a que pode se submeter um bem


ao qual foi concedido o regime de admissão temporária para aperfeiçoamento ativo:

1. Beneficiamento: operação que importe em modificar, aperfeiçoar ou, de qualquer forma,


alterar o funcionamento, a utilização, o acabamento ou a aparência do bem. Ex: a colocação de
blindagem em um automóvel.
2. Montagem: operação que consiste na reunião de produtos, peças ou partes e de que resulte
um novo produto ou unidade autônoma, ainda que sob a mesma classificação fiscal.
3. Renovação ou recondicionamento: operação que, exercida sobre produto usado ou parte
remanescente de produto deteriorado ou inutilizado, renove ou restaure o produto para
utilização.
4. Acondicionamento ou Reacondicionamento: operação que altere a apresentação do produto
pela colocação de embalagem, ainda que em substituição da original, salvo quando destinada
apenas ao transporte.

Cabe destacar que a colocação de embalagens de transporte (como sacos e sacolas) não é
considerada operação de industrialização, não agregando valor a um produto. Conforme se pode
verificar, o regime de admissão temporária para aperfeiçoamento ativo engloba todos os tipos de
operação de industrialização, exceto a transformação. Essa é uma excessão muito impotante e
distingue do outro regime aduaneiro especial similar, o de exportação temporário para
aperfeiçoamento ativo. Nessa caso, a operação de transformação é difinida como uma operação
de industrialização que promove uma alteração substancial na natureza do produto, mudando,
inclusive, sua classificação fiscal. Assim, após submeter um produto a uma transformação, obtém-
se um novo produto.
A concessão do regime de admissão temporária para aperfeiçoamento ativo está sujeita aos
seguintes requisitos de admissibilidade:

1. As mercadorias devem ser de propriedade de pessoa sediada no exterior e admitidas sem


cobertura cambial.
2. O beneficiário do regime deve ser pessoa jurídica sediada no País.
3. A operação deve estar prevista em contrato de prestação de serviço.

Exemplificando, o regime de admissão temporária para aperfeiçoamento ativo será aplicável a


uma máquina estrangeira que entra no país a título temporário com o objetivo de ser consertada,
retornando posteriormente ao exterior. Por fim, cabe destacar que o regime de admissão
temporária para aperfeiçoamento ativo é regulado pelas normas gerais aplicáveis à admissão
temporária, naquilo que couber.
Drawback
Um dos maiores objetivos das políticas comerciais dos países é a obtenção de superávits
comerciais, o que é conquistado por meio de diversos mecanismos de incentivo à exportação.
Nesse sentindo, um dos mecanismos mais difundidos em nível mundial, para estimular as
exportações, é o drawback. A lógica do drawback está centrada na desoneração tributária aos
insumos que compõem o processo produtivo de produtos a serem, necessariamente, exportados.
O drawback se aplica em três modalidades diferentes: suspensão, isenção e restituição. A
competência para conceder o drawback nas modalidades de suspensão e isenção é da Secretaria
de Comércio Exterior (SECEX). Já a competência para conceder o drawback na modalidade
restituição é da Secretaria da Receita Federal do Brasil (SRFB).
Qual é a lógica do funcionamento do mecanismo de drawback? Imagine que uma indústria tenha o
plano de exportar automóveis. Para fabricar esses veículos, a indústria necessitará de diversos
insumos, tais como peças automotivas, rodas, pneus... Por meio do drawback suspensão, é
possível que a indústria importe todos esses insumos com suspensão dos tributos exigíveis.
Todavia, ao importar esses insumos com suspensão tributária, a indústria deve utilizá-los no
processo produtivo de um bem a ser exportado.
O drawback modalidade suspensão permite as empresas industriais exportadoras importar ou
adquirir matéria prima no mercado interno com suspensão dos tributos incidentes, quando estes
insumos são utilizados na industrialização de produto a ser exportado. Indicada para empresas que
possuem exportações consolidadas já que o benefício concedido no momento da compra de
matéria prima deve ser comprovado por meio de exportações dos produtos finais após o processo
de industrialização dentro de um prazo de 24 meses a partir da abertura do Ato Concessório. Os
impostos que a empresa beneficiária pode suspender em caso de importação são: Imposto de
Importação (II), Imposto sobre Produto Industrializado (IPI), PIS-Importação, Contribuição para o
Financiamento da Seguridade Social (Cofins-Importação) Imposto sobre Circulação de Mercadorias
e Serviços (ICMS).
Agora imagine que essa mesma indústria tenha importado todos esses insumos, recolhendo
integralmente os tributos sobre eles incidentes. Então, a indústria utiliza tais insumos na produção
de um veículo, o qual é por ela exportado. Percebam que ela poderia ter solicitado a suspensão de
tributos na importação dos insumos, mas não o fez. Logo, por meio do drawback isenção, a sua
próxima compra de insumos (em quantidade e qualidade equivalente aos utilizados na produção
do bem exportado) poderá ser isenta dos tributos exigíveis na importação. Trata-se, portanto, de
uma verdadeira “reposição de estoque”. São consideradas equivalentes a mercadoria nacional ou
estrangeira da mesma espécie, qualidade e quantidade, daquela anteriormente adquirida no
mercado interno ou importada sem fruição dos benefícios típicos do drawback.
Para pleitear um Ato Concessório (AC) de Drawback na modalidade Isenção, é necessário que a
empresa já tenha realizado importações, com o recolhimento de tributos de matérias primas que
foram empenhadas em produtos efetivamente exportados no período de 24 meses prévios à
solicitação do AC. A efetiva exportação destes produtos finais permite que as indústrias se isentem
do pagamento de tributos na aquisição de novos insumos para reposição de estoque desde que na
quantidade e qualidade equivalentes aos utilizados nos produtos exportados anteriormente.
Dentre os impostos que a empresa beneficiária do AC pode se isentar estão o II, IPI, PIS-
Importação e Cofins-Importação (o ICMS não entra!).
Pode ser, ainda, que a indústria automotiva não queira comprar mais insumos. Nesse caso, como
ela importou insumos pagando tributos e os utilizou no processo produtivo de um produto que foi
exportado, ela poderá pleitear o drawback restituição junto à RFB. Por meio do drawback
restituição, a empresa irá obter restituição total ou parcial dos tributos pagos na importação dos
insumos utilizados na produção de bens já exportados. A restituição do valor correspondente aos
tributos poderá ser feita mediante crédito fiscal, a ser utilizado em qualquer importação posterior.
A aplicação desse regime contribui para elevar o poder competitivo à indústria nacional, ao
extinguir os tributos reduz-se os custos do produto final exportado, reduzindo, por consequência
seu preço no mercado internacional. Se os custos fiscais da importação somam-se aos demais
custos industriais, logo, ao preço do produto final será somado o valor do tributo, encarecendo-o,
tornando-o menos competitivo diante dos preços dos concorrentes internacionais. O drawback é
um estímulo à exportação e é concedido à empresa industrial ou comercial. O saldo de moeda
estrangeira tende a ser maior, visto que haverá maior ingresso da mesma em território nacional
em relação à sua saída quando necessária a compra dos insumos industriais estrangeiros.
O regime de drawback poderá ser concedido a quaisquer operações de industrialização
(transformação, beneficiamento, montagem, recondicionamento, acondicionamento e
reacondicionamento). Não se consideram operações de industrialização e, portanto, não podem
ser objeto de drawback, a colocação de embalagens de transporte.
O regime drawback pode ser concedido a:

1. Mercadoria para beneficiamento no país e posterior exportação;


2. Matéria-prima, produto semielaborado ou acabado, utilizados na fabricação de mercadorias
exportadas (modalidade isenção) ou a exportar (modalidade suspensão);
3. Peça, parte, aparelho e máquina complementar de aparelho, máquina, veículo ou de
equipamento exportado (modalidade isenção) ou a exportar (modalidade suspensão);
4. Mercadoria destinada à embalagem, acondicionamento ou apresentação de produto exportado
(modalidade isenção) ou a exportar (modalidade suspensão), desde que comprovadamente
agregue valor ao produto final;
5. Animais destinados ao abate e posterior exportação;
6. Matéria-prima e outros produtos que, embora não integrando o produto a exportar
(modalidade suspensão) ou exportado (modalidade isenção), sejam utilizados em sua
industrialização, em condições que justifiquem a concessão;
7. Matéria-prima e outros produtos utilizados no cultivo de produtos agrícolas ou na criação de
animais a serem exportados, tais como frutas, algodão não cordado, nem penteado, camarões,
carnes, miudezas comestíveis de frango e de suínos.

Os atos concessórios de drawback serão analisados no prazo máximo de 30 dias, contados a partir
da data de registro no SISCOMEX. Tal regra vale tanto para a modalidade de suspensão quanto
para a modalidade de isenção. Os atos concessórios de drawback poderão ser deferidos, a critério
da Secretaria de Comércio Exterior, levando-se em conta a agregação de valor e o resultado da
operação. A concessão do regime de drawback poderá ser condicionada à prestação de garantia,
limitada ao valor dos tributos suspensos de pagamento, a qual será reduzida à medida que forem
comprovadas as exportações.

Operador OEA - Desburocratizando processos

O Operador Econômico Autorizado ou Programa OEA trata-se de uma parceria entre empresa e
Receita Federal, em que é concedida à primeira o certificado de operador de baixo risco. Após
comprovar o cumprimento dos critérios e requisitos do Programa, a instituição, que passa a ter um
“status” de confiável, será beneficiada pela maior agilidade e previsibilidade de suas cargas nos
fluxos do comércio internacional. Por conseguinte, o Programa OEA é associado ao antigo regime
de Linha Azul, denominado Despacho Aduaneiro Expresso.
A empresa habilitada terá suas operações de comércio exterior dinamizadas, reduzindo
sensivelmente os custos dos procedimentos aduaneiros. Entre o conjunto de facilidades advindas
dessa concessão, a principal é o direcionamento, preferencial, das mercadorias de importação,
exportação e trânsito aduaneiro, para o canal verde de verificação e tratamento de despacho
aduaneiro expresso. Lembrando que o canal verde é um dos canais de parametrização, que
consiste no processo de verificação das mercadorias. Diferente dos demais canais, o canal verde
permite que as mercadorias sejam liberadas sem a realização do exame documental ou da
verificação física da mercadoria e do exame preliminar.
À habilitação prévia e voluntária das empresas em operar no Programa OEA é atribuída um melhor
controle nos processos administrativos de comércio, na medida em que elas se obrigam a
demonstrar a qualidade dos seus controles internos, a garantir o cumprimento das suas
obrigações aduaneiras, tributárias, documentais e cadastrais e, ainda, permitir o seu
monitoramento permanente por parte da fiscalização aduaneira. Em outras palavras, uma vez que
a empresa é habilitada, esta se compromete a seguir as boas práticas de comércio e tem um tipo
de “passe livre” nas alfândegas, tendo atendimento preferencial no desembaraço de mercadorias
e tornando seu processo de importação e exportação mais célere.
O regime introduz não só uma nova abordagem no gerenciamento do cumprimento voluntário da
legislação, mas também uma maneira mais eficiente e eficaz no relacionamento da Aduana com os
exportadores e importadores que demonstram sua capacidade de prover a administração
tributária com informações precisas e oportunas e sejam avaliadas como de baixo risco para o
controle aduaneiro.
Benefícios
Para os importadores habilitados, os principais benefícios são:
- Cargas submetidas a tratamento de "armazenamento prioritário" ou "carga não destinada a
armazenamento", dependendo da unidade de desembaraço da mercadoria;
- Cargas desembaraçadas para trânsito, consumo ou admissão em regimes aduaneiros com o
mínimo de intervenção da fiscalização aduaneira e em caráter prioritário;
- Conferência aduaneira das cargas selecionadas realizada em caráter prioritário.
Para os exportadores, os principais benefícios são:
- Cargas desembaraçadas para embarque ao exterior ou para trânsito – inclusive nos despachos
realizados em recinto não alfandegado – com o mínimo de intervenção da fiscalização aduaneira e
em caráter prioritário;
- Conferência aduaneira das cargas selecionadas realizada em caráter prioritário.
Processo de habilitação
A empresa que se encontrava habilitada ao Despacho Aduaneiro Expresso (Linha Azul), de que
trata a Instrução Normativa SRF nº 476 de 13 de dezembro de 2004, poderia manifestar interesse
em se tornar um Operador Econômico Autorizado, podendo ser certificada provisoriamente como
OEA-C Nível 1, com manutenção dos benefícios utilizados como empresa habilitada à Linha Azul.
O primeiro passo para se habilitar ao regime é ler as informações constantes da Instrução
Normativa SRF nº 476/04 e avaliar se, atualmente, o Programa Brasileiro de OEA se aplica à
empresa e as suas operações comerciais. É importante também a leitura atenta do Ato Declatório
Executivo Coana nº 06/05. Se, após a leitura dessa legislação, permanecer o interesse em se
habilitar a operar no Programa Brasileiro de OEA, a empresa deverá:
- Providenciar a regularização de eventuais pendências junto aos órgãos competentes ou termo de
compromisso e cronograma de regularização, se for o caso;
- Elaborar relatório de auditoria que avalize que os controles internos da empresa garantem o
cumprimento regular de suas obrigações cadastrais, documentais, tributárias e aduaneiras;
- Protocolar requerimento de habilitação ao Programa Brasileiro de OEA na unidade da SRF com
jurisdição, para fins de fiscalização dos tributos incidentes no comércio exterior, sobre o domicílio
da matriz da pessoa jurídica requerente, acompanhado dos documentos e informações exigidos.
- A empresa habilitada ao Programa Brasileiro de OEA será submetida a monitoramento regular do
cumprimento de suas obrigações tributárias e aduaneiras. Ela deverá manter, permanentemente,
as condições de habilitação ao regime e, entre outros, garantir o acesso direto e irrestrito da
fiscalização aos seus sistemas informatizados de controle.
- A cada dois anos, a empresa deverá providenciar nova auditoria que demonstre a manutenção da
qualidade de seus controles internos.
A RFB formulou um Guia de Implementação dos Requisitos OEA para facilitar a adesão da empresa
que pretende habilitar-se.

Documentos necessários para a empresa que deseja exportar


Conheça os documentos que podem ser necessários - da fase inicial de negociação até a venda e a
entrega, no Brasil e no exterior.

A lista de documentos está dividida em três momentos: a fase de negociação; a fase da remessa e
entrega; e os itens necessários no Brasil. Na fase de negociação com o potencial importador o
documento é a fatura proforma.
Fatura Proforma ou Proforma Invoice

A fatura Proforma dá início à negociação. Logo após os primeiros contatos e manifestada a intenção de
realização de uma operação comercial, o exportador emite para o importador uma proforma invoice
para que este providencie a Licença de Importação, dentre outras providências.

Este documento é o modelo de contrato mais frequente, formaliza e confirma a negociação, desde que
devolvido ao exportador contendo o aceite do importador para as especificações contidas.

É similar à fatura comercial (definitiva), porém com características de um orçamento, ou seja, não gera
obrigação de pagamento por parte do comprador. Deve ser emitida no idioma do país importador ou
em inglês.

Embarque e remessa
Fatura Comercial ou Commercial Invoice
É o documento internacional emitido pelo exportador que, no âmbito externo, equivale à Nota Fiscal.
Sua validade começa a partir da saída da mercadoria do território nacional. A Fatura Comercial é
imprescindível para o importador desembaraçar a mercadoria em seu país. É um dos principais
documentos exigidos pela maioria das autoridades alfandegárias de todo o mundo para liberar
remessas e/ou embarques.

É um documento de caráter legal e está sujeito à lei internacional, além de ser um instrumento
fundamental entre o exportador e importador, já que serve como registro da transação comercial
realizada entre ambas as partes. Deve ser emitida no idioma do país importador ou em inglês.
Romaneio ou Packing List

Documento emitido pelo exportador para o embarque de mercadorias que se encontram


acondicionadas em um ou mais volumes e que contenham variados tipos de produtos. É necessário
para o desembaraço da mercadoria e para a orientação do importador quando da chegada dos
produtos no país de destino. O Romaneio nada mais é do que uma simples lista relacionando
detalhadamente os volumes a serem embarcados e seus respectivos conteúdos.
Conhecimento de Embarque

Documento emitido pela companhia transportadora que atesta o recebimento da carga, as condições
de transporte e a obrigação de entrega das mercadorias ao destinatário legal no ponto de destino pré-
estabelecido, conferindo a posse das mercadorias.

É, ao mesmo tempo, um recibo de mercadorias, um contrato de entrega e um documento de


propriedade, constituindo assim um título de crédito. Este documento recebe denominações de
acordo com o meio de transporte utilizado:
 Conhecimento de Embarque Marítimo;
 Conhecimento de Embarque Aéreo;
 Conhecimento de Transporte Rodoviário;
 Conhecimento de Transporte Ferroviário.
Certificado de Origem

É o documento providenciado pelo exportador e utilizado pelo importador para comprovação da


origem da mercadoria e habilitação à isenção ou redução do imposto de importação, em decorrência
de disposições previstas em acordos comerciais ou do cumprimento de exigências impostas pela
legislação do país de destino.

No caso das exportações destinadas aos países da Aladi e do Mercosul e ainda daquelas processadas
no âmbito do SGPC, os Certificados de Origem são emitidos pelas federações estaduais de indústria e
pelas federações estaduais de comércio. No caso das exportações realizadas no âmbito do SGP, os
certificados são fornecidos pelas agências credenciadas do Banco do Brasil que operam com comércio
exterior.

A emissão do Certificado de Origem é necessária em cada operação de exportação efetuada. Cada


certificado está estritamente vinculado a uma Fatura Comercial. Sendo assim, se um exportador emitir
três faturas, deverá providenciar a emissão de três certificados, mesmo que todas as faturas sejam
destinadas ao mesmo importador. Os exportadores devem fornecer previamente às entidades
emissoras credenciadas informações que permitam a correta emissão do documento.
Peculiaridades:
1. Os Certificados de Origem do Mercosul e da Aladi têm validade de 180 dias, a contar da data de
emissão pela entidade emissora.
2. Os certificados para as operações no âmbito do Mercosul só podem ser emitidos até o prazo
máximo de 10 dias úteis, contados da data de embarque da mercadoria.
3. A exigência de certificados pelos importadores pode ocorrer em situações nas quais não há
previsão de isenção ou redução do Imposto de Importação. A exigência de certificados pode
estar vinculada a exigências administrativas, sanitárias etc.
Certificado ou Apólice de Seguro de Transporte

Documento necessário quando a condição de venda envolve a contratação de seguro da mercadoria,


por exemplo, no Incoterm CIF. Deve ser providenciado junto à companhia seguradora antes do
embarque da mercadoria.
Carta de Crédito

Nas operações realizadas sob esta modalidade de pagamento, o original deste documento é
imprescindível para que o exportador possa concretizar a negociação da operação junto ao banco. Ela
deve ser providenciada pelo importador e emitida por um banco de sua livre escolha, em favor do
exportador, estabelecendo todas as condições negociadas entre importador e exportador.

Ao receber a carta de crédito, o exportador deve buscar obter mais informações sobre o Banco
emissor da carta de crédito, podendo também solicitar a sua confirmação através de um banco
brasileiro. Se o Banco escolhido pelo importador não tiver credibilidade no mercado, o exportador
pode recusar a carta de crédito, mas isso deve ser feito antes do embarque.

Necessários no Brasil

Estes são documentos internos, com validade para as leis e território brasileiro, para embarque,
cobrança e registro junto aos órgãos intervenientes do comércio exterior brasileiro.
Registro de Exportação

Documento eletrônico emitido e preenchido no Siscomex (Sistema Integrado de Comércio Exterior),


diretamente pelo próprio exportador ou pelo seu representante legal. Tem a finalidade de registrar a
operação para fins dos controles governamentais nas áreas comercial, fiscal, cambial e aduaneira.
Nota Fiscal

Depois de aprovado o Registro de Exportação - RE, o próximo passo é a emissão da Nota Fiscal, que
deve acompanhar a mercadoria desde a saída do estabelecimento até a efetiva liberação junto à
Receita Federal do Brasil (RFB). Ela precisa acompanhar o produto somente no trânsito interno.
Comprovante de Exportação (CE)

É o documento oficial emitido pela Receita Federal do Brasil que comprova o efetivo embarque da
mercadoria. O CE consubstancia a operação de exportação e tem força legal para fins administrativos,
cambiais e fiscais. No caso especial de envio para o exterior de bagagens, encomendas, donativos e
amostra sem valor comercial, até o limite de US$ 5 mil, o RE é dispensado e substituído pelo Despacho
Sumário, registrado pelo servidor da RFB.
Contrato de Câmbio
Documento informatizado para coleta de informações, emitido pelo banco negociador de câmbio e
que formaliza a troca de divisa estrangeira por moeda nacional.
Contrato de Câmbio de Compra - Tipo 01

Documento que formaliza a troca de divisa estrangeira por moeda nacional. No âmbito externo,
equivale à Nota Fiscal e tem validade a partir da data de saída da mercadoria do território nacional.
Este documento é imprescindível para o importador liberar a mercadoria no país de destino.

Regras de origem e acordos comerciais

Todo Acordo Preferencial de Comércio (APC) deve constar especificações acerca das Regras de
Origem, incluindo a maneira pela qual a origem será comprovada; procedimentos de verificação e
controle dessas regras. A esse conjunto, dá-se o nome de Regime de Origem. Todas essas
informações constam como Anexos dos APC, em que as mercadorias importadas por países
parceiros que participam do acordo têm acesso às mercadorias importadas com tratamento
tarifário preferencial.
Quem emite este documento no processo de importação é o exportador. O importador o utiliza
para a comprovação de origem do material que está adquirindo e ainda pode conseguir descontos
em determinados tributos referentes a ele. Um novo certificado deve ser emitido a cada
importação e o importador precisa se certificar de que há um para cada fatura comercial. Se uma
importação contém quatro faturas, por exemplo, cada uma deverá ter seu próprio certificado.
Um dos objetivos das regras de origem é evitar a triangulação comercial, que consiste em
beneficiar de forma fraudulenta aqueles que não cumprem os critérios e as condições definidoras
de origem. Ou seja, se o Brasil tem acordo comercial com Mercosul, apenas os produtos
necessariamente originados dos países membros são beneficiados pela isenção tributária. Se um
país terceiro fornece um produto a um dos membros do Mercosul e esse, por sua vez, transfere o
bem ao Brasil, esse produto não gozará dos benefícios fiscais. A triangulação consiste nesse
movimento.
Regras de Origem Preferenciais
São exigências produtivas negociadas entre as partes signatárias de acordos preferenciais que
deverão ser cumpridas para que uma determinada mercadoria possa receber tratamento tarifário
preferencial. As Regas de Origem preferenciais também podem facilitar a inserção dos países em
desenvolvimento na economia internacional. Neste caso, o sistema é unilateral, ou seja, as
preferências comerciais são concedidas sem reciprocidade, como por exemplo nos Sistemas Gerais
de Preferência (SGP).
Dependendo do APC, pode haver um conjunto mínimo de informações que a declaração de origem
deve conter (por exemplo, comprovar que todos os insumos produtivos são oriundos do parceiro
comercial). Alguns acordos podem prever a possibilidade de a prova de origem cobrir um
determinado período e não apenas uma operação, assim como hipóteses em que pode ser
dispensada a assinatura da prova de origem para alguns operadores cadastrados. Em alguns casos
excepcionais, pode até mesmo ser dispensada a prova de origem em razão, por exemplo, do baixo
valor da mercadoria. Na dúvida, consultar o correspondente texto do acordo comercial para se
certificar de como deve ser comprovada a origem.
Normalmente, há dois tipos de mercadorias cujas origens são consideradas nos ACP: os bens
totalmente produzidos em um ou mais países-membros (que não possuem insumos importados –
extra zona); e os bens que utilizam algum tipo de insumo importado e que cumprem com o acordo
comercial. Desta forma, são determinados quais insumos e/ou processos de transformação
sofridos pelas matérias-primas não-originários podem ser utilizados para que a mercadoria final
alcance a condição de originária. Para estes, existem 4 regras gerais: salto tarifário (transformação
substancial), valor de conteúdo regional, requisitos produtivos e critérios de minimis.
Salto tarifário: é aplicado quando mercadorias elaboradas com materiais não originários, mas
empregadas em processos de transformação no território da parte signatária do APC, confira ao
produto uma nova individualidade, ou seja, resulte em um produto com diferente nomenclatura
fiscal em relação à matéria prima. Posto de outra forma, esse critério determina que, para a
mercadoria ser considerada originária, deve estar em uma classificação tarifária distinta daquelas
dos insumos não-originários;
Valor do conteúdo regional: define a origem da mercadoria com base na participação dos insumos
dos países membros no valor agregado da mercadoria final. A diferença desse critério e do critério
de salto tarifário é que este procura estabelecer a participação dos processos realizados no
território dos países-membros sobre o valor final da mercadoria. Exemplo: Um produto exportado
da Argentina para o Brasil terá o benefício da Regra de Origem sob o critério de valor do conteúdo
regional se os insumos não originários não exceder 40% do valor FOB de exportação da mercadoria
final.
Requisitos produtivos: especifica certos processos produtivos a serem, obrigatoriamente,
efetuados no território de um país membro, para que a mercadoria produzida seja considerada
originária. Exemplo hipotético: para a importação de carros brasileiros para a Argentina, as Regras
de Origem do Mercosul exigem que os processos de pintura de lataria, montagem e as atividades
de engenharia referentes ao desenvolvimento e adaptação do produto à sua fabricação e testes
(ensaios) de aceitação operacional, sejam realizados no Brasil.
Critérios de minimis: estabelece um percentual limite de valor que determinado insumo não
originário pode representar dentro do valor ajustado da mercadoria, quando a mercadoria não
originária é oriunda da mesma classificação tarifária. Exemplo: o Regime de Origem do Mercosul,
estabelece que para ser considerado originário, o produto “creme de leite, quando utilizar o
insumo leite não-originários em sua produção, não deverá exceder sete por cento do valor da
mercadoria, ajustado sobre a base FOB.

Uma vez cumprindo qualquer uma das regras, a mercadoria é considerada parte do acordo e assim
haverá uma certificação de origem. A certificação caracteriza e esclarece a real origem e
procedência das mercadorias importadas. No Brasil, existem federações habilitadas para a emissão
do mesmo através do representante legal do exportador. De posse desse documento a cada
importação, o importador pode beneficiar da suspensão dos tributos previstos no acordo e assim
obter uma significativa redução de custo.
Como também, caso o Brasil faça uma importação de um país membro do Mercosul de posse da
certificação de origem, nesse caso, nomeada Certificado de Origem Mercosul, o imposto de
importação ficará suspenso mediante a comprovação da origem da mercadoria. As mercadorias
comercializadas intrabloco são identificadas pelo sistema informatizado de comércio exterior do
Estado Parte (no Brasil, pelo Siscomex) mediante a geração de um código alfanumérico,
denominado "Certificado de Cumprimento do Regime de Origem Mercosul" (CCROM). As
mercadorias importadas sob o amparo do CCROM podem circular livremente no bloco, sem o
pagamento de imposto de importação. Consequentemente, a mercadoria importada que estiver
amparada por um CCROM gerado em outro Estado Parte do Mercosul pode ser importada pelo
Brasil com o tratamento de mercadoria originária do Mercosul, sem o amparo de um certificado
de origem, desde que na adição da DI esteja informado o correspondente CCROM gerado na
primeira importação e seja mantida sua classificação fiscal originária.
Regras de Origem Não Preferenciais
Compõem um conjunto de leis, regulamentos e determinações administrativas de aplicação geral,
utilizados pelas economias para a definição do país de origem das mercadorias, desde que não
relacionados a regimes comerciais contratuais ou autônomos que prevejam a concessão de
preferências tarifárias. Esta categoria abrange todas as regras de origem utilizadas em
instrumentos não-preferenciais de política comercial, tais como: tratamento de nação mais
favorecida, medidas de defesa comercial, restrições quantitativas discriminatórias ou quotas
tarifárias, estatísticas e compras do setor público, entre outros. Essas normas são estabelecidas
pelo país importador. Por isso, o Ministério da Economia, onde é vinculado o antigo MDIC, não é
autoridade responsável nem credencia entidades para emissão de certificados de origem não-
preferenciais.
Regras de Origem como Barreiras Não Tarifárias
O excesso de formalidades para o processo de liberação do produto, se resultarem em indevidas
demoras aduaneiras que podem elevar os custos de importação, pode ser considerado Barreiras
Não Tarifárias (BNT). Tais formalidades podem incluir exigências de licenciamento e controles
sanitários e fitossanitários além das próprias certificações de origem.

Informações aduaneiras: Comprovante de importação, valoração aduaneira e tributação

Recapitulando – Processo de importação: O importador cadastrado, autoriza o embarque da


mercadoria após contratação do seguro e do frete. No caso das mercadorias com licenciamento
automático, após a emissão da LI. Uma vez embarcada a mercadoria, o exportador deverá remeter
ao importador os documentos necessários ao desembaraço e à liberação da mesma pela aduana
brasileira (dossiê eletrônico). São eles: fatura comercial, conhecimento de embarque e outros
documentos exigidos pelas autoridades brasileiras. Após a chegada dos documentos originais, o
importador processa a liberação da mercadoria com a preparação da Declaração de Importação
(Dl) e o pagamento dos tributos Federais, Impostos de Importação (II), Impostos sobre Produtos
Industrializados (lPl), das despesas de transporte e recolhimento do ICMS através de débito em
conta corrente do importador (a seguir, é explicado como se dá o cálculo dos tributos referentes à
importação). O Despacho Aduaneiro, que trata do processo de verificação dos dados declarados
pelo importador em relação à mercadoria importada (dados comerciais, financeiros, fiscais,
cambiais, entre outros) é trabalho do despachante. Ou seja, é ele quem se responsabiliza por todo
o trâmite burocrático que respalda a conferência dos produtos e mercadorias pelo agente
aduaneiro. Na sequência, registra a DI através do SISCOMEX Importação e entrega o extrato da DI
e demais documentos na alfândega.
Após a chegada da mercadoria em território nacional, a DI será submetida ao procedimento de
parametrização pelo SISCOMEX, lembrando que a parametrização é um procedimento de controle.
A análise da alfândega dependerá do canal atribuído para o despacho aduaneiro, sendo
randomicamente escolhidos para os processos, em horários pré-definidos nos portos e aeroportos,
podendo ser o canal verde, amarelo, vermelho ou cinza. Após a verificação dos dados da DI com as
mercadorias, ao constatar que não houve irregularidades, é autorizado o desembaraço
aduaneiro, que consiste na liberação dos produtos junto à Receita Federal, onde é emitida uma
nota fiscal de entrada ao país, denominado comprovante de importação. O processo de
desembaraço compreende, no máximo, 8 dias.
Comprovante de importação: Assim que for registrado o desembaraço aduaneiro no Siscomex
será entregue ao importador o Comprovante de Importação, que comprova a regularidade da
mercadoria no país. Em seguida, o procedimento será concluído com o importador apresentando o
documento de conhecimento de carga, o comprovante de pagamento da taxa do Departamento
de Marinha Mercante (nos casos de transporte marítimo) e o comprovante do pagamento do
imposto sobre circulação de mercadorias e serviços (ICMS). Nesse momento, a mercadoria poderá
ser entregue ao importador. Lembrando que mercadorias que sejam consideradas, pelos órgãos
competentes, nocivas à saúde, ao meio ambiente ou à segurança pública, ou que descumpram
controles sanitários, fitossanitários ou zoossanitários, são obrigatoriamente devolvidas ao exterior
ou destruídas (conforme permitido pela legislação).
Valor Aduaneiro: O pagamento de tributos incidentes sobre produtos importados é dividido em
dois blocos: tributos estaduais (que inclui o ICMS, com alíquota que pode variar em cada estado) e
os tributos federais (II, IPI, PIS-Importação, COFINS-Importação). Para todos os casos, os impostos
cobrados na importação dependem do tratamento tributário determinado na Nomenclatura
Comum do Mercosul (NCM) do produto. A base de cálculo para os impostos de importação é
baseada no Valor Aduaneiro, que contempla todos os pagamentos efetuados ou a efetuar
relacionados a operação, ou seja, é a soma do valor pago pela mercadoria, mais os seguros
internacionais e os custos logísticos (frete).
A apuração do Valor Aduaneiro é previsto internacionalmente no Acordo de Valoração Aduaneira,
também chamado de AVA-GATT (Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio – OMC), cuja finalidade é
evitar a competição desleal entre produtos nacionais e importados e indicando uma base comum
entre os países para o cálculo dos tributos. Existem seis métodos de valoração aduaneira, o
primeiro método é o preferencial (conforme sugerido pelo GATT) e o mais utilizado no Brasil, onde
o Valor Aduaneiro é determinado pelo custo de transação, ou seja, aquele aplicado efetivamente
no valor pago (ou a pagar) pelas mercadorias importadas. Todos os métodos são descritos
brevemente abaixo:
- Método do valor da transação, que consiste no preço que o importador paga pela mercadoria;
- Método do valor de transação de mercadorias idênticas;
- Método do valor de transação de mercadorias similares;
- Método do valor de revenda;
- Método do custo de produção;
- Método pelo critério da razoabilidade.
Conforme a Receita Federal Brasileira, o Valor Aduaneiro sugerido pelo GATT trata-se de um
sistema de fiscalização de preços sobre documentos fiscais, nos quais estão dispostas
informações relacionadas ao método de valoração, acréscimos, deduções e informações
complementares para composição do Valor Aduaneiro para a base de cálculo do imposto de
importação. No cômputo do Valor Aduaneiro incluem todos os pagamentos efetuados como
condição da venda dos produtos, bem como todo pagamento indireto, mesmo que não conste na
fatura comercial apresentada à autoridade aduaneira (Gastos relativos à carga, à descarga e ao
manuseio). Outro ponto destacado pela RFB é que o Imposto de Importação (II) é calculado pela
aplicação das alíquotas fixadas na Tarifa Externa Comum do Mercosul (TEC) sobre o valor
aduaneiro.
A base de cálculo do II, PIS e Cofins é o valor aduaneiro diretamente, para tanto, basta aplicar a
alíquota. O IPI tem como base o valor aduaneiro somado ao II (VA+II). Para o ICMS, é agregada
toda a cadeia de despesa até o desembaraço aduaneiro.
Em síntese:
Vale ressaltar que nem sempre os impostos compõem os maiores custos na importação, mas as
taxas portuárias e aeroportuárias, que incluem armazenamento, carga e descarga.

Processos administrativos e desembaraço aduaneiro

Escrito por Equipe Comex Blog


Publicado: 21 Outubro 2020
Última Atualização: 18 Fevereiro 2021

Texto de autoria da aluna Gabrielle Silva Cruz, 3º semestre do curso de Comércio Exterior - FURG

A nacionalização de uma mercadoria consiste na sua transferência do país de origem para o país
de destino, documentada pela Declaração de Importação (DI), que é formalizada e solicitada pelo
importador com o deferimento da Licença de Importação (LI) pelo órgão anuente responsável.
Alguns produtos são dispensados do regime de licença para importação.
Em um exemplo hipotético, considera-se a importação do óleo de citronela, empregado como
insumo na indústria de cosméticos. Abaixo, estão listados o passo a passo do processo, mas antes,
é preciso lembrar que o importador precisa estar cadastrado no Ambiente de Registro e
Rastreamento de Atuação dos Intervenientes Aduaneiros (RADAR) da Receita Federal Brasileira.
Passo 1: Antes de solicitar a importação do óleo de citronela é necessário verificar a classificação
fiscal do produto e o seu respectivo tratamento administrativo. A partir daí, verifica-se se sua
entrada é permitida no Brasil ou se há alguma exigência relacionada a sua importação – por
exemplo, exigência sanitária ou fitossanitária. Essas informações podem ser verificadas junto ao
órgão anuente. No caso do óleo de citronela, dada a natureza do uso do produto no setor de
cosméticos, o órgão responsável é a Agência de Vigilância Sanitária (ANVISA). O deferimento da
ANVISA para a Concessão da Licença de Importação (LI) se dá a partir conformidade da mercadoria
com as informações cadastradas no SIXCOMEX. Estando tudo regular ocorre a emissão da LI.
A solicitação da LI ocorre por meio do SISCOMEX. O prazo para deferimento pode ser de até 60
dias. Caso seja necessário a apresentação de documentos complementares, é possível anexar
digitalmente no portal. A LI pode ser deferida antes do embarque da mercadoria ou ser solicitada
após o embarque, porém, o consentimento definitivo só será dado após fiscalização da mercadoria
pelo órgão anuente – essas e outras informações estarão disponíveis no portal Tratamento
Administrativo Geral do Sistema Integrado de Comércio Exterior (SISCOMEX)
Caso não haja necessidade da emissão da LI ou a mesma seja emitida pós embarque (mesmo
quando deveria ter sido solicitada anteriormente), o importador fica sujeito ao pagamento de
multa, referente a 30% do valor aduaneiro (mercadoria + frete internacional + seguro
internacional), cujo valor mínimo deve ser de R$ 500,00 e o valor máximo de R$ 5 000,00. Nesse
caso, a mercadoria será encaminhada para Canal Amarelo ou Vermelho, com rigorosa inspeção.
Passo 2: Após verificada a possibilidade da entrada do óleo em território brasileiro, a empresa
importadora precisa analisar se é mais vantajoso realizar a operação através de forma indireta
(através de uma empresa intermediária, como uma trading) ou de forma direta, em que a própria
empresa habilitada no RADAR realiza as negociações junto ao exportador. A contratação de uma
trading pode proporcionar vantagens ao importador, pois são empresas com know-how nas
negociações de importação e exportação, com amplos conhecimentos mercadológicos que possa
beneficiar a empresa. Caso a importação ocorra de forma direta, cabe o importador após iniciar as
negociações da operação, verificar se o produto está pronto para ser embarcado, realizar o
pagamento dos tributos, fechar o câmbio, averiguar a data de entrega, contratar o frete e o seguro
e afins. Caso seja mais vantajoso realizar a operação através de uma trading, todo o processo após
assinatura do contrato é de responsabilidade da própria empresa terceira.
Passo 3: Com o embarque realizado, cabe ao importador obrigatoriamente realizar a Declaração
de Importação (DI), onde também constará o número da LI e todas as informações relacionadas ao
processo de importação, tais como os dados de natureza comercial, fiscal e cambial. Também é
com base na DI que ocorre o despacho aduaneiro e o importador comprova o pagamento dos
tributos incidentes.
O registro da DI somente é efetivado após:

 Conferida a regularidade cadastral do importador junto ao Registro e Rastreamento da Atuação


dos Intervenientes Aduaneiros (RADAR);
 Após o licenciamento, se exigível, a verificação das normas cambiais conforme os órgãos
responsáveis;
 Após o registro da chegada da carga;
 Se a carga não possuir nenhum empecilho quanto a sua vinculação a DI;
 Se não for constatada irregularidades impeditivas da carga (omissões de dados obrigatórios,
fornecimento errôneo e impossibilidades legais).

Passo 4: Feita a DI e a acusada a chegada da mercadoria em território aduaneiro, conforme


acordado pelo importador e exportador, inicia-se o processo de Despacho Aduaneiro, que nada
mais é que a etapa de verificação da mercadoria com a documentação fornecida e a veracidade
das informações declaradas. A DI é encaminhada pelo próprio SISCOMEX para um dos canais de
verificação, são eles:
Canal Verde: A mercadoria é liberada sem a realização do exame documental ou da verificação
física da mercadoria e do exame preliminar.
Canal Amarelo: A mercadoria é liberada após a realização do exame documental, sem a verificação
física e o exame preliminar do valor aduaneiro.
Canal Vermelho: As mercadorias serão desembaraçadas somente após o exame documental e a
conferência física.
Canal Cinza: A mercadoria é desembaraçada somente após realização o exame documental, a
verificação da mercadoria, o exame preliminar do valor aduaneiro e do pagamento de todos os
tributos incidentes.
De verde a cinza, em escala crescente, os procedimentos tornam o desembaraço mais vagaroso.
Entretanto, o fiscal da RFB pode, a qualquer momento, requerer qualquer procedimento além dos
informados pelo canal a que a mercadoria foi destinada.
Passo 5: Feita as verificações necessárias relacionadas à documentação e à mercadoria, há
conferência do ICMS recolhido e inicia-se o Desembaraço Aduaneiro, em que, concluída a
conferência aduaneira, a mercadoria é desembaraçada, nacionalizada (troca de propriedade entre
o exportador e importador) e entregue ao importador.
Não serão desembaraçadas mercadorias que:

 Esteja vinculada a algum crédito tributário pendente;


 Mercadorias consideras nocivas à saúde, ao meio ambiente ou à segurança pública, ou que
descumpram controles sanitários, fitossanitários ou zoossanitários;
 Anulada por decisão judicial conforme o art. 573 do Regulamento Aduaneiro.
O que deve constar na fatura comercial?
FENICIA 29SET IMPORTAÇÃO COMENTÁRIOS DESATIVADOSEM O QUE DEVE CONSTAR NA
FATURA COMERCIAL?
As informações que devem constar na fatura comercial estão normatizadas no artigo n. 577 do
Regulamento Aduaneiro (Decreto nº 6.759, de 5 de fevereiro de 2009), mas antes de relacionarmos
tais informações, vamos entender do que se trata esse documento.

A Receita Federal assim conceitua: “A fatura comercial é o documento de natureza contratual que
espelha a operação de compra e venda entre o importador brasileiro e o exportador estrangeiro”. Ou
seja, é um dos principais documentos exigidos pela maioria das autoridades alfandegárias de todo o
mundo para liberar remessas e/ou embarques. A fatura deve ser emitida pelo exportador no idioma do
país importador ou em inglês, sendo que neste idioma a denominação do documento é “Commercial
Invoice”.

Além de ser um dos principais documentos do processo de desembaraço, a Fatura Comercial é


fundamental para a contabilização da importação pelas empresas.

Cabe também destacar a confusão de termos que acontece para aqueles que não atuam na área: entre
Fatura Comercial e Fatura Pro Forma. Trata-se de dois documentos distintos, sendo a Fatura Pro Forma
uma documento inicial de negociação, utilizado por exemplo para o fechamento do câmbio no caso de
pagamento antecipado. A Fatura Pro Forma, formaliza a negociação entre as partes e apesar de ser um
documento importante para sequência de todo o processo, ele não possui valor contábil ou jurídico.

Bom, sabendo agora do que se trata a Fatura Comercial, vamos relacionar as informações obrigatórias
que devem constar neste documento que estão relacionadas no artigo n. 577 do regulamento
aduaneiro, são elas:

A fatura deve conter as seguintes indicações:


 nome e endereço, completos, do exportador;
 nome e endereço, completos, do importador;
 especificação das mercadorias em português ou em idioma oficial do Acordo Geral sobre
Tarifas e Comércio, ou, se em outro idioma, acompanhada de tradução em língua portuguesa, a
critério da autoridade aduaneira, contendo as denominações próprias e comerciais, com a
indicação dos elementos indispensáveis à sua perfeita identificação. Os idiomas oficiais do
Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio são o inglês, o francês e o espanhol;
 marca, numeração e, se houver, número de referência dos volumes;
 quantidade e espécie dos volumes;
 peso bruto dos volumes;
 peso líquido dos volumes;
 país de origem, como tal entendido aquele onde houver sido produzida a mercadoria ou onde
tiver ocorrido a última transformação substancial;
 país de aquisição, assim considerado aquele do qual a mercadoria foi adquirida para ser
exportada para o Brasil, independentemente do país de origem da mercadoria ou de seus
insumos;
 país de procedência, assim considerado aquele onde se encontrava a mercadoria no momento
de sua aquisição;
 preço unitário e total de cada espécie de mercadoria e, se houver, o montante e a natureza das
reduções e dos descontos concedidos ao importador;
 frete e demais despesas relativas às mercadorias especificadas na fatura;
 condições e moeda de pagamento; e
 termo da condição de venda (INCOTERM).

As emendas, ressalvas ou entrelinhas feitas na fatura deverão ser autenticadas pelo exportador.

Na fatura comercial também deverá conter, segundo o art. 553, inciso II, do Regulamento Aduaneiro a
assinatura do exportador de próprio punho ou pelo uso de certificação digital.

Por fim, destacamos que o descumprimento, pelo importador, da obrigação de apresentar a fatura
comercial à fiscalização aduaneira, quando exigida, implicará, sem prejuízo de outras penalidades
cabíveis (art. 70 da Lei nº 10.833/2003):

 o arbitramento do preço da mercadoria para fins de determinação da base de cálculo,


conforme os critérios definidos no art. 88 da MP nº 2.185-35/2001; e
 a aplicação cumulativa das multas de: 5% do valor aduaneiro das mercadorias importadas; e
100% sobre a diferença entre o preço declarado e o preço efetivamente praticado na
importação ou entre o preço declarado e o preço arbitrado.

A multa de 5% não se aplica no curso do despacho, até o desembaraço da mercadoria (artigo 710,
§1ºA do Regulamento Aduaneiro).

Inicialmente parece que a Fatura Comercial envolve muitos detalhes, mas a parceria com uma boa
assessoria e a prática do dia a dia, trará o conhecimento necessário para não ter problemas com esse
documento.

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Decreto/D6759.htm

A Invoice é solicitada durante a prestação de serviços ou venda de produtos para clientes no


exterior. Esse documento serve para formalizar os termos da negociação, dar mais transparência às
transações e auxiliar no controle alfandegário. Por isso, é importante saber como preencher uma
Invoice corretamente para evitar problemas com clientes e com agentes da importação.
Acompanhe este artigo e esclareça suas dúvidas sobre o que é e a importância desse documento.
Também veja o passo a passo de como preencher a Invoice e os modelos disponíveis .
O que é uma Invoice?

A Invoice Internacional ou Commercial Invoice é um documento usado para comprovar transações


comerciais no exterior. Também serve como uma prova da prestação de serviço a mais, além das
notas fiscais comuns, e ajuda em casos de desembaraço alfandegário no Brasil e em outros países.
No documento, devem constar as informações da prestação do serviço, dados bancários,
tributações, impostos presentes na transação. Bem como, outros dados tanto da empresa que está
prestando serviço como da empresa beneficiária.

É importante destacar que não existe um modelo único de Invoice. Portanto, cada empresa pode
formatar o documento de acordo com o que achar mais vantajoso, contanto que todas as
informações estejam presentes, corretas e claras.

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Embora tenha um objetivo semelhante, a Invoice não substitui a nota fiscal. Em âmbito nacional, a
nota fiscal também deve ser emitida normalmente.
Apenas após o fechamento do câmbio para a moeda nacional, é que deve ser emitida a nota fiscal e
enviada junto a Invoice para o exterior.

Como funcionam os impostos sobre uma Invoice?

Ao emitir uma fatura comercial para o exterior, a empresa fica isenta do pagamento de impostos
municipais e estaduais, como o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços
(ICMS), Imposto Sobre Serviço (ISS), PIS e Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social
(COFINS). Porém, isso não significa que ela é livre de outras tributações.

As alíquotas e impostos variam de acordo com a atividade prestada, mas impostos como IOF e taxa
de câmbio devem ser pagas também.
Quando a Invoice deve ser emitida?

A Invoice deve ser emitida sempre quando um serviço for prestado em ou para outro país, contendo
todas as informações e condições de negociação entre o exportador e importador.

No entanto, embora seja recomendado, não são todos os casos de transações comerciais
internacionais que exigem a emissão deste comprovante. Acompanhe abaixo quando a Invoice é
obrigatória e quando é apenas indicada:

Emissão obrigatória

A emissão da Invoice é obrigatória sempre que o valor da transação comercial internacional for
superior a 3 mil dólares americanos, ou quantia equivalente em moeda estrangeira. Nesse caso, a
fatura é usada para regulamentar e registrar a operação.
Emissão indicada

A emissão da Invoice é indicada quando o valor da transação comercial for inferior a 3 mil dólares
americanos, ou equivalente em moeda estrangeira. Embora a geração desse documento seja
dispensada, é recomendada para indicar o código da natureza da operação e evitar problemas com
órgãos de fiscalização.

Tipos de Invoice

Antes de aprender a como preencher uma Invoice, é preciso esclarecer que existem diferentes
formas de classificação dessa fatura comercial, nomeadas como Commercial Invoice, Invoice
Exportação e Proforma Invoice.
Explicaremos abaixo os tipos de Invoice e as principais diferenças entre eles:

Commercial Invoice

A Commercial Invoice, em português Fatura Comercial, é um documento aduaneiro muito


semelhante a uma nota fiscal. A diferença é que ele contém informações mais detalhadas da
operação comercial com dados do exportador e importador.

Deve ser emitida pela empresa ou profissional que está exportando para fora do Brasil, sempre que
houver a prestação de serviço ou venda de mercadorias para o exterior.

Embora tenha o nome de Fatura Comercial, a Invoice não é necessariamente um documento de


pagamento de exportação. Essa possibilidade, no entanto, existe. Para tanto, é necessário que seja
emitido na Invoice as informações de pagamento (o que acaba não sendo o mais comum).

Invoice Exportação

A Invoice Exportação ou para exportação é um tipo de Commercial Invoice. Nesse caso, é usada para
documentar os processos de exportação de produtos para fora do Brasil de acordo com as
legislações aduaneiras.

Proforma Invoice

A Proforma Invoice (fatura proforma) é um documento de registro de uma potencial compra ou


venda. Também é uma maneira de formalizar a intenção de negociação, em caráter meramente
informativo, assim como um orçamento ou proposta de negócio.
Diferente de uma Commercial Invoice, a Proforma Invoice não tem caráter fiscal e oficial. Isso
significa que pode ser aprovada ou reprovada pelo importador, já que não há compromisso formal
de ambas as partes.

Como preencher uma Invoice?

O primeiro passo para aprender a como preencher uma Invoice corretamente é reunir todas as
informações obrigatórias da fatura comercial para elaborar o documento, lembrando de seguir as
diretrizes estabelecidas pelas autoridades alfandegárias do mundo todo.
Como a Invoice é utilizada para registrar de maneira legal a operação comercial entre o exportador e
importador, a falta desse documento ou o seu preenchimento incorreto pode impedir o transporte e
liberação de remessas. Assim como o embarque de mercadorias.

Para evitar que isso ocorra, vamos apresentar as principais informações obrigatórias no
preenchimento da Commercial Invoice. Mas é importante estar ciente que as autoridades
alfandegárias podem solicitar outros dados e documentos que julgarem necessários.
Além disso, por se tratar de um documento de transação internacional, a Invoice precisa ser
preenchida nos dois idiomas da negociação ou em inglês. É interessante sinalizar dessa forma:

 Fatura Comercial (em português);


 Commercial Invoice (em inglês);
 Factura Comercial (espanhol).
O que deve constar na Invoice?

De acordo com o previsto pelas autoridades alfandegárias e o Regulamento Aduaneiro, na Invoice


devem constar todas as informações e dados relacionados à operação de serviço, tanto da empresa
brasileira como estrangeira.

Para a visualização ficar mais fácil, você pode seguir essa sequência de como preencher uma
invoice e ir adaptando de acordo com a demanda da sua empresa, adicionando as informações
formatadas em papel timbrado:
1. Nome e endereço

Na Invoice, deve constar o nome e endereço completos do exportador e importador, assim como a
razão social, número de telefone, contato e CNPJ do exportador.
2. Descrição do produto ou serviço

Ao preencher uma Invoice, especifique o serviço prestado ou mercadoria vendida na transação


comercial. Essa informação deve estar em português ou no idioma oficial do Acordo Geral sobre
Tarifas e Comércio.

3. Data de emissão

Informe a data em que a Invoice foi emitida, assim como as datas de previsão estimada de
embarque e desembarque da mercadoria.

4. Local de embarque e desembarque

Preencha a Invoice com o local exato em que deve ocorrer o embarque e desembarque da
mercadoria, seja ele um aeroporto, ferrovia, porto ou ponto de fronteira. Também deve informar o
endereço de entrega da carga, que pode ser o da empresa compradora ou outro local previamente
acordado.

5. Modal de transporte

Nesse espaço da Invoice, você deve informar qual foi o tipo de transporte escolhido para a entrega
da mercadoria. Pode ser marítimo, rodoviário, aéreo, ferroviário ou aquaviário.

6. Descrição técnica dos produtos

Informe a quantidade, peso bruto, peso líquido, tipo de embalagem, número e marca de volumes.
Também devem ser descritos os cuidados e condições de transporte da mercadoria.

7. Valor da fatura comercial

Informe o valor unitário da mercadoria, a moeda e o valor total do serviço na Invoice. Também deve
constar na invoice valor de frete e demais despesas, como custo com transporte interno e
embalagens.
8. Condições de pagamento

Preencha os termos ou condições de venda (INCOTERM) e informe a modalidade de pagamento (à


vista, crédito, parcelado). Os dados para transferência bancária podem estar previstos tanto na
invoice como na nota fiscal enviada.

9. País de origem ou aquisição

Declare o país de origem no qual a mercadoria foi produzida. O país de aquisição é considerado
aquele do qual os produtos foram adquiridos para serem exportados, independente do país de
origem da mercadoria ou insumos.

10. Assinatura e carimbo

Por fim, as 3 vias originais da Invoice devem ser impressas em papel timbrado, assinadas pelo
exportador e carimbadas pelo emissor.

Como emitir Invoice de serviço para o exterior?

A Invoice precisa ser emitida sempre que houver prestação de serviço ou exportação de produtos
para o exterior.

O documento será usado para garantir a legalidade de toda a transação no âmbito internacional,
além de funcionar como um instrumento de cobrança pela prestação do serviço.

Quem deve emitir o Invoice, no entanto, é sempre o exportador utilizando o papel timbrado da
empresa com descrição em português, inglês e espanhol. Nesse caso, o documento precisa conter as
informações listadas acima que são pertinentes à transação, como:

 Nome e endereço;
 Descrição do serviço prestado;
 Condições de pagamento;
 Data de emissão;
 Preço da fatura;
 Assinatura e carimbo.
É importante lembrar que a Invoice deve ser emitida após a confirmação de compra e antes da
emissão do registro de exportação e faturamento. Também é preciso realizar 3 cópias originais,
devidamente assinadas e carimbadas.

Veja como gerar sua invoice com a Remessa Online em apenas 5 passos:

Ainda está inseguro sobre como preencher uma Invoice? Para facilitar o processo de emissão, você
pode utilizar a ferramenta da Remessa Online, que gera o documento de maneira simples e prática
em apenas 5 passos:
1. Clique aqui;
2. Preencha o seu e-mail;
3. Acesse o Gerador de Invoice;
4. Insira os dados obrigatórios;
5. Conclua o processo em “Gerar invoice”.
Para entender melhor sobre esse processo da Invoice através da Remessa Online, assista ao vídeo
abaixo e veja como é simples!

Como devo fazer minha contabilidade com a Invoice?


Ao contabilizar as Invoices, os contadores das empresas devem estar atentos ao fechamento de
câmbio. Essa etapa é fundamental tanto para a contabilidade de prestação de serviço como no
processo fiscal de exportação.
Nesse momento, acontece a venda da moeda estrangeira para o banco, por parte do exportador. O
que isso significa? Por exemplo, se você como exportador recebe US$ 10.000,00 (Dez mil dólares) e
na data do câmbio o dólar estiver em R$5,38, o faturamento calculado é de R$ 53.816,00 (US$
10.000,00 x R$5,38).

A variação cambial é contabilizada até o dia do recebimento do serviço, mas o cálculo de


faturamento é feito de acordo com a base no dia em que foi feito o negócio.

Muitas pessoas confundem com a função da nota fiscal, mas um documento não anula a
necessidade do outro. Portanto, se a sua empresa deseja expandir os negócios para o exterior, é
necessário saber que a nota fiscal acompanha a Invoice.

Além disso, é preciso ficar de olho no preenchimento correto de todas as informações, afinal, a
invoice é um documento importante para ambos os lados de uma negociação e é essencial para que
a contabilidade da empresa possa ter um controle correto do financeiro.

O que é uma Invoice?


A Invoice é um documento usado para comprovar transações comerciais no exterior. Também pode
ser utilizada para provar a prestação de um serviço e para o desembaraço alfandegário no Brasil e
em outros países.
Quais são os principais tipos de Invoice?
Os principais tipos de Invoice são: Commercial Invoice, Invoice Exportação e Proforma Invoice. Cada
um deles possui características próprias e são destinados para um tipo específico de transação.
O que deve constar na Invoice?
A Invoice deve ser preenchida com base nas exigências das autoridades alfandegárias e no
Regulamento Aduaneiro, com as seguintes informações: Nome e endereço; Descrição do produto ou
serviço; Data de emissão; Local de embarque e desembarque; Modal de transporte; Descrição
técnica dos produtos; Valor da fatura comercial;
Condições de pagamento; País de origem ou aquisição; Assinatura e carimbo.

DU-E Um avanço para a redução burocrática no comex

Escrito por Equipe Comex Blog


Publicado: 22 Janeiro 2021
Última Atualização: 18 Fevereiro 2021

O despacho aduaneiro de exportação é processado com base na Declaração Única de Exportação


(DU-E), que consiste na prestação pelo declarante ou seu representante das informações
necessárias ao controle da operação de exportação. O documento indica a forma de exportação
escolhida pelo exportador; os bens integrantes da DU-E; e as circunstâncias da operação.
A DU-E compreende informações de natureza aduaneira, administrativa, comercial, financeira,
fiscal e logística, e busca adequar o controle aduaneiro e administrativo ao processo logístico das
exportações, de maneira a realizá-los de forma eficaz e segura, sem causar atrasos desnecessários
ao fluxo das exportações. As informações da DU-E servirão de base para o controle aduaneiro e
administrativo das operações de exportação, incluindo os controles posteriores ao embarque das
mercadorias.
Como já mencionado, a DU-E, está integrada com a nota fiscal eletrônica e garante melhor
rastreabilidade e controle das operações, reduzindo pelo menos 60% no número de informações
prestadas. As informações para preenchimento da DU-E, referentes à identificação do seu
emitente e destinatário e dos bens comercializados, serão importadas a partir do XML da nota
fiscal (XML é a versão digital da nota fiscal), não sendo mais permitido cartas de correção para
diversos campos da nota. Por isso, é importante que a inserção de dados seja realizada de forma
correta e que os sistemas se mantenham atualizados. Caso seja detectado algum erro na nota a
empresa terá que reemiti-la.
Com o novo processo de exportações, os principais benefícios para os exportadores são:

1. Eliminação de documentos, como Registro de Exportação, Declaração de Exportação,


Declaração Simplificada de Exportação e Registro de Crédito;
2. Eliminação de etapas processuais;
3. Cerca de 60% de redução no preenchimento de dados – o número de informações exigido na
exportação deve cair de 98 para 36;
4. Automatização da conferência de informações;
5. Guichê único entre exportadores e governo;
6. Fluxos processuais paralelos – despacho aduaneiro, movimentação da carga e licenciamento e
certificação deixam de ser sequenciais e terão redução de tempo;
7. Expectativa de redução de 40% do prazo médio para exportação.

A formulação e o registro da DU-E ocorre pelo Portal Siscomex e consiste na prestação, pelo
declarante ou seu representante, das informações necessárias ao controle da operação de
exportação, incluindo a forma de exportação escolhida pelo exportador, os bens integrantes da
DU-E, e as circunstâncias da operação.
Modalidades de exportação
Em linhas gerais, as exportações podem ser realizadas pelo prórpio produtor ou empresário ou
pode ser intermedida por uma empresa terceira para finalizar o processo comercial. As modalides
de exportação dependem do tipo de faturamento e do nível de envolvimento do exportador em
todo o processo

1. Exportação direta ou por conta própria: o produto a ser exportado é faturado pelo próprio
produtor, que se relaciona com o importador. Ou seja, a venda é realizada diretamente para o
cliente pela própria empresa, não há intermediário. Como todos os negócios e processos são
elaborados e gerenciados pela empresa, é preciso ter conhecimento do processo em todas as
etapas da expotação e domínio das informações necessárias, entre elas, pesquisa e
conhecimento do mercado no país para o qual se deseja exportar; contato e negociação com o
importador; providências da documentação de exportação; ciência dos acordos comerciais no
exterior; embalagem e transporte; transações financeiras relacionadas à exportação. Nesse
caso, a própria empresa deve ser habilitada no SISCOMEX;
2. Exportação indireta: basicamente não há relação entre o fabricante e o importador. As
questões de exportação são entregues a intermediários, que podem ser trading companies ou
empresas comerciais exportadoras. De forma geral, em uma exportação indireta, estas
empresas terceirizadas compram a produção para levá-la a outros países, sendo, de fato, as
exportadoras do produto. Podem assim, negociar preço e condições conforme desejarem. Mas
também podem ser contratadas para realizar uma exportação por conta e ordem. Todos os
cuidados como contato e negociação com potenciais importadores, transporte para o país
importador, pesquisa de mercado, ações de promoção e divulgação dos produtos são de
responsabilidade do intermediário. A empresa intermediária que deverá ser habilitada no
SISCOMEX;

Dentro da modalides Exportação indireta existe a categorias exportação por conta e ordem de
terceiros, em que o o fabricante exportador contrata uma outra empresa – trading ou comercial
exportadora – para atuar como declarante e efetuar a exportação em seu nome. Neste formato, o
exportador e o declarante devem estar habilitados no Radar. O que a diferencia de uma operação
indireta é a nota fiscal de venda, que será emitida diretamente pelo fabricante exportador.
3. Remessa postal ou expressa: o declarante da DU-E e exportador são pessoas distintas, sendo
que o declarante da DU-E obrigatoriamente deve ser empresa de transporte expresso
internacional ou os Correios.
Formulação da DU-E
Para fins de formulação da DU-E, considera-se:

1. A unidade da RFB de despacho, aquela que jurisdiciona o local de conferência e desembaraço


dos bens a serem exportados; e
2. A unidade da RFB de embarque, aquela que exerce o controle aduaneiro sobre o local da zona
primária por onde os bens exportados sairão do território aduaneiro.

Qual a diferença entre esses dois locais? Imagine que um exportador de açaí situado em Belo
Horizonte deseja exportar seus produtos, saindo pelo porto de Santos. Para proceder o despacho
aduaneiro do açaí, o exportador poderá fazer o despacho aduaneiro no próprio porto de Santos ou
realizar o despacho aduaneiro em um porto seco (que pode ser em BH ou outra cidade próxima).
Por razões logísticas, pode ser mais interessante que o despacho aduaneiro seja realizado no porto
seco mais próximo, permitindo maior agilidade no desembaraço, uma vez que este será realizado
em local próximo ao estabelecimento do exportador. Além disso, os custos de armazenagem de
mercadorias em portos e aeroportos (enquanto se espera o desembaraço aduaneiro) são mais
elevados do que os custos de armazenagem em um porto seco.
Dessa forma, a unidade da RFB responsável pelo despacho é aquela situada em BH, enquanto a
responsável pelo embarque é a unidade da RFB do porto de Santos.
Nas hipóteses de exportação com base em nota fiscal em papel ou sem nota fiscal, todos os dados
necessários à elaboração da DU-E deverão ser fornecidos pelo declarante. A seguir estão listados
conceitos cuja compreensão é necessária para correta elaboração da DU-E:

1. Declarante: a pessoa responsável por apresentar a DU-E e promover o despacho de exportação


em nome próprio, se for o exportador, ou em nome de terceiro, quando se tratar de pessoa
jurídica contratada para esse fim. O declarante deve estar devidamente habilitado junto ao
Siscomex. Trata-se da mesma habilitação aplicável ao exportador. Assim, se a empresa já está
habilitada como exportador, pode atuar como declarante.
2. Exportador: qualquer pessoa que promova a saída de mercadoria do território aduaneiro. É o
emitente da nota fiscal de exportação, nos casos em que a DU-E é instruída com tal
documento fiscal. O exportador deve estar devidamente habilitado junto ao Siscomex, com
exceção dos casos listados no art. 10 da Instrução Normativa RFB nº 1.603, de 2015
3. Usuário: a pessoa física que, mediante uso de seu próprio certificado digital, se autenticará no
ambiente de operações do Portal Único Siscomex e operará o sistema. O usuário deve
necessariamente estar credenciado, junto ao Siscomex, como representante ou responsável
legal do declarante (ou ser o próprio declarante). O despachante aduaneiro, no exercício de
suas funções, é um exemplo de usuário do sistema.
4. Exportação por conta própria: aquela cujo declarante é o próprio exportador. Matriz e filiais de
uma mesma empresa são, para efeitos de elaboração de DU-E, consideradas uma mesma
pessoa.
5. Exportação por conta e ordem de terceiro: aquela cuja DU-E é apresentada e cujo despacho
aduaneiro de exportação é promovido por pessoa jurídica contratada para essa atividade.
6. Exportação por meio de operador de remessa expressa ou postal: aquela cujo declarante é
obrigatoriamente uma empresa de transporte expresso internacional, nos termos da legislação
específica, ou a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), contratada pelo exportador
para promover em seu nome o despacho de exportação.
7. Referência Única de Carga (RUC): código identificador único e irrepetível que servirá de base
para o controle da armazenagem e movimentação de cargas para exportação. Para cada DU-E
existirá uma única RUC.
8. Item de DU-E: uma DU-E é composta por um ou vários itens. Em DU-E instruída com NF-e, cada
item de DU-E corresponderá a um item da(s) NF-e. Assim como ocorre com os itens da NF-e,
um item de DU-E abarca uma única NCM. Porém, é possível que se tenha vários itens de DU-E
com a mesma NCM. Isso é determinado pela forma como as notas fiscais foram emitidas.

Há duas formas básicas de elaboração da DU-E, inclusive existe a possibilidade de emiti-la sem a
nota fiscal, sendo permitida apenas para os casos dispensados por lei, sendo apresentados
posteriormente. Retomando a emissão da DU-E, esta pode ser feita:

1. A partir da importação dos dados da NF-e, com posterior complementação dos dados exigidos
não constantes da nota. Nesse caso, o declarante indicará as NF-es com as quais iniciará a
elaboração da DU-E e preencherá as demais informações manualmente no sistema;
2. Sem importação dos dados da NF-e, para os casos em que é permitido a dispensa de NF-e ou
utilização de NF-e em formulário. Nessa situação, as informações devem ser preenchidas a
partir da nota referente às mercadorias a serem exportadas e as informações adicionais
requerida na DU-E.

Nas hipóteses de exportação com base em nota fiscal em papel ou sem nota fiscal, todos os dados
necessários à elaboração da DU-E deverão ser fornecidos pelo declarante manualmente. É o caso
da exportação “sem vinculação de NF-E”, que trata do embarque antecipado de granéis e veículos,
a nota fiscal é emitida posteriormente e informada na DU-E através de retificação futura.
Formulação da DU-E sem nota fiscal
Por via de regra, recomenda-se formular a DU-E a partir dos dados da NF-e de exportação.
Entretanto, há casos em que a Nota Fiscal de Exportação é dispensada por lei, segue alguns
exemplos na Tabela 1.
Tabela 1 - Dispensa da Nota Fiscal de Exportação.
Motivo dispensa Motivo NCM Descrição
3001 – Bagagem desacompanhada Bagagem desacompanhada com retorno
1 99999911
com retorno (exportação temporária)
3002 – Bagagem desacompanhada Bagagem desacompanhada sem retorno
2 99999912
sem retorno (exportação definitiva)
3005 – Bens de viajante não incluídos Bens de viajante com retorno (exportação
5 99999921
no conceito de bagagem com retorno temporária)
3006 – Bens de viajante não incluídos Bens de viajante sem retorno (exportação
6 99999922
no conceito de bagagem sem retorno definitiva)
3012 – Saídas com retorno para
Saídas com retorno para feiras, exposições,
feiras, exposições, competições, etc. 12 99999931
competições, etc. (exportação temporária)
(exportação temporária)
3013 – Saídas sem retorno para
Saídas sem retorno para feiras, exposições,
feiras, exposições, competições, etc. 13 99999932
competições, etc. (exportação definitiva)
(exportação definitiva)
3007 – Bens de emprego militar com Bens de emprego militar com retorno
7 99999941
retorno (exportação temporária)
3008 – Bens de emprego militar sem Bens de emprego militar sem retorno
8 99999942
retorno (exportação definitiva)
3003 – Retorno de mercadoria ao
3 99999951 Devolução antes da DI (exportação definitiva)
exterior antes do registro da DI
3010 – Bens de herança 10 99999952 Bens de herança (exportação definitiva)
3011 – Bens doados 11 99999953 Bens doados (exportação definitiva)
3009 – Reexportação 9 99999961 Reexportação (exportação definitiva)
3014 – Exportação temporária de
Exportação temporária de bens destinados a
bens destinados a eventos científicos,
eventos científicos, técnicos, educacionais,
técnicos, educacionais, religiosos, 14 99999971
religiosos, artísticos culturais, esportivos,
artísticos culturais, esportivos,
políticos, comerciais ou industriais
políticos, comerciais ou industriais
3015 – Exportação temporária de
Exportação temporária de bens destinados a
bens destinados a pastoreio,
15 99999972 pastoreio, adestramento, cobertura e
adestramento, cobertura e cuidados
cuidados da medicina veterinária
da medicina veterinária
3016 – Exportação temporária de
bens destinados a promoção Exportação temporária de bens destinados a
comercial, inclusive amostras sem promoção comercial, inclusive amostras sem
destinação comercial e mostruários destinação comercial e mostruários de
16 99999973
de representantes comerciais, representantes comerciais, representantes
representantes legais, colaboradores legais, colaboradores ou prepostos das
ou prepostos das empresas empresas solicitantes do regime
solicitantes do regime
3017 – Exportação temporária de
Exportação temporária de bens destinados à
bens destinados à prestação de
17 99999974 prestação de assistência técnica a produtos
assistência técnica a produtos
exportados, em virtude de garantia
exportados, em virtude de garantia
3018 – Exportação temporária de
Exportação temporária de bens destinados a
bens destinados a atividades
atividades relacionadas com a
relacionadas com a intercomparação 18 99999975
intercomparação de padrões metrológicos,
de padrões metrológicos, aprovadas
aprovadas pelo Inmetro
pelo Inmetro
3019 – Exportação temporária de
bens reutilizáveis destinados ao Exportação temporária de bens reutilizáveis
transporte, acondicionamento, destinados ao transporte, acondicionamento,
segurança, localização, preservação, 19 99999976 segurança, localização, preservação,
manuseio ou registro de condições de manuseio ou registro de condições de
temperatura ou umidade de outros temperatura ou umidade de outros bens
bens
3020 – Outras exportações
20 99999981 Outras exportações temporárias sem nota
temporárias sem nota
3021 – Outras saídas definitivas sem
21 99999982 Outras saídas definitivas sem nota
nota
Fonte: Receita Federal Brasileira.
Referência Única da Carga: Número RUC
Uma particularidade da DU-E é o número RUC, que significa Referência Única da Carga, ou em
inglês UCR. Trata-se de um identificador único e irrepetível que serve de base para o controle da
armazenagem e movimentação de cargas para exportação. Este número obedece a uma
recomendação da Organização Mundial das Aduanas (OMA) e é útil para que a carga possa ser
rastreada por qualquer pessoa que o tenha.
A RUC é o um campo de preenchimento opcional na DU-E, mas se o usuário deixar o campo em
branco o sistema criará automaticamente um número de RUC – o que é mais comum, seguindo
um padrão.
VMVC e VMLE
O Valor da Mercadoria na Condição de Venda (VMVC) e o Valor da Mercadoria no Local de
Embarque (VMLE) são campos obrigatórios para o preenchimento da DU-E e não migram
automaticamente da Nota Fiscal Eletrônica, devendo ser preenchidos de forma manual. Esses
valores se alteram de acordo com o Incoterm estabelecido na operação de exportação. O VMLE
será sempre o valor da mercadoria, independente do Incoterm do processo. Já o preenchimento
do VMVC deve-se observar o Incoterm do processo. Para os Incoterms que tenham despesas como
frete e seguro ou outros, estas despesas precisam constar no VMCV. No caso do Incoterm FOB, o
VMVC é sempre maior ou igual ao VMLE, no Incoterm CIF, o VMVC é sempre maior. Para mais
informações basta averiguar a Tabela 2.
Tabela 2 - Tabela de Incoterm versus VMCV e VMLE.
VMCV (Valor da VMLE (Valor da
Condição de venda
Descrição Mercadoria na Pode ser Mercadoria no Local
(Incoterm)
Condição de Venda) de Embarque)
C+F Cost Plus Freight VMCV Maior ou igual VMLE
C+I Cost Plus Insurance VMCV Maior VMLE
CFR Cost And Freight VMCV Maior ou igual VMLE
Cost, Insurance And
CIF VMCV Maior VMLE
Freight
Carriage And
CIP VMCV Maior VMLE
Insurance Paid To
CPT Carriage Paid To VMCV Maior ou igual VMLE
DAP Delivered At Place VMCV Maior VMLE
Delivered At
DAT VMCV Maior VMLE
Terminal
DDP Delivery Duty Paid VMCV Maior VMLE
EXW Ex Works VMCV Menor ou igual VMLE
FAZ Free Alongsid Ship VMCV Menor ou igual VMLE
FCA Free Carrier VMCV Menor ou igual VMLE
FOB Free On Board VMCV Maior ou igual VMLE
Outra Condição De Qualquer
OCV VMCV VMLE
Venda combinação
Fonte: Receita Federal Brasileira.
LPCO
Licenças, Permissões, Certificados e Outros Documentos (LPCO) são as licenças, autorizações,
certificados e outros documentos públicos exigidos para a realização de uma exportação, exceto os
de natureza aduaneira. Todos esses pedidos devem ser averiguados pelos órgãos anuentes
(IBAMA, ANVISA, DECEX, BNDES, ...), que serão responsáveis por responder aos pedidos de
licenças e permissões a partir do SISCOMEX.
Após o pedido de LPCO (que ficará na situação “Para análise”), o prazo para manifestação do órgão
anuente (deferir, colocar exigência ou indeferir) é de 30 dias.
É possível saber previamente se um código NCM está sujeito a alguma licença (LPCO), restrição ou
impedimento administrativo, consultando o simulador do tratamento administrativo de
exportação disponível no Portal Siscomex.
Um dos grandes benefícios do Novo Processo de Exportação foi a implementação da “Licença
Guarda-Chuva”. Apelido dado para os LPCOs que podem ser usados em mais de uma DU-E desde
que dentro de seu prazo de validade e enquanto houver saldo de operação de exportação. No
modelo anterior, o exportador era obrigado a emitir uma licença de exportação para cada
embarque. Ou seja, a licença deixa de ser para o “produto” e passa a ser para a “operação”.
O número do LPCO deve ser lançando na tela de item da DU-E. Cada DU-E pode conter mais de um
número de LPCO, caso necessário.

Formação dos preços de exportação

Escrito por Equipe Comex Blog


Publicado: 30 Janeiro 2021
Última Atualização: 18 Fevereiro 2021

No mercado interno, a formação de preços leva em conta os custos de produção, de comercialização,


os tributos internos, as despesas com estratégias de vendas, a comissão do vendedor e outros
elementos que alteram a estrutura do preço final do produto. Quando o assunto é comércio exterior,
no entanto, a composição do preço de exportação deve considerar diferentes fatores, bem como
excluir outros que não incidirão nas vendas externas.

Determinar o preço de exportação é um dos aspectos mais importantes e decisivos para a conquista e
permanência em determinado mercado, isso porque uma vez estabelecido, é difícil altera-lo no curto
prazo. Desse modo, a fixação do preço de exportação deve ser precedida de estudo detalhado dos
custos de produção e das condições de mercado, de forma a viabilizar a manutenção do esforço
exportador, sem prejuízo para a empresa.

Existe mais de um método para se obter o Preço de Exportação. Com o objetivo de estar em
conformidade com o Simulador de Preço de Exportação, uma ferramenta sugerida pelo antigo
Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) – atualmente vinculado ao Ministério da
Economia, foi adotado um método que consiste em eliminar do preço total do bem vendido no
mercado interno (sem IPI) os componentes que não ocorrerão na composição do preço de exportação.
Em seguida, é somado a este resultado outros itens que deverão compor o preço de venda para o
exterior.

Conceitos importantes

A carga tributária no Brasil é conhecida pelo seu excesso. Entretanto, existe uma em distinguir o que
de fato pagam ao governo, seja federal, estadual ou municipal. Um tributo comporta algumas
modalidades e muitos ainda confudem os conceitos de tributos, impostos, taxas e contribuições. No
caso de uma empresa, o empreendedor deve ter noções gerais sobre os tributos, para saber como está
a contabilidade do negócio.

Tributo

De acordo com o Código Tributário Nacional, tributo inclui todos os pagamentos obrigatórios de
pessoas físicas e jurídicas previstos por lei que devem ser recolhidos pelo Governo. Os tributos
custeiam a máquina pública e são categorizados em impostos, taxas ou contribuições.

1 Imposto

O Imposto é um encargo financeiro que incide sobre todos os bens de consumo, renda e patrimônio. É
um tipo de tributo não vinculado, ou seja, o contribuinte paga mas não sabe para qual fim o recurso
será utilizado. Sendo assim, a contraprestação que recebemos não é específica: esse dinheiro poderá
ser utilizado para pagar o salário de algum funcionário público, por exemplo. Os impostos podem ser
diretos, quando o pagamento recai diretamente ao contribuinte, é o caso do Imposto de Renda (IR),
por exemplo; ou podem ser indiretos, quando os encargos acometem todos os bens adquiridos pelos
consumidores, transações de serviços e mercadorias. Sua base tributária é relacionada aos valores de
compra e venda, é o caso do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que tributa o
consumo de todos os bens

Os impostos também são divididos em relação ao destino de sua arrecadação. Podem ser federais,
quando sua arrecadação vai para o Governo Federal, a exemplo do Imposto sobre Produtos
Industrializados (IPI); Estaduais, quando a arrecadação vai para as Unidades de Federação, a exemplo
do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e o Imposto sobre a Propriedade de
Veículos Automotores (IPVA); e os Municipais, em que a arrecadação é para o Município, é o caso do
Imposto sobre Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU).

De acordo com o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação – IBPT, em 2020 um trabalhador


brasileiro trabalhou aproximadamente 151 dias para pagar os impostos, isso significa que 5 meses de
trabalho são exclusivamente para pagar os gastos governamentais. Para informações reais sobre a
arrecadação no Brasil, recomenda-se acompanhar o Impostômetro.
Os Impostos podem elevar o preço dos produtos em até 50%. É o caso da gasolina, em 2020, 44% do
preço dos combustíveis eram destinados ao pagamento de impostos. Para as bebidas alcoólica, 82% do
preço pago na vodca e na cachaça são tributos, para o chope esse valor é de 62%, para o uísque 61% e
60% para o espumante. Os serviços essenciais também possuem carga de Impostos elevada, como a
energia elétrica em que 31,1% do valor pago são destinados a Impostos. O Imposto de maior
arrecadação no país é o ICMS destinado aos Estados.

2 Taxa

A taxa é um valor cobrado por conta de uma prestação de serviços públicos, seja ele municipal,
estadual ou federal. Como por exemplo, a taxa para emissão de um documento, a taxa de limpeza e
de iluminação pública, a taxa de saneamento básico, entre outras. Ao contrário dos Impostos, as taxas
são cobradas vinculadas a uma prestação de serviço público específico, na qual uma taxa não pode
interferir na competência da outra. Assim, uma taxa de competência municipal não pode ser cobrada
também pela União.

3 Contribuição

As contribuições estão divididas em dois grupos, a contribuição especial, que é cobrada quando se
destina a um determinado grupo ou atividade, como é o caso da contribuição ao INSS para financiar a
previdência, e o PIS (Programa de Integração Social) realizada pelas empresas destinada aos
funcionários do setor privado. O outro grupo é o da contribuição de melhorias, cobrada quando ocorre
uma melhoria que resulte em benefício ao contribuinte, como o caso do asfaltamento em uma rua. O
valor do imóvel acaba por ser valorizado devido a esta melhoria, e isso gera a contrapartida do cidadão
pois ele teve um claro benefício.

Bem como as taxas, as contribuições também estão associadas a uma contraprestação do governo, e
assim como os impostos e taxas, as contribuições de melhorias também podem ser instituídas pela
União, Estado ou Município.

As contribuições representam uma forma de o Estado conseguir recursos, sem sua atuação direta no
mercado. Incidem sobre recursos financeiros, rendimentos, salários, bens e mercadorias que circulam
na economia nacional.

Tributos incidentes no comércio exterior

As exportações brasileiras possuem alguns incentivos tributários, dentre eles cita-se o tratamento
fiscal diferenciado para os tributos ICMS, IPI, Pis, Cofins e ISS, sendo estes isentos, imunes ou não
incidentes nas exportações. Para esse fluxo de comércio, o exportador precisa estar atento ao Imposto
de Exportação (IE).
1 Imposto sobre Exportação (IE)

Competência: Federal

Instituído pela União, o imposto sobre a exportação tem como fato gerador a saída da mercadoria do
território aduaneiro.

Contribuinte: exportador.

Base de cálculo: É calculado utilizando-se como base o preço normal que a mercadoria alcançaria em
uma venda em condições de livre concorrência no mercado internacional. A alíquota do IE atualmente
encontra-se em 30%, podendo ser reduzida ou aumentada pela Câmara de Comércio Exterior, não
podendo ser superior a 150%. Quando o preço da mercadoria for de difícil apuração ou suscetível a
oscilações bruscas no mercado internacional, a Camex fixará critérios específicos ou estabelecerá
pauta de valor mínimo para a apuração da base de cálculo.

2 Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI)

Competência: Federal

Não incide sobre exportações, os produtos exportados estão isentos do IPI, diferente do que ocorre
nas importações.

3 ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços)

Competência: estados da Federação e Distrito federal.

Incidência: operações de circulação de mercadorias e prestação de serviços de transporte


interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no
exterior.

Não incide sobre as operações de exportações.

4 Programa de Integração Social (PIS)

Competência: Federal.
As exportações são isentas do PIS.

5 Contribuição para o Fundo de Investimento Social (COFINS)

Competência: Federal.

Não há incidência de Cofins sobre exportações

6 Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro (IOF)

Competência: Federal.

Alíquota de 0% às operações de câmbio vinculadas à exportação (aplicável a outros tipos de serviços e


bens).

7 Imposto Sobre Serviços (ISS)

Competência: Municipal.

Cálculo dos preços de exportação

Para calcular o Preço de Exportação, seguindo os mesmos procedimentos do O Simulador de Preço de


Exportação do Ministério da Economia, adota-se o seguinte método de cálculo:

É escolhido o Incoterm, a partir dele, inclui-se ou não os custos de transporte e de seguro;


Obtem-se o valor do produto vendido no mercado interno, sem o IPI. Vale lembrar que o IPI e outros
tributos incidentes no preço do produto vendido internamente não recaem sobre o produto
exportado: ICMS, Pis, Cofins e ISS;
Eliminam-se todos os componentes que se encontram agregados ao preço de mercado interno e que
não ocorrerão na exportação do produto (tributos agregados ao preço de mercado interno, lucro e
embalagem de mercado interno, despesas de propaganda e distribuição no mercado interno, dentre
outros);
Adicionam-se ao resultado anterior todos os componentes que não faziam parte do preço interno, mas
que deverão compor o preço de venda para o exterior (embalagem para exportação, transporte
internacional, taxas aduaneiras, seguro internacional, dentre outros). É neste item que devem
acrescentar algumas despesas associadas ao tipo de Incoterm definido inicialmente;
Acrescenta-se o percentual do lucro desejado na exportação e a taxa cambial.
No método de cálculo utilizado no Simulador, o lucro desejado na exportação é calculado sobre o
PREÇO de exportação em moeda nacional e não sobre o CUSTO TOTAL (= Preço no mercado Interno
sem IPI (-) Componentes do preço no mercado interno (+) Componentes do preço de Exportação), o
que significa dizer que o PREÇO equivale a 100%. Isto é, o PREÇO (100%) = CUSTO TOTAL (X%) + LUCRO
(Y%), onde X + Y = 100. Esse cálculo ("por dentro") é feito mediante uma regra de três simples.
Geralmente o mercado externo é mais exigente que o mercado interno e o transporte é mais
complexo e mais demorado. Isso acaba exigindo que o exportador revise e, em muitos casos, até
refaça suas embalagens, tanto as de consumo quanto as de transporte. Além de traduzir as
informações contidas nas embalagens, é importante verificar as exigências do cliente e do país
importador. Essas alterações geram custos que devem ser considerados na formação do preço de
exportação.

Para a maioria dos produtos, o melhor acondicionamento no transporte marítimo é o container,


disponível nos tamanhos de 20 pés, 40 pés e 40 pés HC (com alta cubagem). Nesse caso, o frete
marítimo e as despesas portuárias são cotados com base nessas unidades de carga, por isso o
exportador deverá estimar a quantidade de produto dentro do tipo de container mais adequado ao
seu transporte. Agências de navegação, despachantes aduaneiros e empresas de assessoria em
comércio exterior poderão fornecer informações sobre esses custos logísticos.

Se o transporte mais adequado for por via aérea, as cotações de frete, despesas aeroportuárias e
demais serviços poderão ser fornecidas pelas companhias aéreas, despachantes aduaneiros e
empresas de assessoria em comércio exterior. Para o transporte rodoviário ou ferroviário, consulte
transportadoras habilitadas a operar no transporte internacional, despachantes aduaneiros ou
empresas de assessoria em comércio exterior.

Equipe: Michelle Marcia Viana Martins, Tobias Moreira Ramos, Gabrielle Silva Cruz e Lívia Madeira
Triaca.
Principais Documentos de Exportação: Lista completa

Abaixo listamos os principais documentos necessários para exportar


1. Fatura Pro forma ou Proforma Invoice
2. Fatura Comercial ou Commercial Invoice
3. Romaneio de Carga ou Packing List
4. Nota Fiscal de Exportação (NF-E)
5. DU-E (Declaração Única de Exportação)
6. Conhecimento de Embarque
7. Apólice de Seguro de Transporte
8. Certificado de Origem
9. Carta de Crédito (L/C)

A seguir iremos descrever cada um dos principais documentos:

1. Fatura Pro forma ou Proforma Invoice


A Fatura Pro forma é o documento resultante do processo de negociação entre o exportador e o
importador. Diferentemente da lista de preços ou do recebimento de uma simples solicitação de
cotação, a Fatura Pro Forma indicará os detalhes acordados daquela compra específica, com todas as
informações atinentes a ela.

2. Fatura Comercial ou Commercial Invoice


A Fatura Comercial é o documento de natureza contratual que espelha a operação de compra e venda
entre o importador e o exportador. Usualmente, é mais comum encontrar sua definição em inglês:
Commercial Invoice ou, simplesmente, Invoice.
Segundo a Receita Federal, a primeira via da fatura comercial será sempre a original. Ela pode ser
emitida, assim como as demais vias, por qualquer processo (art. 559 do Regulamento Aduaneiro).

3. Romaneio de Carga ou Packing List


O Romaneio de Carga é o documento de embarque que discrimina todas as mercadorias embarcadas
ou todos os componentes de uma carga em quantas partes estiver fracionada. O objetivo do Packing
é facilitar a identificação e localização de qualquer produto dentro de um lote, além de facilitar a
conferência da mercadoria por parte da fiscalização, tanto no embarque como no desembarque.

4. Nota Fiscal de Exportação (NF-E)


A Nota Fiscal de Exportação é um importante documento na movimentação das mercadorias e
qualquer erro referente a ela pode causar grandes prejuízos. Este documento obrigatório traz todas as
informações sobre a sua mercadoria, para que desta forma ela possa circular desde o país de origem
ao destino. Sendo assim, ela é primordial para realizar o despacho aduaneiro e ainda para o embarque

5. DU-E (Declaração Única de Exportação)


A DU-E é um documento eletrônico que contém informações de natureza aduaneira, administrativa,
comercial, financeira, tributária, fiscal e logística, que caracterizam a operação de exportação dos bens
por ela amparados e definem o enquadramento da operação; e serve de base para o despacho
aduaneiro de exportação.

6. Conhecimento de Embarque
O Conhecimento de Embarque é um dos documentos mais importantes do Comércio Exterior, pois
transmite a posse da mercadoria, entre outras funcionalidades. Ele é emitido pela companhia
responsável pelo transporte da mercadoria.
Esse documento, independente do modal serve para oficializar a contratação da operação do
transporte internacional, comprovar o recebimento da carga na origem, além da obrigação de
entregá-la no destino, constituindo a prova de posse e propriedade da mercadoria. Este documento
recebe denominações de acordo com o meio de transporte utilizado. São exemplos: Air Waybill
(AWB) e Bill of Lading (BL ou B/L).

7. Apólice de Seguro de Transporte


A Apólices de Seguro para Transportes é uma forma de proteger o transportador de alguns riscos no
trajeto, como acidentes, roubos e avarias na carga. Esse seguro tem como objetivo cobrir possíveis
danos e prejuízos causados à carga transportada, seja ela por vias aéreas, terrestres ou marítimas.
Confira o nosso artigo sobre os Tipos de Modais de Transporte!
Lembrando que a contratação do seguro pode ser feita em apólices avulsas (uma por viagem)
ou apólice aberta (que contempla várias viagens).

8. Certificado de Origem
O Certificado de Origem é o documento (em papel ou digital) que assegura a origem da mercadoria, ou
seja, ele certifica que a mercadoria foi elaborada utilizando os critérios de produção previamente
estabelecidos, respeitando as regras de origem contidas no regime de origem.
No comércio exterior, é utilizado basicamente para concessão de preferência tarifária resultante de
um acordo comercial.
9. Carta de Crédito (L/C)
A Carta de Crédito é uma modalidade de pagamento que possui regulação internacional, além da
intermediação de um ou mais bancos, de forma a garantir a segurança da transação comercial entre
exportador e importador. Assim como os Incoterms, a Carta de Crédito também é regulada
pela Câmara Internacional do Comércio.

Documentos de Exportação por etapas


Abaixo detalhamos os principais documentos de exportação por etapas dentro do Fluxo de
exportação.

Documentos de Pré Embarque

Os Documentos de Exportação considerados como Pré embarque são aqueles que devem ser emitidos
pelo exportador e/ou obtidos de órgãos e entidades que participam do processo de exportação.

Nesta categoria, se enquadram os documentos necessários para circulação da mercadoria no país de


origem e os documentos necessários para o embarque ao exterior.
Documentos necessários para circulação da mercadoria no país de origem são:
 Fatura Comercial ou Commercial Invoice
 Romaneio de Carga ou Packing List
 Nota fiscal de Exportação
 Certificados adicionais, quando necessários
Documentos necessários para o embarque ao exterior:
 Romaneio de Carga ou Packing List
 Nota fiscal de exportação
 DU-E (Declaração de Exportação) no Portal Siscomex
 Certificado de Origem (Dependerá do acordo comercial entre os dois países, se houver)
 Conhecimento de embarque (emitido após o embarque)

Documentos de Pós Embarque

Nesta categoria, se enquadram os documentos para negociação junto ao banco e os documentos


contábeis.
Os documentos para negociação junto ao Banco (pagamento) são:
 Fatura comercial
 Conhecimento de embarque
 Letra cambial ou saque
 Carta de crédito (original)
 Fatura e/ou visto consular (Se houver)
 Certificados adicionais (quando necessário)
 Apólice ou certificado de seguro (caso a condição seja CIF)
 Borderô ou carta de entrega

Qual a importância de saber os documentos para exportação?

Expandir os negócios para o exterior é o objetivo de muitas empresas e nesse momento, o


planejamento para a exportação é recomendável, pois o mercado internacional oferece oportunidades
únicas para o crescimento e a estabilidade.

Entretanto, a obrigatoriedade dos documentos para a exportação mostra a importância de saber tudo
sobre a legalidade antes de iniciar o processo.
👉 Além deste texto sobre os documentos de exportação, confira nosso artigo sobre o Passo a Passo
para Exportar Produtos!
Elabore a documentação necessária para a exportação
A documentação é uma parte de extrema importância para que a exportação ocorra de acordo com
os trâmites aduaneiros. Por ser um processo internacional a lista de documentos é bastante longa, mas
se a sua empresa está sem nenhuma pendência fiscal, será relativamente fácil obter todos os
documentos necessários sem muita dor de cabeça.

Estratégia integrada para exportar


Uma vez que as formalidades foram cumpridas, é necessário elaborar uma estratégia sólida e
integrada de exportação. Nesse sentido, deve-se entender sobre a cultura de importação do país de
destino da carga, assim como a sua legislação aduaneira e quais as precauções a se tomar para que a
carga seja admitida no país sem qualquer problema.
Essa etapa também é fundamental para garantir que você tenha então uma margem de lucro
favorável dentro do processo de exportação. É nela que você vai conhecer os custos envolvidos no
processo de exportação, assim como definir qual a melhor rota e modal de transporte para que a sua
carga chegue com segurança e dentro do prazo estipulado.
Por se tratar de uma cultura diferente, é importante contar com o auxílio de um agente de carga para
te guiar durante este processo, fornecendo todas as informações pertinentes à exportação da sua
carga e assegurando o custo-benefício da operação.

Aspectos a definir nos Documentos de Exportação

Os principais aspectos a se definir em relação aos documentos de exportação são:


 Características do produto (especificações, aplicações, dentre outras) ✔️
 Embalagem para o transporte (tipo, material, peso, dimensões) ✔️
 Volume disponível para a exportação (para entrega única e programada) ✔️
 Preço (por unidade e total, na moeda da negociação) ✔️
 Prazo de entrega (em função da confirmação do pedido ou do recebimento da carta de crédito) ✔️
 Incoterm da Negocição ✔️

Módulo de Exportação no Portal Siscomex

A fim de tornar o comércio exterior mais ágil, simples, moderno e menos custoso é que o Portal
Siscomex foi desenvolvido.

Na imagem abaixo podemos ver onde a nova Declaração Única de Exportação se encaixa dentro do
Programa Portal Único de Comércio Exterior.

Para ilustrar:
👉 Se você deseja importar produtos, confira o nosso artigo sobre os Principais Documentos para
Importação!

CONTRATOS

COMPRA E VENDA INTERNACIONAL DE MERCADORIAS – INTRODUÇÃO

O comércio internacional tem-se revelado um meio extremamente criativo, razão pela qual surgem a
cada dia novas modalidades de negociação, canais de distribuição e normas que possam conduzir
essas atividades. Muitas vezes, quando se encontra uma referência ao comércio internacional é
possível identificar, também, os elementos relacionados aos contratos internacionais e, em particular,
à compra e venda internacional de mercadorias.

Atualmente é muito comum um pequeno industrial brasileiro importar insumos da União Europeia,
produzir peças e equipamentos no País e, posteriormente, exportá-los para um outro país.

Até aí tudo parece normal, salvo pelo fato de que este empresário terá de negociar um contrato
internacional de compra e venda de mercadorias, em inglês, com o produtor europeu dos insumos
necessários à produção, negociar o seu produto com possíveis compradores da Ásia, redigir uma
minuta de contrato internacional em algum idioma estrangeiro, embarcar o produto em um navio de
bandeira grega, contratar o seguro do frete com uma seguradora inglesa, acertar o pagamento do
preço em moeda conversível no exterior e o meio de pagamento por uma carta de crédito emitida por
um banco chinês, que será confirmada por um banco holandês de primeira linha.

Ao analisar o cenário internacional, torna-se fácil constatar a grande complexidade e diversidade de


leis, usos e costumes que regem os negócios internacionais atualmente. O resultado é que as
empresas sem experiência internacional e, em particular, as pequenas e médias empresas acabam
inibidas diante do desafio do comércio exterior. Por conseguinte, torna-se fundamental a organização
de um sistema jurídico, de vocação universal, que contenha um conjunto mínimo de regras materiais,
que possa assegurar um justo equilíbrio nos contratos de compra e venda internacionais.

Dessa forma, verifica-se um crescente interesse pela uniformização do direito da compra e venda
internacional, como forma de estimular o intercâmbio comercial entre as nações. Um bom exemplo
desse esforço foi dado pela Organização das Nações Unidas (ONU), que, em 1966, por meio da
Resolução 2.205, de 17.12.66, criou a Comissão das Nações Unidas do Direito do Comércio
Internacional (UNCITRAL) com a finalidade de, dentre outras atribuições, codificar os usos e costumes
do comércio internacional, promovendo sua aceitação e preparando novas convenções internacionais
sobre a matéria, se possível em cooperação com outras instituições.

CONVENÇÃO UNCITRAL

Um dos maiores frutos da UNCITRAL é a Convenção das Nações Unidas sobre os Contratos de Compra
e Venda Internacional de Mercadorias, mais conhecida como Convenção de Viena de 1980, que entrou
em vigor em 1988. A referida convenção foi adotada oficialmente pelo Brasil através do Decreto
8.327/2014.

O resultado da Convenção de Viena de 1980 é um texto flexível e adequado, que provou ser possível
conciliar os objetivos de nações com regimes políticos, econômicos e ideológicos visivelmente opostos
e oriundos de diferentes sistemas jurídicos.

O Instituto Internacional para a Unificação do Direito Privado (UNIDROIT), também conhecido como
instituto de Roma, foi criado em 1926, sob a orientação da Liga das Nações, com o objetivo de, nos
termos do artigo 1º do seu estatuto: “Estudar os meios para harmonizar e coordenar o direito privado
entre os Estados ou grupo de Estados e preparar gradualmente a adoção de uma legislação uniforme
de direito privado”.

Na década de 80, o UNIDROIT publicou um documento denominado Principles of International


Commercial Contracts, (Princípios Comerciais dos Constratos Internacionais) que representa uma
contribuição significativa à interpretação uniforme de cláusulas contratuais por pessoas de diferentes
países e sistemas jurídicos.

O texto da Convenção de Viena de 1980 contém 101 artigos, divididos em quatro partes, que
uniformizam diversos conceitos, como, por exemplo, o momento da formação de um contrato
internacional de compra e venda, além do conteúdo da oferta e da aceitação e a questão de perdas e
danos.

Apesar de ter sido ratificada por mais de 60 países, incluindo os principais atores do comércio
internacional, ainda não foi ratificado pelo Brasil o texto da referida convenção, o que inclusive está
em trâmite no Senado Federal para ser aceita e ratificada a Convenção pelo Brasil.

Entretanto o empresário brasileiro, na hora de celebrar um contrato internacional de compra e venda


de mercadorias, terá de se preocupar, desde o início, com a definição da lei que será aplicável ao
futuro contrato.
Contrato Internacional

Definição – um contrato será sempre internacional quando um dos elementos formadores desse
contrato estiver sujeito a outro ordenamento jurídico, isto é, a presença de elementos estrangeiros, a
potencialidade de ser aplicado mais de um sistema jurídico para regular determinada situação jurídica.

Um exemplo disso pode ser, a localização do domicílio das partes em países distintos, a localização do
bem, objeto da transação comercial, ou o local do cumprimento da obrigação.

Nota-se, portanto, que um contrato internacional implica, necessariamente, mais de um Estado,


sendo, em tese, competente para aplicar o seu direito interno a um mesmo negócio jurídico,

Dessa forma, cumpre ressaltar a importância de se definir qual desses ordenamentos jurídicos
conectados com o contrato será aplicado a este.

A questão da escolha da lei de regência de um contrato internacional tem como ponto de partida o
princípio da autonomia da vontade das partes em contratar, que consagra a liberdade das partes
contratantes em estabelecer a lei e as condições que regerão o ato jurídico em questão.

Observa-se, por conseguinte, que, em decorrência deste princípio da autonomia da vontade das
partes, os contratantes poderão escolher a lei que será aplicável a um instrumento contratual, desde
que respeitados os limites da ordem pública, bons costumes e da soberania de cada Estado .

Por outro lado, alguns ordenamentos jurídicos estabelecem limites à autonomia da vontade das partes
na hora de decidir a lei aplicável a um contrato internacional. Há, ainda, um grupo de países que
restringe a liberdade das partes em eleger uma lei aplicável a uma obrigação contratual à lei que tenha
necessariamente uma conexão (elemento de conexão) com as partes (domicílio ou nacionalidade) ou
com o negócio jurídico em si (local de execução da obrigação) .

No caso do Brasil, em particular, a legislação pátria não reconhece, expressamente, o princípio da


autonomia da vontade das partes na escolha da lei aplicável aos contratos internacionais.

A exceção à regra é quando as partes optam pela arbitragem comercial, como um


mecanismo alternativo de solução de controvérsias.

Quando as partes não definem a lei que regerá o contrato internacional, a futura controvérsia será
solucionada de acordo com a lei que for indicada pela aplicação das normas de Direito Internacional
Privado (DIPr) de um ordenamento jurídico conectado ao contrato, de acordo com o método.

No Brasil, o artigo 17 da Lei de Introdução ao Código Civil determina: “As leis, atos e sentenças de
outro país, bem como quaisquer declarações de vontade, não terão eficácia no Brasil, quando
ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes”.

A arbitragem é um meio reconhecido internacionalmente como eficaz para a solução de


disputas entre as partes em um contrato. Ela fundamenta-se na livre escolha das partes de indivíduos
que, mediante a confiança depositada pelas partes, atuarão como árbitros na decisão de uma
determinada controvérsia, por meio de um laudo arbitral. Trata-se de um mecanismo rápido e sigiloso,
que se caracteriza por ser facultativo em sua origem, mas obrigatório em seu resultado. A arbitragem é
regulada no Brasil por meio da Lei 9.307, de 23 de setembro de 1996.

As normas internas de Direito Internacional Privado, que, no caso específico do Brasil, quando as
partes não elegerem a lei de regência de um contrato internacional, indicam a aplicação da lei de
regência das obrigações internacionais, encontram-se na Lei de Introdução ao Código Civil (LICC).
O caput do Art. 9º da LICC determina que "para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do
país em que se constituírem” (lex loci celebrationis), isto é, no caso do contrato
internacional celebrado entre partes presentes, prevalecerá a lei do país de sua constituição, mas, no
caso do contrato internacional celebrado entre partes ausentes (ex.: por meio de carta, fax ou e-mail),
a lei aplicável será, nos termos do parágrafo 2º do art. 9º, a lei do país de domicílio do ofertante: “A
obrigação resultante do contrato reputa-se constituída no lugar em que residir o proponente”.

Elementos Essenciais no Contrato de Compra e Venda Internacional

Há três elementos essenciais que compõe o Contrato de Compra e Venda Internacional, a saber:

a) Proponente – Vendedor (exportador);

b) Proposto – Comprador (importador);

c) Objeto – Mercadoria ou bem que se pretende negociar.

Veja detalhamentos nos tópicos:

Compra e Venda Internacional de Mercadorias - Contrato - Cláusulas Necessárias

Compra e Venda Internacional de Mercadorias - Contrato - Cláusulas Especiais

Características dos Contratos Internacionais de Compra e Venda

a) Consensual – estabelecido pela vontade das partes e pelo consentimento.

b) Bilateral - gera direitos e obrigações para ambas as partes; o exportador terá de transferir a
propriedade da mercadoria (e entregá-la) e o importador terá de pagar por ela.

c) Oneroso - pode gerar obrigações financeiras para as partes;

d) Comutativo - possui objeto certo e seguro. Porém, no caso de o exportador não possuir o objeto
contratual (mercadoria) no momento do contrato, há que se definir a forma e o momento da
responsabilidade deste em entregar o bem a partir de certas especificações. Isso pode ocorrer quando
o exportador-produtor se compromete a fabricar o bem sob encomenda, por exemplo. Ele ainda não o
possui no momento da celebração do contrato, mas deve especificar detalhadamente para o
importador como é o bem que ele pretende fabricar, para que este (importador) saiba exatamente
como será o bem que está adquirindo.

e) Típico - é regulamentado juridicamente. A figura do contrato de compra e venda existe


juridicamente.

Tópicos relacionados:

Compra e Venda Internacional de Mercadorias - Contrato - Cláusulas Necessárias

Compra e Venda Internacional de Mercadorias - Contrato - Cláusulas Especiais

Condições de Compra e Venda Internacional - Incoterms

Direitos e Obrigações - Vendedor Exportador


Transporte Internacional de Mercadorias

COMPRA E VENDA INTERNACIONAL DE MERCADORIAS – CLÁUSULAS NECESSÁRIAS

Na elaboração de Contrato Internacional de Compra e Venda há cláusulas necessárias que devem estar
presentes, estipulando-se compromissos recíprocos entre os contratantes.

Cláusulas Necessárias do Contrato Internacional de Compra e Venda

a) Identificação das partes contratantes. Todos os contratos, inclusive os internacionais, devem


começar com a qualificação das partes daquela relação contratual específica, ou seja, uma parte
introdutória na qual ambas as partes serão devidamente identificadas.

Na grande maioria dos casos, os contratos internacionais de compra e venda de mercadorias são
assinados entre empresas (pessoas jurídicas), por conseguinte, uma atenção maior deverá ser
empregada na hora de definir as informações essenciais dessa empresa.

O mais comum é precisar o nome completo da pessoa jurídica, a sua forma de constituição societária
(ex.: sociedade limitada ou anônima), o endereço completo e o local de constituição da empresa e o
número de identificação fiscal da sociedade, se houver.

Outro fator importante é a qualificação do representante legal da empresa, isto é, a pessoa física que
tem, efetivamente, poderes para assinar o contrato em nome da empresa e, consequentemente,
obrigá-la pelas disposições contratuais assinadas.

Essa informação é de suma importância para o bom termo do contrato, e a verificação dos poderes do
representante legal deverá ser feita antes da assinatura do instrumento contratual, mediante a
comprovação dos referidos poderes no contrato social ou estatuto da pessoa jurídica (articles of
association ou by-laws), ou ainda por meio de uma procuração (power of attorney) com poderes
específicos para assinar o contrato, outorgada pelo efetivo representante legal da empresa.

Observe-se, também, que, com relação ao número de inscrição fiscal (no Brasil, o CNPJ) da sociedade
estrangeira, nem todos os países adotam o sistema numérico de inscrição fiscal ou tributária e,
portanto, nem todas as empresas terão uma espécie de CNPJ para incluir na sua qualificação, o que
não significa que o contrato esteja incompleto ou incorreto.

A forma de identificação das pessoas jurídicas depende diretamente da lei do país de constituição da
sociedade comercial. Por exemplo, em alguns países da América Latina, as pessoas jurídicas possuem,
em vez de um CNPJ, como ocorre no Brasil, um registro denominado de Número de Identificação Fiscal
(NIF).

Vale a pena ressaltar, ainda, que na hora de qualificar a parte contratante deve-se verificar se a pessoa
jurídica que vai efetivamente assinar o contrato é, na verdade, a empresa com a qual a negociação da
compra e venda de mercadorias foi realmente desenvolvida. Isso ocorre porque, muitas vezes, a
negociação de um contrato internacional é feita, por exemplo, pela sede (matriz) da empresa no
exterior, mas na hora de assinar o contrato a sociedade que consta da minuta é uma filial ou
subsidiária daquela empresa interessada na operação, situada, em geral, em paraísos fiscais.

Essa “troca” de dados na hora da assinatura do contrato pode vir a representar prejuízos para uma das
partes contratantes, na medida em que é comum encontrar nesses paraísos fiscais empresas
consideradas de “fachada”, sem patrimônio relevante, que, em caso de inexecução de uma
determinada obrigação contratual, poderão não dispor de meios financeiros suficientes para reparar
um dano direto causado à outra parte.

b) Definição e Descrição das Mercadorias – No teor do contrato de compra e venda internacional deve
constar a definição do tipo de produto que será negociado, com as respectivas descrições da
mercadoria, o tipo, qualidade e quantidade do produto (peso líquido e bruto ou volume, conforme o
caso), a forma de embalagem, eventuais acessórios características, volume, quantidade, peso, forma,
unidade, se possui conteúdo de periculosidade quanto ao manuseio. Cada informação sobre o produto
é necessária em relação às exigências legais que deverão ser cumpridas pelo exportador e pelo
importador.

c) Objeto – é a cláusula a mais importante do contrato em geral. A finalidade dessa cláusula é definir
qual será o resultado do contrato por meio de uma definição precisa e completa do bem que será
objeto da compra e venda internacional. As partes contratantes devem se preocupar em detalhar com
clareza as características do produto para evitar futuras controvérsias quanto à natureza da coisa
vendida, podendo, também, optar pela adoção do respectivo código tarifário do bem objeto da
contratação.

d) Forma do Pagamento – A forma de pagamento a ser adotada em um contrato internacional de


compra e venda de mercadorias deve levar em conta o grau de confiança existente entre as partes
contratantes.

As formas mais comuns são a transferência bancária à vista ou após um determinado número de dias
da data do embarque da mercadoria, que surgem com frequência nos contratos entre as partes que
mantêm uma relação comercial estável há algum tempo, ou por meio do crédito documentário em
suas diversas formas de cartas de crédito, que representa um meio de pagamento pelo qual o banco
que emite a carta de crédito se obriga a efetuar o pagamento, mediante a apresentação de um
determinado conjunto de documentos, que inclui o conhecimento de embarque da mercadoria.

É importante distinguir entre crédito documentário e carta de crédito. Embora muitas vezes as
expressões sejam confundidas, na verdade a primeira delas é mais ampla e inclui a segunda.

Crédito documentário é todo arranjo em que haverá um desembolso de recursos mediante a


apresentação de documentos.

A carta de crédito apresenta essa última característica, tratando-se de uma modalidade de crédito
documentário. Existem diversos tipos de carta de crédito, que variam em função do tipo e da duração
do contrato e do grau de proteção desejável para o vendedor.

Assim encontram-se com frequência cartas de crédito do tipo revolving para os contratos de
fornecimento, ou ainda na modalidade de cartas revogáveis ou irrevogáveis.

Quando a carta de crédito é emitida por um banco pequeno ou desconhecido, é comum que essa carta
seja confirmada posteriormente por um banco de primeira linha internacional, mediante solicitação de
uma das partes contratantes.

e) Preço e Condições de Venda - Trata-se de outra cláusula que merece especial atenção das partes
contratantes. Em primeiro lugar, essa cláusula deve fixar, inclusive por extenso, o preço unitário e total
do produto a ser comercializado.

Além disso, as partes devem definir também a moeda específica do preço indicado, uma vez que
algumas moedas, como o peso, a libra e o dólar, são adotadas por diversos países e, por conseguinte,
mantêm diferentes cotações no mercado cambial; por isso mesmo, a fixação do preço deve incluir a
origem da moeda (por exemplo, dólares norte-americanos).

Faz-se necessário destacar aqui que o direito brasileiro admite, em matéria de comércio internacional,
a contratação em moeda estrangeira, nos termos do disposto no Decreto-Lei 857, de 11.9.69. As
partes podem, portanto, escolher a forma de pagamento na moeda do país do vendedor, do país do
comprador ou ainda na moeda de um terceiro país que seja conversível e estável no mercado
internacional de câmbio.

Outro fator que deve ser observado nesta cláusula diz respeito à modalidade de entrega do produto,
mediante a indicação de um dos termos previstos nos Incoterms, padronizados pela Câmara de
Comércio Internacional, que vai indicar o porto de entrega ou embarque do produto, o tipo de
transporte utilizado, a contratação de frete e de seguros e de eventuais serviços aduaneiros, além do
momento de transferência da propriedade do vendedor para o comprador.

f) Obrigações das Partes - Na relação de compra e venda internacional, as partes assumem distintas
obrigações, que dependerão diretamente do tipo de contrato e das características específicas do
produto objeto da contratação ou do setor da economia no qual a mercadoria está inserida. As
próprias partes redigirão essas obrigações com base em suas respectivas experiências comerciais e no
grau de conhecimento mútuo entre elas.

O vendedor, por exemplo, tem obrigações típicas, como entregar ou embarcar o produto na data
determinada no contrato, e ainda outras obrigações de, conforme o caso: fornecer informações sobre
o produto (incluindo manual de instruções já traduzido no idioma do país do importador); garantir
um sistema de atendimento telefônico pós-venda, para esclarecer dúvidas quanto à utilização do
produto pelo comprador; assistência técnica; treinamento dos funcionários do importador, para a
correta utilização do produto, etc.

Por outro lado, o comprador assume, igualmente, obrigações específicas, em particular, a obrigação de
efetuar o pagamento na data estipulada e na modalidade indicada no contrato, além de contratar, por
exemplo, serviços de inspeção das mercadorias no porto de embarque.

g) Garantia - A expectativa de todo importador é receber a mercadoria do vendedor, de acordo com as


amostras apresentadas pelo exportador durante a negociação do contrato e, também, em
conformidade com a descrição do produto contida no próprio contrato, na cláusula do objeto, isto é, a
mercadoria entregue deve respeitar a quantidade, a qualidade e o modelo do produto que foi,
efetivamente, negociada pelas partes.

Uma possibilidade de proteção contra o risco de desconformidade da mercadoria é a introdução no


corpo do contrato internacional de compra e venda de mercadorias de uma cláusula de garantia,
estabelecendo que, no caso de diferença entre o produto entregue e o solicitado no contrato, a
empresa exportadora se compromete a, durante um determinado período (tempo suficiente para que
o importador possa conferir a mercadoria, após os trâmites aduaneiros), substituir as peças
defeituosas ou desconformes, ou ainda a fornecer, por exemplo, uma quantidade adicional do produto
vendido para completar o volume total de peças que acabou não sendo respeitado no embarque da
mercadoria.

A duração do período de garantia obedece aos usos e costumes internacionais praticados em cada
setor da economia.

h) Lei Aplicável e Jurisdição. Do ponto de vista jurídico, trata-se de um dos pontos mais importantes
do contrato. Esses dois elementos (a lei aplicável ao contrato e o foro competente) podem vir reunidos
em uma mesma cláusula ou separados.

Embora o contrato seja denominado internacional, o mesmo será regido por um ordenamento jurídico
nacional, pois não existem leis específicas, situadas fora do contexto de algum estado, que possam
dirimir eventual conflito de jurisdição entre os países contratantes. O ordenamento jurídico ao qual se
vincula um determinado contrato é o denominado foro internacional.

Podem surgir sérios problemas se um determinado contrato internacional não estabelecer a lei à qual
deverá se vincular. Neste caso, a definição da lei aplicável deverá seguir os critérios de determinação
dados pelo Direito Internacional Privado de cada país, que podem indicar leis aplicáveis diferentes para
um mesmo litígio, dando origem a um impasse jurídico conhecido como conflito de jurisdição.

Não há um sistema jurídico internacional padronizado que possa reger os contratos internacionais.
Geralmente é aceito o princípio de que, salvo expresso acordo em contrário, o foro do contrato
internacional será o foro do local do domicílio do exportador, local onde o exportador esteja
estabelecido, regido pelas leis de seu domicílio).

j) Rescisão - É a parte do contrato que estipula os critérios para a rescisão contratual, isto é, a
desconstituição do negócio jurídico e, por conseguinte, a perda da eficácia do contrato.

A cláusula de rescisão também define as hipóteses em que uma das partes deixa de cumprir uma de
suas obrigações definidas no contrato e a forma de solucionar a inexecução da obrigação, no caso de
as partes ainda terem interesse em manter o vínculo contratual.

Tipos de rescisão do Contrato Internacional de Compra e Venda:

Rescisão Automática - ocorre ao término do prazo de vigência contratual, sem que as partes
manifestem a vontade em prorrogá-lo.

Rescisão Voluntária – ocorre quando uma das partes se sente prejudicada pelo fato de a outra parte
descumprir um ou mais de seus compromissos assumidos no contrato.

Rescisão Involuntária – ocorre quando uma das partes se torna totalmente incapaz de continuar
cumprindo as suas obrigações contratuais, seja por causa de dissolução da sociedade, seja por falência
ou alienação do controle societário da empresa contratante.

l) Idioma - Esta cláusula é muito útil nos casos de contratos internacionais de compra e venda de
mercadorias que são redigidos em dois ou mais idiomas simultaneamente. É importante prever uma
cláusula de idioma que vai estabelecer quais são as versões existentes do contrato em questão, além
de indicar na redação da cláusula qual será a versão que prevalecerá sobre as demais, em caso de
dúvida quanto à interpretação de um dispositivo contratual.

m) Vigência do Contrato – O objetivo é o de fixar um marco temporal a partir do qual o contrato


produzirá seus efeitos jurídicos, além de definir um período de duração para o fornecimento de
mercadorias, determinando, dessa maneira, um período específico de vigência para a relação
contratual.

Exemplo; “Este contrato entrará em vigor na data efetiva de sua assinatura e todos os prazos serão
contados a partir desta data. A duração do contrato será de 2 (dois) anos.”

n) Solução de Controvérsias - A cláusula contratual que prevê a possibilidade de utilização de um


mecanismo alternativo de solução de controvérsias, como a arbitragem comercial internacional, é
denominada “cláusula compromissória” e é muito frequente nos contratos internacionais de compra e
venda.

O crescente recurso à arbitragem como um mecanismo alternativo de solução de controvérsias deve-


se, em grande parte, às vantagens que essa representa: celeridade, confidencialidade, e a verificação
por árbitros especializados para que seja dirimido as controvérsias existentes.

- Celeridade – é um procedimento rápido, as partes envolvidas em um procedimento arbitral podem


encontrar uma solução definitiva para o conflito em um período de poucos meses, o que representa
um enorme benefício e economia para a empresa, pois não ficará anos esperando uma decisão judicial
final, que poderá demorar muito tempo no Judiciário;
- Confidencialidade - ao contrário dos processos judiciais, que em sua grande maioria são de domínio
público, o procedimento arbitral é cercado por regras de sigilo sobre o conteúdo da arbitragem, que
garantem a confidencialidade da disputa, sem prejuízos para a imagem da empresa ou do produto
objeto do procedimento arbitral;

- Árbitros- como as partes são livres para escolher os árbitros que comporão o tribunal arbitral, em
geral, os escolhidos são pessoas altamente especializadas na matéria que deu origem à disputa entre
as partes, podendo decidir o conflito com experiência e a autoridade de quem domina o objeto da
questão.

A utilização do instituto da arbitragem como uma alternativa ao Poder Judiciário para resolver uma
determinada controvérsia comercial existente entre as partes de um contrato é facultativa para as
partes envolvidas, isto é, elas não são obrigadas a recorrer à arbitragem, podendo submeter o conflito
ao foro judicial competente.

Observe-se, entretanto, que, uma vez que as partes façam a opção pelo recurso à arbitragem (ou por
meio da cláusula compromissória inserida no contrato ou pelo compromisso arbitral celebrado
posteriormente pelas partes), o seu resultado torna-se obrigatório para elas, e a decisão dos árbitros
será necessariamente cumprida. Note-se, portanto, que a arbitragem é facultativa quanto à sua
origem, porém é obrigatória quanto ao seu resultado.

A redação da cláusula compromissória, para ser considerada eficaz, deverá contemplar alguns
elementos essenciais, a saber:

(a) a corte permanente ou de arbitragem onde será realizado o procedimento arbitral. Muitas
instituições voltadas, em especial, para o fomento do comércio internacional, como, por exemplo, a
Associação Americana de Arbitragem (AAA) e a Câmara de Comércio Internacional de Paris (CCI) se
dedicam ao estudo e promoção da arbitragem e possuem cortes permanentes que dispõem de
infraestrutura e experiência em matéria arbitral e são muito procuradas para a realização desses
procedimentos);

(b) a cidade onde será realizada a arbitragem (uma vez que algumas instituições que realizam a
arbitragem possuem mais de uma sede);

(c) o número de árbitros; e

(d) as regras que serão utilizadas pelos árbitros (normalmente, essas regras são aquelas desenvolvidas
pelas próprias instituições que lidam com a arbitragem e que são similares em muitos aspectos).

O idioma em que será conduzida a arbitragem também costuma fazer parte desta cláusula. Verifique-
se, ainda, que a arbitragem comercial internacional também pode ser realizada ad hoc, ou seja, as
próprias partes contratantes, interessadas na utilização do mecanismo alternativo da arbitragem,
podem criar o seu próprio “tribunal arbitral ad hoc”, indicando seus árbitros e estabelecendo as
próprias regras de arbitragem mais adequadas para a utilização em um caso específico.

n) Cláusula Penal – Esta cláusula é aplicada em razão do não cumprimento das obrigações por uma das
partes contratantes, seja pelo não pagamento ou pelo não cumprimento das demais responsabilidades
assumidas pelos contratantes.

COMPRA E VENDA INTERNACIONAL DE MERCADORIAS – CLÁUSULAS ESPECIAIS

Nos contratos de compra e venda internacional de mercadorias além de constarem as cláusulas


necessárias, convém incluir cláusulas específicas em relação aos produtos que estão sendo
comercializados, bem como as cláusulas aleatórias que buscam salvaguarda aos contratantes no caso
de qualquer ocorrência que independa de suas vontades, acontecida na vigência do contrato.
Cláusulas Específicas – visam amparar determinada mercadoria que exija tratamento especial, tais
como mercadorias frágeis ou perecíveis que necessitam de cuidados especiais no manuseio e
embalagem.

Destaque-se que, na omissão dessas cláusulas, a parte culpada desonera-se de arcar com as
responsabilidades decorrentes de perda ou dano sofridos na mercadoria.

Cláusulas Aleatórias – buscam salvaguardar aos contratantes no caso de qualquer ocorrência que
independa de suas vontades, acontecida na vigência do contrato.

TIPOS DE CLÁUSULAS ALEATÓRIAS

Cláusula de Força Maior

Esta cláusula, internacionalmente conhecida por sua expressão francesa Force Majeure, funciona como
uma espécie de cláusula de exoneração de responsabilidade das partes contratantes, em certas
ocasiões específicas.

Trata-se de uma cláusula extremamente importante para os contratos internacionais de compra e


venda de mercadorias, em particular, para os contratos relacionados à produção de bens no setor
agroindustrial, sempre sujeitos às mudanças climáticas.

As partes contratantes (exportador e importador) assumem direitos e obrigações em uma relação


contratual. Entretanto, algumas vezes, o cumprimento de uma determinada obrigação contratual
torna-se impossível, por um fator alheio à vontade das partes.

Com efeito, para que haja um evento de força maior, faz-se necessário comprovar que:

1) o evento ocorreu fora do controle das partes contratantes, ou seja, as partes não contribuíram de
forma alguma para a realização do evento;

2) o evento era imprevisível;

3) ainda que as partes tentassem impedir sua ocorrência, não conseguiriam.

À medida que a ocorrência de determinado evento de força maior resultar na impossibilidade de uma
das partes em continuar cumprindo as suas obrigações assumidas no âmbito de um contrato
internacional, então estará configurado o impedimento para o cumprimento do contrato.

O resultado é a exoneração da responsabilidade da parte que sofreu o evento de força maior,


tornando-se desobrigada de forma permanente ou temporária do cumprimento de suas obrigações,
dependendo da extensão dos danos causados pelo evento, sem que haja a culpabilidade das partes. A
inclusão de uma cláusula de força maior salvaguardará, portanto, as partes contratantes contra os
resultados de tais eventos.

Os eventos de força maior podem ter causas variadas, mas o resultado é idêntico: a suspensão do
cumprimento de uma determinada obrigação contratual.

Eventos da Força Maior:

- Fenômenos da natureza: terremotos, maremotos, incêndios, raios, furacões, tempestades,


avalanches, inundações etc.

- Fenômenos políticos e sociais – greves, guerras, revoluções, comoções políticas, etc.; e fenômenos
legais – restrições cambiais impostas por um governo, embargos comerciais, resoluções da
Organização Mundial do Comércio (OMC) impedindo a comercialização de um determinado tipo de
mercadoria.

Clausula Hardship

Trata-se de outro tipo de cláusula, muito comum nos contratos internacionais de longa duração, com
efeitos de salvaguarda e, que preserva as partes de eventos também independentes de sua vontade,
mas não decorrem de força maior (fenômenos da natureza, de acontecimentos políticos e
administrativos, perturbações de ordem social), relacionando-se com fatos novos, que eventualmente
surjam durante a vigência contratual, com capacidade de prejudicar as partes, tornando-o mais
oneroso.

A cláusula de hardship (adversidade, dureza), também conhecida como cláusula de revisão, funciona
como uma cláusula complementar à cláusula de força maior, pois, apesar de não garantir a suspensão
ou resolução do contrato – como ocorre na força maior –, ela garante a revisão deste, de forma a
promover a adaptação do instrumento contratual às novas condições vigentes, tornando-o mais
equilibrado e evitando um ônus excessivo para uma ou ambas as partes contratantes.

Ao contrário da cláusula de força maior, que decorre, por exemplo, de fatores da natureza, políticos ou
sociais, a cláusula de hardship decorre da modificação de certas condições originais do contrato que,
caso não sejam readaptadas ou reajustadas, provocarão uma situação injusta para uma das partes e
causarão o desequilíbrio do contrato como um todo, podendo, inclusive, provocar a falência da parte
que sofre com a mudança dos termos iniciais do contrato.

A sua previsão assegura, portanto, o direito das partes de poder solicitar, após a alteração dos termos
econômico-financeiros da base inicial do contrato, o seu reajuste para refletir o equilíbrio inicial
vigente no momento da formação do acordo.

A cláusula de hardship não tem efeito determinador automático: consiste, essencialmente, em


provocar renegociação do contrato, desde que a modificação visada se produziu.

Cláusula INCOTERMS

Constituem-se em regras básicas criadas pela Câmara de Comércio Internacional (CCI) para facilitar o
processo de definição dos direitos e obrigações que competem ao exportador e importador, não
somente no que se refere às despesas inerentes às transações, como também no que tange à divisão
de responsabilidades por perdas e danos que possam sofrer as mercadorias negociadas.

CONDIÇÕES DE COMPRA E VENDA INTERNACIONAL – INCOTERMS

Em relação a compra e venda de mercadorias, o que deve ser observado tanto pelo exportador e
importador são as condições que norteiam a venda das mercadorias.

As regras utilizadas para esse fim estão definidas nos International Commercial Terms (Incoterms),
editada pela Câmara de Comércio Internacional (CCI).

A utilização das Incoterms é um procedimento a ser seguido e deverá estar pactuado entre as partes
no contrato internacional de compra e venda de mercadorias.

Termos ou Condições de Venda (Incoterms)

Os termos ou condições de venda (Incoterms) definem, nas transações internacionais de mercadorias,


as condições em que os produtos devem ser exportados.
Essas fórmulas contratuais fixam direitos e obrigações, tanto do exportador como do importador,
estabelecendo com precisão o significado do preço negociado entre ambas as partes.

Uma operação de comércio exterior com base nos Incoterms reduz a possibilidade de interpretações
controversas e de prejuízos a uma das partes envolvidas.

A importância dos Incoterms reside na determinação precisa do momento da transferência de


obrigações, ou seja, do momento em que o exportador é considerado isento de responsabilidades
legais sobre o produto exportado. Os Incoterms definem regras apenas para exportadores e
importadores, não produzindo efeitos com relação às demais partes, como transportadoras,
seguradoras, despachantes.

Nomenclaturas das Incoterms

- EXW – Ex Works - o produto e a fatura devem estar à disposição do importador no estabelecimento


do exportador. Todas as despesas e quaisquer perdas e danos a partir da entrega da mercadoria,
inclusive o despacho da mercadoria para o exterior, são de responsabilidade do importador. Quando
solicitado, o exportador deverá prestar ao importador assistência na obtenção de documentos para o
despacho do produto. Esta modalidade pode ser utilizada com relação a qualquer via de transporte.

- FCA – Free Carrier - o exportador entrega as mercadorias, desembaraçadas para exportação, à


custódia do transportador, no local indicado pelo importador, cessando aí todas as responsabilidades
do exportador. Essa condição pode ser utilizada em qualquer tipo de transporte, inclusive o
multimodal.

- FAS – Free Along Ship - as obrigações do exportador encerram-se ao colocar a mercadoria, já


desembaraçada para exportação, no cais, livre, junto ao costado do navio. A partir desse momento, o
importador assume todos os riscos, devendo pagar inclusive as despesas de colocação da mercadoria
dentro do navio.

O termo é utilizado para transporte marítimo ou hidroviário interior.

- FOB – Free on Board - o exportador deve entregar a mercadoria, desembaraçada, a bordo do navio
indicado pelo importador, no porto de embarque. Esta modalidade é válida para o transporte marítimo
ou hidroviário interior. Todas as despesas, até o momento em que o produto é colocado a bordo do
veículo transportador, são da responsabilidade do exportador. Ao importador cabem as despesas e os
riscos de perda ou dano do produto, a partir do momento que este transpuser a amurada do navio.

- CFR – Cost and Freight - o exportador deve entregar a mercadoria no porto de destino escolhido pelo
importador. As despesas de transporte ficam, portanto, a cargo do exportador. O importador deve
arcar com as despesas de seguro e de desembarque da mercadoria. A utilização desse termo obriga o
exportador a desembaraçar a mercadoria para exportação e utilizar apenas o transporte marítimo ou
hidroviário interior.

- CIF – Cost, Insurance and Freight - modalidade equivalente ao CFR, com a diferença de que as
despesas de seguro ficam a cargo do exportador. O exportador deve entregar a mercadoria a bordo do
navio, no porto de embarque, com frete e seguro pagos. A responsabilidade do exportador cessa no
momento em que o produto cruza a amurada do navio no porto de destino. Esta modalidade só pode
ser utilizada para transporte marítimo ou hidroviário interior.

- CPT – Carriage Paid To... - como o CFR, esta condição estipula que o exportador deverá pagar as
despesas de embarque da mercadoria e seu frete internacional até o local de destino designado. Dessa
forma, o risco de perda ou de dano dos bens, assim como quaisquer aumentos de custos, é transferido
do exportador para o importador, quando as mercadorias forem entregues à custódia do
transportador. Este Incoterm pode ser utilizado com relação a qualquer meio de transporte.

- CIP – Carriage and Insurance Paid to... - adota princípio semelhante ao CPT. O exportador, além de
pagar as despesas de embarque da mercadoria e do frete até o local de destino, também arca com as
despesas do seguro de transporte da mercadoria até o local de destino indicado. O CIP pode ser
utilizado com qualquer modalidade de transporte, inclusive multimodal.

- DAF – Delivered At Frontier - o exportador deve entregar a mercadoria no ponto e local designados
na fronteira, antes porém da linha limítrofe com o país de destino. Este termo é utilizado
principalmente nos casos de transporte rodoviário ou ferroviário.

- DES – Delivered Ex Ship - modalidade utilizada somente para transporte marítimo ou hidroviário
interior. O exportador tem a obrigação de colocar a mercadoria no destino estipulado, a bordo do
navio, ainda não desembaraçada para a importação, assumindo integralmente todos os riscos e
despesas até aquele ponto no exterior.

- DEQ – Delivered Ex Quay - o exportador deve colocar a mercadoria, não desembaraçada para
importação, à disposição do importador no cais do porto de destino designado. Este termo é utilizado
para transporte marítimo ou hidroviário interior ou multimodal.

- DDU – Delivered Duty Unpaid - o exportador deve colocar a mercadoria à disposição do importador
no local e ponto designados no exterior. Assume todas as despesas e riscos para levar a mercadoria até
o destino indicado, exceto os gastos com pagamento de direitos aduaneiros, impostos e demais
encargos da importação. Este termo pode ser utilizado com relação a qualquer modalidade de
transporte.

- DDP – Delivered Duty Paid - o exportador assume o compromisso de entregar a mercadoria,


desembaraçada para importação, no local designado pelo importador, pagando todas as despesas,
inclusive impostos e outros encargos de importação. Não é de responsabilidade do exportador, porém,
o desembarque da mercadoria. O exportador é responsável também pelo frete interno do local de
desembarque até o local designado pelo importador. Este termo pode ser utilizado com qualquer
modalidade de transporte. Trata-se do Incoterm que estabelece o maior grau de compromissos para o
exportador.

Responsabilidade do Exportador

1 - O exportador assume os riscos até o momento da colocação do produto à disposição do


importador, no estabelecimento do exportador.

2 - O exportador assume os riscos até o momento da colocação do produto, desembaraçado para


exportação, junto ao costado do navio.

3 - O exportador assume os riscos até o momento em que a mercadoria, desembaraçada para


exportação, tenha cruzado a amurada do navio no porto de embarque.

4 - O exportador assume os riscos até o momento da entrega da mercadoria, desembaraçada para


exportação, à custódia do transportador.

5 - O exportador assume os riscos até o momento da colocação da mercadoria à disposição do


importador, dentro do meio de transporte, não desembaraçada, no local de entrega na fronteira.

6 - O exportador assume todos os riscos até o momento em que a mercadoria é colocada à disposição
do importador, no ponto de destino, a bordo do navio.
7 - O exportador assume todos os riscos até o momento em que a mercadoria, não desembaraçada
para importação, seja entregue no ponto pactuado, no local de destino. Ao importador cabe obter as
licenças de importação.

8 - O exportador assume todos os riscos até o momento da entrega da mercadoria no ponto pactuado,
no local de destino designado, por qualquer meio de transporte, não desembaraçada nem
desembarcada.

9 - O exportador assume os riscos até o momento em que o produto seja colocado à disposição do
importador, no meio de transporte no local de destino, não desembarcada, mas desembaraçada.

Contratos de Navegação

Nos contratos de navegação alguns pontos devem ser observados - mesmo que o exportador não seja
responsável pelo pagamento do frete (que caberá ao comprador importador).

Na contratação do frete o exportador deverá atentar às seguintes questões:

a) Se há veículo disponível e adequado para realizar o transporte da mercadoria de acordo com as


condições que foram pactuadas contratualmente com o importador.

b) Verificar a previsão do período a ser gasto entre embarque e a chegada da mercadoria.

c) Se na embarcação há espaço para o transporte da mercadoria.

d) Informações sobre a empresa de navegação contratada;

e) Informações sobre o preço do frete.

Adicionalmente, é de fundamental importância identificar os responsáveis pelo pagamento das


despesas referentes ao embarque, estiva dentro do navio e desembarque da mercadoria.

Caberá ao armador esclarecer ao exportador se os gastos com embarque, desembarque e estiva estão
incluídos no preço do frete.

Modalidades de Contratação de Frete Marítimo

São as seguintes as modalidades de contratação de frete marítimo:

- Liner Terms ou Berth Terms - o armador é responsável pelas despesas referentes ao embarque, estiva
e desembarque. Cabe ao exportador colocar a mercadoria livre junto ao costado do navio. Esta
modalidade é também conhecida pela sigla FFA (Free From Alongside – Livre junto ao Costado do
Navio);

- FIO (Free In and Out – Livre de Entrada e Saída de Bordo) - cabe ao armador apenas o transporte da
mercadoria. As despesas com embarque, estiva e desembarque correm por conta do exportador. A
sigla FIOS (Free In Out and Stowed – Livre de Entrada, Saída e Arrumação) designa variante da
modalidade FIO.

- FIOST (Free In Out Stowed and Trimmed – Livre de Entrada, Saída, Arrumação e Distribuição da
Carga) - trata-se de outra variante da modalidade FIO, utilizada sobretudo para o transporte de
granéis;

- FI (Free In –Livre de Entrada a Bordo) - o exportador encarrega-se do pagamento das despesas


referentes a embarque e estiva. Cabe ao armador a responsabilidade pelo pagamento das despesas
com o desembarque.

As modalidades FIS (Free In and Stowed – Livre de Entrada e Arrumação), FILO (Free In Liner Out –
Livre de Entrada e Responsável pela Saída) e FISLO (Free In Stowed Liner Out – Livre de Entrada e
Arrumação, e Responsável pela Saída) são variantes da modalidade FI;.

- FO (Free Out – Livre de Saída de Bordo) - ao exportador cabe apenas o pagamento das despesas
relativas ao desembarque. Os gastos de embarque e estiva correm por conta do armador. A
modalidade LIFO (Liner In Free Out) é idêntica à FO (Free Out).

DIREITOS E OBRIGAÇÕES DO VENDEDOR – EXPORTADOR

Introdução

Os direitos e obrigações nos contratos de compra e venda internacional estão regulados pela
Convenção de Viena, o que trata das responsabilidades do vendedor exportador e comprador
importador.

A parte I da Convenção de Viena trata dos direitos e obrigações de comprador e vendedor e dos
remédios (meios disponíveis às partes) em caso de inadimplemento contratual.

A Convenção de Viena considera que uma violação de contrato é fundamental quando causar à outra
parte prejuízo tal que a prive substancialmente daquilo que lhe era legítimo esperar do contrato, salvo
se a parte faltosa não previu esse resultado, e se outra pessoa razoável, na mesma situação, também
não pudesse prevê-lo.

Uma declaração de resolução (encerramento) do contrato apenas se torna eficaz quando notificada à
outra parte. Um contrato poderá ser modificado ou extinto por simples acordo entre as partes.

Obrigações do Vendedor – Exportador

A obrigação do vendedor é a de entregar as mercadorias, transferindo a propriedade sobre elas,


remetendo ao importador os documentos a elas referentes.

O contrato de compra e venda pode prever um transporte de mercadorias, e, nesse caso, o exportador
deverá entregar as mesmas ao primeiro dos transportadores que as fará chegar ao importador.

Pode ocorrer também que o contrato preveja a entrega das mercadorias em outro local que não nas
mãos de um transportador.

O vendedor deve entregar as mercadorias conforme se comprometeu, relativamente a quantidade,


qualidade, tipo, e embaladas de acordo com a forma prevista no contrato.

Se houver alguma falta de conformidade da mercadoria que o comprador conhecia ou não podia
ignorar no momento da celebração do negócio, não poderá ser responsabilizado o vendedor.

O comprador (importador) deverá examinar as mercadorias após o recebimento em prazo mais breve
possível, conforme as circunstâncias. Caso não denuncie ao vendedor a falta de conformidade
eventualmente constatada, em um prazo razoável, o comprador perde o direito à alegação de
desconformidade.

A Convenção de Viena prevê que, se essa desconformidade incidiu sobre fatos que o vendedor
conhecia ou não podia ignorar, e que não revelou ao comprador, então o vendedor não poderá alegar
que o comprador não reclamou em prazo razoável.
Dever de Cuidado e Responsabilidade do Exportador

Caso o vendedor não cumpra com suas obrigações resultantes do contrato, o comprador estará
autorizado a:

a) exigir o cumprimento dos termos contratuais, podendo requerer a substituição das mercadorias ou
a reparação da falta;

b) conceder prazo suplementar ao vendedor para cumprimento de suas obrigações;

c) declarar o contrato resolvido, quando a inexecução pelo vendedor de qualquer de suas obrigações
constituir violação fundamental do contrato, ou em caso de falta de entrega das mercadorias no prazo;

d) reduzir o preço pago ou a pagar pelas mercadorias, proporcionalmente à diferença entre o valor das
mercadorias efetivamente entregues e o valor que as mercadorias conformes teriam tido nesse
momento, exceto se o vendedor houver reparado sua falta.

Se o vendedor entregar as mercadorias antes da data fixada, o comprador tem a faculdade de tomar
posse delas ou recusar fazê-lo. Se o vendedor entregar uma quantidade superior à prevista no
contrato, o comprador pode aceitar ou recusar tomar posse da quantidade excedente.

Se o comprador aceitar tomar posse dela, no todo ou em parte, deve pagá-la conforme os critérios
estabelecidos para determinação do preço contratual.

Caso o preço não tenha sido fixado no contrato, expressa ou implicitamente, considera-se que as
partes acordaram, salvo disposição em contrário, que o preço será aquele habitualmente praticado no
momento da celebração do contrato, para as mesmas mercadorias, negociadas em condições
semelhantes, no ramo comercial.

O local de pagamento, caso não especificado de forma diferente no contrato, será o estabelecimento
do vendedor ou, se for contra a remessa de mercadorias, no local onde a entrega se verificar.

Caso as partes não tenham acordado um momento distinto para pagamento, este deverá ocorrer
quando o vendedor puser à disposição do comprador as mercadorias e os documentos exigidos,
conforme os termos do contrato.

Dependendo da modalidade de pagamento, caso o contrato implique um transporte, o vendedor pode


expedir as mercadorias (e os documentos) apenas se o pagamento for efetuado (exemplo: pagamento
antecipado).

Em princípio, o comprador não está obrigado a pagar o preço antes de ter a oportunidade de examinar
as mercadorias, mas dependendo da modalidade de pagamento acertada, essa possibilidade pode não
existir.

Se a forma de pagamento for remessa antecipada, o comprador tem que pagar antes de o exportador
embarcar a mercadoria. Nesse caso, NÃO existe a possibilidade de o comprador verificar a mercadoria
antes de efetuar o pagamento.

O comprador estará obrigado a tomar todas as atitudes que dele se espera para que o vendedor possa
realizar a entrega da mercadoria, devendo tomar posse das mesmas.

Em caso de violação de contrato pelo comprador, o vendedor terá os seguintes meios à disposição
para fazer valer seus direitos:
a) exigir a execução do contrato, ou seja, cobrar do comprador o pagamento do preço, a aceitação da
entrega ou a execução de outras obrigações, podendo o vendedor conceder prazo suplementar;

b) declarar o contrato resolvido, quando a inexecução pelo comprador de uma de suas obrigações
constituir violação fundamental do contrato, ou se o comprador não cumprir sua obrigação de pagar o
preço ou não aceitar a entrega das mercadorias no prazo suplementar concedido pelo vendedor;

c) reclamar a indenização por perdas e danos.

É fundamental que o contrato internacional de compra e venda de mercadorias estabeleça, de forma


explícita e precisa, o momento em que o risco sobre a mercadoria se transfere do exportador para o
importador. Isso porque, no momento em que o exportador cumprir sua parte, por exemplo,
entregando a mercadoria à custódia de um transportador no exterior, o importador vai ter a obrigação
de pagar o preço acertado, mesmo que a mercadoria não chegue do outro lado.

Esse instante em que o risco é transferido normalmente está expresso no Incoterm (condição de
venda) utilizado. Caso este não seja especificado, as partes poderão se utilizar dos dispositivos da
Convenção de Viena.

Assim, se a perda ou deterioração das mercadorias ocorrer após a transferência do risco para o
comprador, o importador não estará liberado da obrigação de efetuar o pagamento, salvo se a perda
ou a deterioração forem devidas a atos do vendedor.

TRANSPORTE INTERNACIONAL DE MERCADORIAS

Introdução

O transporte de mercadorias nas relações negociais é gerador de responsabilidades pela prestação do


serviço contratado, pois gera execução das atividades que são objeto do negócio avençado entre a
partes interessadas na aquisição de bens.

O transporte refere-se ao deslocamento físico da mercadoria, desde o local de produção ou


armazenamento para a venda, até o local acertado com o comprador.

Modalidades de Desdobramento de Transporte

O desdobramento do transporte pode ocorrer por:

- Frete Interno: encaminhamento do produto do local de produção ao local de início do transporte


internacional.

- Frete Interno no local de destino: deslocamento que se inicia ao fim do transporte internacional, do
local do desembarque até o destino do produto.

Transporte Internacional

O transporte internacional é o deslocamento entre dois países regido por um


contrato internacionalmente aceito entre as partes contratantes.

Para a escolha da modalidade adequada, alguns fatores devem ser analisados, tais como pontos de
embarque e desembarque, urgência na entrega, peso da carga, disponibilidade, custo do serviço e
frequência.

Tipos de Transporte
a) Transporte Aéreo – O transporte aéreo é muito utilizado para transportar mercadorias de grande
porte como de pequeno porte, o que são contratadas empresas especializadas no transporte de
cargas, obedecendo a um critério de procedimentos que são exigidos pelos órgãos competentes, como
exemplo a Receita Federal do Brasil que faz todo o monitoramento das mercadorias que são
exportadas e importadas, através de um controle rigoroso legal não só mercado nacional mas também
no mercado internacional.

Em razão da velocidade utilizada, o transporte aéreo é o que melhor preserva a saúde, integridade e
frescor do produto, porém seu custo é muito mais elevado que as demais formas de transporte.

O transporte aéreo pode ser feito por serviços regulares, mantidos por companhias associadas ou não-
associadas à International Air Transport Association (IATA), e por serviços fretados.

Nas linhas regulares, as empresas associadas à IATA costumam cobrar uma tarifa comum, com base na
rota e nos serviços prestados, fixada anualmente.

Em geral, os embarques não são negociados pelos exportadores diretamente com as empresas aéreas,
exceto quando se tratar de grandes quantidades.

Os interessados em enviar seus produtos para o exterior recorrem aos agentes de carga aérea, pois
estes são bem informados quanto a voos, empresas, rotas, fretes, e têm facilidade em obter descontos
nos fretes com a consolidação de cargas

Caso seja a opção por esta modalidade de transporte, é exigida uma documentação fundamental para
o transporte que é o Conhecimento de Embarque Aéreo, que deve ser assinado tanto pelo agente
como pelo exportador (AWB - Airway Bill).

b) Transporte Marítimo - O transporte marítimo representa a quase totalidade dos serviços de


transporte no comércio exterior, tendo como principal vantagem seu baixo custo. Veja maiores
detalhes no subtópico "Formas de Navegação", adiante.

c) Transporte Rodoviário, Ferroviário ou Fluvial - uma alternativa para países limítrofes e transporte de
curtas ou médias distâncias. Não é apropriado para longas distâncias, tendo em vista
as características e dificuldades próprias destes tipos de transportes (passagem por fronteiras físicas de
diferentes países, estradas em más condições, conexões e baldeamentos ferroviários, etc.).

Formas de Navegação

As formas de navegação são:

a) de cabotagem, que é a realizada entre portos do território brasileiro;

b) a navegação interior, que é realizada em hidrovias interiores, em percurso nacional ou


internacional e;

c) a navegação de longo curso, utilizada entre portos brasileiros e estrangeiros.

Tipos de serviço ofertado pelas companhias marítimas:

a) Regular: operado segundo uma rota comercial pré-estabelecida.

b) Irregular: caracteriza-se basicamente pela inexistência de roteiros marítimos determinados. O preço


do serviço é estabelecido em função das oportunidades de negócios surgidas em cada porto.
c) Afretamento: recomendável quando houver grande quantidade de mercadorias a serem
transportadas, suficientes para ocupar todo ou parte de um veículo.

Os custos do transporte marítimo são influenciados por características da carga, peso, volume,
fragilidade, embalagem, valor, distância entre os portos de embarque e desembarque e localização dos
portos.

As despesas de frete são baseadas no peso (tonelada) ou no volume (cubagem). O armador cobra o
que for mais conveniente para ele.

Quanto aos custos portuários, os países seguem modelos tarifários próprios.

Nesta modalidade, o documento necessário para o transporte internacional é o Conhecimento de


Embarque, também conhecido como Bill of Lading.(Taxa do Local).

Reserva de Praça

Após a definição das condições de transporte com o comprador importador, é aconselhado ao


exportador efetuar, com antecedência, reserva de praça para a carga no meio de transporte
internacional.

No caso de exportações por via aérea, dependendo da quantidade a ser embarcada, as companhias
aéreas solicitam que a reserva seja feita com, aproximadamente, dez dias de antecedência.

Para as exportações por via marítima, a reserva deve ser solicitada com, aproximadamente, quinze
dias de antecedência, devendo a carga ser carregada e enviada ao porto uma semana antes do
embarque, para que haja tempo hábil para o processo de inspeção e liberação da mercadoria

Pagamento do Transporte

A remuneração pelo serviço contratado de transporte de uma mercadoria é conhecida como frete. O
pagamento do frete pode ocorrer de duas formas:

frete pré-pago (freight prepaid) - é o frete pago no local do embarque, imediatamente após este.

Frete a pagar (freight collect) - é o frete a pagar, podendo ser pago em qualquer lugar do mundo,
sendo que o transportador será avisado pelo seu agente sobre o recebimento do frete, para então
proceder à liberação da mercadoria.

Cumpre ressaltar que nos contratos internacionais de compra e venda de mercadorias, o custo do
frete é suportado pelo comprador (importador).

Formas de Transporte de Mercadorias

O transporte de mercadorias pode ser efetuado em uma das formas relacionadas abaixo:

a) Modal
Consiste na utilização de apenas um meio de transporte

b) Segmentado
Utilização de veículos diferentes de uma ou mais modalidades de transporte, com contratos distintos.

c) Sucessivo
Num único contrato, há transbordo para prosseguimento do transporte da mercadoria em veículo da
mesma modalidade.
d) Combinado
Juntam-se elementos de diferentes modos de transporte em uma única operação. Por exemplo:
reboque de caminhão em plataformas ferroviárias.

e) Intermodal
Transporte por duas ou mais modalidades em uma mesma operação.

f) Multimodal
Utilização de mais de uma modalidade de transporte, desde a origem até o destino da carga, regida
por um único contrato de transporte.

Seguro no Transporte

Contrato de seguro é o contrato por meio do qual a companhia seguradora se obriga, para com os
segurados, a indenizá-los de prejuízos futuros, decorrentes de causas imprevistas, tais como acidentes,
incêndios, roubos, naufrágios, desastres,

A contratação do seguro de transporte da mercadoria não é uma operação obrigatória para os


negociantes em comércio exterior, porém de extrema importância, pois se um embarque não
segurado sofrer um sinistro, o negociador responsável pela mercadoria (vendedor ou comprador,
conforme a condição de venda pactuada, isto é, o INCOTERM utilizado), terá que arcar com os custos
envolvidos e o prejuízo pode até, dependendo da intensidade, significar uma ameaça para sua
sobrevivência.

Como o seguro se refere ao período de tempo em que a mercadoria fica sob a posse do transportador
internacional, é natural que o valor segurado agregue parcela adicional ao preço consignado na fatura.
Esse adicional serve para cobrir despesas diversas que o segurado possa ter com relação ao sinistro
que porventura venha a ocorrer.

Para cobrir indenizações em caso de sinistro, é pago um prêmio à empresa seguradora. Esse prêmio é
calculado por um percentual sobre o valor da mercadoria e é determinado por: tipo de transporte,
mercadoria, embalagem, perecibilidade, destino, período coberto, tipo de cobertura (completa,
parcial, etc.), e índice de sinistralidade (quanto mais baixo, menor é a taxa de seguro).

O embarque aéreo costuma ter tarifa de seguro equivalente à metade das modalidades marítima e
terrestre. Entretanto, embarques marítimos em contêineres têm redução no prêmio de seguro.

Utilização das INCOTERMS

As Incoterms são termos internacionais do comércio (International Commercial Terms).

São regras de âmbito internacional e de caráter facultativo, que definem responsabilidades


(comprador e vendedor) quanto ao pagamento de frete, seguro, despesas portuárias, entre outros
itens.

Os "incoterms" estabelecem um conjunto de regras para interpretação de termos comerciais usuais


nas transações comerciais. São fixados pela Câmara de Comércio Internacional - CCI. A publicação da
CCI que atualmente trata dos "incoterms" é a de nº 460, de 1990.

Na prática, quando o vendedor (exportador) e o comprador (importador) elegem um "incoterm" que


vai reger a negociação, eles já estão definindo um contrato comercial, inclusive quando ao preço total
da transação, uma vez que cada um dos termos regulamenta as responsabilidades das partes e define
o local de entrega (transferência de propriedade da mercadoria do vendedor para o comprador).
Assim, eles não devem escolher um termo internacional de comércio e depois fixarem cláusulas que
são incompatíveis com aquela condição.
Os chamados Incoterms (International Commercial Terms / Termos Internacionais de Comércio)
servem para definir, dentro da estrutura de um contrato de compra e venda internacional, os direitos
e obrigações recíprocos do exportador e do importador, estabelecendo um conjunto-padrão de
definições e determinando regras e práticas neutras, como por exemplo: onde o exportador deve
entregar a mercadoria, quem paga o frete, quem é o responsável pela contratação do seguro.

Enfim, os Incoterms têm esse objetivo, uma vez que se trata de regras internacionais, imparciais, de
caráter uniformizador, que constituem toda a base dos negócios internacionais e objetivam promover
sua harmonia.

Na realidade, não impõem e sim propõem o entendimento entre vendedor e comprador, quanto às
tarefas necessárias para deslocamento da mercadoria do local onde é elaborada até o local de destino
final (zona de consumo): embalagem, transportes internos, licenças de exportação e de importação,
movimentação em terminais, transporte e seguro internacionais etc.

Classificação das INCOTERMS

EXW (EX Works) - Neste caso, toda a responsabilidade da carga é do importador. O exportador tem a
obrigação apenas de disponibilizar o produto e a fatura em seu estabelecimento. A partir daí, despesas
ou prejuízos com danos ficam a carga de quem está comprando. Por causa disso, a modalidade é
pouco utilizada, apesar de ser possível para qualquer meio de transporte.

FCA (Free Carrier) - O importador indica o local onde o exportador entregará a mercadoria, onde
cessam suas responsabilidades sobre a carga, que fica sob custódia do transportador. Pode ser
utilizada por qualquer meio de transporte, inclusive multimodal.

FAS (Free Alongside Ship) - A mercadoria deve ser entregue pelo exportador junto ao costado do navio,
já desembaraçada para o embarque. As despesas de carregamento e todas as demais daí por diante
seguem por conta do importador. Esse Incoterm é usado para transporte marítimo ou hidroviário.

FOB (Free on Board) - É a modalidade mais usada. O exportador entrega a carga já desembaraçada a
bordo do navio em porto de embarque indicado pelo importador. Dessa forma, todas as despesas no
país de origem ficam a cargo do exportador. Os demais gastos, como frete e seguro, além da
movimentação da carga no destino, correm por conta do importador. A modalidade também é restrita
aos transportes marítimo e hidroviário.

CFR (Cost and Freight) - Sob esse termo, o exportador entrega a carga no porto de destino, custeando
os gastos com frete marítimo. Os riscos, no entanto, cessão a partir do momento em que a mercadoria
cruza a amurada do navio, o que faz com que o seguro seja pago pelo importador, assim como o
desembaraço no destino. Também está restrito aos modais marítimo hidroviário.

CIF (Cost, Insurance and Freight) - Essa modalidade é semelhante ao CFR, mas o exportador é
responsável também pelo valor do seguro. Portanto, ele tem que entregar a carga a bordo do navio,
no porto de embarque, com frete e seguro pagos. A modalidade também é restrita aos modais
marítimo e hidroviário.

CPT (Carriage Paid to) - O termo reúne as mesmas obrigações do CFR, ou seja, o exportador deverá
pagar as despesas de embarque da mercadoria e seu frete internacional até o local de destino
designado. A diferença é que pode ser utilizado com relação a qualquer meio de transporte.

CIP (Carriage and Insurance Paid to) - A modalidade tem as mesmas características do CIF, onde o
exportador arca com as despesas de embarque, do frete até o local de destino e do seguro da
mercadoria até o local de destino indicado. A diferença é que pode ser utilizado para todos os meios
de transporte, inclusive o multimodal.
DAF (Delivered At Frontier) - A carga é empregue pelo exportador no limite de fronteira com o país
importador. Este termo é utilizado principalmente nos casos de transporte rodoviário ou ferroviário.

DES (Delivered Ex Ship) - O exportador coloca a carga a disposição do importador no local de destino, a
bordo do navio, arcando com todas as despesas de frete e seguro, ficando isento apenas dos custos de
desembaraço. Utilizado exclusivamente para transporte marítimo ou hidroviário.

DEQ (Delivered Ex Quay) - A mercadoria é disponibilizada ao importador no porto de destino


designado, cabendo ao exportador, além de custos de frete e seguro, bancar os gastos com
desembarque. O importador é responsável apenas pelos gastos com desembaraço.

DDU (Delivered Duty Unpaid) - Essa modalidade possibilita o chamado esquema porta-a-porta, uma
vez que fica a cargo do exportador entregar a mercadoria no local designado pelo importador, com
todas as despesas pagos, exceção apenas para os pagamentos de direitos aduaneiros, impostos e
demais encargos da importação. Pode ser utilizado para qualquer modalidade de transporte.

DDP (Delivered Duty Paid) - Esse sistema é exatamente o oposto do EXW, pois toda a responsabilidade
da carga é do exportador. Ele tem o compromisso de entregar a mercadoria no local determinado pelo
importador, pagando inclusive os impostos e outros encargos de importação. Ele apenas não arcara
com o desembaraço da mercadoria. Pode ser utilizado com qualquer modalidade de transporte.

Desta forma fica patente a importância de se conhecer e utilizar adequadamente os INCOTERMS, pelo
fato de cada um deles determinar a quem compete contratar o seguro para proteção da mercadoria
comercializada, durante o transporte internacional.

Legislação do comércio internacional


O conjunto de normas que rege o comércio internacional recebe o nome de lex mercatoria (Lei do
Comércio). Ela é dinâmica e segue sendo desenvolvida com o passar do tempo. Para estabelecer seus
critérios há a contribuição de uma série de organizações internacionais, como, por exemplo:
• Organização Mundial do Comércio (OMC): regula o relacionamento comercial entre os países,
servindo de foro de negociações e fiscalização das boas práticas comerciais.
• International Chamber of Commerce (ICC): oferece normas unificadas para a execução das
atividades do comércio internacional e meios de solução de conflitos internacionais relativos aos
relacionamentos privados.
• United Nations Conference on Trade and Development (UNCTAD): propõe estudos e propostas
visando o desenvolvimento dos países para a aceleração do processo de integração comercial mundial.
• United Nations Conference on International Trade Law (UNCITRAL): proporciona princípios de
direito comercial internacional para a regulamentação das diversas atividades comerciais
internacionais.
• World Customs Organization (WCO): estabelece padrões procedimentais para as alfândegas
espalhadas pelo mundo.

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