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ESTÁGIO EM TEATRO: A DOCÊNCIA COMO TÁTICA PRATICANTE

Renata Patrícia da Silva1 - UFT

Grupo de Trabalho em Formação de Professores/as: GT - 05

Resumo
Este artigo tem por objetivo discutir a Formação de Professores em Teatro, tendo como foco o Estágio
Curricular Obrigatório. Para tanto, convidamos a pensar, primeiramente, o estágio como momento de
experiência do fazer teatro no ambiente escolar, compreendendo o estagiário como praticante da
escola, bem como seus professores, alunos e funcionários, que cotidianamente ocupam aquele lugar e
exercem seus fazeres. Ao propor essa discussão, considera-se que o fazer teatral na escola precisa ser
uma ação contaminada pelo contexto em que se insere. Logo é nesta experiência cotidiana, imerso na
realidade da escola que o futuro professor de Teatro se constrói a cada ação coletiva e assim vai
traçando sua trajetória docente.
Palavras-chave: Teatro. Formação de Professores. Estágio Curricular.

Primeiras Palavras
Em meu percurso de pesquisa dentro da Pedagogia do Teatro, tenho me interessado
pelo espaço escolar os atravessamentos que permeiam o fazer teatral de professores e alunos
da escola pública. Como professora de estágios curriculares, no curso de Licenciatura em
Teatro, da Universidade Federal do Tocantins - UFT, posso dizer que estou “sempre em
movimento” entre a Universidade e a Escola. Nestes percursos, tenho acompanhado mais de
perto a realidade escolar e, principalmente, os enfrentamentos cotidianos do fazer teatral de
professores e estagiários.
Assim sendo, neste artigo, busco tecer algumas discussões acerca da formação de
professores em Teatro, tendo como foco o Estágio Curricular Obrigatório. Para tanto, convido
a pensar o estágio como momento de experiência do fazer teatro no ambiente escolar. Logo,
compreendo o estagiário/a como praticante da escola, bem como seus professores, alunos e
funcionários, que cotidianamente ocupam aquele lugar e exercem seus fazeres.

1
Renata Patrícia da Silva é professora assistente do Curso de Licenciatura em Teatro da Universidade Federal
do Tocantins e Doutoranda em Artes na Universidade Estadual Paulista. Seus interesses de pesquisa situam-se
no campo da Pedagogia do Teatro, com ênfase para o Teatro na Escola, onde atualmente vem realizando um
estudo do espaço escolar como espaço cênico.

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Portanto, ao propor essa discussão, considero que o fazer teatral na escola precisa ser
uma ação contaminada pelo contexto em que se insere. Isto posto, compreendo o estágio em
teatro como um tempo de enfrentamentos, visto que encontro em sua presença neste lugar a
potência para as descobertas, os questionamentos e sua (re)significação. É nesta experiência
cotidiana, imerso na realidade da escola que o futuro professor de Teatro se (re)constrói a
cada ação coletiva e assim vai traçando sua trajetória docente.

Estágio: tempo de experiência


O Estágio Obrigatório Curricular, nos cursos de Licenciatura, está regulamentado na
Legislação Federal2 com uma carga horária mínima de 400 horas, e é requisito básico para a
conclusão do curso. Enquanto professora de Estágio na Licenciatura em Teatro, junto às
parceiras deste campo, temos feito o esforço para que o estágio não seja apenas o
cumprimento de carga horária na Universidade e a escola um lugar de passagem e coleta de
dados. Para tanto, tenho buscado compreender o estágio como tempo de experiência, em que
o futuro professor/a de Teatro, nos enfrentamentos cotidianos com a realidade escolar, vai se
descobrindo na ação, provocado pelo próprio ambiente profissional.
Por isso, compartilho da reflexão de Jorge Larrosa, acerca da compreensão da
educação a partir do par “experiência/sentido”. Segundo o autor: “a experiência é o que nos
passa, o que nos acontece, o que nos toca. Não o que se passa, não o que acontece, ou o que
toca.” (LARROSA, 2017, p. 18). Desta forma, considero que o estágio como tempo de
experiência, pensa um profissional que constrói sua prática em consonância com a realidade
que o atravessa, bem como (re)constrói-se profissionalmente a cada encontro com a escola,
uma vez que um fazer teatral contaminado pelos acontecimentos que atravessam o cotidiano.
Costumo dizer que o Estágio na Licenciatura é “a sala do cafezinho”, “a cozinha”, “a
pausa do lanche”, uma vez que é nesses lugares e tempos, que professores se encontram para
contar suas histórias do cotidiano. Inspirada por Nilda Alves (2007), traço esse diálogo com
os encontros de Estágio, em que nos reunimos na Universidade, para compartilhar com os
futuros professores de Teatro suas experiências dentro da escola.

2
Cf. Resolução CNE/CP nº2/2015.

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Nos primeiros encontros nossas rodas de conversa são preenchidas por olhares, vozes
e corpos que expressam dúvidas, inquietações, curiosidade, ansiedade e até certa apatia a
respeito do que será o Estágio na Escola. Haverá boa recepção? O que faremos? Podemos dar
aula agora? Daremos conta de tudo isso? Quantas horas devemos cumprir? Já sou professora,
posso pedir redução? Não quero dar aulas! Quero terminar rápido! Estou empolgado, quero
começar logo! Posso fazer do meu jeito?
Entre as muitas perguntas e algumas (in)certezas, estamos nós, professores
orientadores que, assim como os estagiários, estamos no território do entre-lugar, ou seja,
num movimento contínuo entre Escola e Universidade, por isso não nos cabe fornecer
respostas, mas instigar o aprofundamento dessas perguntas, uma vez que cada escola é um
território específico.
Nessa perspectiva, a pesquisa é componente essencial das práticas de estágio,
apontando novas possibilidades de ensinar e aprender a profissão docente, também
para os professores formadores, que são convocados a rever suas certezas, suas
concepções do ensinar e do aprender e seus modos de compreender, de analisar, de
interpretar os fenômenos percebidos nas atividades de estágio. Assim, o estágio
torna-se possibilidade de formação contínua para os professores formadores.
(PIMENTA e LIMA, 2017, p. 106)
Observo, ao longo dos encontros, que esse movimento entre a Universidade e a
Escola, provocado pelo Estágio, possibilita que as inquietações ganhem foco à medida que as
(im)possibilidades cotidianas vivenciadas na realidade escolar se apresentam. Isso se
evidencia ao ponto que os estagiários ultrapassam os muros da Universidade onde, muitas
vezes, há um descompasso entre a escola que discutem e problematizam em determinadas
disciplinas e a que se apresenta na realidade da Educação Básica do Ensino Público.
A chegada à escola já lança os primeiros desafios ao futuro professor de Teatro que,
imerso neste território, retorna à Universidade com inquietações desafiadoras, certa
frustração, apontando as impossibilidades, restrições e expressando sua indignação frente à
tudo que não lhe agrada. Afirmações como: Não há espaço para a aula de teatro! Não tenho
material! A sala tem 40 alunos! Preciso seguir o planejamento da professora! São apenas 60
minutos por semana! Vou ter que afastar carteiras! A sala é muito pequena!
Diante disso, é que considero o tempo do estágio, momento de (des)encantamento,
(re)significação, (trans)formação, (des)construção e descobertas, uma vez que ao inquietar-se

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com essa realidade é que este professor vai lançar suas primeiras questões acerca do fazer
teatral articulado com aquele contexto.
Ao transitar da universidade para a escola e desta para a universidade, os estagiários
podem tecer uma rede de relações, conhecimentos e aprendizagens, não com o
objetivo de copiar, de criticar apenas os modelos, mas no sentido de compreender a
realidade para ultrapassá-la. Aprender com os professores de profissão como é o
ensino, como é ensinar, é o desafio a ser aprendido/ensinado no decorrer dos cursos
de formação e no estágio. (PIMENTA e LIMA, 2017, p. 105)
Portanto, o estágio precisa ser um tempo de imersão no espaço da escola, de forma a
possibilitar que o estagiário ultrapasse as impressões primeiras, o excesso de críticas e a
enumeração das dificuldades. Por isso, considero que o olhar que se lança para a realidade da
escola é o que possibilita ao futuro professor compreender as (im)possibilidades daquele lugar
e aproveitando-se delas abrir brechas para que o teatro aconteça.

Estágio em teatro: a docência como tática


Quando chegam à escola, muitos estagiários/as tendem a mapear apenas os obstáculos
e dificuldades que, possivelmente, atravessam a prática dos professores de teatro que
acompanham nos estágios de observação ou, aquelas que permeiam suas próprias
experiências com o fazer teatral no ambiente escolar. Esse inventário de problemas, muitas
vezes, se dá em decorrência da pressa em encontrar soluções para o teatro na escola. Contudo,
este é um pensamento equivocado, quando se pensa o estágio como tempo de experiência e o
estagiário como praticante da escola. Sua imersão neste lugar deve se dar de maneira a deixar
se contaminar por todos os acontecimentos que se dão naquele cotidiano. Para tanto:
A experiência, a possibilidade de que algo nos aconteça ou nos toque, requer um
gesto de interrupção, um gesto que é quase impossível nos tempos que correm:
requer parar para pensar, parar para olhar, parar para escutar, pensar mais devagar,
olhar mais devagar, e escutar mais devagar; parar para sentir, sentir mais devagar,
demorar-se nos detalhes, suspender a opinião, suspender o juízo, suspender a
vontade, suspender o automatismo da ação, cultivar a atenção e a delicadeza, abrir
os olhos e os ouvidos, falar sobre o que nos acontece, aprender a lentidão, escutar
aos outros, cultivar a arte do encontro, calar muito, ter paciência e dar-se tempo e
espaço. (LARROSA, 2017, p. 25)
Em vista disso, penso que o estagiário em teatro, como praticante da escola, desde
suas primeiras visitas, deve buscar este gesto de interrupção do qual nos fala Larrosa, a fim de
compreender e encontrar-se com o universo de cada escola. Considero, diante da realidade
que se apresenta e dos relatos trazidos nos encontros de estágio que a escola pública, apesar
de apresentar certos entraves, um sistema de normas e regras que, muitas vezes, demarca sua

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institucionalização e os objetivos do Poder Público na formação de crianças e jovens, é um
lugar onde é possível encontrar apropriações por parte de seus frequentadores.
Alunos/as e funcionários/as, praticantes do espaço escolar, inventam seus modos de
fazer (CERTEAU, 2013), dentro de um sistema regulamentado. Juarez Dayrell, corrobora
com essa consideração, ao discorrer sobre as apropriações feitas por alunos/as e professores/as
na instituição escolar:
Os alunos, porém, se apropriam dos espaços, que a rigor não lhes pertencem,
recriando neles novos sentidos e suas próprias formas de sociabilidade. [...] É a
própria força transformadora do uso efetivo sobre a imposição restritiva dos
regulamentos. Fica evidente que essa re-significação do espaço, levada a efeito pelos
alunos, expressa sua compreensão da escola e das relações, com ênfase na
valorização da dimensão do encontro.
Dessa forma, para os alunos, a geografia escolar e, com isso, a própria escola, têm
um sentido próprio, que pode não coincidir com o dos professores e mesmo com os
objetivos expressos pela instituição. Mas, não só os alunos resignificam o espaço,
também os professores o fazem. (DAYRELL, 1996, p. 13)
Diante das palavras do autor, reflito acerca de um estagiário que, em suas ações e
reflexões com o Teatro na escola, esteja articulado aos diferentes movimentos que povoam o
cotidiano da escola e trazem a cada instituição uma singularidade. Considero que, diante das
apropriações e os sentidos que professores, alunos e funcionários atribuem à instituição
escolar, diferentes práticas vão acontecendo em seu cotidiano e criando espaços, dentro do
lugar “que a rigor não lhes pertence”, outros modos de fazer, desvios sutis que perpassam as
regras e normas de um sistema instituído (SILVA, 2017).
As idas e vindas à escola, bem como os compartilhamentos do estágio, evidenciam
estes acontecimentos que atravessam cada instituição. Diante disso, observo que a escola tem
se revelado um lugar contraditório, uma vez que é possível afirmar que em seu ambiente co-
habitam modos de fazer estratégicos e táticos, para usar como referência, Michel de Certeau:
Chamo de estratégia o cálculo das relações de forças que se torna possível a partir
do momento em que um sujeito de querer e poder é isolável de um ambiente. Ela
postula um lugar capaz de ser circunscrito como um próprio e portanto capaz de
servir de base a uma gestão de suas relações com uma exterioridade distinta.
(CERTEAU, 2013, p.45)
A maioria das escolas públicas insere-se em um sistema de ensino que lhe determina
um certo modelo de funcionamento, possui estratégias organizam rotinas, horários, ambientes,
etc. Por meio de conteúdos, propostos por estruturas curriculares, o sistema educacional traça
suas estratégias para direcionar a formação de nossas crianças, muitas vezes, sem levar em
conta o contexto de cada escola.

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Por outro lado, nesse mesmo cotidiano, estão presentes as táticas de alunos/as,
funcionários e professores/as, que praticam a escola, apropriando-se do sistema e inventando
outras formas de fazer. Alunos, principalmente, criam suas táticas para escapar da rotina
escolar e jogam com o território desse sistema, apropriando-se dos próprios instrumentos da
escola para inventar um outro espaço:
A tática só tem por lugar o do outro. Ela aí se insinua, fragmentariamente, sem
apreendê-lo por inteiro, sem poder retê-lo à distância. [...] O ‘próprio’ é uma vitória
do lugar sobre o tempo. Ao contrário, pelo fato de seu não lugar, a tática depende do
tempo, vigiando para ‘captar no voo’ possibilidades de ganho. O que ela ganha não
o guarda. Tem constantemente que jogar com os acontecimentos para os transformar
em ‘ocasiões’. (CERTEAU, 2013, p. 45-46)3
Logo, ao pensar o estagiário como praticante da escola e o estágio em Teatro como
uma possibilidade de aproveitar essas rupturas, para criar outros espaços e atribuir a eles
novos usos. Interessa-me esse futuro/a professor/a que, coletivamente, vai “jogar com o
terreno que lhe é imposto” (CERTEAU, 2013, p. 94), ao invés de apenas elencar as
dificuldades.
Uma das principais questões apontadas pelos futuros professores é a falta de espaços
adequados para o fazer teatral na escola. Sendo assim, penso que se não há espaços, é preciso
cria-los, inventá-los, diante das (im)possibilidades que a escola nos apresenta. Observo que a
partir do momento que uma aula de Teatro transforma um espaço ou transborda a sala de aula,
já começa a tensionar determinados padrões impostos pelas instituições de ensino, ou seja,
são táticas de praticantes para fazer acontecer o teatro na escola. (SILVA, 2017)
Atentas a isso, algumas experiências de estágio têm se proposto à exploração da escola
em suas aulas de Teatro. A busca pela criação de espaços coletivos e, também, possibilidades
de se fazer de Teatro em outros lugares da escola além da sala de aula, em determinadas
situações, é um trabalho conjunto entre estagiários alunos e professores. Considero que ações
que transbordam a sala de aula provocam, tanto nos alunos como nos professores e
estagiários, um olhar mais atento para os ambientes institucionais e seus acontecimentos, na
tentativa de criar apropriações e (re)significar o lugar que frequentam todos os dias.
Outras experiências relatam ainda a necessidade de espera, escuta reflexão do
estagiário que taticamente vai desenhando suas ações em consonância com os (des)encontros

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Grifos do autor.

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e demandas sejam eles por parte dos supervisores, alunos ou até mesmo da instituição, que
apresenta restrições maiores quanto às práticas externas à sala de aula. Tudo isso, está em
jogo quando pensamos no fazer docente dentro da escola. Logo, o/a futuro/a professor/a é
levado a pensar primeiro aquele lugar onde os/as alunos/as passam a maioria do tempo que
estão na escola. Acerca disso, Carmela Soares afirma:
Jogar fora da sala de aula rompe com a rotina diária dos alunos confinados a este
espaço, provoca um certo estranhamento de quem passa, alguns olham com suspeita,
outros, com prazer e encantamento diante de um acontecimento cheio de vida e
alegria. No entanto, antes de sair para jogar fora da sala, é necessário saber se os
alunos estão preparados para tal desafio, muitas turmas ainda preferem jogar no
espaço protegido da sala de aula. (SOARES, 2010, p. 141)
Talvez seja esta a ação inicial, em determinadas realidades, modificar a estrutura da
“caixa”, instaurar na sala um outro espaço. Arrastar carteiras, sentar no chão, estimular a
movimentação dos alunos/as, mesmo dentro das limitações espaciais. Penso que essa
intervenção no “ambiente protegido” da sala, muitas vezes, chega a trazer certa segurança não
só para os alunos/as, mas também, para os/as estagiários/as, que iniciam suas táticas docentes,
como praticantes da escola, criando seus primeiros espaços astuciosamente.
Por fim há a inquietação dos estagiários que ao chegar à escola, muitas vezes,
necessitam seguir o planejamento de seus supervisores. Contudo, suas experiências não
precisam estar limitadas aos modos de fazer de seus supervisores. Uma ação docente que se
propõe tática joga com aquilo que lhe é “imposto” na tentativa de alterá-lo e manipulá-lo a
seu modo. Assim, como nos apropriamos dos espaços “que a rigor não nos pertencem” para
transformá-los, (re)significa-los, inventar outros espaços, cabe, também nos apropriarmos de
um determinado conteúdo e fazê-lo acontecer teatralmente no espaço da escola de forma
coletiva e em consonância com aquele contexto que estamos inseridos.
Por isso, considero a necessidade de um estágio contaminado pela realidade escolar,
pois é ela que atravessa nossos modos de fazer e se fazer docente em Teatro. Por isso, o
momento do estágio não deve ser compreendido como um período de identificação e
julgamento dos problemas da escola, com o intento de propor práticas que venham a
solucioná-los. É nas ações coletivas que este futuro/a professor/a vai conquistando seu espaço,
nas relações que constrói, na observação, na escuta, etc.

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Considerações Finais
Portanto, ao fazer o convite para pensar o estágio como tempo de experiência, busco
abrir possibilidades para pensar o fazer e o fazer-se docente no espaço da escola, uma vez que
nos (des)construídos professores cotidianamente atravessados pelos contextos em que nos
encontramos. Por isso, o estágio carece de uma observação atenta, de uma imersão no espaço,
para que se estabeleçam relações no e com o mesmo, para que não sejam impostas ações ou
feitas reflexões isoladas daquela realidade.
Sendo assim, faz-se necessário ao professor/a de Teatro, junto de seus alunos/as
mapear os lugares, transitar por todas as zonas, olhar, sentir, escutar, habitar além da sala de
aula. Apropriar-se de toda a escola e conhecer os dispositivos institucionais, para manipulá-
los e transformá-los, como nos ensina Michel de Certeau. Não se trata de um confronto! São
táticas cotidianas utilizadas pelos praticantes de um determinado espaço, ou uma outra forma
de pensar a educação e o Teatro na escola.

Referências

ALVES, Nilda. Nós somos o que contamos: a narrativa de si como prática de formação in
Salto Para o Futuro. Histórias de Vida e Formação de Professores. Boletim nº 11.
SEED/MEC: Brasília. p. 62-71. 2007

CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano 1: Artes de fazer. 20ª ed. Tradução de
Ephrain Ferreira Alves. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013.

DAYRELL, Juarez. A escola como espaço sócio-cultural. In: ________(Org.). Múltiplos


olhares sobre educação e cultura. Belo Horizonte: UFMG, 1996.

LARROSA, Jorge. Notas sobre a experiência e o saber de experiência. In: _______.


Tremores: Escritos sobre experiência. Trad. Cristina Antunes e João Wanderley Geraldi. Belo
Horizonte: Autêntica Editora, 2017.

PIMENTA, Selma Garrido. LIMA, Maria do Socorro Lucena. Estágio e Docência. 8ª ed. São
Paulo: Cortez, 2017.

SILVA, Renata P. (2017, Outubro) Frestas e rachaduras: experiências para um teatro menor.
Comunicação apresentada Jornada de Pesquisa em Arte PPG IA/UNESP 2017 – 2ª Edição
Internacional.

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SOARES, Carmela. Pedagogia do jogo teatral: uma poética do efêmero: o ensino de teatro
na escola pública. São Paulo: Aderaldo & Rothschild, 2010.

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