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FRANCISCO EVAIR SILVA DAS CHAGAS

RELATO DE EXPERIÊNCIA
Estágio: observação de aula na Escola Natália Albuquerque Lopes

CAMOCIM/CE
2019
Francisco Evair Silva das Chagas

RELATO DE EXPERIÊNCIA

Relato de experiência para a disciplina de Estágio


Supervisionado II – Língua Portuguesa, do curso de
Letras Português/Inglês, do Instituto Federal do
Ceará – Campus Camocim, realizado na Escola de
Ensino Fundamental Natália Albuquerque Lopes,
como requisito de obtenção de nota da primeira etapa
(N1) do semestre VII.

Professoras: Elioneide e Angelane Firmo

CAMOCIM/CE
2019
1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho foi elaborado partindo das experiências adquiridas durante o


processo de observação de aula na turma do 6ª ano do ensino fundamental II, na escola
do município de Camocim (CE), Natália Albuquerque Lopes. Dito isso, é relevante
salientar que o estágio supervisionado, é um momento onde, nós, futuros profissionais da
educação, iremos nos deparar com o ensino em sua esfera de funcionamento, a sala de
aula. Esse momento, nos possibilita refletir sobre a docência, e sobre nossa futura prática
pedagógica. Pois será nesse ambiente onde teremos um contato direto com toda a
comunidade escolar, o que possibilitará, para nós, estudantes, uma melhor formação.

Seguidamente, entendemos que o estágio nos apresenta a educação como um


passo que vai além de atividades estáticas encontradas nos livros sobre a prática docente,
ele se constitui como um campo onde somos apresentados a novos conhecimentos, com
o fim de otimizar os conteúdos por nós aprendidos durante a etapa teórica da nossa
formação.

Para dar fundamentação o que foi dito acima, podemos nos valer das concepções
de PIMENTA (2004), sendo que a mesma classifica o estágio curricular como nada mais
do que o retrato vivo da prática docente. Continuando na linha de raciocínio a autora,
nesse ambiente, tanto o aluno, como o professor aprendem juntos, eles têm muito a dizer
e a ensinar um ao outro, e ambos vivenciam os mesmos desafios e as mesmas crises
decorrentes do meio em questão.

Valendo-se do que até aqui foi explanado, o presente trabalho se justifica pela
extrema importância que os profissionais da docência possuem em refletir sobre o
processo educativo. Esse é um momento único na formação do professor, portanto, ele
deve ser feito de modo cuidadoso e com bastante atenção, nesse momento, o estagiário
vai usufruir de um maior contato com a educação, uma maior interação e apreensão das
experiências vivenciadas na esfera de ensino.

2. METODOLOGIA

A escola onde está sendo realizado o estágio, tem por nome Escola de Ensino
Fundamental Natália Albuquerque Lopes, e se localiza na Rua Dr. Raimundo Veras,
1149, Bairro São Francisco. A referida escola foi fundada em 14 de abril de 1995, sob a
Lei Municipal 560/94, na gestão do prefeito Murilo Rocha Aguiar Filho, que dentre
muitos feitos, encontra-se a implantação da escola supracitada.

A escola conta hoje em dia com o programa de Estágio Municipal, programa esse
onde a prefeitura faz uma seleção de graduandos e os coloca em ação dentro das escolas.
Esses estagiários exercem tarefas voltadas ao ensino. Vale citar que, em alguns dos casos,
os estagiários municipais acabam a dar aula de disciplinas que nada tem a ver com a sua
área de formação, mas por questões de demanda das instituições, acabam por serem
submetidos a uma função que não os compete.

No que diz respeito a quantidade de tempo para a elaboração deste trabalho, foram
necessárias até o presente momento, exatas 16 horas aula de observação nas turmas de
Língua Portuguesa do sexto ano letivo do Ensino Fundamental, sendo que nesse tempo
foram observadas 12 aulas, além de 4 horas de análise do espaço escolar e das interações
que ocorreram entre toda a comunidade escolar.

Por último, foi feita uma profunda reflexão seguida de uma análise do processo
de estágio e suas nuances, com o fim de extrair do processo, reflexões a respeito das
experiências relevantes para a prática docente. Como arcabouço teórico para as reflexões
e analises aqui presentes, foram usados principalmente autores como, PIMENTA (2004)
e ZABALA (1998), LIBÂNEO (1990), entre outros.

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

No decorrer do processo de estágio, pôde-se perceber que ele funciona como uma
complementação à formação que se inicia na parte teórica, e que a observação das aulas,
oportuna ao estagiário novas percepções educacionais, possibilitando a ele a construção
de novos conhecimentos que serão de extrema importância para a sua formação como
futuro profissional da área da educação.

Pode-se observar também que, tudo o que envolve a aula, pode e deve ser
considerado como um fator de mudança e aprendizado. Dessa forma, sendo o estágio o
primeiro contato com a educação em ação, ele ajuda a construir noções significativas para
a formação do professor, como afirma SILVA (2005):
[...] o Estágio Supervisionado [...] é um espaço de construções significativas
no processo de formação de professores, contribuindo com o fazer profissional
do futuro professor. O estágio deve ser visto como uma oportunidade de
formação contínua da prática pedagógica.

Seguindo essa mesma linha de raciocínio, podemos afirmar que o estágio funciona
como complementação da parte teórica na formação de professores. Ele surge como um
modo de aprender a profissão de modo real, saindo da zona de conforto das teorias e
mostrando como realmente se dá a educação em funcionamento. Sabemos também que
toda e qualquer atividade vai muito além das teorias, e não seria diferente com o exercício
docente, sobre isso PIMENTA (2004) afirma que:

O exercício de qualquer profissão é prático, no sentido de que se trata de


aprender a fazer ‘algo’ ou ‘ação’. A profissão de professor também é prática.
E o modo de aprender a profissão, conforme a perspectiva da imitação, será a
partir da observação, imitação, reprodução e, às vezes, da re-elaboração dos
modelos existentes na prática, consagrados como bons.

Sendo assim, de acordo com as concepções da autora, o exercício de observação


no estágio, torna-se um fator de extrema importância para a formação deste futuro
profissional. Que por mais que ele tenha um determinado conhecimento teórico sobre tal
área, só estará apto para o exercício docente, ao ser confrontado da perspectiva pratica da
coisa.

Ademais, é partindo da observação da prática que o graduando vai caracterizar a


sua própria, nesse momento ele vai observar e reproduzir aquilo que ele considera
relevante para sua práxis. Da mesma forma, é nesse momento também onde ele irá notar
o que não funciona dentro desse processo, e assim, reelaborar ou até mesmo criar novas
estratégias para seu uso na educação, buscando assim uma melhoria para a sua atividade
educacional. ZABALA (1998), disserta sobre a questão da melhoria do exercício
profissional, que segundo o autor:

Um dos objetivos de qualquer bom profissional consiste em ser cada vez mais
competente em seu ofício. Geralmente se consegue esta melhora profissional
mediante o conhecimento e a experiência: o conhecimento das variáveis que
intervêm na prática e a experiência para dominá-las. A experiência, a nossa e
a dos outros professores. O conhecimento, aquele que provém da investigação,
das experiências dos outros e de modelos, exemplos e propostas.

Por isso, é de extrema necessidade que conheçamos todas as variáveis presentes


no ambiente escolar. De modo que, estejamos aptos a conhece-las e dominá-las. O estágio
dessa forma, torna-se uma atividade de investigação conceitual das experiências de outros
profissionais. Embora que de forma indireta, o estágio propicia uma certa experiencia, de
onde se pode tirar conceitos de extrema valia no futuro.

Para além dessa busca e investigação conceitual da atividade docente, temos nos
meandros do processo educativo, as relações sociais estabelecidas entre os indivíduos
envolvidos. Durante toda a etapa de observação, notou-se que as relações hierárquicas
entre aluno/professor e professor/alunos estiveram sempre presentes. Decerto, o professor
não é um ser neutro dentro de sala de aula, ele está a todo momento mostrando, embora
que timidamente suas concepções pessoais.

Em decorrência disso, ensinar jamais será uma tarefa neutra, dentro desse sistema
sempre estarão presentes as preferencias do professor, os ideais da escola, o modelo
educacional adotado pelo município, etc. Todos esses fatores atuam e influenciam de
forma direta na educação. E o professor, como peça chave dentro desse processo, tem, ou
deveria ter o direito de se expressar livremente, desde que dentro de suas falas reinem o
respeito.

Como se pode observar, as relações entre professor e aluno estão sempre


presentes, portanto, é como o professor lida com essas relações e se adapta que
determinará o papel que ele irá exercer para o seu aluno. Salienta-se, no entanto, que
adaptar-se não é uma tarefa simples, visto que em uma sala de aula, o professor encontrará
uma grande diversidade cultural, social, intelectual, religiosa, etc. Sobre essa diversidade
ZABALA (1998) afere que:

a diversidade é inerente à natureza humana, e qualquer atuação encaminhada


para desenvolvê-la tem que se adaptar a esta caraterística. Falamos, portanto,
de um "ensino adaptativo" (Miras, 1991), cuja característica distintiva é sua
capacidade para se adaptar às diversas necessidades das pessoas que o
protagonizam.

Dessa maneira, o professor deve ser dotado de uma capacidade adaptativa, embora
ele tenha suas concepções e preferências, o seu papel como educador sempre será suprir
as necessidades educativas dos discentes. E para isso, ele pode se valer também de várias
estratégias que variam de posições intermediarias “[...] entre o aluno e a cultura, a
atenção à diversidade dos alunos e das situações necessitará as vezes, desafiar; as vezes,
dirigir; outras vezes, propor, [...] (Zabala, 1998, p. 90).”
4. RELATO DE EXPERIÊNCIA
Com base em tudo o que foi explanado nos tópicos anteriores, passo a relatar
agora, algumas das experiências que ocorreram durante a primeira etapa de observação
do estágio curricular II. Durante o período de observação, diversas situações mostraram
na prática o que vemos na teoria. Em contra partida, outras ocasiões mostraram como a
teoria difere e muito da atuação real.
Partindo dos autores supracitados, passo a fazer agora uma breve analise de
algumas das estratégias usadas pelo professor(a) responsável pela turma em que ocorreu
a etapa de observação. A saber, na turma do sexto ano do ensino fundamental, na E.E.F
Natália Albuquerque Lopes.
O primeiro contato com as dependências e com a direção da escola, ocorreu de
forma tranquila, sendo que, toda a direção me recebeu cordialmente. Nesse momento
foram feitas perguntas a respeito da estrutura da escola, tanto no que diz respeito a parte
física, quanto corpo dos funcionários.
Concluída a etapa de reconhecimento das dependências da escola, passou-se então
para o contato com a professora. Isto posto, em conversas informais, a professora relatou
que há vinte anos exerce a atividade docente, e que é graduada na Universidade Estadual
Vale do Acaraú – UVA. Sabendo dessas informações, foi feito o primeiro contato com a
turma e com a didática da professora.
No que diz respeito a turma, a sala é composta pela quantidade de trinta alunos,
uma quantidade razoável se levarmos em conta o tamanho da sala. Adicionalmente, é
valido relatar que a aula observada ocorre no período da tarde, o que torna o ambiente
muito quente. O que sem sombra de dúvida dificulta a aprendizagem dos alunos. Pois é
fato notório que o meio influencia na aprendizagem, em outras palavras, a educação, por
muitas das vezes ocorre de fora para dentro.

Finalmente, passo agora a descrever a sistemática das aulas e como se deu o papel
da educadora durante as aulas. A professora não me apresentou o seu plano de aula.
Apesar disso, em toda aula, ela expõe a agenda da aula no quadro, onde coloca os
objetivos a serem alcançados no dia. O que já mostra que ela, embora não tenha um plano
de aula definido, já sabe o que deve repassar aos alunos, creio que isso se deve a sua vasta
experiência na educação.

Em contrapartida, tem-se que salientar a importância de se ter um plano de aula


para o pleno funcionamento da atividade docente. Conforme afirma LIBÂNEO (1990),
“O trabalho docente é, como vimos, é uma atividade consciente e sistemática, em cujo
centro está a aprendizagem do estudo ou dos alunos [...]” Libânio, 1990, p. 222).”. E por
ser uma atividade sistemática, o professor deve se organizar de forma antecipada e lógica,
ele fará isso se utilizando do plano de aula.

Não planejar a aula, é possibilitar que a aula saia dos trilhos, embora saibamos
que o plano esteja sujeito a mudanças de última hora, o professor deve modificar
minimante o seu objetivo inicial. LIBÂNEO (1990), sobre isso afere:

O planejamento escolar é uma tarefa docente que inclui tanto a previsão das
atividades didáticas em termos de organização e coordenação em face aos
objetivos propostos, quanto a sua revisão e adequação no decorrer do processo
de ensino.

Logo, o papel do professor não é improvisar, mas sim adequar o seu planejamento
as mais variadas situações que o ambiente de sala aula possa vir a apresentar. O plano de
aula se torna um meio de programação no que se refere a pratica docente, será nesse
momento onde deve acontecer uma reflexão estritamente ligada a pratica e o que pode vir
a ocorrer na aula.

Dando prosseguimento ao relato, observando a didática da professora, nota-se que


a professora se encontra desmotivada em relação ao ensino. Ela, por várias vezes, indagou
a mim, se a profissão de professor era realmente o que eu queria para meu futuro,
ressaltando as dificuldades da profissão.

Em suas palavras, estão presentes um grande desânimo, talvez pelo fato dos
longos anos enfrentando tamanho descaso na educação. Seja por parte das administrações
das escolas em que trabalhou, ou por parte dos governantes. Seja qual for a causa, um
professor desmotivado, contribui para que existam alunos desinteressados, sem
perspectiva. Visto que o professor fará seu trabalho de qualquer maneira.

Como se pode imaginar, a desmotivação surge a partir das mais variadas situações,
dentre eles estão: os baixos salários, o desinteresse dos alunos, poucos recursos que as
escolas dispõem, a ausência dos pais na vida escolar de seus filhos, e acima de tudo, as
altas expectativas que a sociedade impõe sobre o professor e a escola.

A comunidade em geral, atribui aos professores, o papel de educar moralmente


seus filhos, de certo modo, essa também é a tarefa da escola. Porém, não cabe somente a
instituição de ensino essa atividade. Os pais, que deveriam ser os exemplos morais dos
filhos, nada fazem a esse respeito. O que acarreta na falta de respeito dos alunos para com
os professores.

Concluindo, o que se notou foi que a prática da professora, a muito não satisfaz
ao que se espera de um profissional da educação. Contudo, não se pode atribuir toda a
culpa a professora. Visto que a escola tem seu foco para números, deixando de lado a
contextualização dos conteúdos ensinados aos alunos. Portanto, faz-se necessário um
maior cuidado por parte dos futuros docentes quanto ao fato em questão, o professor deve
ter autonomia para formular seu modelo de aula. Cabe a nós, futuros professores quebrar
esses paradigmas existentes.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

É possível concluir diante do exposto, que a atividade docente, apesar de ser uma
tarefa que exige do professor uma certa sistematização, está para além dessa questão. O
ensino não pode ser considerado como uma tarefa restrita ao ambiente de sala de aula, ele
é algo que envolve as mais amplas esferas da sociedade. E é extremamente necessário
compreendermos as nuances que o cercam, para assim entendermos de forma completa
tal atividade.

No que cerne ao professor, ele, antes de ser professor é gente, possui suas
preferências e concepções. E assim como os alunos está totalmente imerso em um
contexto social. Partindo disso, ele possui em primeiro lugar, um compromisso com a
sociedade, e assim como ele deve respeitar as diferenças étnicas, religiosas e sociais dos
alunos, a sua responsabilidade é antes de qualquer coisa, preparar os alunos para serem
participantes do meio social. Logo, como caracteriza LIBÂNEO (1990), “A
característica mais importante da atividade profissional do professor é a mediação entre
o aluno e a sociedade, [...] Libânio, 1990, p. 47).”

Quanto ao estagiário, ao chegarmos na escola, trazemos em nossa bagagem,


conceitos e preconceitos a respeito da educação. Conceitos e preconceitos esses que foram
adquiridos durante a época de alunos e do nosso próprio processo formativo. Essas
opiniões foram sendo lapidadas e maximizadas erroneamente pela sociedade, e pelas
nossas próprias percepções.

O estágio, por sua vez, chega para desmistificar tais concepções. Ao nos
depararmos com a educação em exercício, percebemos a abrangência do ato de ensinar,
entendemos que para exercer essa função, serão necessários além do conhecimento
sistemático, um alto grau de envolvimento social. Mas acima de tudo, é necessário ter
paixão pela profissão, caso contrário, seremos os mais infelizes profissionais.
Amargurados e dispostos a passar essa amargura adiante.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ILHA, F.R. da S.; SILVA, A.R.; BASEI, A.P.; MASCHIO, V.; KRUG, H.N. Estágio
Curricular Supervisionado em Educação Física: significado e importância sob a
ótica dos acadêmicos do curso de Licenciatura. Boletim Brasileiro de Educação Física,
Brasília, n.73, p.1-9, fev./mar., 2009.
LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo - SP. Cortez Editora. 2004.
PIMENTA, Selma G. & LIMA, Maria Socorro L. Estágio e Docência. São Paulo. Cortez
Editora. 2004. RIOS, T. A. Ética
ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar / Antoni Zabala; trad. Ernãni E
da F. Rosa - Porto Alegre : ArtMed, 1998.

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