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Ed.

151 – Novembro/Dezembro 2017

Financeirização, coalização
de interesses e taxa de juros
no Brasil
Luiz Fernando de Paula* e Miguel Bruno**

No Brasil, desde 1994, a financeirização ocorre pelos


ganhos com juros substituindo o regime monetário
anterior caracterizado pela “financeirização pelos
ganhos inflacionários.”. Ambos processos foram
estimulados desde o início dos anos 1990 pela
crescente liberalização da conta capital, dada a
natureza especulativa dos fluxos de capitais tanto por
residentes quanto por não residentes

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Economia

A
pesar de estarem com tendência de tendo sido pioneiramente sustentada há tempos por
queda, em meio à forte e prolongada Bresser-Pereira e Nakano (2002, p. 169): “depois da
recessão, as taxas de juros reais no persistente manutenção da taxa de juros em nível
Brasil são extre- muito elevado é natural que sur-
mamente eleva- ja o medo de redução, e que esse
das em termos de nível se torne uma convenção” (1);
comparação internacional. A Ta- Levantamos aqui a e Bresser-Pereira (2007, p.200)
bela 1 mostra que países com ris- hipótese de que a acrescenta: “a Selic é alta no Brasil
co-país em níveis semelhantes ao porque, com o argumento de que
do Brasil, como Bulgária, Peru e
prevalência de altas é necessária uma taxa de juros
Panamá, têm taxas de juros reais taxas de juros reais muito alta ‘para combater a infla-
bem menores. Seria de se esperar, no Brasil por décadas ção’, [ela] é estabelecida em nível
pela teoria da paridade – segundo artificial, de forma a remunerar
a qual a taxa de juros doméstica é levou à formação os rentistas e o setor financei-
igual à taxa de juros internacio- de uma coalização ro.”. Recentemente Lara Resende
nal mais o prêmio de risco-país e (2017, p.126-127) sustenta que a
o risco cambial –, que tivéssemos de interesses dos manutenção de taxa de juros ele-
taxas de juros bem mais baixas, rentista-financistas na vadas no Brasil acaba por se reve-
mas sabemos que esta não é a lar ineficaz para baixar a inflação,
manutenção de taxas
evidência brasileira. Relaciona-se e levanta a hipótese de que taxas
a isso a questão: Por que o Banco de juros elevadas, já de juros altas podem levar a taxas
Central tem que elevar tanto a ta- que estas favorecem de inflação maiores: “Suponha o
xa de juros para reduzir a taxa de caso de um paciente com doença
inflação no Brasil? Ou ainda: Por a valorização da sua crônica para a qual se ministra um
que a inflação é tão resiliente em riqueza financeira remédio há décadas. Há unanimi-
nosso país? dade médica de que, no caso des-
se paciente, a doença é resistente.
Tabela 1: Risco-país e taxa de juros Doses maciças vêm sendo receitadas sem resultado.
(média de 2010-2014) Os efeitos secundários negativos são graves, debili-
Pais Risco-país Taxa real de juros tam e impedem a recuperação do paciente, que agora
Africa do Sul 215 -0,03 se encontra na UTI. Novos estudos, ainda que preli-
Brasil 916 4,25 minares, questionam a eficácia do remédio. Pergunta:
Bulgária 881 -1,73
deve-se continuar a ministrar as doses maciças do re-
Colômbia 766 1,19
Filipinas 399 0,16 médio ou reduzir rapidamente a dosagem?”.
México 532 0,10 A coalização de interesses rentistas foi formada no
Panamá 1029 0,88 Brasil em função do desenvolvimentismo de um capi-
Perú 923 0,16 talismo determinado pelas finanças com especificida-
Russia 659 0,67 des nacionais, cuja característica central é a prevalên-
Turquia 416 -3,55
Fonte: Datamarket (EMBI+) e IMF; (*) Governo Central
cia de um processo conhecido como “financeirização”
– entendida como “o aumento do papel dos motivos
financeiros, mercados financeiros, atores financeiros
Levantamos aqui a hipótese de que a prevalência e instituições financeiras nas operações de economias
de altas taxas de juros reais no Brasil por décadas nacionais e internacionais” (EPSTEIN, 2005, p.3), ou
levou à formação de uma coalização de interesses ainda “um padrão de acumulação no qual a realiza-
dos rentista-financistas na manutenção de taxas de ção de lucros ocorre crescentemente através de canais
juros elevadas, já que estas favorecem a valorização financeiros ao invés do comércio e produção de mer-
da sua riqueza financeira, a qual depende de parte cadorias.” (KRIPPNER, 2005, p. 174). De forma mais
importante de seus rendimentos. Esta coalização, ampla, o trabalho pioneiro de Braga (1985) define
acrescente-se, não é benéfica somente para os ren- a financeirização como norma sistêmica de riqueza,
tistas, mas também para o próprio Banco Central do uma vez que produz uma dinâmica estrutural articu-
Brasil (BCB), que tira proveito da reputação de ser lada de acordo com os princípios da lógica financeira.
um banco central conservador (ERBER, 2011). O “finance-led capitalism” (capitalismo liderado pelas
A convenção pró-conservadorismo na condução finanças) tem se disseminado no mundo em função
da política monetária não é uma hipótese nova, já da adoção de políticas neoliberais, que inclui um con-

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junto de políticas como liberalização financeira, fle- cesso no Brasil. Por um lado, a financeirização eleva a
xibilização do mercado de trabalho, esvaziamento do um paroxismo a preferência pela liquidez dos deten-
Estado social e desenvolvimentista etc. Seu resultado tores de capital (inclusive o empresário industrial que
frequentemente é a busca de ganhos financeiros de se torna rentista), reduzindo a formação bruta de ca-
curto prazo por parte dos agentes (inclusive através pital fixo em função das possibilidades de aplicações
do “shareholder value”, valor para o acionista), expan- financeiras de curto prazo que competem com apli-
são precoce do setor de serviços, desindustrialização e cações em ativos de capital, ao aumentar o prêmio de
precarização do trabalho. liquidez (ver Gráfico 1). Por outro lado, ela tem claros
No Brasil, desde 1994, a financeirização ocorre efeitos concentradores nos segmentos de alta renda,
pelos ganhos com juros substituindo o regime mo- considerando que os rendimentos financeiros, lucros
netário anterior caracterizado pela “financeirização dividendos e heranças e doações representam quase
pelos ganhos inflacionários.”. Ambos processos fo- 40% da renda do país. Segundo Morgan (2017), em
ram estimulados desde o início dos anos 1990 pela 2001-2015, a renda média dos 1% mais ricos cresceu
crescente liberalização da conta capital, dada a na- 31,4%; a dos 50% mais pobres (favorecidos pela po-
tureza especulativa dos fluxos de capitais tanto por lítica de crescimento real do salário-mínimo) 28,7%;
residentes quanto por não residentes. No regime de enquanto a da classe média (40% que ganham entre
“financeirização pelos ganhos com juros” o gover- R$ 1,4 mil e R$ 5,0 mil) apenas 11,5%.
no buscou, até 2015, conciliar os interesses da acu- A tendência a uma financeirização crescente da
mulação rentista-patrimonial com políticas sociais economia brasileira, e, em particular, a existência
redistributivas, favorecendo os segmentos cujos de um grande volume de aplicações financeiras com
rendimentos derivam das rendas de juros e demais remuneração denominadas a taxa de juros (lastrea-
ganhos financeiros (derivados do endividamento das nas Letras Financeiras do Tesouro (LFTs) e com-
público e privado). Assim, financeirização foi esti- promissadas) – uma “jabuticaba brasileira” –, fazem
mulada por dois fatores inter-relacionados: taxa de com que a política monetária seja pouco eficiente no
juros reais elevadas e permanência de um circuito de Brasil, sendo uma das razões para termos uma taxa
“overnight” na economia brasileira, herdada do pe- de juros elevada, pois requer juros maiores para se
ríodo de alta inflação, mas mantida no pós-real, para ter o mesmo efeito sobre a demanda agregada. Como
onde são canalizadas as aplicações de alta liquidez parte das aplicações dos agentes é vinculada à taxa
dos agentes econômicos. (Gráfico 1) de juros, e uma elevação nesta ocasiona um aumen-
Cabe destacar alguns efeitos perversos deste pro- to na riqueza financeira, neutralizando parcialmente

Gráfico 1: A acumulação rentista-financeira versus acumulação de capital fixo


(1970-2015)
Taxa de acumulação de capital fixo produtivo
Taxa de financeirização = estoque total de ativos financeiros/estoque de capital fixo produtivo
30,0%

25,0%

20,0%

15,0%

10,0%

5,0%

0%
1970
1971
1972
1973
1974
1975
1976
1977
1978
1979
1980
1981
1982
1983
1984
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015

Fonte: Atualização de Bruno e Caffé (2015).

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Economia

os seus efeitos sobre os gastos agregados dos agen-


tes. Acrescente-se que a estrutura a termo da taxa de Figura 1: Financeirização e taxa de juros
juros, através da qual a taxa de juros de curto prazo
afeta as taxas mais longas, fica deformada no Brasil
– com pouca diferenciação na remuneração a taxas
curtas e longas, além de ser descontinuada, uma vez
que se inviabiliza a emissão de títulos com maturi-
dades mais longas (teriam que pagar um prêmio de
risco elevadíssimo).
Um estudo recente (MODENESI et al, 2017) in-
vestigou a assimetria do repasse cambial sobre IPCA
(Índice de Preços ao Consumidor Amplo), através da de juros no Brasil (Figura 1). O primeiro está rela-
decomposição da série da taxa de câmbio em apre- cionado ao Relatório Focus do BCB, através do qual
ciação e depreciação cambial em 1999-2016 com um este apura as previsões do mercado financeiro sobre
modelo SVAR (vetor estrutural autorregressivo), e diversos indicadores econômicos, incluindo a taxa
estimou um “pass-through” de 16% no caso de de- de inflação e a taxa de juros. Neste particular, há
preciações e 5,8% no caso de apreciações cambiais. uma tendência do mercado de puxar para cima a
Deste modo, o efeito inflacionário da depreciação é taxa de juros e a taxa de inflação, de modo a pressio-
compensado apenas parcialmente pelo efeito defla- nar o BCB a sancionar suas expectativas. O segun-
cionário de uma apreciação na mesma magnitude do refere-se à relação entre o mercado financeiro e
no Brasil, no que resulta na existência de um viés o Tesouro Nacional no processo de negociação dos
inflacionário decorrente da volatilidade da taxa de títulos públicos, onde o mercado faz valer o seu po-
câmbio no Brasil, contribuindo para um comporta- der de pressão sobre o Tesouro. O Gráfico 2 mostra
mento a la “fear of floating” na condução da política que os juros reais acumulados em 1992-2016 foram
monetária. (Figura1) acompanhados pelo crescimento da dívida pública,
Identificamos três canais através dos quais a o que sugere que boa parte do aumento desta se de-
coalização de interesses rentistas pode afetar a taxa ve aos próprios juros. Com dívida pública elevada

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e uma estrutura de dívida pouco dexados pela taxa fixada pelo BCB
saudável (prazos ainda curtos e A financeirização nas operações de política mone-
parte indexada ao Sistema Es- reduz, tária, o que torna títulos públicos
pecial de Liquidação e Custódia, e reservas bancárias substitutos
Selic), o mercado consegue colo- significativamente, perfeitos, e faz com que a taxa do
car pressão no Tesouro para ven- a autonomia dos mercado interbancário incorpore
der os títulos em condições favo- o prêmio de risco da dívida públi-
ráveis a ele, inclusive no que se Estados nacionais ca brasileira. Barbosa et al (2016),
refere à remuneração dos títulos. seja para formularem por sua vez, sugerem a existência
Por último, os rentista-financis- de um “componente jabuticaba”
tas, em função de o Brasil operar
as políticas fiscal incorporado ao prêmio de risco
com uma conta de capital aberta, e monetária, seja dos títulos públicos. Conforme a
podem exercer seu poder sobre no que concerne a análise acima, a coalização de in-
o BCB em momentos de maior teresses rentistas pode pressionar
instabilidade macroeconômica uma estratégia de a taxa de juros no Brasil nos dois
“colocando o pé na porta”, isto é, desenvolvimento de mercados (supondo também a
comandando a saída de capitais existência de um efeito-contágio
externos que resulta numa des-
longo prazo invertido, do mercado interban-
valorização abrupta da taxa de cário para o mercado de títulos),
câmbio – o que pode obrigar o BCB a manter taxas isto é, de títulos públicos e de reservas bancárias,
de juros elevadas para refrear eventuais saídas de ocasionando um viés altista na taxa de juros.
capitais. (Gráfico 2) Essa constatação encontra amplo apoio nos es-
Barbosa (2006) desenvolveu a ideia de uma con- tudos internacionais, pois os resultados encontrados
taminação da política monetária pela dívida pública são unânimes quanto ao fato de que a financeiriza-
em decorrência da existência de títulos públicos in- ção reduz, significativamente, a autonomia dos Es-

Gráfico 2: A taxa Selic real capitalizada expande


endogenamente a dívida pública interna
(1990-2016)
Divida interna - gov. federal e Banco Central - líquida - R$ (milhões) de set/2015 - Eixo esquerdo
Selic real (fator acumulado) - Eixo direito
R$ 3.500.000,00 9,00

R$ 3.000.000,00 8,00

7,00
R$ 2.500.000,00

6,00
R$ 2.000.000,00

5,00

R$ 1.500.000,00

4,00

R$ 1.000.000,00
3,00

R$ 500.000,00
2,00

R$ 0,00
1,00
1992.05
1993.01
1993.09
1994.05
1995.01
1995.09
1996.05
1997.01
1997.09
1998.05
1999.01
1999.09
2000.05
2001.01
2001.09
2002.05
2003.01
2003.09
2004.05
2005.01
2005.09
2006.05
2007.01
2007.09
2008.05
2009.01
2009.09
2010.05
2011.01
2011.09
2012.05
2013.01
2013.09
2014.05
2015.01
2015.09
2016.05

-R$ 500.000,00 0,00

Fonte: Cálculos próprios com base nos dados do Banco Central do Brasil.

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Economia

tados nacionais seja para formularem as políticas REFERÊNCIAS:


fiscal e monetária, seja no que concerne a uma es-
tratégia de desenvolvimento de longo prazo, consis- BARBOSA, F. H. The contagion effect of public debt on
tente com as condições de produção e os interesses monetary policy: the Brazilian experience (O efeito
dos setores não financeiros (2). contágio da dívida pública sobre a política monetária:
Concluímos que a redução sustentável da taxa de a experiência brasileira). Brazilian Journal of Political
juros reais no Brasil requer um conjunto amplo de Economy 26(2):231-238, 2006.
políticas, que deve incluir a eliminação da indexa- BARBOSA, F. H.; CAMÊLO, F. D.; JOÃO, I. C. A taxa de juros
ção financeira no Brasil, através da substituição das natural e a regra de Taylor no Brasil: 2003-2015. Revista
operações compromissadas do BCB por depósitos Brasileira de Economia 70(4), 2016: 399-417.
voluntários remunerados e do fim das LFTs, implan- BECKER, J.; JAGER, J.; LEUBOLT, B.; WEISSENBACHER,
tação de uma política factível de consolidação fiscal R. Pheripheral financialization and vulnerability to
crisis: A regulationist perspective (Financiamento
de longo prazo (sem as amarras de um teto de gas-
periférico e vulnerabilidade à crise: uma perspectiva
tos fictício), criação de mecanismos que reduzam a regulacionista). Competition and Change 14(3-4), 2010:
volatilidade da taxa de câmbio (dada a ligação câm- 225-247.
bio-juros), revisão da institucionalidade do regime
BOYER, R.; SAILLARD, Y. (org.). Théorie de la Régulation:
de metas de inflação (com a mudança do horizonte l’état des savoirs (Teoria da Regulação: o estado do
da meta para um prazo mais longo que o ano ca- conhecimento). Paris: La découverter, 2002.
lendário), e, não menos importante, a implantação
BRAG, J. C. Temporalidade da Riqueza: Teoria da
de uma gestão menos conservadora na condução da Dinâmica e Financeirização do Capitalismo. Tese de
política monetária pelo BCB. Doutorado. Campinas (SP): Instituto de Economia da
Essa nova agenda, contudo, envolve não apenas UNICAMP, 1985.
reconsiderar-se os interesses de detentores de capital BRESSER-PEREIRA, L. C. Macroeconomia da Estagnação:
pelas comodidades da revalorização financeira em Crítica da Ortodoxia Convencional no Brasil pós-1994.
ativos de curto prazo (combinando rentabilidade, São Paulo: Editora 34, 2007.
liquidez e baixo risco), obtidos fora das imobiliza- BRESSER-PEREIRA, L. C.; NAKANO, Y. Uma estratégia de
ções mais arriscadas em atividades diretamente pro- desenvolvimento com estabilidade. Revista de Economia
dutivas, mas também resgatar os papéis do Estado Política, 21(2), 2002:146-177.
nacional no processo de desenvolvimento brasileiro, BRUNO, M.; CAFFÉ, R. Indicadores macroeconômicos
eclipsados e politicamente esvaziados, pela natureza de financeirização. In: BRUNO, M. (org.). População,
e lógica da acumulação rentista-patrimonial que a Espaço e Sustentabilidade: contribuições para o
financeirização reproduz no plano estrutural e ma- desenvolvimento do Brasil. Rio de Janeiro: ENCE-IBGE,
2015.
croeconômico. Enfim, redução da taxa de juros no
Brasil é um assunto de economia política! EPSTEIN, G. (ed.). Financialization and the World
Economy (Financiarização e a Economia Mundial).
Cheltenham: Edward Elgar, 2005.
* Luiz Fernando de Paula é professor titular da
FCE/UERJ e IESP/UERJ ERBER, F. As convenções de desenvolvimento no Brasil:
um ensaio de economia política. Revista de Economia
Política, 31(1), 2011:31-55.
**Miguel Bruno é professor da ENCE-IBGE, FCE-
UERJ e Mackenzie-Rio KRIPPNER, G. The financialization of the American
economy (A financiarização da economia americana).
Socio-Economic Review, 3(2), 2005:173-208.
LARA-RESENDE, A. Juros, Moeda e Ortodoxia. São Paulo:
Portfolio-Pinguim, 2017.
NOTA
MODENESI, A.; LUPORINI, V.; PIMENTEL, D. Asymmetric
(1) A definição de convenção que utilizamos refere-se a um acor-
exchange rate pass-through: Evidence, inflation
do entre participantes que decidem em prol de uma estratégia
dynamics and policy implications for Brazil (1999-
comum que os beneficia em conjunto. Conforme Boyer e Saillard
2016) [Taxa de câmbio assimétrica pass-through:
(2002), assim definida, a convenção “é dotada de força normativa
Evidência, dinâmica da inflação e implicações políticas
obrigatória, sendo apreendida como resultado de ações individu-
para o Brasil (1999-2016)]. Trabalho selecionado para o
ais e como um quadro constrangendo os sujeitos envolvidos.”. Ou
45º Encontro Nacional de Economia, 2017.
seja, seguir a convenção passa a ser não apenas obrigatório, mas MORGAN, M. Extreme and persistent inequality
sobretudo porque é lucrativo, rentável segui-la e perpetuá-la. (Desigualdade extrema e persistente). WID. World
(2) Ver, entre outros, Becker et al (2010).
Working Papers Series 2017/12.

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