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ESCOLAS DE PENSAMENTO ECONÔMICO NO MUNDO ATUAL

Ana Luzia Amaro


Dilani MC Comb
Gabriel Carvalho
Marlon Seabra
Ricardo Fonseca
Simone Ischkanian

Os efeitos da recente crise financeira mundial permitem mostrar a vigência das escolas de pensamento
econômico no mundo atual. Assim, após o estouro da “bolha financeira” com a quebra do Lehman Brothers
em setembro de 2008, os governos dos Estados Unidos e dos países desenvolvidos aumentaram o gasto
público socorrendo bancos, empresas e mutuários de créditos hipotecários, o que minimizou, em parte, a
grande queda da atividade econômica.

Esse tipo de política compensatória lembra em muito a recomendação da escola keynesiana de utilizar o gasto
público como estabilizador da economia. Por outro lado, esses mesmos países, por meio de seus bancos
centrais, injetaram grandes quantidades de dinheiro para aumentar o crédito e reativar suas combalidas
economias, em operações denominadas “afrouxamento quantitativo”. Esse tipo de política monetária
expansionista está inspirado nos preceitos da escola monetarista, que relaciona a atividade econômica à
quantidade de moeda (ou crédito) existente.

No Brasil, o impacto da crise foi relativamente menor, mas ainda assim significou uma redução da atividade
econômica, minimizada pela diminuição temporária do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) aplicado
aos veículos e eletrodomésticos, o que permitiu reduzir seu preço de mercado e compensar a queda nas
vendas. Esse tipo de desoneração tributária programada pode ser visto como uma forma de estimular a
atividade econômica pelo lado da demanda agregada, similar ao aumento do gasto público recomendado pela
escola keynesiana. Por outro lado, o Banco Central do Brasil também aumentou a quantidade de crédito no
mercado brasileiro, a partir da redução dos juros básicos (taxa Selic) e do mínimo legal de reservas bancárias
(reservas compulsórias), aplicando, também, dessa forma, a receita monetarista de saída da crise.

Como pode ser visto, no mundo atual, tanto no Brasil como no resto do mundo, o pensamento de antigas
escolas econômicas continua vivo, coexistindo com a implementação das políticas econômicas. Afinal, como
o próprio John Maynard Keynes afirmou, “Homens práticos, que se julgam imunes a quaisquer influências
intelectuais, geralmente são escravos de algum economista já falecido” (Teoria geral do emprego, do juro e da
moeda, 1936).

REFERÊNCIAS:
VASCONCELLOS, Marco A. S., GARCIA, Manuel E. Fundamentos de economia 6º ed. Editora Saraiva, 2019.
Disponível em: Minha Biblioteca.

Identifique pelo menos uma notícia divulgada em meio oficial de comunicação sobre alguma política
econômica implementada em nosso país nesses três primeiros meses de 2023, indicando sua conexão
com alguma das correntes de pensamento econômico estudadas na Aula 3.

1 – ASPECTOS DA POLÍTICA ECONÔMICA IMPLEMENTADA NO BRASIL EM 2023

O enigma fiscal continuará em 2023?

Resposta: Sim.

“O fiscal tem sido motivo de preocupação e foco no Brasil nos últimos anos”, diz o relatório. Após dois anos
de resultados positivos, com superávits primários e redução da dívida bruta do governo, os analistas do banco
norte-americano veem as contas públicas se deteriorando neste ano. Segundo eles, a melhora dos números foi
“amplamente sustentada” por receitas não recorrentes (principalmente as relacionadas ao petróleo, como
dividendos da Petrobras e royalties).

Entretanto, as medidas de estímulo fiscal não foram particularmente baixas e somaram mais de R$ 500 bilhões
somando 2021 e 2022. “Espera-se que algumas dessas medidas de estímulo continuem adiante.”

Os analistas apontam que as medidas de ajustes apresentadas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se
concentram em receitas pontuais, com poucos ganhos vindos de cortes de custos, e nenhuma medida de longo
prazo. A expectativa é pela reforma tributária.

2 – CONEXÃO COM AS CORRENTES DE PENSAMENTO ECONÔMICO

Economia Positiva e Economia Normativa

Economia Positiva Economia Normativa


Trata questões difíceis de responder mas que podem Envolve preceitos éticos e normas de equidade.
ser resolvidas com recurso à análise e a evidência Contém juízo de valor sobre alguma medida
empírica. econômica.
Inflação volta à meta em 2023? O Brasil enfrentará uma recessão?

Resposta: Improvável Resposta: Não

“No geral, a inflação em 2022 surpreendeu os O banco norte-americano espera que o crescimento
analistas para baixo, ante as expectativas do início do do PIB (Produto Interno Bruto) desacelere, mas ainda
ano. No entanto, os preços administrados [impostos registre avanço: +0,9% (de 3,25% de crescimento
sobre combustíveis e taxas de energia] foram os esperado em 2022).
únicos responsáveis pela desaceleração anual”
afirmam os analistas do BofA. “O consumo privado pode ser desafiado por um
ambiente de crédito mais restritivo, com taxas de juro
Segundo eles, os riscos estão inclinados para cima e spreads elevados, entre as famílias já altamente
neste ano e a convergência deve ser esperada a partir endividadas”, diz o relatório. Os analistas esperam
de 2024. A expectativa é de que haja desaceleração que as condições de crédito melhorem no segundo
da inflação de serviços e alimentação (ajudada por semestre do ano, com o Banco Central iniciando o
preços de commodities praticamente estáveis), ciclo de corte de juros. “No entanto, um aumento real
enquanto os preços administrados devem voltar a do salário mínimo e dos salários dos funcionários
subir, impulsionados principalmente pelo aumento públicos acontecerá e tem potencial para impulsionar
das tarifas de energia. o consumo privado”.

“Em relação a 2023, projetamos inflação em 4,8% ao


final do ano, menor do que em 2022, quase no teto da
meta (de 4,75%).”

3 – ESCOLAS DE PENSAMENTO ECONÔMICO

Existe uma relação consistente, embora não precisa, entre crescimento na oferta
monetária e crescimento na renda nominal.

Leva algum tempo até que o crescimento na oferta de moeda afete a renda.

Uma alteração na taxa de crescimento da oferta de moeda leva de 6 a 9 meses para


afetar a taxa de crescimento da renda nominal.
Mudanças naquela taxa de crescimento afetam primeiro o produto real e só depois é
que se refletem exclusivamente sobre o nível de preços.

Apenas transitoriamente é possível manter a economia acima de sua capacidade


normal ou natural mediante políticas keynesianas de "sintonia fina'' do lado da demanda. A
insistência do governo em fazê-lo apenas fará com que a inflação se acelere.

"A inflação é sempre e em qualquer lugar um fenômeno monetário".

O déficit público pode ou não ser inflacionário: o será se for financiado por expansão
monetária, isto é, por aumentos no papel moeda e nos depósitos bancários.

A expansão monetária inicialmente reduz as taxas de juros, mas, na medida em que os


gastos e os preços aumentam, a demanda de empréstimos crescerá, o que elevará no futuro as
taxas de juros. Isto explica porque os monetaristas sempre insistiram na afirmativa de que a
política monetária não deve ser guiada pelas taxas de juros.

Além disso, as variações de preços provocadas pela instabilidade da oferta de moeda


acabam introduzindo discrepâncias entre as taxas de juros reais e as nominais, que terminam
gerando distúrbios nos setores reais (produção) da economia.

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