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UnB - Universidade de Brasília

Departamento de Ciências Contábeis e Atuariais

ANÁLISE DA LIQUIDEZ

Professor: Dr. Bruno Vinícius Ramos Fernandes

capítulo 1 1
INTRODUÇÃO

• Análise de Liquidez = Administração do


Capital de Giro = Administração dos ativos
e passivos circulantes.
• O capital de giro de uma empresa é
determinado por: volume de vendas,
sazonalidades, conjuntura econômica,
tecnologia e política de negócios.

capítulo 1 2
• giro recursos de curto prazo (<= 1 ano)
ATIVO PASSIVO
CIRCULANTE CIRCULANTE
Disponível Fornecedores
Valores a receber Salários e encargos
Estoques Emprest. e financiamentos
REALIZÁVEL A L. PRAZO EXIGÍVEL A L. PRAZO
Empr. e financiam.
PERMANENTE PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Investimento Capital Reservas
Imobilizado Lucros acumulados
Diferido

capítulo 1 3
• Definições:
 capital de giro ou capital circulante = ativo circulante =
caixa + contas a receber + estoques.
 capital de giro:
 fixo ou permanente
 variável ou sazonal

$
cap. giro sazonal

cap.giro permanente

t
capítulo 1 4
• Definições:
 capital de giro líquido ou capital circulante líquido (CCL) =
= ativo circulante - passivo circulante, ou
 CCL = PL + ELP - (AP + RLP)
CCL POSITIVO
AC = 35 PC = 20
ELP = 30
CCL=35-20=15
PL = 50

AP = 65
capítulo 1 5
• Definições:

CCL NEGATIVO

AC = 70 PC = 110
ELP = 40
CCL=70-110=(40)
PL = 50

AP = 130

capítulo 1 6
• Definições:

 capital de giro próprio = PL - (AP + RLP)

Obs.: Utilizado por instituições financeiras e empresas públicas


prestadoras de serviços.

capítulo 1 7
• Ciclo operacional

compra fim
m.p. início
fabric. venda recebimento
fabric.

PME PMF PMV PMC

PME = prazo médio de estocagem (mp)


PMF = prazo médio de fabricação
PMV = prazo médio de venda = p.m estocagem produtos acabados
PMC = prazo médio de cobrançacapítulo 1 8
necess. acumul. de
• Definições: Ciclo operacional recursos
financiamento do capital de giro

desconto
pagto
fornecedores duplicatas

compra fim
m.p. início
fabric. venda recebimento
fabric.
PMPF PMDD

PME PMF PMV PMC


PME = prazo médio de estocagem (mp)
PMF = prazo médio de fabricação
PMV = prazo médio de venda = p.m estocagem produtos acabados
PMC = prazo médio de cobrança
PMPF = prazo médio pagto fornecedores 9
PMDD = prazo médio de desconto de duplicatas
• Definições: Ciclo operacional
financiamento do capital de giro

desconto
pagto
fornecedores duplicatas

compra fim
m.p. início
fabric. venda recebimento
fabric.
PMPF PMDD
PME PMF PMV PMC
ciclo operacional
ciclo financeiro
ciclo econômico

Ciclo Operacional = PME + PMF + PMV + PMC


Ciclo Financeiro (caixa) = ciclo operacional - PMPF - PMDD 10
Ciclo Econômico = ciclo operacional - PMC
• Risco x retorno

– minimizar investimentos em capital de giro: reduz


custos e aumenta o retorno, mas aumenta os riscos
de insolvência.

– maximizar os investimentos em capital de giro:


aumenta os custos e reduz o retorno, mas diminui o
risco.

capítulo 1 11
 Equilíbrio Financeiro: é a situação em que as obrigações
financeiras estão lastreadas em ativos com prazos de conversão
em caixa similares aos passivos.

capital de giro sazonal


} recursos de c.prazo

ativo circulante permanente

ativo permanente

capítulo 1
} recursos l.prazo

12
 Estrutura das taxas de juros:

 Em teoria, taxas de longo prazo são mais altas que as de


curto prazo, devido ao risco.

 No Brasil ocorre o inverso, o que um incentivo a promover


uma redução do risco financeiro.

 Problema: BNDES é a única fonte de financiamento de


longo prazo no Brasil.

capítulo 1 13
 Alternativas de Financiamento do Capital de Giro:

recursos LP recursos CP

Risco baixo
recursos LP

recursos CP Risco moderado

recursos LP

Risco alto capítulo 1 14


 Indicadores de Liquidez:
 Liquidez imediata: capacidade de saldar compromissos de CP
somente com o disponível.
Disponível
Liquidez imediata 
Passivo Circulante

 Liquidez seca: capacidade de saldar compromissos de CP com


ativos de maior liquidez (disponível e contas a receber).
A.Circulante  Estoques  Desp. antecipadas
Liquidez sec a 
Passivo Circulante

 Liquidez corrente: capacidade de liquidar compromissos


Ativo Circulante
correntes com Liquidez ativos correntes.
o total decorrente
Passivo Circulante 15
Liquidez Efetiva:
• A determinação da liquidez de uma empresa pode ser
enganosa.
• Uma metodologia para melhor avaliar a liquidez
considera os diferentes níveis de liquidez do CCL.
• Trata-se de calcular o valor de cada conta que supera
o investimento médio mantido nessa conta.
• Investimento médio = valor da conta  giro
• Giro = no dias período prazo de vencimento

capítulo 1 16
• Exemplo:
Caixa 45.000
Aplicações financeiras 185.000
Duplicatas a receber 120.000
Estoques 130.000
Ativo circulante 480.000
Fornecedores 65.000
Salários a pagar 15.000
Financiamentos 40.000
Passivo circulante 120.000
CCL 360.000
Outras informações:
Giro estoques 10
Giro duplicatas a receber 5
Giro contas pagar 8
Vencimento aplicações 10/01/xx
Pagamento salários 05/01/xx
Vencimento financiamento 15/11/xx
Exercício: solução
Liquidez dup.a receber=120.000-120.000/5 = 96.000
Liquidez estoques = estoques-estoques/giro estoques -
estoques/giro duplicatas=130.000-130000/10-
130.000/5=91.000
Liquidez aplic. financeiras = aplicações financeiras- aplic.fin/giro
aplic.fin
Prazo vencimento aplic.fin=10 dias
Giro aplic.fin=360/10=36
Liquidez aplic.fin=185.000-185.000/36=179.861
Liquidez fornecedores=65.000-65.000/8=56.875
Liquidez salários ap.=15.000-(15000*(5/360))=14.792
Liquidez financiamentos=40.000-(40000*(315/360)) = 5.000
Liquidez CCL = 45.000 + 179.861 + 96.000 + 91.000 - (56.875 +
14.792 + 5.000) = 335.194 18
Revisão de matemática financeira
• Valor presente:

VF
VP 
(1  i ) n

capítulo 1 19
Revisão de matemática financeira
• Taxas de juros equivalentes:
– Anual para mensal:
im  1  ia  1  (1  ia )
12 1/12
1
– Anual para diária:

id  360 1  ia  1  (1  ia )1/ 360


1
– Mensal para diária:
id  1  im  1  (1  im )
30 1/ 30
1
capítulo 1 20
Revisão de matemática financeira
• Se queremos o VP relativo a um valor M,
com prazo de vencimento de n dias, e
sabemos a taxa mensal, então:
M
VP 
(1  im ) n / 30

• Se sabemos a taxa anual


M
VP 
(1  im ) n / 360

capítulo 1 21
Valor presente
• Muitas vezes, as contas patrimoniais estão
expressas em valores nominais que só serão
realizados em datas futuras.
• Assim, o cálculo do CCL e dos índices de liquidez
podem ser enganosos.
• Para estabelecer a verdadeira situação de liquidez,
calcula-se o valor presente dessas contas,
necessitando-se para isso prazos de vencimento e
taxas de juros.

capítulo 1 22
Exemplo:

Bancos 1.000 Fornecedores 14.000


Aplic.financ. 5.000 Empréstimos 6.000
Contas a.rec. 15.000
Estoques 18.000
A. Circulante 39.000 Passivo Circ. 20.000
Liquidez corrente 39.000/20.000 = 1,95
Liquidez seca (39.000-18.000)/20.000 = 1,05
CCL 39.000-20.000=19.000

capítulo 1 23
Exemplo (cont.): Informações adicionais:
Aplicações financeiras:
– 2.000, prazo 30 dias, taxa 1,2% a.m.
– 3.000, prazo 90 dias, taxa 1,3% a.m.
Contas a receber:
– Duplicata de 3.750, 74 dias, 1,8% am
– Duplicata de 5.250, 108 dias, 2,3% am
– Duplicata de 6.000, 254 dias, 2,8% am
• Estoques:
– serão convertidos em caixa em 4 parcelas de 4.500, em 100, 180, 280 e 340 dias,
c/taxas de 1,9%, 2,5%, 2,7% e 3%.
• Fornecedores:
– 2 títulos igual valor, c/15 e 30 dias, 1,2% e 1,3% am.
• Empréstimos:
– 4.200, vencendo em 30 dias, 1,6% am
– 1.800, vencendo em 60 dias, 1,8% am.

capítulo 1 24
Exemplo - solução
Cálculo dos valores presentes:
Aplicações fin. = 2000/1,012 + 3000/1,013^3 = 4.862
Contas a receber = 3750/1,018^(74/30) + 5250/1,023^(108/30) +
6000/1,028^(254/30)= 13.175
Estoques = 4.500/1,019^(100/30) + 4500/1,025^(180/30) +
4500/1,027^(280/30) + 4500/1,03^(340/30) = 14.835
Fornecedores = 7000/1,012^(15/30) + 7000/1,013^(30/30) = 13.869
Empréstimos = 4200/1,016^30/30 + 1800/1,018^(60/30) = 5.871
Bancos = 1.000
Resultado a valor presente:
AC = 33.872
PC =19.739
LC = 1,72
LS = 0,96
CCL = 14.133

capítulo 1 25
Duration
• Outra forma de avaliar a liquidez com maior a precisão é a
duration.
• Duration é a média ponderada dos valor presente dos itens
componentes de uma conta, onde o peso é o de cada item são
os prazos de vencimento.
Mj
t j
(1  i j )t
D
Mj
 (1  i ) t
j

• D = duration em dias, Mj = valor nominal do item j, tj =


prazo de vencimento do item j,  = operador somatório

capítulo 1 26
• No exemplo anterior, a duration das aplicações
financeiras seria:
Mj 2000 3000
tj (1  i j ) t 30 
1, 012
 90 
1, 0133
  66 dias
Mj 2000 3000
 (1  i )t 1, 012

1, 0133
j

capítulo 1 27
Calculando as durations para todas as contas circulantes:

balanço em dias (duration)


Bancos 0 Fornecedores 22
Aplic.fin. 66 Empréstimos 39
Contas a.rec. 151
Estoques 216
AC 163 PC 27
• A duration do AC e do PC são obtidas ponderando as durations
de cada conta pelo VP de cada uma.
• Como o prazo de vencimento das obrigações < prazo de
vencimento dos ativos, a empresa está sem liquidez.
capítulo 1 28
ANÁLISE DE LIQUIDEZ

FLUXOS DE CAIXA:
apuração e análise

capítulo 2 29
FLUXOS DE CAIXA

Definições:
• fluxo de caixa é um instrumento que:
– relaciona ingressos e saídas de recursos
monetários num determinado intervalo de
tempo.
– possibilita o planejamento e o controle
financeiro de uma empresa.

capítulo 2 30
FLUXOS DE CAIXA

Problemas na apuração do fluxo de caixa a partir


da contabilidade:
• contabilidade:
– regime de competência
– há despesas que não envolvem recursos
– há receitas que não envolvem recursos
– há desembolsos que não são despesas

• fluxo de caixa: regime de caixa

capítulo 2 31
FLUXOS DE CAIXA

Metodologias de apuração e análise do fluxo de


caixa:

• por balanços consecutivos


• fluxo de caixa restrito
• fluxo de caixa efetivo
• fluxo do CCL
• fluxo de caixa operacional
• fluxos de caixa incrementais e
residuais

capítulo 2 32
FLUXOS DE CAIXA
Metodologias de apuração do fluxo de caixa: modelo básico
ORIGENS DE RECURSOS (elevam caixa)
= Lucro (prejuízo) do período $$
(+/-) despesas/receitas que não envolvem recursos $$
= fluxo de caixa proveniente das operações $$
(+) aumentos de passivo e PL $$
(+) reduções de ativo $$
= total dos aumentos de caixa (origens) (A) $$
APLICAÇÕES DE RECURSOS (reduzem caixa)

aumentos de ativo $$
(+) reduções no passivo e PL $$
total das reduções de caixa (aplicações) (B) $$
= Variação líquida de caixa = (A) - (B) $$
capítulo 2 33
FLUXOS DE CAIXA

• Despesas que não envolvem recursos:


– depreciação
– apropriação de encargos financeiros por
competência

• Receitas que não envolvem recursos:


– equivalência patrimonial
– juros ativos apropriados contabilmente

capítulo 2 34
FLUXOS DE CAIXA
Fluxo de Caixa por Balanços Consecutivos:
BALANÇO 2000 1999
Caixa 675 720
Contas a receber 6.300 3.500
Estoques 2.625 2.580
Ativo Circulante 9.600 6.800
Imobilizado 4.560 2.400
(-) deprec. acumulada (945) (480)
Ativo Permanente 3.615 1.920
ATIVO TOTAL 13.215 8.720
Fornecedores 1.800 1.200
Provisão IR 600 200
Empréstimos 3.000 1.800
Passivo Circulante 5.400 3.200
Financiamento a LP 1.965 1.320
Capital 3.150 2.400
Reservas e Lucros Ac. 2.700 1.800
Patrimônio Líquido 5.850 4.200
PASSIVO TOTAL 13.215 8.720

35
FLUXOS DE CAIXA
Fluxo de Caixa por Balanços Consecutivos - Solução

A. Origens de recursos p/ caixa


Fornecedores = 1.800- 1.200 600
empréstimos = 3.000 - 1.800 1.200
provisão IR = 600 - 200 400
financiamento LP = 1.965-1.320 645
Pat. Líquido = 5.850 -4.200 1.650
TOTAL 4.495
B. Aplicações de recursos de cx:
contas a receber = 6.300 - 3.500 2.800
estoques = 2.625 - 2.580 45
imobilizado = 3.615 - 1.920 1.695
TOTAL 4.540
Variação do caixa (A - B) (45)

capítulo 2 36
FLUXOS DE CAIXA
Fluxo de caixa
DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS

Receita de Vendas 20.200


CPV (12.000)
Lucro Bruto 8.200
Despesas com Vendas (2.500)
Despesas Administrativas (2.950)
Depreciação (465)
Lucro Operacional 2.285
Despesas Financeiras (785)
Lucro antes do IR 1.500
Provisão para IR (600)
Lucro Líquido 900

capítulo 2 37
FLUXOS DE CAIXA
Fluxo de Caixa (solução)
A. Origens de recursos para o caixa
Lucro Líquido 900
+ Depreciação 465
= fluxo de caixa das operações 1.365
Aumentos de passivo e PL
+ Fornecedores = 1.800- 1.200 600
+ empréstimos = 3000 - 1.800 1.200
+ provisão IR = 600 - 200 400
+ financiamento LP = 1.965 - 1.320 645
+ Aumento capital = 3.150 - 2.400 750
TOTAL DAS ORIGENS DE CAIXA 4.960
B. Aplicações de recursos de caixa:
contas a receber = 6.300 - 3.500 2.800
estoques = 2.625 - 2.580 45
imobilizado = 4.560 - 2.400 2.160
TOTAL APLICAÇÕES DE CAIXA 5.005
Variação do caixa (A - B) (45)

capítulo 2 38
FLUXOS DE CAIXA

Comparação entre métodos:

• Balanços consecutivos:
não mostra transações realizadas no período,
usando apenas saldos das contas patrimoniais
• Fluxo de caixa restrito:
mostra transações realizadas no período, mas não
considera elementos que afetaram o LL e que não
consumiram caixa.
capítulo 2 39
FLUXOS DE CAIXA
Fluxo de caixa efetivo:
Para obter um fluxo de caixa mais preciso, são necessários
ajustes para fazer a transição entre os regimes de
competência e de caixa:
• Recebimento efetivo das vendas: a informação sobre
receita de vendas não significa entrada de caixa. É preciso
verificar o que ocorreu com as contas a receber;
• Pagamento efetivo aos fornecedores: verificar variação
nos estoques, CPV e saldo final de fornecedores;
• Pagamento de despesas: informações adicionais sobre os
prazos de pagamento;
• Pagamento do IR: idem

capítulo 2 40
FLUXOS DE CAIXA
Fluxo de caixa efetivo:
Parte da receita de vendas não resultou em entrada de caixa mas sim em aumento das contas a receber.

Recebimento efetivo de vendas


Receita de vendas 20.200

(-) acréscimo contas a receber (2.800)

= vendas efetivamente recebidas 17.400

capítulo 2 41
FLUXOS DE CAIXA
Fluxo de caixa efetivo:
Pagamento efetivo aos fornecedores depende do que ocorreu com a conta de fornecedores, estoques e CPV.

Pagamento efetivo a fornecedores


Saldo inicial fornecedores 1.200
(+) aumento dos estoques 45
(+) CPV 12.000
(-) saldo final fornecedores (1.800)
= pagamento efetivo a fornecedores 11.445

capítulo 2 42
FLUXOS DE CAIXA
Fluxo de caixa efetivo:
Pagamento efetivo de despesas: por hipótese, as despesas foram pagas no exercício.

Pagamento efetivo de despesas


Despesas de vendas 2.500
Despesas Administrativas 2.950
Despesas Financeiras 785

Despesas efetivamente pagas 6.235

Imposto de renda: por hipótese, IR provisionado no exercício é


pago no exercício seguinte.
Pagamento do Imposto de Renda
IR pago 200
capítulo 2 43
FLUXOS DE CAIXA
Fluxo de caixa efetivo:
Solução
ORIGEM DOS RECURSOS:
Vendas recebidas 17.400
(-) pagto a fornecedores (11.445)
(-) pagto despesas (6.235)
(-) pagto IR (200)
= Fluxo de Caixa proveniente operações (480)
(+) empréstimos de CP 1.200
(+) empréstimos de LP 645
(+) aumento de capital 750
A. Total dos aumentos (origens) de caixa 2.115
APLICAÇÕES DE RECURSOS
Aquisições de imobilizado 2.160
B . Total reduções (aplicações) de caixa 2.160
Variações líquidas de caixa (A-B) (45)
capítulo 2 44
FLUXOS DE CAIXA
Fluxo do CCL: DOAR – demonstração origens e aplicações
de recursos: variações no CCL
ORIGENS DE RECURSOS (elevam CCL)
Fluxo de caixa prov. Operações 1.365
Financiamento LP 645
Aumento de capital 750
Total das origens 2.760
APLICAÇÕES RECURSOS (reduzem CCL)
Aquisições de imobilizado 2.160
Total das aplicações 2.160
Aumento do CCL 600

2000 1999 VAR.

AC 9.600 6.800 2.800


PC 5.400 3.200 2.200
CCL 4.200 3.600 600
capítulo 2 45
FLUXOS DE CAIXA
Fluxo de Caixa Operacional:
Resultados de caixa produzidos pelas operações da empresa

FCO = Lucro operacional – IR s/lucro operacional +/- despesas/receitas que não


envolvem recursos
Lucro Operacional antes do IR 2.285
(+) depreciação 465
= FCO antes do IR 2.750
(-) IR s/lucro gerado pelos ativos* (914)

= FCO após o IR 1.836

* Supondo uma alíquota de IR de 40%

capítulo 2 46
FLUXOS DE CAIXA
Fluxo de Caixa Operacional Efetivo:
Resultados de caixa produzidos pelas operações da
empresa, utilizando ajustes feitos no fluxo de caixa
efetivo
Vendas recebidas 17.400
(-) pagto a fornecedores (11.445)
(-) pagto despesas de vendas (2.500)
(-) pagto despesas administrativas (2.950)
(-) pagto IR 1999 (200)
= FCO efetivo 305

capítulo 2 47
FLUXOS DE CAIXA
Fluxo de caixa operacional e amortização de passivos
O FCO permite estabelecer as amortizações máximas de dívidas que a empresa pode suportar
com sua geração interna de caixa. Exemplo:

Lucro operacional antes do IR 160.000


(+) depreciação 30.000
190.000
(=) FCO antes do IR
(-) IR s/lucro operacional (40%) (64.000)
Se o custo médio de captação no mercado =15%, qual o valor máximo de empréstimo anual que a
126.000
= FCO após o IR
empresa poderá saldar com sua geração de caixa?
Solução:
taxa de juros antes do IR = 15%
taxa após IR = 15% x (1-40%) = 9%
VPL do FCO a 9% = 126.000/1,09 = 115.596

126.000

115.596 48
FLUXOS DE CAIXA
Fluxos de caixa incrementais
• É o fluxo de caixa obtido pela diferença entre dois outros fluxos de caixa.
• Usado para decisão sobre adotar ou não investimentos ou políticas da empresa.
• Suponhamos que um investimento de 15.000 permitirá:
DRE s/investi- com investimento
mento
anos 1 a 3 anos 4 a 7
Receitas operacionais 13.600 17.680 24.480
custos e despesas (5.440) (6.800) (8.840) Fluxos incrementais
depreciação (1.360) (1.632) (2.040) anos 1 a 3 anos 4 a 7
Lucro Operacional 6.800 9.248 13.600
despesas financeiras (2.720) (3.128) (3.400) Lucro operacional 2.448 6.800
Lucro antes do IR 4.080 6.120 10.200 + depreciação 272 680
IR (40%) (1.632) (2.448) (4.080) - IR s/L.O. (40%) (980) (2.720)
Lucro Líquido 2.448 3.672 6.120 = Fluxo Operac. incremental 1.740 4.760

• O fluxo de caixa incremental será:

1740 1740 1740 4760 4760 4760 4760

15000

• Se TMA = 10%, VPL = 663,38, logo o investimento é interessante.

49
FLUXOS DE CAIXA
Fluxo de caixa residual
• mede as disponibilidades líquidas exclusivas dos proprietários ou acionistas

• é o valor líquido de caixa que resta aos proprietários após liquidadas todas as obrigações

• Tem por objetivo avaliar o retorno sobre o capital próprio investido

• pernite avaliar a liquidez dos proprietários.

capítulo 2 50
ANÁLISE E DIMENSIONAMENTO
DOS INVESTIMENTOS
EM CAPITAL DE GIRO

capítulo 3 51
Ativos e Passivos Operacionais (cíclicos),
Financeiros e Permanentes
Para identificar as necessidades de capital de giro de uma
empresa é necessário separar os grupos de contas referentes
aos circulantes operacional, financeiro e permanente
ATIVO PASSIVO
caixa e bancos empréstimos bancários
financeiro

financeiro
aplicações financeiras financiamentos
CIRCULANTE

CIRCULANTE
duplicatas descontadas
dividendos e IR
duplicatas a receber fornecedores
operacional

operacional
estoques salários/encargos
adiantamentos e impostos e taxas
despesas diferidas adiantamento clientes
PERMANENTE

PERMANENTE
realizável a LP exigível a LP

investimento fixo Pat. Líquido

capítulo 3 52
Ativos e Passivos Operacionais (cíclicos), Financeiros e
Permanentes
Natureza dos grupos de contas:
Ativo circulante financeiro: errático, sem vínculo direto com as operações.
Ativo circulante operacional: diretamente ligados às operações.
Investimento fixo: ativos de LP
Passivo circ. Financeiro: sem vínculo direto com as operações.
Passivo circ. Operacional: diretamente ligados às operações.
Passivo permanente: fontes de financiamento de LP
o p e r a c i o finnaal n c e i r o

o p e r a c i o finnaal n c e i r o
C IR C U L A N T E

C IR C U L A N T E
ATIVO PASSIVO
caixa e bancos empréstimos bancários
aplicações financeiras financiamentos
duplicatas descontadas
dividendos e IR
duplicatas a receber fornecedores
estoques salários/encargos
P ERM ANENTE

P ERM ANENTE
adiantamentos e impostos e taxas
despesas diferidas adiantamento clientes

realizável a LP exigível a LP

investimento fixo Pat. Líquido

capítulo 3 53
Necessidade de Investimento em Capital de
Giro (NIG)

NIG = Ativo Circulante Operacional – Passivo Circulante


Operacional

A NIG é uma necessidade operacional permanente de


recursos e deve ser financiada com fundos de longo prazo.
Pode ser positiva ou negativa.

Tanto a NIG quanto o Ativo Permanente devem ser


financiados com recursos de longo prazo.

capítulo 3 54
Necessidade Total de Financiamento Permanente (NTFP)

Necessidade Total de Financiamento Permanente =


Necessidade de Investimento em Capital de Giro + Ativo
Permanente
NTFP = NIG + ATIVO PERMAMENTE

Para que haja equilíbrio financeiro, a NTFP deve ser coberta


por passivos de LP (ELP+PL)

capítulo 3 55
SALDO DE DISPONÍVEL (SD)

Saldo de Disponível (SD) = Passivo Permanente - NTFP

SD = PT- PF - PCO - (NIG + AP) = PT - PF - PCO - [ACO - PCO + (AT - AF -


ACO)] = PT - PF - PCO - ACO + PCO - AT + AF + ACO = (PT - AT) + (PCO -
PCO) + (ACO - ACO) + (AF - PF) = 0 + 0 + 0 + AF – PF = AF - PF

SD = Ativo Financeiro – Passivo Financeiro


SE SD >0, há sobra de recursos financeiros para aplicações

SE SD <0, a empresa está financiando parte de suas necessidades


de LP com fundos de CP, isto é está em DESEQUILÍBRIO
FINANCEIRO.
capítulo 3 56
RELAÇÕES ENTRE CCL, NIG E SD

CCL = AC – PC
AC = AF + ACO
PC = PF + PCO
CCL = AF + ACO – PF – PCO
AF – PF = SD
ACO – PCO = NIG

CCL = NIG + SD
capítulo 3 57
Resumo dos conceitos:

• Capital circulante líquido:


CCL = AC- PC = NIG + SD
• Necessidade de investimento em giro:
NIG = ACO – PCO
• Necessidade total de financiamento permanente:
NTFP = NIG + AP
• Saldo de disponível:
SD = ACF - PCF

capítulo 3 58
Estrutura A
ATIVO PASSIVO
Financeiro = 20

CIRCULANTE
Financeiro = 30
CIRCULANTE

Operacional = 40

operacional = 60

Permanente = 80
Permanente = 50

CCL = 90 - 60 = 30
NIG = 60 - 40 = 20
SD = 30 - 20 = 10
NTFP = 20 + 50 = 70
Conclusões:
• A empresa está financeiramente equilibrada, e tem folga financeira.
• Aplicações de LP estão financiadas por passivos de LP. 59
Estrutura B
ATIVO PASSIVO

Financeiro = 30

CIRCULANTE
Financeiro = 50

CIRCULANTE
Operacional = 35

Operacional = 30

Permanente = 75
Permanente = 60

CCL = 65 - 80 = -15
NIG = 35 - 30 = 5
SD = 30 - 50 = - 20
NTFP = 75 + 5 = 80
Conclusões:
• A empresa está financeiramente desequilibrada, em posição de risco.
• Aplicações de LP estão financiadas por passivos de CP. 60
Estrutura C
ATIVO PASSIVO
Financeiro 30 Financeiro 20

Operacional 40 Operacional 60

Permanente 50 Permanente 40

CCL = 70 - 80 = -10
NIG = 40 - 60 = - 20
SD = 30 - 20 = 10
NTFP = -20 + 50 = 30
Conclusões:
• Embora a empresa tenha CCL e NIG negativas, seu SD é positivo, havendo folga
financeira. 61
• Não há desequilíbrio financeiro.
Estrutura D
ATIVO PASSIVO
Financeiro 10 Financeiro 20

Operacional 50 Operacional 60

Permanente 60 Permanente 40

CCL = 60 - 80 = -20
NIG = 50 - 60 = - 10
SD = 10 - 20 = - 10
NTFP = - 10 + 60 = 50
Conclusões:
• A empresa tem um SD negativo. Os passivos de LP não cobrem a NTFP.
• Há desequilíbrio financeiro. 62
Exercício
ATIVO PASSIVO
Disponível 30.000 Empréstimos bancários 60.000
Aplicações financeiras 50.000 Fornecedores 90.000
Duplicatas a receber 140.000 Enc. Sociais e fiscais 20.000
- prov. Dev. Duv. -5.000 Adiantamento a clientes 10.000
- duplicatas descontadas -40.000
Adiantamento a fornecedores 6.000 Salários a Pagar 8.000
Estoques 104.000 Outros valores circ. 32.000
Despesas antecipadas 7.000
Outros valores circ. 45.000 Exigível de LP 340.000
Ativo circulante 337.000
Realizável a LP 123.000 Patrimônio líquido 400.000
Ativo permanente 500.000
Ativo total 960.000 Passivo total 960.000
Balanço Patrimonial ajustado ATIVO PASSIVO
Disponível 30.000 Empréstimos bancários 60.000
Aplicações financeiras 50.000 Duplicatas descontadas 40.000
Ativo Circulante Financeiro 80.000
Passivo Circ. Financeiro 100.000
Duplicatas a receber 140.000 Fornecedores 90.000
- prov. Dev. Duvidosos -5.000 Enc. Sociais e fiscais 20.000
Adiantamento a fornecedores 6.000 Adiantamento a clientes 10.000
Estoques 104.000 Salário a Pagar 8.000
Despesas antecipadas 7.000 Outros valores circ. 32.000
Outros valores circulantes 45.000
Ativo Circulante Operacional 297.000 Passivo Circ. Operacional 160.000
Ativo circulante 377.000 Passivo Circulante 260.000
Realizável a LP 123.000 Exigível de LP 340.000
Ativo permanente 500.000 Patrimônio líquido 400.000
Ativo total 1.000.000 Passivo total 1.000.000

CCL = 377.000-260.000=117.000; NIG = 297.000-160.000=137.000


NTFP=137.000+623.000=760.000; SD=80.000-100.000=-20.000
PP = 740.000, não cobrindo a NTFP => desequilíbrio financeiro 63
ATIVO PASSIVO
Disponível 30.000 Empréstimos bancários 60.000
Aplicações financeiras 50.000 Duplicatas descontadas 40.000
Ativo Circulante Financeiro 80.000 Passivo Circ. Financeiro 100.000
Duplicatas a receber 140.000 Fornecedores 90.000
- prov. Dev. Duvidosos -5.000 Enc. Sociais e fiscais 20.000
Adiantamento a fornecedores 6.000 Adiantamento a clientes 10.000
Estoques 104.000 Salários a Pagar 8.000
Despesas antecipadas 7.000 Outros valores circ. 32.000
Outros valores circulantes 45.000
Ativo Circulante Operacional 297.000 Passivo Circ. Operacional 160.000
Ativo circulante 377.000 Passivo Circulante 260.000
Realizável a LP 123.000 Exigível de LP 340.000
Ativo permanente 500.000 Patrimônio líquido 400.000
Ativo total 1.000.000 Passivo total 1.000.000

capítulo 1 64
VOLATILIDADE E FINANCIAMENTO DA NIG
• Em certas empresas, uma parte da NIG é sazonal
(variável) e outra parte é permanente (fixa)
• Assim, pode ser adotada uma NTFP que não
inclua a NIG sazonal, ou seja:
NTFP = NIG permanente + AP

NIG sazonal
Passivos financeiros (CP)

NIG permanente Passivos permanentes (LP):


Ativo permanente
ELP + PL

• A empresa pode optar por diferentes esquemas de financiamento da NTFP,


assumindo maior ou menor risco
capítulo 3 65
CÁLCULO DA NIG A PARTIR DO CICLO FINANCEIRO
• Ciclo operacional
compra fim
m.p. início
fabric. venda recebimento
fabric.

PME PMF PMV PMC


PME = prazo médio de estocagem (mp)
PMF = prazo médio de fabricação
PMV = prazo médio de venda =
= p.m estocagem produtos acabados
PMC = prazo médio de cobrança (ou recebimento)

capítulo 3 66
CÁLCULO DA NIG A PARTIR DO CICLO FINANCEIRO
Informações contábeis – 1º quadrimestre
Ativo circulante operacional Passivo circulante operacional
Contas a receber 7.500 Fornecedores 4.000
Estoques: Desp. Operacionais a 400
Matéria-prima 400 pagar
Prods. em processo 700
Prods. Acabados
1.050
Informações adicionais do quadrimestre:
• Vendas = 15.000
• CPV = 7.000
• Matéria-prima consumida = 1.600
• Compras realizadas = 6.000
• Despesas operacionais incorridas = 2.400

NIG = (PME+PMF+PMV+PMC)-(PMPF+PMPD)
67
CÁLCULO DA NIG A PARTIR DO CICLO FINANCEIRO
Informações contábeis – 1º quadrimestre
Ativo circulante operacional Passivo circulante operacional
Contas a receber 7.500 Fornecedores 4.000
Estoques: Desp. Operacionais a pagar 400
Matéria-prima 400
Prods. em processo
700
Prods. Acabados
1.050

Informações adicionais do quadrimestre:


• vendas = 15.000
• CPV = 7.000
• Matéria-prima consumida = 1.600
• Compras realizadas = 6.000
• Despesas operacionais incorridas = 2.400

NIG = (PME+PMF+PMV+PMC)-(PMPF+PMPD)
PME = (estoque mp/consumo mp)x120=(400/1600)x120 = 30 dias
PMF = (est.prod.em proc./CPV)x120=(700/7000)x120 = 12 dias
PMV = (est.prod.acab/CPV)x120=(1050/7000)x120 = 18 dias
PMC = (contas a receber/vendas)x120=7500/15000x120 = 60 dias
PMPF = (fornecedores/compras)x120=4000/6000x120=80 dias
PMPD = (despesas a pag./desp.incorr.)x120=400/2400x120= 20 dias

NIG em valor = 7500 +400+700+1050 – 4000 - 400 = $ 5.250


NIG em dias = 30 + 12 + 18 + 60 – 80 - 20 = 120 – 100 = 20 dias 68
CÁLCULO DA NIG A PARTIR DO CICLO FINANCEIRO
• Cada prazo médio é calculado com base numa atividade diferente
• O ideal é ter como referência única atividade
• A atividade ideal para isso são as vendas
Para converter os diversos prazos médios em dias de vendas:
PME = (estoque mp/consumo mp)x120x(consumo mp/vendas)
PMF = (est.prod.elab./CPV)x120x(CPV/vendas)
PMV = (est.prod.acab/CPV)x120x(CPV/vendas)
PMPF = (fornecedores/compras)x120x(compras/vendas)
PMPD = (desp. A pagar/desp.incorr)x120x(desp incorr./vendas)
Resultado: dias de vendas
Contas a receber 60,0
Estoques:
Mp: 30x(1600/15000)= 3,2
Prod. Em proc.: 12x(7000/15000)= 5,6
Prod. Acabados: 18x(7000/15000)= 8,4
Ativo operacional 77,2
Fornecedores: (80x6000/15000) 32,0
Despesas a pagar: 20x(2400/15000) = 3,2
Passivo operacional 35,2
NIG = 77,2 – 35,2 = 42,0
capítulo 3 69
CÁLCULO DA NIG A PARTIR DO CICLO FINANCEIRO

Conclusões:
• NIG = 42 dias de vendas (ciclo financeiro em dias de vendas)
• Se multiplicarmos a NIG em dias de vendas pela venda média diária obteremos a NIG
em valor, senão vejamos:
NIG = 42 x (15.000/120) = 5.250
• que é equivalente a:
NIG = ACO – PCO = 5.250
• Para que serve a NIG em dias de vendas?
Se a empresa aumentar as vendas no próximo quadrimestre para 22.000,00, por
exemplo, sua nova NIG será:
NIG = 42 x (22.000/120) = 7.700
Logo, se a NIG vai aumentar, aumentará também a NTFP, que terá que ser
coberta com novos passivos permanentes, para manter o equilíbrio financeiro.
Quando as vendas aumentam e o aumento da NIG não é acompanhado de
aumento nos recursos permanentes, ocorre o chamado overtrading , levando ao
desequilíbrio financeiro.
70
OVERTRADING (Superexpansão das vendas)
Ano 1 Ano 2 Ano 3
Situação I – crescimento proporcional das vendas, NIG e CCL
Vendas 500 1.000 2.000
% vendas - 100% 100%
NIG 200 400 800
% NIG - 100% 100%
CCL 250 500 1.000
% CCL - 100% 100%
SD=CCL-NIG 50 100 200
Situação II – crescimento mais que proporcional da NIG
Vendas 500 1.000 2.000
% vendas - 100% 100%
NIG 200 500 1.000
% NIG - 150% 100%
CCL 250 500 1.000
% CCL - 100% 100%
SD=CCL-NIG 50 0 0
Situação III – redução do CCL em relação à NIG
Vendas 500 1.000 2.000
% vendas - 100% 100%
NIG 200 400 800
% NIG - 100% 100%
CCL 250 400 700
% CCL - 60% 75%
SD=CCL-NIG 50 0 -100

Situação I: NIG, CCL e SD acompanham as vendas, equilíbrio é mantido.


Situação II: NIG aumenta mais que as vendas no ano 2, equilíbrio no limite.
Situação III: NIG acompanha as vendas mas a CCL não, há desequilíbrio . 71
ADMINISTRAÇÃO
DO
DISPONÍVEL

capítulo 4 72
ADMINISTRAÇÃO DO DISPONÍVEL
Teoria economica (Keynes) Razões para demanda de caixa:
• para transações (compra, pagamentos, troco, etc)
• por precaução (risco de falta de liquidez)
• para especulação (oportunidade de ganhos)
Nas empresas, o caixa mínimo será determinado por:
• Falta de sincronização de receitas x desembolsos
• incertezas no planejamento financeiro
• possibilidade de furtos
• prazo de recebimento maior que o necessário
• estoques elevados
• grau de acessibilidade ao mercado financeiro
• existência de várias contas bancárias
• Política de crédito
• regularidade nos recebimentos e inadimplência
• outros (vide livro texto, págs. 78-79)
capítulo 4 73
ADMINISTRAÇÃO DO DISPONÍVEL

MODELOS DE ADMINISTRAÇÃO DE CAIXA:

• modelo do caixa mínimo operacional


• modelo de Baumol
• modelo de Miller e Orr
• modelo do dia da semana

capítulo 4 74
ADMINISTRAÇÃO DO DISPONÍVEL
Modelo do caixa mínimo operacional:
Caixa mínimo operacional = desembolsos totais previstos
giro de caixa
Giro de caixa = nº de dias do período
ciclo de caixa
Ou CMO = desembolsos totais previstos x ciclo de caixa
nº de dias do período
Exemplo: A empresa Tabajara projetou, para um ano, desembolsos totais líquidos de
2,7 milhões. Seu ciclo de caixa (financeiro) é de 24 dias. Qual o montante mínimo de
recursos que ela deve manter em caixa?
Giro de caixa = 360/24 = 15 vezes
CMO = 2.700.000/15 = 180.000 ou
CMO = 2.700.000 x 24 = 180.000
360
180.000

0 15
capítulo 4 75
ADMINISTRAÇÃO DO DISPONÍVEL
Exemplo 2: A empresa Nerds S/A tem um ciclo operacional com os seguintes prazos
médios:
PME = 30 dias, PMF = 45 dias, PMV = 20 dias, PMC = 15 dias, PMPF = 60 dias,
PMDD = 20 dias. Os desembolsos totais líquidos anuais são de 5,4 milhões. Qual o
montante mínimo de recursos que ela deve manter em caixa?
Ciclo de caixa = (30+45+20+15)-(60+20)= 30
Giro de caixa = 360/30 = 12 vezes
CMO = 5.400.000/12 = 450.000 ou
CMO = 5.400.000 x 30 = 450.000
360

450.000

0 15
capítulo 4 76
ADMINISTRAÇÃO DO DISPONÍVEL
Modelo de Baumol:
• Aplicado quando existem entradas de caixa periódicas e saídas
constantes.
•A empresa pode investir parte das entradas de caixa e ir
resgatando aos poucos para pagar despesas.

Receita

tempo

0
capítulo 4 77
ADMINISTRAÇÃO DO DISPONÍVEL
Modelo de Baumol (cont):
R = Receita periódica; n = nº de aplicações no período
I = investimento = R*(1-1/n); Im = Investimento médio = (R/2)*(1 – 1/n)
i = taxa de juros; b = custo de cada aplicação
Lucro = (R/2 – R/2n)*i – b*n
dL/dn = Ri/2(n^2) – b = 0

n = ((0,5*i*R)/b)^(1/2)

CM = R/n = Caixa Mínimo


Exemplo:
R = 80.000 por mês
I = 4% am
n = (0,5*0,04*80.000/5)^(1/2) =~ 18
CM = 80.000/18 = 4.444,00
capítulo 4 78
ADMINISTRAÇÃO DO DISPONÍVEL
Modelo de Baumol (cont):

Exemplo 2: A empresa Apple Polishers S/A estimou que sua receita total em
2002 será de 2,4 MM, que cada parcela da receita ocorrerá no dia 1º de cada
mês e que suas despesas serão bastante uniformes. A taxa de juros de mercado
para aplicações financeiras foram projetadas em 25% aa, e cada aplicação tem
um custo fixo de $ 100,00. Quantas aplicações mensais a empresa deve fazer
para maximizar seu ganho financeiro e qual o caixa mínimo que ela deverá
manter?
R = 2,4 MM/12 = 200.000
i = 1,25^(1/12) – 1 = 1,88%

n = ((0,5*i*R)/b)^(1/2)
n = (0,5*0,0188*200.000/100)^(1/2) =~ 4 aplicações
CM = R/n = 200.000/4 = 50.000

capítulo 4 79
ADMINISTRAÇÃO DO DISPONÍVEL
MODELO DE MILLER E ORR
• Premissas:
• Empresa possui folgas de caixa (saldo de disponível positivo)
• Empresa investe uma parte de seu saldo de caixa em aplicações
financeiras de CP
• Fluxos de caixa futuros são aleatórios
• Operação:
• Saldo de caixa deve oscilar entre um valor mínimo, definido pela
empresa e um valor máximo, a ser determinado pelo modelo.
• Quando o saldo cair abaixo do mínimo, a empresa deve resgatar
aplicações, voltando a um determinado "ponto de retorno".
• Quando o saldo subir acima do máximo, a empresa pode e deve aplicar
recursos de modo a voltar ao "ponto de retorno“ e ter um ganho
financeiro pela aplicação.

capítulo 4 80
ADMINISTRAÇÃO DO DISPONÍVEL
MODELO DE MILLER E ORR (cont.)

h* caixa máximo

z* ponto de retorno

m caixa mínimo

O ponto de retorno é dado por:


z* = m + [0,75 b*s2 / i] ^ (1/3)
onde: m = caixa mínimo;b = custo por transação (aplicação ou resgate)
s2 = variância do fluxo de caixa diário; i = taxa de juros diária
O limite máximo é dado por:
h* = m + 3 . z*
OBS.: O caixa mínimo m é definido pela empresa com base em experiência
passada, projeções, aversão ao risco dos acionistas, etc.

capítulo 4 81
ADMINISTRAÇÃO DO DISPONÍVEL
MODELO DE MILLER E ORR (cont.)
Exemplo :
Uma empresa tem a seguinte amostragem de fluxo de caixa:
dia fluxo de caixa
1 -300
2 400
3 300
4 -300
5 100
6 -200
7 100
8 -200
9 -100
10 300
Desvio padrão na HP 12C: digitar cada número da série seguido de “ “. Após o
último nº, digitar g (tecla azul) e s (azul). O resultado é o desvio-padrão que, se
elevado ao quadrado, resulta na variância.
No exemplo, desvio-padrão = 264,37 e var = 69.888,88
capítulo 4 82
ADMINISTRAÇÃO DO DISPONÍVEL
MODELO DE MILLER E ORR (cont.)
Exemplo :
Uma empresa tem a seguinte amostragem de fluxo de caixa:

Sabendo que var = 69.888,88 Supondo que m = 50,00 (definido pela


empresa), b = 2,85 e i = 1% ad, teremos, aplicando a fórmula:

z* = 50 + (0,75 * 2,85 * 69.888,89/ 0,01)^(1/3) = 296,29

h* = 50 + 3 x 296,29 = 938,86

capítulo 4 83
ADMINISTRAÇÃO DO DISPONÍVEL
MODELO DE DIA DA SEMANA
Premissa: Sazonalidades mensais e semanais se repetem no
futuro.
Operação: fluxo de caixa médio observado para cada dia útil
do mês se soma aos desvios do fluxo de caixa de cada dia da
semana em relação à média.
Exemplo: A empresa Nice Beavers S/A observou por
amostragem que tem um fluxo de caixa cuja distribuição
entre os dias úteis da semana é a seguinte:
Dia frequência média desvio
2ª Feira 21,0% 20% 1,0%
3ª Feira 22,0% 20% 2,0%
4ª Feira 17,0% 20% -3,0%
5ª Feira 15,0% 20% -5,0%
6ª Feira 25,0% 20% 5,0%
100,0% 100% 0,0%

capítulo 4 84
ADMINISTRAÇÃO DO DISPONÍVEL
MODELO DE DIA DA SEMANA
Exemplo (Cont.): Por outro lado, o fluxo de caixa tem distribuição entre os
dias úteis do mês (col.B) e sabe-se que o dia 1º cairá numa 3ª feira:
A B C D E F
Dia freqüência dia semana desvio dia B+D FC projetado
semana
1 9,0% 3ª Feira 2% 11,0% 440,00
2 8,0% 4ª Feira -3% 5,0% 200,00
3 7,0% 5ª Feira -5% 2,0% 80,00
4 6,0% 6ª Feira 5% 11,0% 440,00
5 6,0% 2ª Feira 1% 7,0% 280,00
6 6,0% 3ª Feira 2% 8,0% 320,00
7 5,0% 4ª Feira -3% 2,0% 80,00
8 6,0% 5ª Feira -5% 1,0% 40,00
9 5,0% 6ª Feira 5% 10,0% 400,00
10 4,0% 2ª Feira 1% 5,0% 200,00
11 4,0% 3ª Feira 2% 6,0% 240,00
12 4,0% 4ª Feira -3% 1,0% 40,00
13 3,0% 5ª Feira -5% -2,0% (80,00)
14 3,0% 6ª Feira 5% 8,0% 320,00
15 2,0% 2ª Feira 1% 3,0% 120,00
16 2,0% 3ª Feira 2% 4,0% 160,00
17 4,0% 4ª Feira -3% 1,0% 40,00
18 4,0% 5ª Feira -5% -1,0% (40,00)
19 6,0% 6ª Feira 5% 11,0% 440,00
20 6,0% 2ª Feira 1% 7,0% 280,00
TOTAL 100% 4.000,00

Supondo que a movimentação de caixa total no mês será de 4.000,00, como será o FC diário ao
longo do mês?
capítulo 4 85

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