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Demonstração dos Fluxos de Caixa

PROF. DR. BRUNO


FIGLIOLI

2020
Demonstração dos Fluxos de Caixa
(DFC)
• A DFC fornece informações acerca das alterações no caixa e equivalentes
de caixa da entidade para um período contábil, evidenciando
separadamente as mudanças nas atividades operacionais, nas atividades de
investimento e nas atividades de financiamento.

• A DFC passou a ser de apresentação obrigatória para todas as sociedades de


capital aberto ou com patrimônio líquido superior a R$ 2.000.000,00 (dois
milhões de reais).

• Esta obrigatoriedade vigora desde 01.01.2008, por força da


Lei 11.638/2007, e desta forma torna-se mais um importante relatório para
a tomada de decisões gerenciais.
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Relações entre os Demonstrativos Contábeis

DFC

Saldo inicial de
Caixa
Fl Cx Operacional
Fl Cx Investimentos
BP
Fl Cx Financiamentos
Saldo Final de Caixa Ativo Passivo e PL
Caixa e Equivalentes DRE
de Caixa Exigível
Contas a Receber Receitas
Estoques Patrimônio Líq. - Custos e Despesas
Investimentos Capital = Lucro Líquido
Imobilizado Resultado Acum
Intangível

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Questão Relevante
• Por que o Resultado Contábil não é o mesmo que o Resultado Financeiro
(Caixa) ?
• Resposta: Regime de Competência versus Regime de Caixa
Exemplo: compra de mercadorias no valor de $100 em dezembro de X1
para pagamento em Janeiro de X2. Essas mercadorias foram vendidas em
Dezembro de X1 por $150. O recebimento dessa venda se dará em
fevereiro de X2

Dezembro de X1 Resultado Contábil Resultado Financeiro


Vendas 150 0
(-) Compras -100 0
(=) Resultado 50 0
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Composição do Caixa na DFC
O Caixa, na Demonstração dos Fluxos de Caixa, é composto de:

CAIXA na DFC = Caixa + Bancos + Aplicações de Liquidez Imediata

Ativo Passivo e PL
Caixa
Exigível
Bancos
Aplic. Financeiras
Contas a Receber Patrimônio Líq.
Estoques Capital
Resultado Acum
Investimentos
Imobilizado
Intangível

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Fluxos de Caixa por Origem de
Recursos
Atividades

Operacionais Investimento Financiamento

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Atividades Operacionais
• Definição: Atividades Operacionais são as principais atividades geradoras
de receita da entidade. Portanto, os fluxos de caixa decorrentes das
atividades operacionais geralmente derivam de transações e de outros
eventos e condições que entram na apuração do resultado.

Atividades Subgrupo associado


• Operacionais • Ativo Circulante e Passivo Circulante

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Atividades Operacionais
Indica se a empresa tem gerado mais caixa por meio de suas
operações do que consumido em sua atividade.
ENTRADAS DE CAIXA DAS OPERAÇÕES INCLUEM:
Recebimento pelas vendas;
Recebimento pelos serviços prestados;
Recebimento de dividendos.
SAÍDAS DE CAIXA DAS OPERAÇÕES INCLUEM:
Pagamento pelas compras;
Pagamento de salários;
Pagamento de despesas;
Pagamento de IR.
A geração de caixa operacional permite o crescimento da empresa,
pois libera recursos para investimento ou para o pagamento de
dívidas.
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Atividades de Investimento
• Definição: Atividades de Investimento relaciona-se normalmente com
operações envolvendo a aquisição ou alienação de ativos de longo prazo e
outros investimentos não incluídos em equivalentes de caixa.

Atividades Subgrupo associado


• Investimento • Ativo Não Circulante (ARLP e
Permanente: Investimentos, Imobilizado
e Intangível)

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Atividades de Investimento
Mostra se a empresa tem investido na compra de ativos permanentes e
ações.
ENTRADAS DE CAIXA DE INVESTIMENTO (na verdade,
desinvestimento):
Recebimento pelas vendas de máquinas, equipamentos;
Recebimento pela venda de ações ou títulos e valores mobiliários.
SAÍDAS DE CAIXA DE INVESTIMENTO INCLUEM:
Pagamento pelas compras de novos equipamentos, máquinas,
imóveis;
Pagamento pelas compras de ações de empresas ligadas ou
investimentos temporários.

Normalmente, espera-se que o fluxo de caixa de investimento das


empresas seja negativo, indicando investimento em crescimento da
infraestrutura e/ou em títulos.

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Atividades de Financiamento
• Definição: Atividades de Financiamento são as atividades que resultam
das alterações no tamanho e na composição do patrimônio líquido e dos
empréstimos da entidade.

Atividades Subgrupo associado


• Financiamento • Passivo Não Circulante e Patrimônio
Líquido

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Atividades de Financiamento
Envolve desde financiamentos com terceiros e com sócios
até o pagamento de dividendos.
ENTRADAS DE CAIXA DE FINANCIAMENTO INCLUEM:
Aporte de capital pelos sócios;
Captação de empréstimos.

SAÍDAS DE CAIXA DE FINANCIAMENTO INCLUEM:


Amortização de empréstimos ;
Pagamento de dividendos.

Empresas em fase de crescimento necessitam de mais


financiamentos do que são capazes de gerar com suas operações.
Nesse caso, o que falta é financiado com as atividades de
financiamento.

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Tipos de Fluxos de Caixa por Subgrupo Associado

Ativo Circulante Passivo Circulante

Operacionais
• Dividendos
• Aplicações Financeiras (Aquelas que não
se enquadram como Equivalentes de • Empréstimos de curto prazo
Caixa)

Ativo Não Circulante Passivo Não Circulante e PL

Investimento Financiamento

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Classificação de Algumas Contas

O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) utiliza o termo “ENCORAJA”


para que seja adotada a classificação recomendada.

Conta Tipo Classificação Recomendada


Juros Pagos Operacional
Juros Recebidos Operacional
Dividendos Recebidos Operacional
Juros sobre o Capital
Próprio Recebidos Operacional
Dividendos Pagos Financiamento
Juros sobre o Capital
Próprio Pagos Financiamento

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DFC

Demonstração dos Fluxos de Caixa


Saldo inicial de caixa
Fluxo de caixa Operacional
Fluxo de caixa de Investimentos
Fluxo de caixa de Financiamento
Saldo final de caixa

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DFC

Demonstração dos Fluxos de Caixa


Saldo inicial de caixa
Fluxo de caixa Operacional
Fluxo de caixa de Investimentos
Fluxo de caixa de Financiamento
Saldo final de caixa

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Métodos de Elaboração da DFC

Método Direto
Atividades
Operacionais
Método Indireto

Investimentos

Financiamentos

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Método Direto

• A Demonstração dos Fluxos de Caixa pelo Método Direto é também


denominada Fluxos de Caixa no Sentido Restrito. A partir desse
método são demonstrados todos os recebimentos e pagamentos que
efetivamente concorreram para a variação das disponibilidades no
período (Marion, 2018 p. 466).

• No Brasil, a exemplo dos EUA, não há obrigatoriedade de escolha de


modelo. Contudo, as normas brasileiras determinam que, caso seja
escolhido o modelo direto este deve ser adaptado para proporcionar a
conciliação com o Lucro contábil (Marion, 2018, p. 482)

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Método Direto

• FLUXO DE CAIXA OPERACIONAL


• Método Direto
(+) Recebimento da receita
(-) Pagamento dos custos
(-) Pagamento de despesas operacionais
(-) Pagamento de IR
(-) Pagamento de juros
= TOTAL DO FLUXO DE CAIXA
OPERACIONAL

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Elaboração DFC – Método Direto
Balanço Patrimonial
X1 X2
Ativo 5.450.000 5.000.000
Ativo Circulante 650.000 800.000
Caixa 200.000 250.000
Contas a Receber 450.000 550.000
Ativo Não Circulante 4.800.000 4.200.000
Imobilizado 6.000.000 6.600.000
(-) Depreciação Acumulada 1.200.000 2.400.000
Passivo e PL 5.450.000 5.000.000
Passivo Circulante 500.000 600.000
Fornecedores 500.000 600.000
Passivo Não Circulante 3.000.000 2.700.000
Financiamentos 3.000.000 2.700.000
Patrimônio Líquido 1.950.000 1.700.000
Capital 1.000.000 1.000.000
lucros Acumulados 950.000 700.000
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Elaboração DFC – Método Direto
Demonstração do Resultado do Exercício (X2) e Demonstração dos
Lucros ou Prejuízos Acumulados (X2)

DRE- X2 DLPA- X2
Lucros Acumulados em
Receita 5.650.000 X1 950.000

(-) Custo do Serviço 3.600.000 (-) Prejuízo do Exercício 50.000

(=) Lucro Bruto 2.050.000 (-) Dividendos 200.000

(-) Depreciações 1.200.000 Lucros acumulados em X2 700.000

(-) Despesas Operacionais 900.000

(=) Prejuízo do Exercício -50.000

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Cálculos- Atividades Operacionais
Objetivo: explicar a variação do Caixa de $50, ou seja de $200 para $250
1- Recebimento da receita (atividade operacional)
SI de contas a Receber + Receita do período – SF de contas a receber
Recebimento da Receita = 450.000 + 5.650.000 – 550.000 = 5.550.000

2- Pagamento a fornecedores (atividade operacional)


SI de Fornecedores + Custo dos serviços – SF de fornecedores
Pagamento a fornecedores = 500.000 + 3.600.000 – 600.000 = 3.500.000

3- Pagamento de Despesas Operacionais


O pagamento de despesas operacionais em X2 totaliza $ 900.000. Note que não
há nenhuma dívida referente a essas despesas no Passivo Circulante.

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Cálculos- Atividades de Investimentos e
Financiamentos
4- Imobilizado: variou de $ 6.000.000 para 6.600.000 (Investimento)
Esse acréscimo de $ 600.000 só pode explicado por novas aquisições.
Assim, houve saída de Caixa.
5- Financiamento: variou de $ 3.000.000 para 2.700.000 (Financiamento)
A redução de $ 300.000 significa que a empresa pagou esse valor. Assim,
houve saída de Caixa.
6- Dividendos no valor de $ 200.000 (Financiamento)
Se no Passivo circulante não consta essa dívida de $ 200.000, significa
que a empresa pagou e, portanto, esse dinheiro saiu do caixa

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Elaboração DFC – Método Direto
DFC- X2 $ $

(+)Recebimento de receitas 5.550.000

(-) Pagamento a fornecedores -3.500.000

(-) Pagamento de despesas operacionais -900.000

(=) Caixa gerado pelas atividades operacionais 1.150.000

(-) Aquisição de Imobilizado -600.000

(=) Caixa gerado pelas atividades de investimentos -600.000

(-) Amortização de financiamento -300.000

(-) Pagamento de dividendos -200.000

(=) Caixa gerado pelas atividades de financiamento -500.000

Variação do Saldo de Caixa 50.000

Início Final Variação

Saldo de Caixa do Período 200.000 250.000 50.000

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Método Indireto

• A Demonstração dos Fluxos de Caixa pelo Método Indireto é


também denominada Fluxos de Caixa no Sentido Amplo. A partir
desse método são efetuados ajustes ao lucro líquido pelo valor das
operações consideradas como receitas ou despesas, mas que, então,
não afetaram as disponibilidades, de forma que se possa demonstrar a
sua variação no período.
• Para esse método são consideradas aplicações de recursos (saídas de
caixa) os aumentos nas contas do Ativo e as diminuições nas contas
do Passivo. De forma contrária, a redução nas contas do Ativo e os
aumentos das contas dos Passivos são considerados origem de
recursos (entradas de caixa).

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Método Indireto

• FLUXO DE CAIXA OPERACIONAL


• Método Indireto
= Lucro ou Prejuízo líquido (da DRE)
(+) Depreciação
(±) Outros ajustes
= Resultado ajustado
(±) Variação de ativo circulante operacional
(±) Variação de passivo circulante operacional
= TOTAL DO FLUXO DE CAIXA OPERACIONAL

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Método Indireto
Ajuste do Lucro Líquido
• Há determinados itens que reduzem o lucro líquido na DRE, mas não
representam saída de caixa no período. Daí, o fato de se adicionar
novamente, por exemplo, a Depreciação, que é um ítem econômico e não
financeiro. A depreciação não significa um desembolso, mas um fato
econômico.

= Lucro ou Prejuízo líquido (da DRE)


(+) Depreciação
(±) Outros ajustes
= Resultado ajustado O Resultado ajustado é o que, de fato,
afetou o caixa.

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Método Indireto
Variações no Ativo e Passivo Circulante
Aumento de Ativo • Aplicações de Recursos
Circulante • Saída de Caixa (Desembolsos)

Redução de Ativo • Origem de Recursos


Circulante • Entrada de Caixa (Embolsos)

Aumento de Passivo • Origem de Recursos


Circulante • Entrada de Caixa (Embolsos)

Diminuição de Passivo • Aplicação de Recursos


Circulante • Saída de Caixa (Desembolsos)

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DFC- Método Indireto
DFC- X2 $ $
Lucro/Prejuízo apurado no Exercício de X2 -50.000
(+) Depreciação 1.200.000
(=) Resultado Ajustado 1.150.000
Variações no Circulante
Ativo- Aumentos de Contas a Receber -100.000
Passivo-Aumento de Fornecedores 100.000
(=) Caixa gerado pelas atividades operacionais 1.150.000
(-) Aquisição de Imobilizado -600.000
(=) Caixa gerado pelas atividades de Investimentos -600.000
(-) Amortização de Financiamento -300.000
(-) Pagamento de dividendos -200.000
(=) Caixa gerado pelas atividades de financiamento -500.000
Variação do Saldo de Caixa 50.000
Início Final Variação
Saldo de Caixa do Período 200.000 250.000 50.000

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Exercício 1
Elabore e analise a DFC dado as informações a seguir:
i. Receita de vendas: 100.000,00
ii.Custos dos produtos vendidos: 60.000,00
iii.Despesas operacionais: 10.000,00
iv.Depreciação: 1.000,00
v.Compra de Máquinas: 15.000,00
vi.Venda de ações de empresas investidas: 12.000,00
vii.Recebimento de dividendos: 2.000,00
viii.Pagamento de dividendos: 3.000,00
ix.Novos empréstimos: 15.000,00
x.Pagamento de empréstimos: 7.000,00
xi.Aporte de capital dos sócios: 4.000,00
xii.Saldo Inicial de caixa: 300.000,00
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Exercício 2- Elabore a DFC a partir do Método
Direto e Indireto. Analise os Resultados
X1 X2
Ativo 2.480.000 2.640.000
Ativo Circulante 480.000 540.000
Caixa 300.000 190.000
Contas a Receber 180.000 350.000
Ativo Não Circulante 2.000.000 2.100.000
Imobilizado 3.000.000 3.200.000
(-) Depreciação Acumulada 1.000.000 1.100.000
Passivo e PL 2.480.000 2.640.000
Passivo Circulante 400.000 200.000
Fornecedores 400.000 200.000
Passivo Não Circulante 1.000.000 1.300.000
Financiamentos 1.000.000 1.300.000
Patrimônio Líquido 1.080.000 1.140.000
Capital 700.000 700.000
lucros Acumulados 380.000 440.000
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Exercício 2- Continuação

DRE- X2 DLPA- X2
Lucros Acumulados em
Receita 3.250.000 X1 380.000

(-) Custo do Serviço 2.400.000 (+) Lucro do Exercício 60.000

(=) Lucro Bruto 850.000 (-) Dividendos 0

(-) Depreciações 100.000 Lucros acumulados em X2 440.000

(-) Despesas Operacionais 690.000

(=) Lucro do Exercício 60.000

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Referência
MARION, J. C. Contabilidade empresarial: instrumento de análise,
gerência e decisão.-18.ed.- São Paulo: Atlas,2018.

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