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* O Mito de Faetonte *
AS CONSEQUÊNCIAS E AS COMPREENSÕES
AS HELÍADES
Estas também foram vítimas das consequências dos atos de Faetonte; é fato que o luto
foi algo que elas carregaram e semearam por demasiado tempo, entretanto, se o jovem não
tivesse morrido devido a sua teimosia, jamais teriam passado por essa dor.
As irmãs de Faetonte, assim como seus pais, também sofreram muito com sua morte.
Durante dias e noites derramaram lágrimas sobre a sepultura e chamaram pelo irmão, na
esperança, em vão, de ele responder. Passaram-se quatro meses e ainda assim o luto se fazia
presente nas Helíades, até que, de repente, todas foram metamorfoseadas pelos deuses em
árvores e suas lágrimas se tornaram âmbar.
Assumiram a forma de choupos, seus corpos se tornaram o tronco e os pés a raiz,
agora presos ao solo, não mais livres para andar. A percepção que tenho dessa metamorfose é
que as Helíades escolheram ficar quatro meses no mesmo local onde estava enterrado
Faetonte, ao invés de superar o luto e seguir adiante, tanto no sentido psicológico quanto
físico, de sair daquele local e ir caminhar pelo mundo, então por isso se tornaram algo que
eternamente estaria fixo, pois bem assim escolheram ao passar todo aquele tempo ‘‘paradas’’
no mesmo lugar.
Os braços delas tornaram-se galhos, junto às folhas e copas, e suas lágrimas passaram
a ser âmbar. Quanto a isso, a análise que se pode fazer é que aquelas lágrimas eram tão
sinceras e reais, que se tornaram muito preciosas, tanto porque demonstra o amor que sentiam
pelo irmão, esse valor inestimável, quanto o peso da saudade. Portanto, foram transformadas
em uma resina fóssil muito usada em adornos e ornamentos, pois remete a essa preciosidade,
a essa beleza única. — Não obstante, outra interpretação que poderia ser feita é que essas
lágrimas se tornaram âmbar num intuito de dar uma utilidade a elas, que eram despejadas a
mais tempo do que deveriam. A água presente no choro em nada ajudava a mudar essa
situação, não traria Faetonte de volta, nem impediria que mais jovens morressem de forma
tão repentina, todavia, nesta nova aparência, poderia ser usada de uma maneira mais utilitária.
Por mais que Climene, mãe das Helíades, tenha tentado ajudá-las, em nada pôde
fazer para impedir a transformação, perdendo, no fim, não somente um filho, mas vários.
CICNO
Cicno foi um grande amigo de Faetonte. Após a morte do filho de Febo, ele renunciou
ao cargo de rei da Ligúria e ficou em luto no rio Eridano, junto às Helíades. É também
metamorfoseado em um ser, pois assim como as irmãs de Faetonte, passou longos meses
lamentando a morte do amigo, sem conseguir seguir adiante. Todavia, há uma distinção entre
esta metamorfose para a outra ocorrida (os choupos): ele se torna uma nova espécie de ave
com penas brancas.
O que pode-se entender dessa transformação é que, Cicno, ao desenvolver uma
repugnância aos deuses e também por não confiar mais neles, principalmente em Zeus, (que
lançou o relâmpago no carro que estava Faetonte), ele perde sua humanidade, sua identidade
humana e, portanto, torna-se um animal, que por opção própria, decide viver excluído em
locais úmidos e cercados por água, pois sua consciência ainda presente, desenvolveu um
trauma quanto ao fogo e as chamas.
CONCLUSÃO
Acredito que ambas as metamorfoses que foram lançadas pelos deuses tinham um
intuito tanto para poupá-los de seu sofrimento amargo que parecia não ter fim, quanto
também como uma punição por não terem conseguido seguir adiante, por não aceitarem que
Faetonte tinha morrido. Por mais que soe injusto, foi uma maneira eficaz de pôr um ponto
final naquele prolongado luto.
Assim, a seguinte mensagem se faz presente no mito: terríveis consequências podem
surgir, como uma enorme avalanche ou vários dominós caindo em sequência, a partir de
pequenos atos, como a decisão de desobedecer o conselho de alguém que muito mais quer
ajudar do que prejudicar.
REFERÊNCIAS: