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FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS NATURAIS


REPARTIÇÃO DE FÍSICA
CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE FÍSICA
Módulo de Eletricidade e Magnetismo Nível: Ensino a Distância (Ead)

INTERACÇÃO ELÉCTRICA
CAPÍTULO 4
Lição no4.4. Leis de Kirchoff
OBJECTIVOS
Resolver problemas diversos que envolvem os assuntos tratados nas lições anteriores
Argumentar, questionar, criticar e relacionar os conhecimentos elaborados com a sua
realidade.
INTRODUÇÃO
Nesta lição o nosso foco são as manifestações da corrente elétrica quando ela passa por um
dado ponto do circuito elétrico. Tais manifestações são chamadas de efeitos da corrente
elétrica. No conjunto dos efeitos da corrente elétrica iremos dedicar especial atenção ao
chamado efeito Joule, ou seja, a transformação da energia elétrica em calor durante a passagem
da corrente elétrica sobre uma dada resistência.
O QUE VAMOS APRENDER NESTA LIÇÃO (CONTEÚDOS)?
Leis de Kirchoff e sua aplicação na resolução de exercícios
COMO VAMOS APRENDER (METODOLOGIA)
Leitura: artigos científicos/Textos diversos/Livros
Elaboração de resenhas das leituras feitas
Elaboração de texto escrito.
3.4.1. VISÃO GERAL DOS CONTEÚDOS
3.4.1.1. Circuitos de uma malha
Na secção anterior falamos do circuito elétrico e dissemos tratar-se de uma ligação de
dispositivos, como geradores, resistores, recetores, capacitores, indutores, etc., feita por meio
de um fio condutor, que permite a passagem de cargas elétricas pelos elementos do circuito.
A corrente elétrica passa pelo circuito graças à aplicação de uma diferença de potencial
elétrico, produzida por uma fonte de tensão”(Corradi et al., 2011).
A Figura 1 mostra dois exemplos de circuitos elétricos. O primeiro de cima para baixo à
esquerda é o exemplo típico de um circuito elétrico simples, enquanto que o outro representa
o exemplo de um circuito elétrico complexo. A direita temos exemplos de esquemas de dois
circuitos elétricos um simples e outro relativamente complexo.
Figura 1. Circuitos elétricos. Fonte: https://www.google.com/search?q=circuito+el%C3%A9trico; 02/11/023
Na prática circuitos elétricos podem ser muito complexos, no entanto, nesta parte
analisaremos circuitos relativamente simples que contêm resistores e fontes de energia,
percorridos por uma corrente elétrica continua (I=constante). Noutras palavras, o nosso foco
são circuitos de corrente continua constituídos por resistores e fontes de energia. Os
circuitos de corrente elétrica variável ou corrente alternada (I varia no tempo) serão objeto
de estudo nos próximos capítulos.
Para começar consideremos um circuito simples não ramificado ou circuito de uma malha,
constituído por uma fonte de energia ideal (r=0) e uma resistência externa ou resistor R, além
dos fios condutores que viabilizam a circulação da corrente, ilustrado na Figura 2. A
resistência dos fios condutores é desprezível.

Figura 2. Circuito elétrico simples não ramificado (uma malha) alimentado por uma bateria ideal
Vamos percorrer mentalmente o circuito saindo do ponto “a” seguindo um sentido arbitrário
a nossa escolha (pode ser no sentido horário ou anti-horário). Neste caso escolhemos o sentido
horário indicado na figura. Durante o percurso vamos calcular todas variações do potencial
elétrico que ocorrem no circuito.
Como assumimos que a resistência do fio é desprezível (R → 0) a variação do potencial neste
é nula. Então teremos uma primeira variação do potencial quando passamos do elétrodo
negativo da bateria (cátodo) para o positivo (ânodo) e, neste caso a variação é positiva e, é
igual ao valor da f.e.m. da bateria:
φ− − φ+ = ε
A segunda variação vai ocorrer no circuito externo, isto é, no resistor R. Durante o percurso
escolhido no resistor passamos do extremo de maior para o de menor potencial, quer dizer, a
variação do potencial é negativa e, é dada pelo produto (IR):
φ+ − φ− = −IR
A experiencia mostra (e a teoria confirma) que ao percorrermos o circuito saindo de um dado
ponto e voltando para esse mesmo (circuito fechado) a soma das variações do potencial elétrico
ao longo de uma malha é nula. Este resultado ficou conhecido na Física como lei das malhas
ou lei das tensões de Kirchoff, em homenagem ao físico alemão, Gustav Robert Kirchoff
(Königsberg, 12 de março de 1824 — Berlim, 17 de outubro de 1887), em reconhecimento das
suas contribuições no campo dos circuitos elétricos, na espectroscopia, na emissão de radiação
dos corpos negros e na teoria da elasticidade. Além disso, Kirchoff fez contribuições
relevantes no estudo das radiações, com efeito, consta na história da Física que foi Kirchoff
quem propôs o nome de "radiação do corpo negro" em 1862.
Aplicando a lei das malhas para o circuito em análise teremos:
variacao do potencial na Bateria + variacao do potencial no resistor = 0
(φ− − φ+ ) + (φ+ − φ− ) = ε + (−IR) = 0
Ou
ε − IR = 0
Desta resulta que
ε
I = (∗)
R
Que é a equação da lei de Ohm para um circuito fechado alimentado por uma bateria ideal já
vista anteriormente.
Façamos a mesma analise, considerando um circuito elétrico simples não ramificado (uma
malha) alimentado por uma bateria real de resistência interna r que possui no circuito externo
uma resistor R.
Por razões de natureza didática, vamos representar uma bateria real como se fosse uma
combinação de uma bateria ideal ligada a uma resistência interna r conforme ilustra a figura
a seguir.

Figura 3. Circuito elétrico simples não ramificado (uma malha) alimentado por uma bateria real
Neste caso temos variações de potencial em três sectores do circuito na fonte, uma variação
positiva igual ao valor da fem (), uma variação negativa nas resistências interna (-Ir) e externa
(-IR):
Aplicando a lei das malhas teremos
ε + (−Ir) + (−IR) = 0
Feitas algumas transformações algébricas simples, teremos a equação da lei de Ohm para um
circuito fechado simples alimentado por uma fonte (bateria) real.
ε
I= (∗∗)
R+r
Onde: r é a resistência interna da fonte. Esta, representa a oposição oferecida pela estrutura
interna da fonte ao movimento dos portadores de carga ou a passagem da corrente por esta.
Trabalho individual 1 (TI1)
Verifique que os resultados obtidos para estas duas equações (* e **) são independentes da
escolha de sentido de percorrer o circuito. Para tal, tome o sentido anti-horário como sentido
de percurso do circuito e, deduza as mesmas equações.
Importa frisar que as equações da lei de Ohm supramencionadas foram obtidas neste caso
através do chamado método do potencial. Outro método alternativo usado para o mesmo
efeito é o chamado método de energia. Para mais detalhes sobre esses métodos consulte
(Halliday et al., 2016: 376).
Generalizando para um circuito constituído por mais de que uma malha, a lei das malhas
estabelece que:
A soma algébrica de todas f.e.m. e de todas tensões que compõem uma malha, num
circuito ramificado é nula.
n n

∑ εi + ∑ Ii R i = 0 (1)
i=1 i=1
Alternativamente a mesma equação pode ser escrita na forma
n n

∑ εi = ∑ Ii R i
i=1 i=1
Isto é, de forma equivalente a lei das malhas de Kirchoff pode ser expressa nos seguintes
termos:
A soma algébrica de todas f.e.m. () em qualquer malha de um circuito elétrico
ramificado é igual a soma algébrica de todas tensões (IR) que existem nessa malha.
Ao usar a lei das malhas devemos considerar que:
A f.e.m. é positiva (ε > 0) quando o seu sentido coincide com o sentido de percorrer a malha
e negativa no caso oposto. Igualmente, a corrente elétrica que percorre a resistência é positiva
(I > 0) se o seu sentido coincide com o sentido de percorrer a malha e negativa no caso
contrário.
A lei das malhas decorre do carácter potencial do campo elétrico, ou seja, resulta do facto
de o trabalho realizado pelas forças do campo elétrico ser independente do caminho
percorrido. No estudo da electroestática vimos que

W = ∮ ⃗E. dr = 0
(L)
Vimos também que trabalho realizado pelas forças do campo elétrico é igual a variação
negativa da ddp no campo
b
φB − φA = −∆φ = ∫ ⃗E. dr
a
Combinando estas duas equações e considerando um circuito fechado (ponto de partida
coincide com o de chegada) chegamos a conclusão de que a soma das variações do potencial
do campo elétrico num percurso fechado é sempre nulo, que é exatamente o significado da lei
das malhas de Kirchoff.
b
φB − φA = −∆φ = ∫ ⃗E. dr = 0
a
Outra lei de Kirchoff importante no estudo das redes elétricas é a chamada lei dos nôs:
A soma das correntes elétricas que entram num nô é igual a soma das correntes que sai
deste. Denomina-se nô a um ponto do circuito no qual concorrem ou divergem mais do que
duas correntes. A figura a seguir mostra um circuito percorrido por três correntes elétricas
contendo dois nôs representados pelos pontos P1 e P2.

Figura 4. Circuito ramificado com dois nôs.


De acordo com esta lei, para o nô P1, temos:
I = I1 + I2 + I3
Note que para o outro nô, teremos uma equação idêntica, ou seja, para um circuito de m nôs,
precisamos de escrever (n-1) equações dos nós.
Transformando a equação anterior podemos reescrevê-la na seguinte forma:
[I + (−I1 ) + (−I2 ) + (−I1 )] = 0
Nessa representação a lei dos nôs é formulada nos seguintes termos:
A soma algébrica de todas correntes num nô é igual a zero.
Quando se escreve a lei dos nôs desta maneira, atribui-se sinal positivo as correntes que
entram e sinal negativo as que saem.
Generalizando a lei dos nôs para n correntes teremos:
n

∑ Ii = 0 (2)
i=1
A lei dos nós decorre da lei de conservação da carga elétrica. Com efeito, uma vez que as cargas
elétricas não são criadas nem acumuladas num ponto (ou nô), a quantidade de cargas que
chega num ponto num intervalo de tempo deve ser igual ao daquelas que saem desse ponto.
Sintetizando podemos afirmar que ambas leis de Kirchoff são consequências das leis de
conservação da natureza. A lei das malhas deriva da lei de conservação de energia, enquanto
que a lei dos nôs está ligada diretamente com lei de conservação da carga elétrica. Noutras
palavra podemos afirmar que Kirchoff explorou corretamente essas duas leis da natureza para
enunciar as duas leis usadas no estudo das redes elétricas.
A titulo de exemplo apliquemos as leis de Kirchoff para associações de resistências.
a) Associação em paralelo
Consideremos a associação paralelo de três resistências alimentadas por uma bateria ideal (ver
Figura 4).
Consideremos três malhas P1R1P2εP1; P1R2P2εP1e P1R3P2εP1;
Escolhendo o sentido horário como o sentido de percorrer o circuito, vamos aplicar a lei das
malhas para cada uma, ou seja vamos calcular as variações de potencial em cada uma das
malhas, somá-las e igualar a zero. Nesta associação todas as resistências estão ligadas a uma
mesma fonte de forca eletromotriz :
P1R1P2εP1: − I1 R1 + ε = 0
P1R2P2εP1: −I2 R 2 + ε = 0
P1R3P2εP1: −I3 R 3 + ε = 0

Das três equações acima obtidas temos as intensidades de correntes que circulam pelas
resistências:
ε ε ε
I1 = ; I2 = ; I2 =
R1 R2 R3
Aplicando a lei dos nôs para qualquer um deles P1 ou P2, teremos a intensidade de corrente
elétrica que circula neste circuito:
I = I1 + I2 + I3
Substituindo, temos:
ε ε ε
I= + +
R1 R 2 R 3
Este resultado pode ser escrito na forma:
1
I=
R1 + R 2 + R 3
O termo mais a direita no segundo membro desta equação representa a resistência equivalente
do circuito em análise.
1 1
=
R eq R1 + R 2 + R 3
Esta equação mostra que numa associação em paralelo de resistências elétricas, a
resistência equivalente é sempre menor do que qualquer uma das resistências
associadas.
Generalizando esse resultado teremos que numa associação em paralelo de n resistências, a
resistência equivalente é dada por:
n
1 1 1 1
= + ⋯+ =∑
R eq R1 + R 2 + R 3 Rn Ri
i=1
Este resultado já foi obtido nas aulas anteriores (quando falamos de associações de
resistências) usando a lei de Ohm. Neste caso obtivemos os mesmos resultados usando as leis
de Kirchoff, apenas para demonstrar o potencial das leis de Kirchoff no estudo das redes
elétricas.
Trabalho individual 2 (TI2)
b) Associação em série
Seguindo o mesmo raciocínio usado na alínea anterior, aplique as leis de Kirchoff para uma
associação em serie de 3 resistências R1 , R 2 e R 3 alimentadas por uma fonte ideal.
Resolva o mesmo exercício supondo que o circuito é alimentado por uma fonte ou bateria real.
3.4.1.2. Circuitos de múltiplas malhas
Na secção anterior usamos as leis de Kirchoff para verificar as leis das associações de
resistências (em serie e paralelo) em circuitos de uma única malha, apenas como uma
demonstração do potencial destas leis no estudo dos circuitos elétricos.
Nesta parte lidamos com associações de resistências, cujas resistências podem ser reduzidas a
uma resistência equivalente e, a partir disso, determinar a corrente total que percorre o
circuito. Dependendo da forma como as resistências estão associadas (paralelo, série ou mista)
foi então, possível determinar a intensidade que circula em cada um dos resistores associados.
A experiencia mostra que é possível resolver circuitos complexos substituindo vários
conjuntos de resistores pelas suas resistências equivalentes e aplicando sucessivamente a lei
de Ohm.
No entanto, na prática encontramos muitas associações de resistências que não podem ser
classificas como associação em série ou em paralelo. As leis de Kirchoff são uma ferramenta
valiosa para o estudo das redes elétricas com mais do que uma malha nas quais as ligações
dos resistores não se reduzem a uma simples associação em serie ou em paralelo e, doravante
estas leis (de Kirchoff) serão usadas apenas para esse tipo de redes.
Antes de avançarmos devemos adotar algumas regras de procedimento que irão facilitar o uso
das leis de Kirchoff:
1) Escolher, arbitrariamente o sentido da corrente em cada ramo (entre dois nôs) do
circuito;
2) Escolher arbitrariamente o sentido de percorrer a malha, geralmente o sentido
horário;
3) O número total das equações independentes compostas a partir da lei dos nôs deve ser
igual ao número de nôs menos 1 (se n é o numero de nôs, o numero de equações será n-1);
4) O número total das equações independentes compostas a partir da lei das malhas deve
ser igual ao número total das malhas menos 1 (se m é o numero de malhas, o numero de
equações será m-1);
5) O número total das equações deve ser igual ao numero das incógnitas;
6) No final dos cálculos, o valor negativo da intensidade de corrente ou da f.e.m. indica
que o sentido real de I ou de  é oposto ao sentido escolhido (arbitrado).

Exemplo 1.
No circuito da figura ε1 = 10 V; ε2 = 4 V; R1 = R 4 = 2, R 2 = R 3 = 4. Determine as
correntes nas resistências R1 , R 2 , R 3 e R 4 e, desprezando as resistências internas.
Figura 5. Exemplo 1
A abordagem do problema a partir do conceito de associações de resistências não é a melhor opção
para este problema, pois da forma como as resistências estão ligadas no circuito não podem ser
reduzidas a uma única (resistência equivalente). Por isso o melhor caminho para resolver este
problema é usar as leis de Kirchoff. Para isso temos começar por escolher de forma arbitrária o sentido
das correntes que circulam nas resistências dadas. A nossa escolha está indicada na Figura 5. Depois
disso, devemos igualmente escolher o sentido de percurso de cada malha do circuito. Neste caso
optamos pelo sentido horário, também indicado na mesma figura.
Comecemos a resolução pela equação dos nós para o ponto A. Neste, temos três correntes que saem
e uma que entra, por isso a lei dos nós pode ser escrita na forma:
I1 + I2 + I3 − I4 = 0 (3)
Esta pode ser escrita na forma
I4 = I1 + I2 + I3
Note que para o nô B teremos uma equação equivalente a esta (linearmente dependente).
O problema colocado tem quatro incógnitas (I1 , I2 , I3 e I4 e neste momento temos apenas uma
equação ( equação 3). Para resolver o problema colocado temos que compor um sistema de quatro
equações (para 4 incógnitas). Isto significa que precisamos construir mais três equações e essas serão
obtidas a partir da lei das malhas.
Importa notar que no uso da lei das malhas, as malhas escolhidas devem gerar equações linearmente
independentes entre si, isso se consegue quando cada malha seguinte inclui uma nova parte do
circuito.
No circuito podemos identificar 4 malhas, uma externa AR1BR4A e outras três internas, AR1BR2A,
AR1BR3A e AR3BR4A. Como precisamos de apenas 3 equações vamos trabalhar com as malhas,
AR1BR2A, AR1BR3A e AR3BR4A
Aplicando a lei das malhas para cada uma das malhas escolhidas teremos

Malha Equação
AR1BR2A I1 R1 − I2 R 2 = ε1 − ε2 (4)
AR1BR3A I1 R1 − I3 R 3 = ε1 (5)
AR3BR4A I3 R 3 + I4 R 4 = 0 (6)
Juntando a equação (3) a estas outras e , substituindo os valores das resistências nas equações obtidas
teremos um sistema de quatro equações para quatro incógnitas.
I1 + I2 + I3 − I4 = 0
{ 2I1 − 4I2 = 6
4I3 + 2I4 = 0
Dividindo ambos membros das ultimas duas equações por 2, teremos:

I1 + I2 + I3 − I4 = 0
{ I1 − 2I2 = 3
2I3 + I4 = 0
Usando qualquer uma das regras de resolução de sistemas de equações, teremos o valores das
correntes que passam pelo circuito:
I1 = 3 A; I2 = 0; I3 = −1 A; I4 = 2 A
O sinal negativo obtido na corrente I3 mostra que o sentido verdadeiro ou real da corrente no circuito
é contrario ao sentido por nós escolhido (arbitrado!).
Exemplo 2.
Dado circuito, determine: a) a corrente em cada um dos seus ramos; b) a energia dissipada no resistor
de 4,0  em 3,0 segundos., sabendo que ε1 = 12,0 V; R1 = 4,0 ; R 2 = 2,0 ; R 3 = 3,0 ; ε2 =
5,0 V

a) Neste caso temos três correntes por determinar I, I1 e I2. O sentido das correntes foi
escolhido de forma arbitrária como ilustra a figura. O circuito apresenta três malhas sendo uma
externa abcdefa e outras duas internas, abefa e bcdea. Para percorrer as malhas escolhemos o sentido
horário.
Lei dos nôs (Ponto b):
I = I1 + I2 (1)
Lei das malhas:
Malha abcdefa ∶ I2 R 2 + IR 3 = ε1 − ε2 (2)
Malha bcdeb: I2 R 2 − I1 R1 = −ε2 (3)
A três equações permitem compor um sistema de 3 equações para 3 incógnitas:
I = I1 + I2 (1)
I
{ 2 2R + IR 3 = ε 1 − ε 2 (2)
I2 R 2 − I1 R1 = −ε2 (3)

Substituindo os dados temos:


I = I1 + I2 (1)
2I
{ 2 + 3I = 7 (2)
2I2 − 4I1 = −5 (3)
A partir deste ponto temos que recorrer aos conhecimentos que temos sobre resolução de sistemas
de equações.
Usando o método de substituição podemos combinar as equações (1) e (2):
2I2 + 3I = 72I2 + 3 (I1 + I2 ) = 72I2 + 3I1 + 3I2 = 75I2 + 3I1 = 7
Desta resulta que
7 − 3I1
I2 =
5
Da equação (3) temos:
−5 + 4I1
I2 =
2
Igualando as duas temos:
7 − 3I1 −5 + 4I1
= 14 − 6I1 = −25 + 20I1 39 = 26I1
5 2
𝟑𝟗
 𝐈𝟏 = 𝟐𝟔 𝐀 = 𝟏, 𝟓 𝐀
Substituindo este resultado na equação (3) teremos o valor de I2 :
𝟏
𝐈𝟐 = 𝐀 = 𝟎, 𝟓 𝐀
𝟐
Substituindo os valores de I1 e I2 na equação (1) obtemos o valor da corrente total I do circuito
I = I1 + I2 = 2,0 A.
b) Para calcular a energia dissipada no resistor de 4,0  em 3,0 segundos iremos usar a lei de
Joule-Lenz.
W1 = I1 2 ∗ R1 ∗ ∆t = I1 2 ∗ R1 ∗ ∆t = (1,5A)2 ∗ 4,0  ∗ 3,0 s = 27 J.
Esta energia corresponde a uma potencia entregue ao gerador no valor de:
W1
P= = I1 2 ∗ R1 = 9W
∆t
Nota: Uma ferramenta útil para resolver o sistema de equações obtidas no estudo das redes elétricas
é o conceito de matriz. Por isso recomendo fortemente os estudantes a tentar resolver os mesmos
sistemas analisados nesta aula recorrendo aos fundamentos da análise matricial.
Exemplo 3.
Para o circuito anterior, calcule o valor da corrente em cada um dos ramos supondo que as fontes de
energia são constituídas por baterias reais com uma resistência interna de 0,5 .
Resolução
Neste caso temos as fontes de energias são uma bateria real e, como tal, temos que representa-las
como baterias ideais ligadas a uma resistência interna r, como ilustra a figura a seguir. O sentido das
correntes e o sentido de percorrer as malhas mantêm-se como no caso anterior.

A lei dos nôs continua valendo como no caso anterior.


I = I1 + I2 (1)
A equação relativa a lei das malhas vai mudar em virtude de estarmos perante uma fonte real e, nesse
caso a tensão (IR) é diferente da f.e.m.
Malha abcdefa ∶ I2 R 2 + I2 r2 + IR 3 + Ir3 = ε1 − ε2 (2)
Malha bcdeb: I2 R 2 + I2 r2 − I1 R1 = −ε2 (3)
Juntando todas equações teremos o sistema de 3 equações para 3 incógnitas
I = I1 + I2 (1)
{I2 (R 2 + r2 ) + I(R 3 + r3 ) = ε1 − ε2 (2)
I2 (R 2 + r2 ) − I1 R1 = −ε2 (3) (3)
Resolva este sistema de equações para calcular as correntes indicadas e compare os resultados obtidos
com os anteriores. O que se espera é que os valores das correntes nos ramos indicados sejam
relativamente menores em relação o caso anterior, pois, neste caso, com a inserção da resistência
interna da bateria real, aumentamos a resistência total em cada ramo e com isso,

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