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UMA ABORDAGEM DA EDUCAÇÃO

ATUAL NA PERSPECTIVA DA
BIOLOGIA DO CONHECIMENTO0
Pediram-me para responder a esta pergunta: A educação
atual serve ao Chile e à sua juventude? e, em caso de resposta
afirmativa: Para quë ou para quem? Ao mesmo tempo, pediram-me
de ângulos tão distintos
que considerasse essas questòes partir
a

fizesse tendo em
quanto a sociedade e a sala de aula, e o
mente tanto os que trabalham dando aula para os jovens

quanto os que estudam o processo de aprendizagem e o


fenômeno do conhecimento, buscando compreender como se
aprende, e o que é que permite formar a juventude de um
modo ou de outro.
Para responder essa pergunta e atender a esse convite, vou
fazer dois tipos de reflexão. Um, relativo a para que serve a
educação, e outro sobre o humano, considerando a pergunta:
O que é ser um ser humano? Além disso, ao fazer tais refle
xoes, direi algo sobre a biologia da educação e sobre a ética, e
finalizarei com alguma conclusão geral que, no meu entender,
decorre de tais reflexðes.

PARA QUE SERVE A EDUCAÇÃO?


Quero começar com o *para que", por uma razdo muito
Simples. Se perguntamos: A educaçao atual serve ao Chile e
a sua
juventude?, estamos formulando a pergunta a partir do
pressuposto de que todos entendemos o que ela requer. Mas
Sera que isto acontece? O
conceito de servir é um conceito
relacional: algo serve para algo em relação a um desejo. Nadaa
a pergunta é:
mesmo. No fundo,
que
serne em

da educação?
si
Acho que nào se
humanos, no
pode consid
considerar ueremos
quere.
nenhuma
pergunta sobre
os atazeres que diz respe
àquilo que
Speito ao
valor, à sua utilidade ou se
pode obte
seu

senao se explicita
o que e que se quer. deles,
Perguntarmoseles, Se
se aa
respostas a questä
educação chilena serve, requer des
com a educaçao? O que é educar2 1. como:
O que qucremos
educar? E, em última instância, a grande
Para que
queremos
Que pais queremos? pergunta:
Pcnso que não se pode retletir sobre a educacao

ou simultaneamente, refletir sobre essa


coisa tào
antes,
damental no viver cotidiano que eo projeto de país no fun
estão inseridas nossas retlexóes sobre a educaçâo. Temos
im
projeto de paiís? Talvez nossa grande tragédia atual é que na.
temas um projeto país. E claro que não podemos brincar
de
de voltar ao passado. Sem duvida, como professor universi.
tário, me dou conta da existëncia de dois projetos nacionais
um do passado e outro do presente, claramente distintos, um
que vivi como estudante, e outro no qual eu vejo os estudantes
de hoje serem forçados a viver.
Estudei para devolver ao país o que havia recebido dele.
Estava mergulhado num projeto de responsabilidade
Era participe da construção de um país, no qual se escutava
social,
continuamente conversações sobre o bem-estar da comuni
dade nacional que seus membros contribuíam para construir.
Fu não cra o único. Numa ocasião, logo no início dos meus
estudas universitários, reunimo-nos todos os estudantes do
primeiro ano para declarar nossas identidades políticas.
Quando isso aconteceu, o que me pareceu sugestivo foi que,
a diversidade de nossas identidades políticas, havia um pro-
posito comum: derolher ao país o que estávamos recebendo
deie Quer dizer, vivíamos nosso pertencer a ideologias diversas

coHROdilerenies modos de cumprir com nossa responsabilidade


SOCial de devolver a0
país o que havíamos recebido dele,
u compromisso explícito ou implícito de realizar a tareia
tundanertal de acabar com a pobreza, com o sofrimento, CO"
as
desigualdades e os abusos.
AUaao e as preocupaçôes dos estudantes de no
udaram Hoje,
de escolher
os
estudantes se encontram no dilema
entreo que deles se pede, que é preparar-
ata petir no
ercado profissional, e o sua
impeto dc
i r a Diae

mudar uma ordem


os leva a desejar
social, que desigualdades, que
empatia excessivas
geradora de
político-cultural material e espiritual.
sofrimento
e
trazem pobreza devolver ao
p r e p a r a r - s e para
existe e n t r e
que acabar com a
A diferença trabalhando para
se
recebeu dele, de tra
país o que no mercado
preparar-se para competir
pobreza, e Tratam-se de dois mundos
completamente

balho é e n o r m e .
eu era estudante, como já disse, desejava
distintos. Quando sem conflito, porque
dela recebia,
comunidade o que
retribuir à s e n s i b i l i d a d e frente a o
outro e m e u
e minha
minha emoção do país c o i n c i d i a m .
Mas
intenção a respeito
propósito o u c o i n c i d ê n c i a e n t r e propósito
individual e
atualmente essa
uma
no momento
em que
social não se dá, porque,
propósito competição profis-
e n t r a r na
se torna
estudante para
pessoa de prepa-
vida estudantil u m processo
sional, ela faz de
sua
n u m âmbito de interaçôes que se define
ração para participar eufemismo: mercado da livre e
negação do outro, sob o
pela nào é n e m pode s e r sadia,
sadia competição. A competição
constitui na negação do outro.
porque se
A competiç o é um feno
A competição sadia não existe.
meno cultural e humano, e não constitutivo do biológico.
Como fenômeno humano, a competição se constitui na negaçãoo
do outro. Observem as emoções envolvidas nas competiçõess

esportivas. Nelas não existe a convivência sadia, porque a


vitória de um surge da derrota do outro. O mais grave é que,
sob o discurso que valoriza a competição como um bem social,
não se vê a emoção que constitui a práxis do competir, que é a
que constitui as ações que negam o outro.

Lembro-me de haver assistido a um curso de economia


na Universidade Católica, ministrado por um economista da
Escola de Chicago, pois queria entender os economistas. Ele
centrou seu discurso nas leis da oferta e da procura. Falou da
substituição de importações por produções locais e das ex-
portações no livre mercado, destacando os pontos positivos
da competição sadia etc. Eu Ihe perguntei se no encontro
mercantil bá alguma diferença entre a situação em que os
que participam dele sao amigos e se respeitam, e aquela en
que eles nao o såo, não se conbecem e não se respeitam. Ele
não soube o que responder. Pelo menos isso me mostrou
queessa era uma pergunta que jamais havia sido feita, porque
quem se tizer essa pergunta há de trabalhar para respondè-la,

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fundamental. Nao éé a
a

pois trata-se de uma pergunta


ao
mesma
alguem que pertence nosso
coisa um encontro
com
encontro com
mundo,,
alguém au
m.

respeitamos,
e
um ue nao
e a quem
n o s s o mundo,
e que e par
indiferente
ra nós,
pertence ao .
isso s e de
na simples transaçao mercanil
ainda que clara. Nao é a mesma coisa pora.
tdo obvia e tao
parece num e noulro caso sdo diferentess.
as emocoes envolridas
estao agora, implícita ou explicitamens
Os ovens chilenos
atual sistema de educaçao a se
pelo nar
for
sendo forçados
para realizar algo que ndo esta declarado como um projeto
um projeto nacional fundado
nacional, mas que contigura
na

mütua, sob O Convite à livre comne.


disputa e na negaçao
livre competiçào como se esta
ticdo. Além disso, fala-se de
transcendente, valicdo em si mesmo, e
que
fosse um bem
o

positivamentee respeitar como


de valorizar
mundo todo tem
deus que abre as
a uma grande
deusa, ou talvez um grande
bem-estar social, ainda que, de fato, negue a
portas para o
convivëncia, que é o que constitui o social,
cooperaçao na
ora, a pergunta sobre o projeto
Mas vamos deixar de lado, por
e vamOs refletir sobre seus funda-
nacional e a competiçao,
e n t o s como aspectos de
nosso ser cultural

RACIONALIDADE E EMOÇÃo
Habitualmente pensamos
é humano?
O que somos? O que
o

como um s e r racional, e freqüen-


no humano, no
ser humano,
que distingue
temente
declaramos e m nosso discurso queo
racional.
animais é seu s e r
outros
ser humano dos são feitas
essas afirmaçðes, que
Qucro chamar atenção para claro o que
absolutamente
é
nu suposiao implicita de que feitas
essas afirmaçdes
isso porque
dizem. Quero fazer realmente,
antolhos

c o m tanta
liberdade, c o n s t i t u e m , como
assim, assustarem

para não
se
cavalos usam
velocidade
c o o os que o s numa
os ultrapassam
transito de veiculos que cavalos
cOn

vemos poucos
Hoje, em Santiago, on
slo usados.
sua
r que a
os
antolhos ainda
Os, as io campo
Para restringir
a visào. >e udo
objetivo ces sao usados vemn
rápido
que
veiculo, por exemplo,
que
a l o vé algo, um
desanda a correr. Se o vê quando
ele se a s s u s t a e
seu lado, diferente.
sua reação é
cle já passou,
não temos
e afirmações sobre os quais
Todos os conceitos
aceitamos c o m o se
significassem algo sim-
refletido, e que
que todo o mundo os entende,
porque parece
plesmente caracteriza o humano é um
Dizer que a razao
são antolhos. frente à emoção, que fica
nos deixa cegos
antolho, porque o
animal ou como algo que nega
desvalorizada como algo declararmos seres racionais
nos
racional. Quer dizer,
ao
desvaloriza as emoções, e não
cultura que
vivemos uma
cotidiano entre razão e emoção, que
entrelaçamento
vemos o damos conta de que
não nos
nosso viver humano, e
constitui
um fundamento emocional.
todo sistema racional tem
correntemente
chamamos de
são o que
As emoções não conotamos

sentimento. Do ponto
de vista biológico, o que
corporais din micas
falamos de emoçòes são disposiç es
quando domínios de ação em que
nos
definem os diferentes
que mudamos de domínio
mudamos de emoção,
m o v e m o s . Quando
sabemos isso na práxis da
vida
verdade, todos
de ação. Na define
insistimos que o que
cotidiana, negamos porque
mas o
Ao
como h u m a n a s
e elas s e r e m racionais.
nossas condutas estamos sob
todos sabemos que, quando
mesmo tempo fazer e coisas
determinada emoção, há
coisas que podemos
como válidos certos
não podemos fazer, e que aceitamos
que sob outra emoção.
argumentos que
não aceitaríamos
ao chegar ao
Tomemos exemplo a seguinte situação:
como
aumento
em pedir um
escritório, uma pessoa fala que pensa " - Não
secretária amiga diz: peça
de salário ao chefe, e a
com raiva e não vai
Ihe dar nada."
nada hoje porque ele está
um indício de que
O que a secretária disse nao é, por acaso,
atuar de uma
com raiva sô pode
ela sabe que uma pessoa
de uma maneira
certa ndo porque esteja restringida
forma,
domínio no qual só são pos
absoluta, mas porque está num
dizemos também que
siveis certas ações e não outras? Assim,
têm um poder, um valor
ou uma
as coisas ditas com raiva
serenidadee no
respeitabilidadediferente daquelas ditas na
coisa dita na raiva
cquilibrio. Por que? Nao porque uma
sereaidade, mas
Seja menos racional que uma coisa dita na
distin-
sua racionalidade se funda em premissas básicas
porque
tAs, aceitas a priori, fundada numa perspectiva de preferèncias

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eri de O
que a raiva deline. Todo sistema racional se cons
previamente aceitas, ui no
operar com premissas a
partir de uma
certa emoçào.
Biologicamente, as emoçoes Sao disposiçòes corporais
determinam ou especificam domínios de açôes. que
retletir sobre como vOCes reconhecem Suas Convido-o
próprias emoc
c as dos outros. Se o fizerem, verão que vocês

diferentes emoçdes fazendo algum tipo de


distinguemoesas
apreciação sohro
bre o
dominio de açðes em que se encontra a
pessoa ou o
ou fazendo uma apreciaçào sobre o domínio de ações animal,
que
corporalidade conota. sua
AS emoçdes são unm
fenômeno prôprio do reino
Todos nós, os animais, as temos. Se à animal
noite, em suas casas
ao acender a luz, vocês virem no ,
meio da sala uma
que caminha lentamente e gritarem: "-Uma barata
começa a correr de um lado para o outro. barata!", ela
Se vocês
rem para observaro para-
que acontece, poderão se dar
conta de
que o que a barata pode tazer num ou noutro caso
é
tamente diferente. A barata
que caminha
comple
meio da sala pode parar para comer, mas vagarosamente no
a que corre
lado para o outro não de um
pode tazë-lo. O mesmo acontece
conosco, não somente com as
ações mas também com a razão.
Falamos como se o racional tivesse um
dental que lhe dá validade fundamento transcen-
universal,
que fazemos como seres vivos. Isto nåoindependentemente
do
é assim. Todo sistema
racional se baseia em
premissas fundamentais aceitas a priori,
aceitas porque sim, aceitas
porque as pessoas gostam delas,
aceitas porque as
pessoas as aceitam simplesmente a partir
de suas
preferências. E isso é assim em
qualquer domínio,
seja o da Matemática, da Física, da Química, da Economia, da
Filosofia ou da Literatura. Todo sistema racional se
baseia
em premissas ou noções fundamentais
que aceitamos como
ponto partida porque queremos fazê-lo, e com as quais
de
operamos em sua construção. As diferentes ideologias
tam.bém se baseiam em políticas
e tratamos
premissas que aceitamos como válidas
como pontos de
ESe
partida porque queremos fazë-lo.
discutimos as razões para justificar
prenissas, o sistema racional que justifica essas razóes se
a adoção dessas

baseia
premissas simplesmente aceitas, porque,
em
nte
ou conscic
inconscientemente, assim o queremos.
16
Tiveira Dias

as pessoas.
discussão entre
existem dois tipos de uma maneira
Notem que resolvem de
desacordos, que se envolvidas
discussÖes,
Há acontecer é as pessoas
máximo que pode vezes dois é igual a
que o dois
ruborizadas. Se cu digo que multi-
ficarem não é assim! Olha, a
me dizem:
"- Não,
vocês como se
cinco, e mostrando-me
dessa maneira",
se faz dizer:"- Ah!é
plicação no máximo
eu vou
multiplicação,
constitui a Se isso
têm toda razão, desculpem-me."
verdade! vocês e u ficar
ruborizado e
ocorrer é

acontece, o pior que pode Pode acontecer também que eu


de vergonha.
com um pouco nao tem nada mais
este d e s a c o r d o
importe, porque
não me
só houve erro ao aplicar
fundamento lógico, já que o
que um que eu e
ou certas regras operacionais
certas premissas era trivial,
Nosso desacordo
aceitávamos previamente.
outro
pertencia a logica.
o desacordo é apenas lógico,
Nunca brigamos quando
surge de um erro a o aplicar as
o desacordo
isto é, quando
derivadas de premissas fundamentais
coerências operacionais
desacordo. Mas há outras
aceitas todas as pessoas em
por as discus-
conflitos: é o caso de todas
discussõesque geram está nas
acontece quando a diferença
sões ideolôgicas. Isso
cada um tem. Esses desacordos
premissas fundamentais que os
uma explosão emocional, porque
sempre trazem consigo
existenciais
desacordo como ameaças
participantes vivem seu
fundamentais são situa-
recíprocas. Desacordos nas premissas
um nega ao outro os
çoes que ameaçam a vida, já que
coerência racional de sua
fundamentos de seu pensar e a
existência.
resolvidas
Por isso existem disputas que jamais serão
A guerra na Irlanda
no plano que elas foram propostas.
em
um
do Norte, por exemplo, nào tem solução, a menos que
decreto tire ambos os grupos do espaço religioso, onde dentro
dos fundamentos de uma crença um negue os fundamentos
da outra, e os leve para um domínio de respeito mútuo. Não
basta que os grupos oponentes se reúnam para conversar

sobre a tolerância ao erro do outro. Se assim o tizerem acabarào


brigando, pois ambos os grupos estão defendendo sistemas que,
embora coerentes em si, têm premissas fundamentais
diferentes, que se excluem mutuamente e que seus seguidores
aceitam ou rejeitam no a partir da razão, mas da emoção: as

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fundamentais de uma ideologia ou de um.
premissas
sao aceitas a priori e, portanto, não tem
fundamento religiao
Alem disso, se chegamos
a propor um racional.
argumento
racio
para escolher entre essas ou aquelas premissas reivindica nal

ara seu sistema ideológico unm eivindicando


ndamento racional, o faze
cegos ao que foi dito antes, isto e, cegos ao fato de quele que acei
tamos a priori as premissas fundamentais últimas nas
se baseia a racionalidade do argumento convincente. Por
quais
iss
isso
não podemos pretender uma justilicativa
transcendente para
pa
o nosso agir ao dizer "Isto é racional." Todo
argumento sesem
erro lógico é obviamente racional para aquele
que aceita
premissas fundamentais em que ele se baseia. as

o humano se constitui no
entrelaçamento do
emocional
com o racional. O racional se constitui nas
coerências opera.
cionais dos sistemas argumentativos que
na linguagem, para defender ou
construímos
justificar nossas ações.
Normalmente vivemos nossos argumentos racionais sem
fazer referência às emoçðes em que se fundam,
porque não
sabemos que elese todas as nossas ações têm um
funda
mento emocional, e acreditamos que tal condição seria uma
limitação ao nosso ser racional. Maso fundamento emocio
nal do racional é uma limitação? No! Ao
contrário, é sua
condição de possibilidade, e agora vou lhes explicar por quê.

A ORIGEM DO HUMANO: A LINGUAGEM

Para explicar-lhes porque o fundamento emocional de


nossa racionalidade não é uma limitação, tenho que fazer
alguma referência à origem do humanoeà origem da
lingua
gem. Para explicar a origem do humano é preciso começar
fazendo referência ao que ocorria há 3,5 milhòes de
anos.
Sabemos, com base em registros fósseis, que há 3,5 milhoes
de anos havia primatas bípedes que, como nós, tinham umn
caminhar ereto e possuíam ombros. Mas eles tinham um
cérebro muito menor- aproximadamente um terço do ce
rebro humano atual. Sabemos também
que esses primatas
Viviam em grupos pequenos, como famílias constituídas
de dez a doze individuos, que incluíam bebës, criangas *

16
adultos. Examinando
sua arcada
eram animais
comedores de gràos, dentária, sabemos que
e,
presumivelmente,
indica caçadores apenasportanto
que esses nossos colheitadores
ocasionais. Tudo isso
alimentos e estavam imersosantepassados
machos que numa compartilhavam seus
sensualidade
participavam
de vida que funda do recorrente, com
cuidado das crias,
em um
uma
na qual, além disso, o linhagem
cérebro
que chega até o
modo
presente,
430cm' a 1450 ou 1.500cm'. Mas cresce de e

humano, e com
corno
surge
aproximadamente
o

crescimento propriamente
que se associa esse
Tem-se dito, do cérebro?
mação do cérebro freqüentemente, que a história da
de humano está transfor
relacionada con
instrumentos, principalmente com utilização a
mão em sua desenvolvimento o

a mão
fabricação. Nào compartilho dessa da
já estava desenvolvida opinião, pois
nesses
Parece-me mais factível nossos
que a destreza e a antepassados.
manual que nos caracterizam sensibilidade
descascar as
tenham surgido na arte de
pequenas sementes de
da
participação da mão na carícia, por sua gramineas da savana, e
moldar-se a qualquer
do corpo de capacidade
de
sensual. Ao contrário,superficie
eu defendo
maneira suavee
que história do cérebro a
humano está relacionada principalmente
Quando com
gato brinca com uma bola, ele está linguagem.
um a

mesmas
coordenações usando as
musculares que nós. Se
chão, vocès se envolvem enm algo
cês seguram cai no que vo-
não é diferente da
brincadeira do gato. O macaco jogo
um
que
com uma faz isso
elegncia igual ou ainda maior que a de vocès,
sar demão no
sua ape-
se estender como a
nossa. O
humano não está peculiar do
na
manipulação, mas na
no linguagem e
seu
entrelaçamento com emocionar. o
Mas
com a
a
hominizaçao do cérebro primata está relacionada
se

linguagem, com que está relacionada origem da a


guagem? Comumente dizemos lin
que linguagem éé um sistema
a
simbólico de comunicação. Eu sustento que tal afirmação nos
impede de ver
que os símbolos são secundários à lingua-
gem. Se vocês estivessem olhando duas
sem ouvir os sons
pessoas pela janela,
que emitem, o que vocès teriam de
observar para dizer que elas estão conversando?
Quando se
pode dizer que uma pessoa está na linguagem? A resposta é
simples, e todos nós a sabemos: dizemos que duas pessoas

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vemos que o
estão conversando quando
curso de
interaçdes seconstitui num fluir de coordenaçðes de ac uas
vêem coordenaçðes de açðes ou, seou s
Se vocês nao
iargao moderno, nào vëem comunicaçao, nunca falara
relacionada de
coordenae
linguagem. Alinguagem está com
enaçõer
de ação, mas nào com qualquer coordenação de ação.
ação, a
apen
consensuais. Mais:ainda, a
com coordenaçãode ações
é um operar em coordenaçðes consensuais de coordena linguagem
consensuais de açdes. Vamos esclarecer isto.

EVOLUÇÀO E COMPETIÇÃO

A evoluçào é um processo conservador. Quando falamos


dos seres vivos, da sua diversidade, e pensamos na explica-
ção evolutiva-que propòe um ancestral comum a todos
eles nos maravilhamos com as mudanças que tiveram
que ocorrer desde a origem dos seres vivos até o presente
Essa maravilha, contudo, não deve ocultar-nos o que é fun-
damental para que essa história se produza: a conservação
do novo na conservação do velho. A biologia moderna
focalizou-se na genética e na hereditariedade para explicar
essa conservação, assimilando cada característica ou traço
distinguível nos seres vivos a um determinante molecular
nos ácidos nucleicos. Assim, para a biologia moderna, a es-
pécie aparece definida como uma configuração genética, que
se conserva através da história reprodutiva de uma popula-
çào ou de um sistema de populações, e a evolução como a
mudança na configuração genética conservada em tal popu-
lação ou sistema de populações. Eu penso diferente. Penso
que o que define uma espécie é seu modo de vida, uma
configuração de relações variáveis entre organismo e meio,
que começa com a concepção do organismo e termina com
sua morte, e que se conserva, geração após geração, comoo
um fenótipo ontogênico, como um modo de viver em um meio,
e não como uma configuraçào genética particular. Assim, a
7 mudança evolutiva se produz quando se constitui uma nova
linhagem ao mudar o modo de vida que se conserva numa
Sucessão reprodutiva. Por isso, na medida em que a mudanga
evolutiva se dá através da conservação de novos fenótipos on
OgeTcos, o central no fenômeno evolutivo está na mudang
em sua conservação na constituição de
do modo de vida,
c
circuns-
congruentes com sua
uma linhagem de organismos
em desacordo com
ela.
não
tância, e
se
o fenômeno de competição que
Nessas circunstâncias,
cultural humano, e que implica a contradiçãoe
dá no âmbito
âmbito biológico. Os s e r e s
a negação
do outro, não se dá no
não competem, fluem entre si e com
vivos não humanos
congruência recíproca, ao conservar sua autopoiese
outros em
meio que inclui a presença de
e suacorrespondencia com um
outros, ao invés
de negá-los.
encontram diante de um alimento e
Se dois animais se
deles o come, isso não é competiçào. Não é,
apenas um
acontece c o m o que come,
porque não é essencial, para que
o

coma. No ambito humano, ao contrário, a


que o outro não
competição se constitui culturalmente, quando o outro não
obter o que um obtém é fundamental como modo de relação.
A vitória é um fenömeno cultural que se constitui na derrota
do outro. A competição se ganha com o fracasso do outro, e
se constitui quando é culturalmente desejável que isso ocorra.
No ambito biológico não-humano, esse fenômeno não se dá.
A história evolutiva dos seres vivos não envolve competição.
Por isso, a competição não tem participação na evolução do
humano. O que participa na evolução do humano é a conser-
vação de um fenótipo ontogênico ou modo de vida, no qual
o linguajar pode surgir como uma variação circunstancial à
sua realização cotidiana, que não requer nada especial. 1al
modo de vida se deu nas coordenações de conduta de com-
partilhar alimentos passando-os uns aos outros nos espaços
de interações recorrentes da sensualidade
personalizada, que
trazem consigo o encontro sexual frontal e a participação dos
machos na criação dos filhos,
presentes em nossos antepas-
sados há 3,5 milhões de anos. Em outras
é na
palavras, digo que
conservação de um modo de vida, caracterizada pelo
compartilhar alimentos no prazer da convivència e no

Maturana utiliza o termo


esta
"linguajar" e ndo "linguagem", reconceitualizando
noçào, enfatizando seu caráter de atividade, de
tando assim a comportamento, e evi-
associaçdo com uma "faculdade" própria da espécie, como
tradicionalmente se faz. (Nota desta ediçäo)
meri c
encontro sensual recorrente, no qual os macho..
loS ee aas meas
convivem em torno da criação dos filhos,
de se ter dado, o modo de vida em pode dar-se, que
coordenações ce e

de coordenações consensuais de açõies

linguagem.
que constituem a
que
nsensuais
Em suma, penso também que modo de vida
o
no
ascoordenações consensuais de conduta
de coord qual Surgenm
surg
consensuais de conduta intimidade da
na
rdenacações
sensualidade e no compartilhar, dando assim origem à l
a
,
linguagemna
convivência
pertence à história de nossa linhagem há pelo
milhòes de anos. E digo isso levando menos em 3,5
conta o or
envolvimento anatômico funcional e
que nosso cérebro de
com a linguagem oral. to

AS EMOÇÒES

Quando falamos deemoções, fazemos referência


domínio de ações em que um animal se ao
Notamos que move.
isto é assim pelo fato de que nossos
comentários e reflexões,
quando falamos de emoções, se referem às
do outro, que pode ser um ações possíveis
animal ou uma pessoa. Por
digo que o
que conotamos isso,
os diferentes domínios de
quando falamos de emoções sào
ações possíveis nas pessoas e
animais, e as distintas disposições corporais que os constituem
e realizam.
Por isso mesmo, sustento
que não há ação humana sem
uma emoção que a
estabeleça como tal e a torne possível
Como ato. Por iso penso também desse
que, para que se um
modo de vida baseado no estar
juntos em interações recor-
rentes no plano da sensualidade em
que surge a linguagem,
seria necessária uma
emoção fundadora sem a qual particular,
esse modo de vida na convivência não seria possível. ESta

emoção é o amor. O amor é a emoção que constitui o dominio


deações em que nossas interações recorrentes como ouro
fazem do outro um legítimo outro na convivência. As
inte
raçoes recorrentes no amor ampliam e estabilizam a
cO
vi-

vencia; as interaçôes recorrentes na agressão interferem


e rompem a convíivência. Por isso a linguagem, como
domínio de coordenações consensuais de
conduta, nao pode
22
ter surgido na agressão, pois esta restringe a convivência,
ainda que, uma vez na linguagem, ela poSsa ser usada na
agressão.
Finalmente, não é a razão o que nos leva à ação, mas a
dizer que ele ou
emoção. Cada vez que escutamos alguém da
ela é racional e não emocional, podemos escutar o eco

emoção que está sob essa afirmação, em termos de um desejo


atfirmamos
de ser ou de obter. Cada vez que que temos uma

dificuldade no fazer, existe de fato uma dificuldade no querer,

que fica oculta pela argumentação sobre o fazer. Falamos como


sefosse óbvio que certas coisas devessem ocorrer em nossa
convivência com os outros, mas não as queremos, por isso
uma coisa, mas não
não ocorrem. Ou dizemos que queremos
a queremos ou queremos outra, e fazemos, é claro, o que
dizendo que a outra coisa nào pode ser feita. Há
queremos,
uma certa sabedoria consuetudinária tradicional quando se

diz "Pelos seus atos os conhecereis". Mas o que é que conhe

observando as ações do outro? Conheceremos suas


ceremos
constituem suas ações. Não
emoções como fundamentos que
sentimentos,
conheceremos o que poderiamos chamar de seus
efetiva em que esse ser humano
senão o espaço de existência
se move.

SOCIAL
O FUNDAMENTO EMOCIONAL DO

história da
emoção fundamental que torna possível
a
A
chocar, mas
hominização é o amor. Sei que o que digo pode
com base no cristianis-
insisto, é o amor. Não estou falando
mo. Se vocês me perdoam direi que, infelizmente,
a palavra
amor foi desvirtuada, e que a emoção que ela conota perdeu
amor é algo especial e
sua vitalidade, de tanto se dizer que o
mas não é nada
difícil. O amor é constitutivo da vida humana,
do social, mas nem toda
especial. O amor é o fundamento constitui o
convivência é social. O amor é a emoção que
domínio de condutas em que se
dá a operacionalidade da
na convivência, e é
outro
aceitação do outro como legítimo falamos
conotamos quando
esse modo de convivência que
funda o
amor é a emoção que
do social. Por isso, digo que o

23
~simerii o
social. Sem a aceitação do outro na
fenômeno social.

Em palavras, digo que só so


outras
convivência, não há
sociais as
se na aceitaçào do outro como um
fundam na
aCe relaçðes que
legítimo
de respeito. Sem uma história de aceita inter
convivência, e que tal aceitação é o que
constitui uma outro na
interações suficientem
conduta
envolventes
recorrentes,
mútua num
espaço
amplas,
aberto às
e

de
ehaja
que em
haja
coordenações aceitação
podemos esperar que surja a linguagem. Se não há
na aceitaçào mutua, produz-se a
ações, nào
não
Em outraspalavras, se ba na
separação ou
bistória dos seres
rações
destruiça
a

não pode surgir na compeliçao, 1sso é


vivos a Çâo.
a
linguagem. que
Repito que já disse antes: a
o
linguagem,
como
de coordenaçòes consensuais de conduta
de domínio
consensuais de conduta, pode surgir somente coordenações
numa
de coordenações consensuais de
conduta, isso história e
convivência constituída na operacionalidade da exige uma
mútua, em um espaço de açôes que envolve aceitacãn
coordenações consensuais de conduta nessaconstantemente
dade. Como também já disse, isso tem
operacionali
que ter
ocorrido
história evolutiva de nossos na

sobre seu modo de vida mais


antepassados,
sabemos e o
que
provável há 3,5 milhões de
anos revela que tal modo de vida existia já naquela época.
Além disso, esse modo de vida até
nós. Com efeito, ainda somos animais
hoje se conserva em
colheitadores, e isso
é evidente tanto no bem-estar que sentimos nos
cados quanto em nossa supermer
ainda somos animais
dependência vital da agricultura;
compartilhadores, e isso é evidente na
criança que tira comida de sua boca para dar à sua måe, e no
que acontece conosco quando alguém nos pede uma esmola;
ainda somos animais
que vivemos na coordenação consensual
de açòes, e isso vemos na facilidade com que estamos dis
postos a participar de atividades cooperativas, quando nao
emos um
argumento racional para recusá-las; ainda son
animais cujos machos participam do cuidado com os beDe
O que vemos na disposição dos homens para cuidar
Cianças quando não têm
argumentos racionais para des
valorizar tal
aüvidade; ainda Somos animais que vivemo em

Bupos pequenos, o
que transparece em nosso Senu
24
vivemos
sensuais que
animais
somos não
ainda quando
família; acariciar
mútuo,
de uma
no tocar e legitimidade
do
e s p o n t a n e a m e n t e
nega a
cultura que animais que
uma
a ainda somos
pertencemos
último, com o
corporal; e,
por personalizado
encontro
contato no
sensualidade isso não
vivemos a
em
nossa queixa quando
evidencia
se
outro, o que
da história evolu-
ocorre. momento

origem da
presente
sobretudo no com a
Mas, -que
começou
modo
que
pertencemos
fez parte do
tiva a estar na
linguagem s e
o Homoba
linguagem,
quando constituiu alinhagem
conservar-se,

dependentes do
ao amor.
de vida que, somos
animais
pertencemos, humana desde
que história evolutiva
central na
a emoção conser
O amor é como uma
história e m que a
ela s e dá
e toda do
o início,
vida n o o a m o r , a aceitação
qual
modo de
vação de um é uma condiçãob
o u t r o n a convivência,
outro como um legítimo comportamental,
desenvolvimento físico,
o
necessária para coma
normal da criança, assim
social e espiritual
psíquico, psíquica,
saúde fisica, comportamental,
a conservaçào da
para
social e
do adulto.
espiritual
humanos nos originamos noo
Num sentido estrito, nós s e r e s
maior
dele. Na vida humana, a
amor e s o m o s dependentes
amor: os s e r e s humanos
do sofrimento vem da negação do
parte
somos filhos do amor.

Na verdade, eu diria que 99% das enfermidades humanas


negaç o do amor. Não estou falando
como
têm a ver com a
cristão-não me importa o que tenha dito o Papa, não estou
repetindo o que ele disse. Estou falando com base na biologia.
Estou falando com base na compreensão das condições que
tornam possível uma história de interações recorrentes sufi-
cientemente íntima para que possa dar-se a recursividade
nas coordenações consensuais de conduta que constituem
a linguagem.
No emocional, somos mamíferos. Os mamíferos são animais
em que o emocionar é, em boa parte, consensual, e nos
quais o amor em particular desempenha um papel importante.
Mas o amor, como a emoção que constitui o operar em aceitaço
mútua e funda o social como sistema de convivência,
OCorre também com os chamados insetos sociais. Se vocês

25
observarem
um
fornmiguciro, por exemplo, arao que as
nor

formigas que
o
constituem

destruam um
nao se atacam
mutuamente. Ainda
intruso, cooperam na Ainda
compartilham construção
e
que ataqucm
do formigueiro, e
e na
manutenção

Além disso, é possível reconstruir a história evolu tos, alimentos


insetos sociais e mostrar o que os constitui como taie
como tais. dos
om
efeito, a do estudo das diferentes classes
partir doom
atualmente e de seus restos
ósseis, insetos
que existenm
mostrar que a origem da socialização dos insetos e pode-se
no
momento em que as Jëmeas m ovos e ficam
e chupando certas secreções deliciosas que eles têm
tocando-os
danificá-los. Em outras
sem
comé-los ou palavras, a
história dos
insetos sociais se inicia quando as fêmeas tratam seus
ovos
como companhia legitima numa relação de aceitação múta
tua,
e se constitui com a formação de uma linhagem na
qual essa
relação de interações de aceitaçao mutua se conserva coma
modo de viver, e se amplia às larvas e adultos. Todas as
comunidades atuais de insetos sociais, colméia, formigueiro
ou cupinzeiro, qualquerque seja sua complexidade, são o
presente de uma história de conservação de relações de acei
tação mútua entre seus membros, que começa na relação
femea-ovo. Se as fêmeas tivessem se separado de seus ovos
ou os tivessem destruído ao tocá-los ou chupá-los, essa
história não teria ocorrido.
A emoção que fundao social como a emoção que constitui
o domínio de ações no qual o
é aceito como um legítimo
outro
outro na convivência é o amor. Relações humanas que não estào
fundadas no amor- eu
digo- não são relações sociais
Portanto, nem todas as relações humanas são sociais, tampouco
o são todas as comunidades humanas, porque nem todas se
fundam na
operacionalidade da aceitação mútua.
Dilerentes emoções especificam diferentes domínios de
agoes. Portanto, comunidades humanas, fundadas em outras
emoçoes diferentes do amor, estarão constituídas em Ouro
dofminios de açôes que não são o da colaboração e do co
partiihamento, em coordenaçoes de açðes que não implican
aceitaçào do outro como um legítimo outro na
nào serào comunidades convivencla, *
sociais.

26
A BIOLOGIA DA
EDUCAÇÃO
Agora quero dizer algo sobre a
isso, tenho que convidá-los
a
biologia da educação. Para
acontece com um ser vivo empensar um instante sobre o
sua história que
Nós, seres vivos, somos individual.
sistemas
estrutura. Isso quer dizer determinados
nossa em
algo externo incide sobrequenós, o sistemas tais que, quando
somos

pende de nós, de nossa estrutura que acontece conosco de


algo externo. A enorme discussão nesse momento, e não de
da história sobre a que tem ocorrido ao
separação entre corpo e longo
quando admitimos (e não vou fazer o alma se resolve
pleto disso) que somos sistemas desenvolvimento com-
estrutura e, portant0, que existem determinados em nossa
certos fenômenos
ocorrem dentro do que não
Há pouco eu dissecorpo,
e sim nas
relações
que a linguagem é um
com os outros.

coordenações consensuais de condutas de domínio de


consensuais de condutas. Notem
dito: a vocês que coordenaçòes
linguagem
teria colocado a
é nosso
instrumento de
se eu tivesse

através do qual linguagem no


corpo, como comunicaçdo
o
instrumento
manejamos símbolos na comunicação.
manipulasse algo que é um símbolo Se eu
outro, trataria a
linguagem como uma
para transferi-lo para
que me
permite manipular símbolos. propriedade
Mas
em mim
a
linguagem se constitui nas
reconheço que
de condutas
de coordenações consensuais
coordenações
Reconheço também que a consensuais de condutas.
como um
conjunto de linguagem não dá no corpo se
regras, mas sim no fluir
nações consensuais de
em coorde-
condutas.
Certamente, levo uma cacetada na
se
maiado ou morto, meu cabeça e caio
discurso desaparece. Necessito des-
cérebro para estar na de meuu
capaz de crescer na linguagem. Tenho um cérebro que é
no cérebro. A
linguagem, mas linguagem não se dá
a

do linguagem como fenðmeno, como um


observador, nào ocorre na cabeça
operar
conjunto de regras, nem consiste num
mas ocorre no
pertence ao åmbito das espaço de relaçðes e
de fluir nelas. Se minha coordenaçöes de ação, como um modo
estrutura muda, muda meu
estar em
relação com os demais e, portanto, muda modo de
meu lin-
8uajar. Se muda meu linguajar, muda o
espaço do
linguajeio

27
lam as
mudam
interaçoes das
as interações das quais n
no

com
qual
meu
estou, e
linguajeio. Masa
nsensuais
linguagem se
linguagem
consensuais
se co
constitui
nào na ca dá no
de ação.
ação, e
e se articipo
cabeça,
coordenaçòes
ou nodas
uir cérebro ou na estrutura do corpo, nem na gramática Ou

na sintaxe.
conotamos quando falamo da psiquê e do
O que ocorre no cérebro, mas se constitui como um mod
tampouco
de relação com a circunstância e/ou com o outro, que dquire
uma complexidade especial na recursividade do operar
humano na linguagem.
no está no cérebro -ela ners
A autoconsciència
espaço relacional que se constitui na linguagem. A ope ce ao
origem à
autoconsciëncia está relacionada cn
que dá
tlexão na distinção do que distingue, que se faz possível.
I no
em quu
dominio das coordenaçöes ações
de no momento

linguagem. Entào, a autoconsciencia surge quando o obsee
vador constitui a auto-observaçåo como uma entidade, a0

distinguir a distinçào da distinção no linguajar.


Reconhecer que somos sistemas determinados em sa
cstrutura não deve imobilizar-nos. Tal reconhecimento não
suprime nem nossas experièncias espirituais, nem aquelas
que chamamos de psíquicas. Ao contrário, permite-nos reco-
nhecer que estas, como jå disse, não pertencem ao corpo, e
sim a0 espaço de relações em que se dá a convivência. Por
isso, toda históia individual humana é sempre uma epigênese
na convivência humana. Isto é, toda história individual hu-
mana é a transformação de uma estrutura inicial hominídea fun-
dadora, de maneira contingente com uma história particular de
interaçòes que se espaço humano.
dá constitutivamente no

Esta se constituiu na história hominídea a que pertencemos


com o estabelecimento do linguajar como parte do nosso0
modo de viver. A célula inicial que funda um organismo
Constutui sua estrutura inicial dinâmica, aquela que irá mudando
como resultado de seus próprios processos internos, num

uma
Curso modulado por interações num meio, segundo
suas
dinamica histórica na qual a única coisa que os agenc
calernos fazem é desencadear mudanças estruturais deter
unadas nessa estrutura. O resultado de tal processo e u
devir de mudanças
estruturais contingente
de interaçóes do organismo,
com a
até
sequ sua
que dura desde seu início
do
morle como num
processo histórico, porque o presene
veira Dias

transformaçãio
uma
como
instante

O futuro de
cada um
em
surge instante.
organismo nesse

origem. E
organismo com
do em stua
do presente
d e l e r m i n a d o

nnca
esta
considerar a
educação
devemos
organismo que
compreensão
nessa
base
e o educar.

EDUCAR?

O QUE É
ou o
em que a criança
se
constitui n o processo
se
O educar ao conviver com o outro,
com o outro e,
adulto convive seu modo de
de maneira que
espontaneamente,
transforma com o do outro
mais congruente
progressivamente
viver se faz educar ocorre, portanto, todo o
convivëncia. O
no espaço
de transforma-
Ocorre como uma
de maneira recíproca.
tempo e história n o c o n v i v e r , e o
com uma
estrutural contingente
ção a viver de u m a
disso é a s pessoas aprendem
resultado que
conviver da c o -
se configura de acordo c o m o
maneira que
" s i s t e m a educa-
vivem. A educaçao c o m o
munidade em que
os educandos
confirmam e m
cional" configura um mundo, e

mundo que viveram em sua educação. Os educaa


seu viver o
mundo que viveram ao s e r
dores, por sua vez, confirmam o

educados no educar.
dura toda a vida.
A educação é um processo contínuo que
e que faz da comunidade onde vivemos um mundo esponta-
neamente conservador, ao qual o educar se refere. Isso nào

que o mundo do educar não mude, mas sim


significa, é claro,
que a educação, como sistema de formação da criança e do
adulto, tem efeitos de longa duração que não mudam facil-
mente. Há duas épocas ou períodos cruciais na história de
toda pessoa que têm conseqüências fundamentais para o tipo
de comunidade que trazem consigo em seu viver. São elas a
infância e a juventude. Na infância, a criança vive o mundo
em que se funda sua possibilidade de converter-se num ser
capaz de aceitar e respeitar o outro a partir da aceitação e
do respeito de si mesma. Na juventude, experimenta-se a
walidade desse mundo de convivência na aceitação e no
respeito pelo outro a partir da aceitaçào e do respeito por si
mesmo, no começo de uma vida adulta social e individual-
nente responsável.
Como vivermos é como
educaremos, cons E. e
me

viver o
mundo que
vivermos cor o educandos.
nservaremos
E ed.
outros com
conviver.
nosso viver com eles, o
mundo que educaremo
vivermos
Mas que mundo queremos? no
Quero um mundo em que meus filhos
soas que se aceitame se respeitan cresçam
aceitando que e
como pes
outros num espaço de convivencia em
os outros os
aceitam e respeitam a partir do aceitar-se e resr respeitanndo
mesmos. Num espaço de convivência desse
tipo. eitar-se
a
tar-sce aossi
pode egação
outro será sempre um erro detectavel que se
corigir. Como conseguir isso?E fácil:
do
vivendo esse dese
se deseja
convivencia.
espaço de
Vivamos nosso educar de modo
que a
aceitar-se e a respeitar-se, ao ser aceita e criança aprennda
ser. respeitadaos em
porque assim aprendera a aceitar e a respeitar
a

Para fazer isso, devemos reconhecer


que não somos a.e
nenhum modo transcendente, mas somos num
variável ou estável, mas que n o é devir, num
tinuo ser
absoluto con
nen
necessariamente para sempre. Todo sistema é
naquilo que lhe é constitutivo, ou se
conservad
desintegra. Se dizemos
que uma criançaé de uma certa
maneira boa, má,
ou boba, estabilizamos nossa inteligente
relação com ela de acordo com
o
que dizemos, e a criança, a menos que se aceite e se
não terá escapatória e cairá na armadilha da não respeite,
do nào respeito aceitaçãoe
por si mesma, porque seu devir depende de
Como ela surge como criança boa, má, inteligente ou boba
na sua relação conosco. E se a
criança não pode aceitar-se
-

e respeitar-se não pode aceitar e respeitar o outro. Vai temer,


invejar ou depreciar o outro, mas não o aceitará nem respei
tará. E sem aceitação e pelo outro como
respeito legítimo
Outro na convivência não há fenômeno social. Vejamos o que
é aceitare respeitar a si mesmo.
Há alguns dias uma amiga me contou uma conversa que
teve sua filha, Seu relato
com pedindo
minha opinião. foi o
Seguinte: "Tive uma conversa com minha filha Juanita, de 8

anos) que me disse:-Mamåe, você não me conhece. -Que


isso, Juanita, como não te conheço?- Mamâe, você não me
conhece porque não sabe que sou uma pessoa feliz e livrc
Ao escutar esse relato, minha reflexão foi a seguinte:
"Minna
amiga, acho que compreender o que Juanita quis dizer quande
a
falou que é feliz é relativamente fácil, e não tenho mais na
livre que quero
dizer
que é
ser
isto. E sobre o
da
dizer sobre razão, m a s a partir
a partir da
nào fala a
algo. Juanita o que cla
disse é que não se
a partir da enoção,
emoção. E, ela não se sinta culpada
seus atos. Para que
sente culpada por em sua legitirnidade, porque
ela tem que vivé-los
por seus
atos,
c o m voce, e se
aceita a si
em sua relação
negada
não se sente não sente que
tenha que mudar;
não pensa e
mesma. Juanita c o m ela. Ao
nem s e n t e que algo
esteja errado
e não pede desculpas pelo
não pensa que
se respeita,
tempo,
essa retlexão com base
mesmo em sua
sem fazer
faz; quer dizer, age
Como mãe voce é uma
Meus parabéns!
própria legitimidade. nem com castigos,
sua filha com exigëncias
não nega
pessoa que no a m o r a constitui c o m o
que
seu devir
e a deixa viver o

ser social."

e respeito por si mesmo não se pode


Repito: sem aceitação como legítimo
o outro, e Sem aceitar o outro
aceitar e respeitar
fenômeno social.
outro na
convivência, não há
não se aceita e nãorespeita se
Além disso, uma criança que
contínua negação
porque está na
não tem espaço de reflexão,
ansiosa do que não é e nem pode
ser.
de si mesma e na busca
olhar para si mesma se o que ve
Como poderia a criança
assim a têm feito saber os adultos,
não é aceitável, porque
Como poderia a criança olhar
sejam seus pais ou professores?
que algo
sabe está sempre errado com
para si mesma se já
ela, porque nào é o que deve ser ou é
o que não deve ser? Se
não faz as meninas e os meninos
a educação chilena com que
chilenos se aceitem e se respeitem, aceitandoe respeitando
os demais ao serem aceitos e respeitados, a educação vai mal,
e não serve para o Chile.
Mas a aceitação de si mesmo e o auto-respeito não se
dão se os afazeres de uma pessoa não são adequados ao
viver. Como posso aceitar-me e respeitar-me se o que sei,
quer dizer, se meu fazer não é adequado ao meu viver e,

portanto, nào é um saber no viver cotidiano, mas sim no

viver ficcional de um mundo distante? Se o pensar que as


crianças do Chile aprendem não é um fazer no espaço da
vida cotidiana da criança no Chile que ela vive, a educação
chilena não serve para o Chile.
Como posso aceitar-me e respeitar-me se estou aprisio-
nado no meu fazer (saber), porque ndo aprendi um fazer
pensar) que me permitisse aprender quaisquer outros atazeres

31
muda meu viv
muda m e u viver co
mudar
mundo,
leva a criançaa fazeres
meu a
se
faz70
dian
iano Se
(saber)) rela
ao Chile nao
educação
no
c o t i dliano,
iano,
viver
modo
de modo
que ela
a
com
seu
e mudar
de mundo sem
mundo possa
cionados

refletir
sobre seus
afazeres

ao outro, a educação
deixarr dd
educação no Chile
no

e
respeitar
a si
mesma
nào
Chile.
o
Serve para itar-me se
se não
aceitar-me e respeita ap
Como posso
tratá-los como oportunidades
leot
respeitar meus
eros ea legíitimas
ede de
fui castigado por
equivocar-me? Se aa
educac uivocar-me?
ros como negação dde
mudança, porque como
erros negacão
criança a viver seus
leva a sua
no Chile serve para o Chile
no Chile nao
identidade, a educaçao
aceitar-me e respeitar-me
se o valor do.
Como posso
outro na contínua com que
faço se mede pela
reterëncia ao
peti
me nega e nega
o utro, e não pela seriedade e
ção que
responsabilidade com que realizo o que faço? Se a educação
a competiça0 e a negaçao de si mesmo e do
no Chile estimula
a competição traz consigo, a educação no Chile
outro que
o Chile.
não serve para
e respeito de si
o mesmo,
Édifícil educar para a aceitação
que leva à aceitaço e ao respeito pelo outro, assim como à

seriedade no fazer? Não, só que isto requer que o professor


os meninos e meni-
ou a professora saiba como interagir com
nas num processo que não
os negue ou castigue, seja pela
não apa-
forma como eles aparecem na relação, seja porque
ser. Esse
recem como as exigências
culturais dizem que deve
porque, eles
também,
professor ou professora pode fazê-lo
respeitam a si mesmo e ao outro.
O central na convivência humana é o amor, as ações que
do
constituem o outro como um legítimo outro na realização
si mesmo
sersocial que tanto vive na aceitação e respeito por
quanto na aceitação e respeito pelo outro. A biologia do amo
Se encarrega de que isso ocorra como um processo normaio

se vive nela.
se
Mas como se obtém na educação a capacidade de ajustar
so,
a qualquer domínio do conhecer (fazer)? É preciso, por a
tudo
saber tudo desde o começo? Não, não precisasaber
desde o começo, mas, sim, é necessária uma p o s t u r a
no reflexivano

peito
mundo no qual se vive; são o
necessários a aceitação e
por si mesmo e pelos outros sem a premência da c o m p e
Se aprendi a conhecerea respeitar meu mundo, seja
não
Campo, a montanha, a cidade, o bosque ou o mar, e

32
refletir na aceitação e
negá-lo ou a destruí-lo, e aprendi a
fazeres.
respeito por mim mesmo, posso aprender quaisquer
Se a educação no Chile não leva a criança ao conhecimento
de seu mundo no respeito e na reflexão, não serve para os
chilenos nem para o Chile.
Se a educação no Chile leva a aspirações que desvalori-
zam o que nos é próprio, convidando a um pensar distante
do cotidiano na fantasia do que nao se vive, a educação no
Chile nãoserve nem parao Chile nem para os chilenos.
A ambiço pode, ocasionalmente, levar à riqueza ou ao
exito individual, mas não leva à transformação harmônica do
mundo na sabedoria de uma convivência que não vai gerar
nem pobreza nem abuso.
O que digo é também válido para a educação do adoles-
cente. O adolescente moderno aprende valores, virtudes
que
deve respeitar, mas vive num mundo adulto
que os nega.
Prega-se o amor, mas ninguém sabe em que ele consiste por-
que não se vêem as ações que o constituem, e se olha para ele
como a expressão de um sentir. Ensina-se a desejar a justiça,
mas os adultos vivemos na falsidade. A tragédia dos adoles-
centes é que começam a viver um mundo que
Ihes nega os valores
que foram ensinados. O amor não é um sentimento, é um
domínio de ações
quais outro constituído como um
nas é o
legítimo outro na convivência. A justiça não é um valor trans-
cendente ou um sentimento de
ações no qual não se usa a mentira legitimidade:
é um domínio de

ações ou as do outro. para justificar as


próprias
Se
educação média e
a

competição, na justificativasuperior
no Chile se
fundam na
enganosa de vantagens e
légios, numa noção de privi
conhecimento de seu mundoprogresso que afasta os
jovens do
responsável da comunidade que os limitando sua
abordagem
média e sustenta,
superior do Chile não serve para o Chile educação
os chilenos.
a

nem para
Se
à
educação
a
média e superior nos
convida à
exploração do mundo natural e não à apropriação,
harmonica com ele,
nossa coexistência
nem
para
essa
educação não serve nem para Chile
os chilenos.
Enfim, a
responsabilidade
dese queremos ou não as
surge quando nos damos conta
a liberdade surge conseqüências de nossas ações;
quando nos damos conta de e
se
queremos

33
nosso querer, ou nao querer as con..
não
ou

nossas ações. Quer dizer,


responsabilicdade ncias de
liberdad
e
nosso pensar (fazer)
gem na reflexão que expoe sur- no âmbito
nosso querer ou nao querer
conseqüèncias
as
das emoções a
de nossas açòes,
num processo no
não
qual não podemos nos
n.

dar conta de outra coisa a nao ser de que oo mund


mundo que
mos depende de nossos desejos. Se a
educação no ilevive-
leva os jovens
chilenos à no
não
responsabilidade
à e
de serem co-criadores do mundo em que vivem porauede liberdad
reflexão, a educação no Chile não serve nem para
os chilenos.
ile
nem para
Para que educar?

As vezes falamos como se não houvesse alternativa na..


um mundo de luta e competição, e como se devêsse para
Semos
preparar nossas crianças e jovens para essa realidade. T
Tal
atitude se baseia num erro e gera um engano.
Não é a agressão a emoção fundamental que define c
humano, mas o amor, a coexistência na aceitação do outro
como um legítimo outro na convivência. Não é a luta o modo
fundamental de relação humana, mas a colaboração. Fala
mos de competição e luta criando um viver em competição e
luta, e não só entre nós, mas também com o meio natural
dizem que os humanos devemos
que nos possibilita. Assim,
lutar e vencer as forças naturais para sobreviver,
como se
viver. Mas não é
isso tenha sido e seja a forma normal do
assim. A história da humanidade na guerra, na dominação
outro, se
apropriação que exclui e nega o
que subjuga, e na
n o s s a fonte
origina com o patriarcado. Na Europa, que é
harmonia com a
cultural, antes do patriarcado se vivia na
mundo natural, na
com o
natureza, gozo da congruência
no
luta com ela.
maravilha de sua beleza n ã o na

Para que educar?


não des-
Para recuperar harmonia fundamental que
essa
não abusa, que não pretendc
trói, que não explora, que
conhecê-lo na ace
dominaro mundo natural, mas que deseja
se dë no Dei
para que o bem-estar humano
taçao e respeito aprenden
se vive. Para isso é preciso
estar da natureza em que ixar
de deia
deixar de ser, sem medo
a olhar e escutar sem medo de mundo
em
um
O Outro serem harmonia, sem submissâo. Quero um
ndo

que respeitemos o mundo natural que nos sustenta,

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no qual se devolva o
que se toma
para viver. Ao sermos seres
vivos,
emprestado da natureza
no viver nâo o somos seres
somos. autônomos,
Quero um mundo no
qual seja abolida a
natural", qual no expressão "recurso
é cíclico e que, sereconheeçamos que todo processo natural
interrompermos
história da humanidade, os
seu
ciclo, se acaba. Na
povos
truíram no esgotamento de seus que não viram isso se des-
O progresso não está na chamados recursos
contínua naturais.
complicação
tecnológica, mas na compreensão do mundo mudança ou
natural, que permite
recuperar a harmonia e a beleza da existência
no seu
conhecimento e no respeito por ele. nele, com base
mundo natural e aceitá-lo sem Mas para ver o
devemos aprendera aceitar-nos pretender dominá-lo ou negá-lo,
e a
víduos e como chilenos. respeitar-nos como indi-
Uma educação que não leva os chilenos
respeitar-nos como individuos e
chilenos,
a
aceitar-nos e

respeita seu mundo na dignidade de


na
quem conhece, aceita e
dade liberdade reflexão, no serve para responsabili-
e na da
para os chilenos. o Chile nem

Jesus era um grande biólogo. Quando ele


reino de Deus, fala de viver fala de viver no
na harmonia
conhecimento e o respeito pelo mundo que traz consigo o
tenta, e que permite viver nele natural que nos sus-
sem abusá-lo
Para isso devemos nem destruí-lo.
abandonar o discurso
da guerra, e nos
entregarmos ao viver
patriarcal da luta e
mento da natureza, do matrístico do conheci-
de um mundo respeito e da
colaboração na criação
que admita o erro e possa
cação que nos leve a atuar na corrigi-lo. Uma edu-
conservação da natureza, a
entende-la para viver com ela e nela
educação que nos permita viver pretender
sem
uma dominá-la,
abuso e tragaresponsabilidade
na
individual e social que afaste o
boração na criaço de um projeto nacional emconsigo a cola-
a
pobreza sejam erros que se que o abuso e
esta sim serve possam e se
queiram corrigir,
para o Chile e para os chilenos.
O que fazer? Não
ao nossascastiguemos
crianças por serem,
corrigir suas ações. Não desvalorizemos nossas crian-
ças em função
daquilo que não sabem; valorizemos seu
saber. Guiemos nossas
que tenha
crianças na direção de um fazer (saber)
relação com seu mundo cotidiano. Convidemos
nossas crianças olhar a o que fazem e, sobretudo, não as
levemos a competir.

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