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Aula: 28

Temática: Coesão textual: a referência

Você pode imaginar um texto como este?

Parecia um milagre, mas o professor inglês Thomas Richard, 48 anos, ha-


via conseguido finalmente descobrir a resolução da equação misteriosa.
Fazia 20 anos que o professor inglês Thomas Richard e o assistente do pro-
fessor inglês Thomas Richard, chamado Patrick, de 41 anos, estavam em
busca da resolução da equação misteriosa, no Instituto de Matemática da
Universidade de Brancoft, contando somente com o auxílio de uma bolsa
de estudo de uma agência financiadora de pesquisa (a agência financiado-
ra de pesquisa que dava uma bolsa ao professor inglês Thomas Richard e
ao seu assistente Patrick chamava-se Agência Internacional de Amparo à
Pesquisa). Quando o professor inglês Thomas Richard vislumbrou a reso-
lução da equação misteriosa, o professor inglês Thomas Richard reuniu os
recursos financeiros que restavam ao professor inglês Thomas Richard e
fugiu do campus, da cidade, do mundo, deixando o assistente do professor
Thomas Richard chamado Patrick a ver navios e a ficar imaginando o que
o professor inglês Thomas Richard faria com a resolução vislumbrada pelo
professor inglês Thomas Richard e com o dinheiro recebido da Agência
internacional de Amparo à Pesquisa.

Realmente, é difícil imaginá-lo. Sabemos que ninguém fala nem escreve


assim: todos nós, em geral, conseguimos perceber e utilizar os mecanis-
mos da língua responsáveis pela construção de um texto claro, objetivo,
sem repetições desnecessárias. Esse conhecimento permite que nossas
frases sejam construídas de modo a fazer o texto avançar, sem deixar de ir
recuperando o que já havia sido dito anteriormente. Conseguimos, portan-
to, “costurar” palavra com palavra, frase com frase e assim por diante.

Se vocês já viram uma pessoa costurando a mão ou uma máquina de cos-


tura funcionando, devem ter percebido que elas fazem um movimento para
frente e para trás e, com isso, vão juntando todas as partes do trabalho, isto
é, do tecido. Assim também é um texto: caminha-se para frente, fazendo-o
progredir, retomando, ao mesmo tempo, palavras e idéias que já haviam
aparecido anteriormente. Não é à toa que “texto” e “tecido” são palavras
da mesma família etimológica, assim como “coesão” e “costura”.

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Podemos, então, entender por coesão textual o conjunto dos recursos
lingüísticos que estabelecem as ligações entre as partes de um texto (nas
frases, entre as orações de um período ou entre os parágrafos), garantin-
do-lhe a coerência. Observe:

A Unimes Virtual recebeu, no dia 22 de setembro, o professor Marcos


Silva. Nas dependências da entidade, com a presença de funcionários,
professores e coordenadores de seus cursos a distância, o professor da
UERJ e das Faculdades Estácio de Sá concedeu entrevista e proferiu pa-
lestra sobre A interatividade na sala de aula.

Ontem, o professor Carlos Alberto esteve em Curitiba. Lá, o coordenador


de projetos participou de um seminário sobre aprendizagem significativa.

Ontem, o professor Carlos Alberto esteve em Curitiba. Na capital parana-


ense, ele participou de um seminário sobre aprendizagem significativa.

O Ministério da Educação pretende anunciar as alterações da grade curri-


cular do Ensino Médio, mas não deverá fazer isso esta semana.

Paulo e Renata estavam com o som ligado no último volume; por isso não
perceberam que a vizinha os chamava havia algum tempo.

A coesão referencial é a que possibilita a recuperação de termos de um


texto, evitando repetições; ela pode ser obtida por meio de:

1- Anafóricos: elementos lingüísticos que recuperam (ou que se referem


a) algo que foi dito anteriormente:

Exemplos

a) pronomes

A escola comprou novos equipamentos. Com eles poderemos começar a


dar aulas mais interativas.

O aluno permaneceu cabisbaixo durante toda a aula. Isso foi o suficiente


para que eu entendesse tudo.

b) advérbios e locuções adverbiais

Perto da escola havia uma praça. Lá as professoras de educação infantil


faziam passeios com os alunos.

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c) numerais

Ana e Laís chegaram do Canadá. Ambas trouxeram várias novidades para


nosso plano de ensino.

d) elipse (omissão do antecedente)

As orientadoras pedagógicas estão participando, desde ontem, de um


congresso no Rio de Janeiro. Só voltarão no final da semana.

e) coesão lexical (ou reiteração)

• sinônimos:
A porta abriu-se e apareceu uma menina. A garotinha estava muito as-
sustada.

• hiperônimos (palavras de sentido amplo, que englobam outros termos


de sentido mais específico)

A diretora da escola está fazendo o levantamento de preços para a aquisição


de um datashow. O equipamento deverá ser comprado ainda este ano.

Sobretudo em textos escritos, deve-se evitar a retomada


por meio de termos extremamente gerais, como coisa, gen-
te, e mais ainda, os próprios da oralidade, como treco, ne-
gócio, bagulho.

• hipônimos (palavras de sentido restrito):


Finalmente o equipamento chegou. Na próxima semana, já poderemos
usar o datashow em nossas aulas de Matemática.

Esse tipo de anafórico às vezes se torna inadequado. Ob-


serve o exemplo: Logo depois de o funcionário ter batido o
ponto, o inspetor de alunos foi para casa.

• expressões nominais definidas:


Os alunos gostaram muito de Comunicação, educação e novas tecnologias.
A disciplina foi oferecida no primeiro semestre do curso.

• nomes genéricos e/ou substantivos abstratos:


O conferencista prontificou-se a responder a todas as perguntas. Sua ati-
tude foi elogiada pelos componentes da mesa.
Todos os alunos do curso de Matemática compareceram à palestra de
Marcelo Gleiser. A coordenação do curso aplaudiu essa presença.
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• metonímias (a parte pelo todo):
Os representantes dos Estados Unidos deverão reunir-se amanhã com a
comitiva russa. Os observadores acreditam, entretanto, que não será ain-
da desta vez que Moscou cederá às pressões de Washington.

• termos caracterizadores ou qualificadores:


Ontem, o professor Carlos Alberto esteve No Rio de Janeiro. Na cidade
maravilhosa, ele participou de um seminário sobre aprendizagem signifi-
cativa.

2- Catafóricos: elementos lingüísticos que anunciam algo que será dito:

a) pronomes:

Ele está pronto. Finalmente, a professora de Leitura e produção textual


entregou o livro-texto prometido para setembro.
Só espero por isto: que vocês se saiam bem nas provas.

b) dois-pontos:

Os professores consideram Kelly Maria uma boa aluna: é sempre a primei-


ra a chegar, participa da aula, faz todos os seus deveres e sai-se bem nas
atividades de avaliação.

c) expressões que introduzem explicação ou retificação:

Os alunos, ou melhor, a maioria dos alunos, já começaram a estudar para


as avaliações finais.

O pronome demonstrativo é muito utilizado no estabelecimento das rela-


ções entre palavras e frases de um texto. No entanto, muitas pessoas têm
dúvida no momento de usá-lo. Por isso, é sempre bom relembrar o seu
emprego. O quadro abaixo procura sintetizá-lo.

Atenção ao emprego dos pronomes demonstrativos

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Pronome
Pessoa Lugar Tempo Discurso
demonstrativo
Designa pessoa ou Refere-se ao lu- Indica um período 1. Indica algo que
coisa próxima de gar em que está de tempo presen- será especificado em
quem fala: o emissor: te, que ainda não seguida:
terminou, ou futuro É bom gravar este
Comprei este livro Esta igreja foi próximo:
na Martins Fontes. construída no sé- lembrete: para você
escrever bem, leia
culo XVII. Esta semana ficou
Isto não fica bem bastante.
mais curta por cau-
Este(s) em mim. Este apartamen- sa dos feriados. É isto que o profes-
to está uma ba- sor sempre diz: ler é
Esta(s) gunça. Temos es- Este século mal co- fundamental.
perança no futuro meçou e já estamos
Isto 2. Identifica, numa
deste país. falando em guerra.
oração, o termo men-
Um dia destes vou cionado por último:
visitá-lo.
Ari e Caio são os no-
vos professores; este
( Caio ) leciona Por-
tuguês, e aquele (Ari)
Matemática.
Indica pessoa ou Refere-se ao lu- Indica um período Indica algo que já foi
coisa um pouco gar em que está de tempo passado anteriormente especi-
afastada de quem o receptor: (próximo ou distan- ficado:
fala ou próxima de te):
quem ouve: Em que século foi Disse-lhe que havia
Esse(s) construída essa Esse último mês tirado zero. Isso a
Essa(s) Essa menina é mi- igreja que você passei na França. deixou muito triste.
nha aluna. visitou?
O século XIX, esse Estava chovendo mui-
Isso Veja se esse livro Esse lugar que século do tédio, to – foi por esse mo-
é bom. você escolheu deu-nos grandes tivo que adiamos a
está confortável? poetas. partida.
Isso não fica bem
em você.
Refere-se à pessoaRefere-se ao lu- Indica um passado Identifica, numa ora-
ou coisa afastada gar distante do distante: ção, o termo men-
Aquele(s) de quem fala e de emissor e do re- cionado em primeiro
quem ouve: ceptor: Aquelas férias que lugar:
Aquela(s) passei na Itália fo-
Aquele sujeito é Será que aquele ram as melhores de Ari e Caio são os no-
Aquilo teimoso. apartamento já minha vida. vos professores; este
foi alugado? (Caio) leciona Portu-
Vá até lá e feche guês, e aquele (Ari) ,
aquela porta. Matemática

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